Arquivo para Novembro, 2014

Paulo Futre: o ex-futebolista foi prospetor de clientes para o BES

Sábado, Novembro 29th, 2014

20141128  O antigo futebolista Paulo Futre era um dos quase cinco mil agentes vinculados ao Banco Espírito Santo, habilitados para fazer prospeção de investidores e clientes para o banco.

Paulo Futre é um dos quase cinco mil agentes vinculados ao Banco Espírito Santo, segundo uma investigação do jornal . O antigo futebolista, comentador e apresentador televisivo está desde o final de 2012 habilitado pela CMVM para angariar clientes e investidores para o banco. O regulador do mercado português está a decidir se estes prospetores verão a licença transitar para o Novo Banco, a entidade que passou a reunir os ativos “saudáveis” do banco até este verão liderado por Ricardo Salgado.

Citamos

Ler resto do artigo aqui: Futre e as ligações ao BES como agente vinculado

URL    http://observador.pt/2014/11/28/paulo-futre-o-ex-futebolista-foi-prospetor-de-clientes-para-o-bes/

Vítor Bento defende que BES devia recomprar obrigações para proteger clientes

Sábado, Novembro 29th, 2014

20141128 Vítor Bento defende, em direito de resposta ao Observador, que o BES tinha de recomprar as obrigações em nome do respeito das expetativas dos clientes e por determinação da CMVM.

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Vítor Bento, que vai ser ouvido pela comissão de inquérito ao BES no próximo dia 2 de dezembro, na qualidade de ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES),sustenta a decisão do banco de comprar as obrigações colocadas junto de terceiros para assegurar o respeito das expectativas, explícitas ou implícitas, de liquidez e reembolso dos clientes que as compraram. Em direito de resposta a uma notícia do Observador, o gestor sublinha que o BES quando prosseguiu a recompra de obrigações estava a seguir recomendações ou determinações da CMVM (Comissão de Mercado de Valores Mobiliários). Foi por isso mesmo, conclui, que “os prejuízos potenciais implícitos em tais obrigações na posse dos clientes foram totalmente provisionados nas contas de 30 de julho, por exigência dos auditores”.

 

O Observador noticiou quinta-feira uma ata da reunião do Banco de Portugal, de 30 de julho, em que se descreve que a recompra desta obrigações se realizou nos primeiros 22 dias de julho, o que coincide com um período de nove dias em que Vítor Bento já tinha assumido a presidência executiva do BES.

 

As operações subjacentes a estas recompras, e que provocaram centenas de milhões de euros de prejuízos no BES, estão a ser investigadas pelo Banco de Portugal e terão sido também um dos alvos das diligências judiciais que levaram a buscas realizadas esta quinta-feira em vários escritórios do antigo BES e residências de ex-administradores. O reconhecimento das perdas resultantes da recompra das obrigações foram o principal fator surpresa que fez disparar os prejuízos semestrais, precipitando a sua resolução.

 

Vítor Bento sublinha que a auditoria que detetou este problema foi pedida pela comissão executiva a que presidia depois de se aperceber que qualquer coisa de “estranho” se passava com estas obrigações. Destaca que as operações sob suspeita já tinham sido realizadas quando assumiu funções. Os problemas estavam associados à venda a terceiros e posterior colocação em clientes dessas obrigações, prática anterior à recompra. Lembra ainda que a sua gestão deu ordens para travar imediatamente as operações intermediadas pela Eurofin, sociedade financeira suíça que foi intermediária destas transações.

URL http://observador.pt/2014/11/28/vitor-bento-defende-que-bes-devia-recomprar-obrigacoes-para-proteger-clientes/

O direito de resposta de Vítor Bento

 

Os homens que unem Sócrates a Salgado. E vice-versa

Sábado, Novembro 29th, 2014

A ‘união’ entre José Sócrates e Ricardo Salgado não se escreve apenas com o facto de terem sido os dois detidos este ano e de terem o mesmo juiz em comum, Carlos Alexandre. A teia de pessoas e circunstâncias que liga estes dois homens de peso em Portugal é escrutinada este sábado pelo jornal i.

