Arquivo para Outubro, 2014

Novo Banco. Santander aguarda resultados da auditoria para analisar compra

Sexta-feira, Outubro 31st, 2014

O presidente executivo do Banco Santander para além de se posicionar como candidato à compra do Novo Banco acrescentou não ter ainda encetado contactos com o Governo para a possível venda do banco liderado por Stock da Cunha

O CEO Javier Marín, disse hoje (31-10-2014) que o Novo Banco terá de cumprir “critérios muito estritos de rentabilidade” para significar uma boa oportunidade para o banco, aguardando, por isso, os resultados da auditora à instituição. 

 

“Estamos encantados com a quota de mercado que temos em Portugal [através do Santander Totta], mas como em todos os mercados onde estamos, é nossa obrigação analisar as oportunidades [de negócio], que têm de cumprir com critérios muito estritos de rentabilidade”, respondeu Javier Marín aos jornalistas quando questionado sobre o interesse do Santander na compra do Novo Banco.

“Ainda não começámos a analisar [uma eventual compra do Novo Banco]. Têm de acabar primeiro a auditoria, para que entendamos todos um pouco melhor como está [o banco], mas ainda não estamos em nenhum processo”, afirmou Javier Marín.

O presidente executivo disse ainda que não encetou contactos com o Governo para a possível venda do banco liderado por Stock da Cunha.

No início de outubro, o presidente executivo do Santander Totta, António Vieira Monteiro, disse que o banco estava atento e a acompanhar de perto a operação de venda do Novo Banco, ressalvando ser ainda muito cedo para se pronunciar sobre o interesse da operação.

Javier Marín falava aos jornalistas à margem da apresentação de um programa de apoio a Pequenas e Médias Empresas [PME] lançado pelo Santander Totta.

No discurso durante o encontro, o presidente executivo do Santander congratulou-se com os resultados do banco nos testes de ‘stress’ do Banco Central Europeu, considerando que demonstrou “força” e que “vai gerar mais confiança no setor”.

No dia 3 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do Banco Espírito Santo (BES), depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.

No chamado banco mau (‘bad bank’), um veículo que mantém o nome BES, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas. No ‘banco bom’, o banco de transição que foi chamado de Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.

Novo Banco a baixo preço vai ser pago directa e indirectamente pelos contribuintes portugueses

As lições de quem perdeu dinheiro com o BES e o Consórcio CDIBES

Sexta-feira, Outubro 31st, 2014

No artigo referido no post anterior é listado um conjunto de entidades e de acções dirigidas  aos investidores que se consideram prejudicados pelo caso BES. Aos interessados em conhecer os serviços prestados pelo Consórcio para a Defesa dos Investidores no Banco Espírito Santo CDIBES, as Sociedades de Advogados participantes e as condições de participação e de adesão de investidores recomendamos que consultem a plataforma jurídica através do e-mail dossierbes@lawrei.eu  para análises e opções subsequentes.

 

As lições de quem perdeu dinheiro com o BES

Sexta-feira, Outubro 31st, 2014

Entrevistas do Negócios online a pequenos investidores que se consideram prejudicados pelo BES e alguns conselhos sobre o que fazer.

 

A queda do BES levou as poupanças de milhares de portugueses, mas retirou-lhes também confiança. Muitos perderam quase tudo. No BES, perdeu-se muito mais do que um banco. E há lições que se aprenderam.

“Se me serviu de alguma coisa isto tudo? Serviu-me para não repetir”. E depois, o silêncio.

Fica muitas vezes um silêncio conformado entre as frases de Joaquim de Almeida quando fala do único investimento que tinha – e que perdeu – de cerca de 10 mil euros em acções do Banco Espírito Santo (BES). Reformado, com 78 anos, diz que, para si, “os investimentos acabaram”. Até porque a principal lição que retira da sua perda é que é preciso desconfiar. De tudo e de todos.

A queda do Banco Espírito Santo, há cerca de três meses, levou as poupanças de dezenas de milhares de pequenos investidores. De acordo com as informações que constavam no site do BES, só pequenos accionistas eram, a 14 de Julho deste ano, cerca de 33 mil. Mas, mais do que as poupanças, na maioria dos casos, o BES retirou-lhes confiança nos bancos, nos gestores de conta, nos responsáveis políticos e nos supervisores. No fundo, no “sistema”.

“Hoje em dia há que desconfiar de tudo e de todos. Mesmo quando as entidades de supervisão dizem que está tudo bem. Como é que podemos acreditar numa coisa dessas depois do que se passou?”, questiona Joaquim de Almeida, recordando as palavras que acreditou serem de confiança transmitidas pelo governador do Banco de Portugal e mesmo pelo Presidente da República pouco antes do colapso do banco.

Há que desconfiar de tudo e todos. Mesmo quando as entidades de supervisão dizem que está tudo bem. Como é que podemos acreditar depois do que aconteceu?

Joaquim de Almeida, Reformado, 78 anos

Ao contrário de Joaquim, resignado com a ideia de que as perdas no BES foram “um golpe de má sorte”, Idalina Baptista não se conforma por não ter acompanhado mais de perto os seus investimentos, confiando que o gestor de conta respeitava o seu perfil de investimento de baixo risco. E confiava de tal forma que só em Agosto deste ano, quando Portugal acordava para a queda do império, descobriu que era accionista do BES há alguns anos, que havia subscrito novas acções no aumento de capital e que tinha, além disso, 70 mil euros em obrigações do banco.

“Eu achava que tinha uma conta normal, só há pouco tempo é que soube que eram obrigações. E as acções, isso não sabia mesmo”, admite.

Idalina aprendeu da pior forma que os interesses dos gestores de conta e os dos clientes nem sempre estão alinhados, e conta que foi pressionada a subscrever produtos que desconhecia.

“Fui muito pressionada. O meu gestor ligava-me desde as oito da manhã a dizer que tinha uma proposta muito boa para mim, que me ia dar bastante dinheiro, a mim e a ele, que ganhávamos os dois”, relata. “Passado uma semana deu-me um papel para assinar (era do aumento de capital) e eu confiei nele mais uma vez. Perguntei se era de risco e ele disse que não, que me ia dar muito dinheiro”. No final de contas, perdeu cerca de 12.300 euros em acções e não sabe ainda o que vai acontecer ao investimento em obrigações.

“Nunca mais assino papéis sem saber o que estou a assinar. Quero que percam tempo a explicar-me tudo, quero fazer sempre perguntas”, afirma Idalina, acrescentando, contudo, que não quer mais investimentos com risco.

Nunca mais assino papéis sem saber o que estou a assinar. Quero que percam tempo a explicar-me tudo, quero fazer sempre perguntas.

Idalina Baptista, Operadora de produção, 43 anos

As perdas com o BES levaram a maioria dos pequenos investidores a olhar com mais cautela para a sua carteira.

Mais diversificação e menor risco são agora as palavras de ordem para José Pereira, que aplicou três mil euros em obrigações subordinadas do BES. Agora, acredita que é hora de afinar a sua estratégia de investimento.

“Tenho estado a realocar os meus investimentos, a fugir para produtos que dão mais segurança, perdendo em potencial rendibilidade, como certificados de aforro, PPR e depósitos a prazo”, conta.

Tenho estado a realocar os meus investimentos para produtos que dão mais segurança, perdendo em potencial rendibilidade, como certificados de aforro.

José Lourenço Pereira, Gerente de uma companhia de seguros, 45 anos

Pedro Oliveira, pelo contrário, não resgatou nenhuma das acções que tem na sua carteira e confessa que as perdas no BES não o vão demover de investir na bolsa.