Citamos

O que há em comum entre José Sócrates e Ricardo Salgado? Terem sido ambos detidos este ano? Sim. Terem ambos sido interrogados por Carlos Alexandre? Também! Mas há mais? Pois claro. O jornal i faz uma análise a pente fino de todos os homens e circunstâncias que unem estes dois nomes pesados de Portugal. Mas há algo que os une diretamente: o regime de regularização de capitais vindo do estrangeiro, uma medida criada pelo antigo primeiro-ministro e usada por Salgado para corrigir os seus impostos, escapando, assim, a um eventual processo de fraude fiscal.

Salgado emprestou 50 milhões ao Benfica já com BES em crise

Sábado, Novembro 29th, 2014

20141128 Superfundo da família Espírito Santo fez uma aplicação multimilionária na Benfica SAD, no final de 2013, com o BES SA em situação de pré-falência e a Sociedade Anónima Desportiva em “falência técnica”.

Citamos

Ler artigo publicado na edição de sexta-feira em papel e referido em URL http://sol.pt/noticia/119376

Investigação i: Salgado negociou com Chávez entrada de venezuelanos no BES

Sábado, Novembro 29th, 2014
Soube-se hoje que:
Salgado contava com os venezuelanos para os aumentos de capital. E confessou em declarações publicadas pela edição em papel do jornal i: “Foi através dos financiamentos dos venezuelanos que andámos a sustentar o grupo”
Ricardo Salgado negociou com Hugo Chávez e Nicolás Maduro a entrada de investimento venezuelano no Banco Espírito Santo (BES). A confissão foi feita pelo ex-presidente da Comissão Executiva do BES numa reunião do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo (GES) e num momento em que o grupo já estava à beira do precipício. A auditoria da KPMG acabaria por revelar que a empresa estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) era um dos maiores credores do grupo, depois de ter investido milhões de euros em dívida do GES.

A 7 de Novembro de 2013, quando Ricardo Salgado relatava à família os aumentos de capital que estariam para breve, e os esforços que teriam de ser reunidos para encontrar investidores, Pedro Mosqueira do Amaral, o mais novo representante do ramo Mosqueira do Amaral, lançou o tapete: “E os investidores venezuelanos, como é que isso é visto? Não há problema? São investidores particulares ou da PDVSA [Petróleros de Venezuela, empresa estatal venezuelana]?”

Artigo publicado em 2014-11-28 por ionline em:

http://www.ionline.pt/artigos/portugal/investigacao-i-salgado-negociou-chavez-entrada-venezuelanos-no-bes

 

Banco de Portugal foi à Suíça pedir esclarecimentos sobre relações do Eurofin com o BES

Sábado, Novembro 29th, 2014

Soube-se hoje que:

Na sequência das buscas policiais, o Ministério Público apreendeu cinco milhões  de registos informáticos no âmbito do processo de investigações que culminou com a constituição da ex-directora Financeira do BES, Isabel Almeida e do administrador do BES Vida, António Soares, com funções no Novo Banco, como dois novos arguidos. 

Citamos

O Banco de Portugal confrontou directamente, na Suíça, os responsáveis das sociedades financeiras Eurofin, sobre o seu papel, enquanto prestadoras de serviços do grupo português, em operações polémicas de compra e recompra de títulos de dívida de holdings da família Espírito Santo, entre elas a Espírito Santo International (ESI), apurou o PÚBLICO junto de um alto responsável do Banco de Portugal. Estes movimentos, que determinaram perdas para o BES de 1249 milhões de euros, estiveram esta quinta-feira no centro das buscas policiais, realizadas às instalações do BES e do Novo Banco e que levaram à constituição como arguidos de altos quadros que transitaram para a nova instituição bancária liderada por Eduardo Stock da Cunha.

Apesar de ter começado a investigar no início deste ano o relacionamento dos veículos financeiros suíços com o universo Espírito Santo, como o PÚBLICO noticiou em Março, o supervisor apenas avançou com os contactos directos com as sociedades Eurofin após a intervenção estatal no BES, formalizada a 3 de Agosto. E foi já depois da criação do Novo Banco, que o departamento de supervisão do BdP enviou delegados a Lausanne, sede do Eurofin (de que o GES foi accionista, com 23%, até 2009), no quadro das averiguações à anterior administração do BES, para recolha de informações e de prova.