“Mas vou ser mais cauteloso, vou diversificar ainda mais os meus investimentos e colocar depósitos a prazo em vários bancos”, explica o gestor de marketing, de 38 anos. Se pudesse voltar atrás, pouco ou nada faria diferente. “Um investidor tem de ter uma carteira diversificada, saber exactamente o sector em que investe, estudar o balanço das empresas. Tudo isso eu fiz”.

Entre acções e obrigações do BES, Pedro Oliveira perdeu 34 mil euros. “Quero que as pessoas sejam responsabilizadas, o dinheiro já o esqueci”, remata.

Um investidor tem de ter uma carteira diversificada, saber exactamente o sector em que investe, estudar o balanço das empresas. Tudo isso eu fiz.

Pedro Queirós de Oliveira, Gestor de marketing, 38 anos

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Tome nota
A quem socorrer no caso do BES?
Há várias hipóteses para pedir ajuda se for accionista do BES ou se tiver aplicações do BES ou empresas do Grupo Espírito Santo, ainda que haja vários casos ainda sem respostas. Os processos até podem chegar a Tribunal.

O que aconteceu ao BES?

A 3 de Agosto, o Banco de Portugal decidiu separar o BES em dois. Criou um banco de transição, o Novo Banco, que ficou com os activos não problemáticos do BES. O Banco Espírito Santo manteve-se, mas só ficou com os activos tóxicos. Os accionistas do BES ficaram com as acções, mas suspensas em bolsa. Mas havia outras aplicações quer no BES quer em empresas controladas pela família Espírito Santo e que também elas entraram em insolvência.

A quem deve recorrer?

Os accionistas, obrigacionistas e clientes do Banco Espírito Santo (BES) podem contactar a Associação de Defesa dos Consumidores (DECO) através do site www.deco.proteste.pt ou dos números 808 200 147/218 418 789. Os detentores de acções podem recorrer ao Movimento de Pequenos Accionistas do BES (APA BES) que está actualmente em processo de constituição formal enquanto associação. O Movimento está contactável através da sua página no Facebook e email apa.bes2014@gmail.com. Titulares de contas do Banque Privée Espírito Santo, detentores de papel comercial e clientes do BES-GES podem contactar a Associação de Defesa dos Clientes Bancários (ABESD) através do email secretariado@abesd.org.

Os reguladores recebem casos?
Tanto a CMVM como o Banco de Portugal abriram linhas próprias para o caso BES. O Banco de Portugal está contactável através do telefone 707 201 409 (dias úteis, das 9h às 18 horas) ou por email infobes@bportugal.pt . Já a CMVM disponibiliza para os accionistas e clientes de serviços de investimento a linha verde com o número 800 205 339.

 

 

Pequenos investidores do BES confiaram e perderam tudo o que tinham

Sexta-feira, Outubro 31st, 2014
 
O Jornal de Negócios publica hoje (31-10-2014) entrevistas com alguns desses pequenos investidores que se mostram arrependidos pelo investimento que fizeram e que garantem que é preciso “desconfiar de tudo e todos”.
 
Eles confiaram e perderam tudo o que tinham
 

O Banco Espírito Santo é agora um banco de ativos tóxicos. A 3 de agosto, o Banco de Portugal dividiu aquela instituição bancária em banco bom e banco mau –Novo Banco e BES, respetivamente.

Com a queda do império’ Espírito Santo muitos pequenos acionistas e investidores perderam as suas poupanças.

Em declarações ao Jornal de Negócios, Joaquim de Almeida, reformado de 78 anos, questiona a credibilidade das instituições.

“Hoje em dia há que desconfiar de tudo e todos. Mesmo quando as entidades de supervisão dizem que está tudo bem”, começa por dizer, questionando: “Como é que podemos acreditar numa coisas dessas depois do que se passou?”.

Já Idalina Batista, operadora de produção de 43 anos, acusa o gestor de conta de a ter “pressionado”.

“Fui muito pressionada. O meu gestor ligava-me desde as oito da manhã a dizer que tinha uma proposta muito boa para mim, que me ia dar bastante dinheiro, a mim e a ele, que ganhávamos os dois”, começa por contar.

Idalina confessa que o seu grande arrependimento é o de ter assinado documentos cujo conteúdo não lhe era familiar, nem tão pouco percetível.

“Passado uma semana deu-me papel para assinar (era do aumento de capital) e eu confiei nele mais uma vez. Perguntei se era de risco e ele disse que não, que me ia dar muito dinheiro”, conta.

Mas a verdade é que só depois de a ‘bomba’ rebentar é que a cliente do BES descobriu que era também acionista há já alguns anos e que tinha subscrito novas ações no aumento de capital do banco, pouco tempo antes da falência.

“Eu achava que tinha uma conta normal. Só há pouco tempo é que soube que eram obrigações”, conclui Idalina que perdeu, só em ações, 12.300 euros.

BES, o conto do vigário

 

O pior que pode acontecer a Portugal é precisar de outro resgate e não o ter, pensa ministra das Finanças

Sexta-feira, Outubro 31st, 2014
 
A ministra defendeu que, “se [Portugal] voltar a precisar de pedir ajuda, não deve assumir que essa ajuda estará sempre e necessariamente disponível”

A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, afirmou ontem (30-10-2014) à noite em Lisboa que “o pior” que pode acontecer ao país é não ter outro resgate se for necessário, considerando que esse cenário “não é totalmente inconcebível”.

“Frequentemente, quando se coloca no debate público o tema das grandes ameaças e [se questiona sobre] qual é o pior cenário que nos pode acontecer, ouvimos que o pior que nos pode acontecer é termos um outro resgate. O pior que nos pode acontecer provavelmente é não termos um outro resgate se precisarmos”, disse a governante.

Para Maria Luís Albuquerque, que falava na abertura de um jantar-debate organizado em Lisboa pelo Clube Português da Imprensa, pelo Grémio Literário e pelo Centro Nacional de Cultura, este é “um cenário que aparentemente é considerado inconcebível mas que não parece tão inconcebível assim”.

A ministra defendeu que, “se [Portugal] voltar a precisar de pedir ajuda, não deve assumir que essa ajuda estará sempre e necessariamente disponível”.

“Cabe-nos a todos garantir que esse cenário não se volta a colocar e, por isso, temos de refletir sobre aquilo que podemos fazer para evitar que o país volte a encontrar-se na situação em que se encontrou”, reiterou.

Durante a sua intervenção, que demorou cerca de meia hora, Maria Luís Albuquerque disse ter “uma enorme confiança” no país, mas alertou para os desafios que persistem e que têm de ser debatidos e atacados.

Entre os desafios apontados pela ministra das Finanças estão o envelhecimento do país, as competências e as qualificações da população e a “crónica falta de capital das empresas”, sejam elas grandes ou pequenas, públicas ou privadas.

A respeito da “subcapitalização” as empresas portuguesas, Maria Luís Albuquerque afirmou que os bancos, que agora estão capitalizados e que existem para conceder crédito ao sector não financeiro, enfrentam atualmente “um dilema impossível”.

“Ou emprestam às empresas que não têm capital e consomem o seu capital por terem mais risco ou não emprestam e consomem o seu capital por não terem rentabilidade”, resumiu a governante, defendendo que, “se não existir capital no país”, Portugal deve ir “buscar o capital lá fora”, sem ter “problemas ou complexos com isso”.

Maria Luís Albuquerque concluiu o seu discurso com uma nota positiva, respondendo às três perguntas que serviram de mote ao debate: “que moeda, que economia e que futuro?”.

“A moeda claramente o euro, a economia assente na iniciativa privada, nos setores transacionáveis, sem rendas e sem sustentar artificialmente aquilo que não tem viabilidade económica porque a prazo sai sempre mais caro. O futuro? Duro no imediato, mas sem nenhuma razão objetiva para que não possa ser melhor a médio prazo e o médio prazo chega num instante”, concluiu.