As autoridades investigam suspeitas de falsificação de documentos e de abuso de confiança relacionadas com a gestão de carteiras de clientes do antigo BES. Em causa estão financiamentos às holdings falidas da família Espírito Santo com dinheiro de clientes do BES, por via de obrigações emitidas e de seguida recompradas pelo banco, em articulação com os veículos Eurofin. As transacções decorreram semanas antes do colapso e já com o BES impedido por Carlos Costa de manter negócios com partes relacionadas. O Eurofin, que actua como prestador de serviços do grupo português, garante não ter colocado ou promovido produtos de investimento para o GES ou clientes do BES e desconhecer o contexto em que as operações se desenvolveram.

As transacções foram executadas pelo Departamento Financeiro, de Mercado e Estudos, quando este era tutelado pelo ex-CFO Morais Pires, com a colaboração de Isabel Almeida, ex-directora financeira. Tal como António Soares, ligado à administração do BES Vida, Isabel Almeida foi constituída arguida na sequência das investigações desencadeadas na quinta-feira pela unidade de combate à corrupção da Polícia Judiciária. O PÚBLICO sabe que há outros altos quadros do grupo notificados, ainda antes das buscas que decorreram em vários pontos do país. Os principais responsáveis do ex-BES, como, por exemplo, Ricardo Salgado (este visado também no processo Monte Branco) e Morais Pires são já arguidos neste processo.

As diligências policiais desencadeadas esta semana, com origem numa queixa-crime apresentada em Setembro pelo BdP (após o relatório de auditoria forense contra actos da anterior gestão de Salgado), abrangeram 41 locais, 34 deles domiciliários. A acção policial no BES antigo, que funciona agora na Rua Barata Salgueiro, e nas instalações do Novo Banco – na sede, no 14.º andar da Avenida da Liberdade, em Lisboa, e no Taguspark, em Oeiras, onde está todo o acervo documental do grupo – resultou na “apreensão” de cerca de cinco milhões de registos informáticos.

O PÚBLICO sabe que as inquirições abrangeram habitações de quadros do Novo Banco de segunda e terceiras linhas, gerentes e subgerentes de agências, espalhadas por vários pontos do país. Com excepção da ex-administração de Salgado, toda a estrutura de efectivos do BES manteve-se operacional, daí as buscas ao Novo Banco e a alguns dos seus quadros.

A casa de Ricardo Salgado, em Cascais, voltou quinta-feira a ser alvo de buscas, agora num contexto distinto do processo Monte Branco. Os investigadores visitaram ainda as residência de ex-gestores do BES, como o ex-CFO Morais Pires e Joaquim Goes, que pertencia à comissão de partes relacionadas, criada no final de 2013 por recomendação do BdP. O seu objectivo era garantir que a circulação de fundos do BES para o GES seria interrompida, o que acabou por não se verificar.

O Ministério Público poderá ter aproveitado a acção desta semana, ampla, para recolher dados sobre outros inquéritos em curso. Existe uma suspeita de que Salgado possa ter recorrido a um “saco azul”, o ES Enterprise, para movimentar cerca de 300 milhões de euros para pagamentos não documentados dentro do grupo, mas também a terceiros da esfera privada e pública. A informação já noticiada pelo PÚBLICO concentra as atenções policiais que procuram determinar a abrangência da acção do ES Enterpise , com sede na Suíça. O GES usava os veículos Eurofin para movimentar as verbas para o ES Enterprise.

Ler artigo original em http://www.publico.pt/sociedade/noticia/banco-de-portugal-foi-a-suica-pedir-esclarecimentos-sobre-relacoes-do-eurofin-com-o-bes-1677854

Ler outros artigos do Público relacionados:

20141129: Altas figuras do Estado investigadas após mudanças na cúpula do Ministério Público

20141127: Ministério Público junta esforços raros para investigar colapso do BES

20141118: Ricardo Salgado e administradores do BES são acusados em quatro processos pelo Banco de Portugal

20141109:  BES: Salgado transferiu centenas de milhões de euros através de offshore antes de sair

Nota técnica sobre a idoneidade

Sexta-feira, Novembro 28th, 2014

Citamos:

Banco de Portugal

 

O Banco de Portugal publicou uma “nota técnica” sobre a problemática da “idoneidade” denominada Nota técnica sobre a avaliação da idoneidade dos membros dos órgãos sociais das sociedades supervisionadas – versão atualizada.