O desnorte revelado com a pré-programada desconstrução do BES e do sistema bancário é revelador sobre a capacidade do governo para cumprir o que promete.

Os dias em que os administradores do GES recearam ser presos

Sexta-feira, Outubro 31st, 2014

O fim estava próximo. A 18 de Julho de 2014, cerca de 15 dias antes do colapso do Grupo Espírito Santo (GES), emails de credores não paravam de cair nas caixas de correio da família.

Salgado lamentava a debandada de depósitos do banco.

Pedro Mosqueira do Amaral não compreendia porque tinha sido rejeitado três vezes por advogados do Luxemburgo.

E Jorge Penedo, que tinha exercido funções de administrador no Banco Espírito Santo de Miami, era o mais aflito de todos. A ponto de não ter conseguido dormir na noite anterior.

Leia na íntegra esta sexta-feira na edição em papel

 

Ionline: fisco cria unidade de gestão da relação com o Contribuinte

Sexta-feira, Outubro 31st, 2014

20141031

Por João D’ Espiney

Nova unidade irá “interpelar” os contribuintes a regularizarem a situação tributária em casos de incumprimento e tratar das reclamações

Citação

Ionline

O Fisco acaba de criar uma Unidade de Gestão da Relação com os Contribuintes (UGRC), de acordo com um despacho ontem publicado em Diário da República.

Esta nova unidade irá “interpelar” todos os contribuintes a regularizarem voluntariamente a sua situação tributária quando forem detectadas “situações de incumprimento” fiscal e “assegurar o tratamento das reclamações e pedidos dos contribuintes seguindo critérios uniformes, propondo medidas correctivas, nas situações em que tal for possível”.

A implementação “generalizada” de um sistema de pagamentos por meios electrónicos das obrigações tributárias, “através do débito directo em conta bancária, nas situações em que tal for possível” é outro dos objectivos desta estrutura, segundo o diploma assinado pelo director-geral da Autoridade Aduaneira e Tributária (AT), António Brigas Afonso.

O despacho atribui um conjunto vasto de competências à UGRC, a começar pela “implementação” de um “plano anual de apoio e promoção do cumprimento voluntário das obrigações fiscais e aduaneiras, incluindo projectos de sensibilização dos contribuintes”. Os projectos de “promoção activa” do cumprimento voluntário das obrigações fiscais serão elaborados com “entidades representativas de classes profissionais ou de grupos de contribuintes”.

Os responsáveis da UGRC irão “analisar o desempenho fiscal” dos contribuintes, através dos dados recebidos dos próprios e de terceiros, e de todas as bases de dados da AT, bem como “partilhar” as inconformidades detectadas com os contribuintes, “recomendando a sua regularização voluntária ou a respectiva justificação”. O despacho do director-geral determina ainda que esta unidade irá “desenvolver estudos de compreensão do comportamento fiscal dos contribuintes, incluindo aqueles que sejam considerados de risco e propor medidas de acção”. Um dos objectivos é perceber “as causas do incumprimento das obrigações fiscais” e delinear “medidas tendentes à sua diminuição”. Outro dos objectivos é “assegurar a coordenação” dos vários canais de atendimento e “garantir a qualidade e a eficiência do atendimento”.

De acordo com o comunicado emitido ontem pelo Ministério das Finanças, esta unidade “pretende estabelecer uma nova estratégia de comunicação, que permita um reforço da imagem e posicionamento junto dos contribuintes em particular e da sociedade em geral”. O comunicado refere ainda que esta unidade já foi constituída em 2012 “para acompanhar as empresas e os grupos económicos portugueses” e o que foi criado agora é o “Departamento de Serviço do Contribuinte”para “melhorar a colaboração entre a AT e os contribuintes individuais”. Uma nuance que o despacho assinado pelo director geral não faz qualquer referência.

(Fim de citação)

 

Para onde foram os depósitos

Sexta-feira, Outubro 31st, 2014

Citamos:

Para onde foram os depósitos

Três principais bancos nacionais ganharam perto de 4.000 milhões em depósitos após o colapso do BES. O Estado conseguiu atrair valores recorde de poupanças para os certificados de aforro e do tesouro.

Perda de depósitos do BES acelerou em julho, o mês anterior à resolução imposta ao banco.AFP/Getty Images

BCP, BPI e Caixa Geral de Depósitos viram aumentar os depósitos num montante de 3.900 milhões de euros no terceiro trimestre de 2014, período que ficou marcado pelo colapso do Banco Espírito Santo (BES). Os números agora divulgados revelam que a fuga de depósitos do BES fez aumentar os recursos ao dispor dos outros bancos. E o Estado também beneficiou.

A banca está na linha da frente para assumir eventuais prejuízos que resultem da medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo (BES). Se a venda do Novo Banco não gerar, como se prevê atualmente, uma receita equivalente aos 4.900 milhões de euros injetados na instituição, os bancos terão de assumir o prejuízo. A começar pela responsabilidade de reembolsar o empréstimo de 3.900 milhões de euros concedido pelo Estado.

Mas enquanto não chega a hora de fazer as contas, os principais bancos a operar em Portugal estão a ganhar negócio com o colapso do terceiro maior grupo financeiro português. Este efeito já é visível nas contas do terceiro trimestre reveladas nos últimos dias pelos três principais bancos nacionais.

BCP, BPI e Caixa Geral de Depósitos registaram crescimentos importantes ao nível dos depósitos nos resultados do terceiro trimestre, quando no primeiro semestre deste ano, esta rubrica estava a cair ligeiramente no mercado doméstico, pelo menos no caso dos bancos privados.

Para já, apenas BCP e BPI revelaram a evolução dos depósitos no mercado doméstico, onde o efeito da crise do BES se fez sentir. Entre junho e setembro, o BCP e o BPI captaram mais 1.500 milhões de euros, em termos líquidos, em depósitos. O principal beneficiário da crise do BES terá, contudo, sido a Caixa Geral de Depósitos. O banco do Estado é sempre o primeiro refúgio em momentos de incerteza e instabilidade no setor financeiro.

As contas conhecidas nesta sexta-feira apontam para um crescimento de cerca de três mil milhões de euros nos depósitos captados pelo banco do Estado entre o final de junho e setembro. A Caixa não revela qual é a dimensão dos depósitos no mercado nacional – os valores surgem consolidados e incluem operações internacionais – mas, segundo o Observador soube, os depósitos de clientes em Portugal cresceram 2.400 milhões de euros em três meses. Foi um progresso de quase 5% face aos recursos captados no final de junho.

No comunicado, a CGD destaca que, no caso das empresas, onde o BES era um banco forte, se verificou uma subida de 17,3% nos depósitos relativos ao mercado português.

Os concorrentes diretos do BES não foram os únicos a atrair mais poupanças neste período. Desde julho que o investimento dos particulares em dívida pública subiu para valores mensais superiores a 500 milhões de euros. Nos primeiros seis meses do ano, as poupanças líquidas aplicadas em certificados de aforro e tesouro rondaram 300 milhões de euros mensais.

O valor mais alto de 587 milhões de euros, que inclui investimento recorde nos certificados de aforro, foi atingido em julho, o mês em que se tornou evidente que a situação do Banco Espírito Santo estava fora de controlo. A instituição foi intervencionada no dia 3 de agosto.

Segundo dados avançados por Portugal à Comissão Europeia, no quadro da notificação da resolução do BES, o banco terá perdido em julho, até dois mil milhões de euros em depósitos. Uma notícia avançada esta semana pelo Diário Económico refere que o montante a sair terá sido na casa dos cinco mil milhões de euros. Uma coisa é certa, a saída de recursos dos clientes não travou após a resolução do BES. O Novo Banco também terá perdido clientes e fundos, mas os números ainda não conhecidos.

Depósitos recuaram no Montepio

Dos bancos que apresentaram contas para o terceiro trimestre, o Montepio Geral é para já o único a apresentar uma queda nos depósitos entre os montantes de junho e de setembro que ascende a cerca de 345 milhões de euros. Apesar de os depósitos estarem a crescer 4% nos primeiros nove meses do ano, face ao mesmo período de 2013, o ritmo de crescimento praticamente caiu para metade nos últimos três meses. O banco apresentou lucros de 22,6 milhões de euros até Setembro.

Esta evolução não terá sido alheia a notícias relativas a uma auditoria do Banco de Portugal à instituição que, numa primeira abordagem foi associada à exposição ao Banco Espírito Santo. O Montepio foi o primeiro banco a anunciar a constituição de uma provisão específica para cobrir perdas potenciais com a exposição ao Grupo Espírito Santo (GES). A ligação ao caso GES foi desmentida pelo presidente do Montepio, Tomás Correia. A auditoria do Banco de Portugal estará relacionada com operações anteriores a 2012 e sem qualquer relação com o BES.

Também a Caixa teve de reconhecer um montante mais elevado de imparidades, subiram 20%, para fazer face a perdas com a insolvência de empresas do universo GES. O comunicado não quantifica o impacto.

Direitores do BdP vão para a PwC

Sexta-feira, Outubro 31st, 2014

Citamos:

Económico

Luís Costa Ferreira e Pedro Machado vão trabalhar na firma escolhida pelo BdP para auditora do Novo Banco. E saem quando o Departamento de Supervisão Prudencial continua sob fogo por causa do BES.

O director e o director-adjunto do Departamento de Supervisão Prudencial do Banco de Portugal (BdP) cessaram ontem funções, passando para a PwC. As saídas de Luís Costa Ferreira a Pedro Machado ocorrem numa altura em que o supervisor está debaixo de fogo devido à forma como lidou com os problemas no BES, o que já levou à recente mudança de pelouros do vice-governador Pedro Duarte Neves. E, nos últimos dias, o Departamento de Supervisão Prudencial tem estado no centro de uma polémica em torno dos contactos que manteve com a Comissão Europeia nos dias anteriores à resolução do BES.

Em comunicado, o BdP refere que teve conhecimento dos pedidos de demissão do “director e o director-adjunto do Departamento de Supervisão Prudencial (DSP), Dr. Luís Costa Ferreira e Dr. Pedro Machado, fundamentados na intenção de desenvolverem novos projectos profissionais”. Os dois técnicos foram contratados pela PwC, a firma que no início de Agosto foi escolhida pelo Banco de Portugal para auditora do Novo Banco, a unidade “boa” do antigo BES. Os dois quadros do BdP iniciam funções na PwC em Janeiro, como sócios na área de consultoria da firma.

“A PwC acredita que as alterações no sector decorrentes da entrada do em vigor do Mecanismo Único de Supervisão, que prevê a supervisão prudencial directa pelo BCE das instituições de crédito significativas, criam grandes oportunidades na área da regulação dos serviços financeiros”, explicou a firma em comunicado. Acrescentou: “Adquirir competências e ‘skills’ únicos irá permitir liderar este sector.”

Porém, Luís Costa Ferreira e Pedro Machado deixam o Banco de Portugal numa altura em que os partidos da oposição exigem esclarecimentos sobre os contactos que o seu departamento teve com a Comissão Europeia a respeito da possível intervenção no BES, a 30 de Julho. Além disso, as datas das comunicações com Bruxelas a estão a ser analisadas pelo Ministério Público e a CMVM, no âmbito da investigação em curso às suspeitas de fugas de informação na semana que precedeu a resolução do BES, durante a qual as acções caíram cerca de 70%.
Tal como o Diário Económico noticiou na terça-feira, a DG-COMP foi avisada horas antes de o BESapresentar os seus resultados do primeiro semestre, por dois quadros do Departamento de Supervisão Prudencial. Esta informação coincide com a versão que terá sido transmitida pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, num encontro recente com deputados do PSD. Questionado, o Ministério não comentou.

A 8 de Outubro, o Económico noticiou que a DG-COMP abriu o processo de resolução do BES a 30 de Julho, quando o Governo e o Banco de Portugal tinham referido que a decisão só foi tomada a 1 de Agosto. No Parlamento, o governador do Banco de Portugal “desmentiu formalmente” que tivesse havido alguma decisão antes dessa data e garantiu que “não se corresponde com a DG-COMP”.

Porém, na passada terça-feira, o Banco de Portugal admitiu, em declarações ao Diário Económico, que Bruxelas fora avisada dos prejuízos do BES horas antes da sua divulgação. Já a CMVM não foi avisada da possibilidade de uma intervenção do Estado. O supervisor da bolsa poderia ter suspendido as acções, que entre 29 de Julho e 1 de Agosto afundaram mais de 70%. A resolução foi anunciada pelo BdP a 3 de Agosto.

OE2015: Partidos da oposição exigem saber impacto do BES

Quinta-feira, Outubro 30th, 2014

PS, BE e PCP exigiram hoje (30-10-2014) saber o motivo da ausência de uma previsão do impacto do BES no Orçamento do Estado, mas a ministra das Finanças reiterou que terá um efeito “mitigado” pela “robustez no resto do sistema financeiro”.

 

Partidos da oposição exigem saber impacto do BES 

O vice-presidente da bancada do PS, Pedro Nuno Santos, sublinhou que “no Orçamento do Estado não há uma referência ao impacto da crise de um dos mais importantes bancos privados portugueses na atividade económica e, portanto, no cenário macroeconómico”.

“Esta é uma matéria importante porque vem somar a todas as dúvidas sobre o cenário macroeconómico”, afirmou, exigindo a Maria Luís Albuquerque que “clarifique hoje de uma vez” esse impacto.

A deputada do BE Mariana Mortágua frisou que, de acordo com a proposta de Orçamento do Estado (OE), o BES “não tem impacto nas contas públicas, não tem impacto no cenário económico, é como se não existisse, é como se o maior grupo económico privado português nunca tivesse valido”.

“Queremos saber a verdade sobre o BES e a verdade sobre o cenário macroeconómico. Como se explicam previsões de crescimento maiores do que as de todas as instituições independentes, como é que se explicam previsões de inflação maiores que todas as outras ?”, questionou.

O deputado comunista Miguel Tiago também incidiu a sua pergunta sobre o BES, tendo enquadrado num âmbito mais vasto da ajuda pública à banca, argumentando que “pagar os abonos de família, conta para o défice, para os subsídios de desemprego conta para o défice, as restantes prestações sociais, conta para o défice, a saúde conta para o défice, a segurança dos cidadãos, a justiça, os salários, as pensões, contam para o défice”.

“Quando chega a salvar bancos, quando chega a ir em socorro dos grandes grupos económicos, que nem o risco do negócio assumem porque sabem que o Estado lá para os salvar, os 4,9 mil milhões que o Estado acaba de entregar ao fundo de resolução para salvar um banco privado, já não conta para o défice”, defendeu.

A ministra das Finanças reiterou “que, face à robustez do resto do sistema financeiro – aliás, confirmado no domingo passado com o resultado dos testes stress efetuados pelo Banco Central Europeu -, esse risco é muito mais mitigado do que se tivesse acontecido em momentos anteriores, em que de facto o sistema financeiro estiva bem mais frágil”.

“Bem mais importante do que discutir o número que devia estar no Orçamento do Estado é saber, afinal, que solução devia ter sido utlizada no caso do BES”, afirmou, acusando os deputados do PS; BE e PCP de não perderem “um momento a dizer aos portugueses que solução” teriam preferido.

Governo meteu-se numa trabalhada ao forçar a insolvência do BES e ao método que criou o Novo Banco