Diretores do Novo Banco constituidos arguidos

Sexta-feira, Novembro 28th, 2014

Citamos:

“As buscas policiais realizadas ontem pela unidade de combate à corrupção da Polícia Judiciária a instalações do Novo Banco, assim como ao local onde agora funciona o antigo BES, resultaram na apreensão de cerca de cinco milhões de documentos e ainda na constituição como arguidos de alguns directores do banco presidido por Eduardo Stock da Cunha.

O PÚBLICO apurou que a acção policial, desencadeada a 41 locais, 34 deles domiciliários, a pedido do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), com base na queixa-crime apresentada pelo Banco de Portugal após o relatório de auditoria forense contra actos da anterior gestão liderada por Ricardo Salgado, resultou na apreensão de cerca de cinco milhões de documentos parqueados nas instalações informáticas do Novo Banco, no Taguspark. É neste local, em Oeiras, que está todo o acervo documental do grupo e que permitirá certificar as suspeitas de crimes cometidos por gestores e altos quadros, alguns dos quais transitaram para o Novo Banco, envolvendo ainda clientes da instituição, ou dar novas ênfases aos dados já confirmados pela investigação.

Na sequência, foram constituídos arguidos alguns directores do ex-BES que se mantiveram em funções no Novo Banco. O mandado de buscas do Tribunal Central de Instrução Criminal, assinado pelo juiz Carlos Alexandre, dirigia-se, neste caso, especificamente quer ao antigo BES (que funciona agora na Rua Barata Salgueiro, em Lisboa), quer ao Novo Banco, onde houve buscas na sede, no 14.º andar da Avenida da Liberdade, em Lisboa (além do edifício do Taguspark). Nestes dois últimos locais, do Novo Banco, a presença dos investigadores prolongou-se por várias horas.

Para além dos indícios de um eventual esquema de financiamento e ocultação de dívida do GES, no valor de cerca de mil milhões de euros, com recurso aos veículos suíços, fornecedores de serviços (do BES e GES), de nome Eurofin, há ainda a suspeita de recurso a um saco azul, o ES Enterprise, que nos últimos anos terá sido usado para movimentar cerca de 300 milhões de euros para pagamentos não documentados dentro do grupo, mas também a terceiros.

Esta informação, já revelada pelo PÚBLICO, concentra igualmente as atenções do Ministério Público, que procura agora apurar a abrangência da acção do ES Enterpise. Já os veículos Eurofin, que tal como o ES Enterprise têm sede na Suíça, funcionavam como prestadores de serviços do grupo liderado por Ricardo Salgado, que chegou a deter, até 1999, cerca de 23% destas sociedades, e que o BdP admite terem funcionado ao longo de vários anos como uma “caixa negra” usada por Salgado para esconder prejuízos do GES e do BES.

Há ainda suspeitas de outras operações potencialmente ilícitas, entre elas duas reveladas a 19 de Outubro pela Revista 2 do PÚBLICO num trabalho intitulado “Crónica do Fim do Império”. Uma delas prende-se com a compra à Escom (detida pelo GES e devedor do BES), em 2006, por parte do construtor José Guilherme (de quem Salgado diz ter recebido uma prenda de 14 milhões de euros) de cerca de 30% das três Torres de Luanda em construção, por sete milhões de dólares. Esta posição seria revendida à Escom, antes de os andares serem postos à venda, por 34 milhões de dólares.

A segunda operação controversa está associada à dívida ao BES do universo empresarial do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, com créditos no banco liderado por Salgado, em 2012, da ordem dos 600 milhões de euros. O antigo administrador financeiro do BES, Morais Pires, reestruturou a dívida e colocou-a em fundos do BES Vida e da ESAF, o que permitiu retirar pressão sobre Luís Filipe Vieira, que deixou assim de constar na lista dos grandes devedores ao BES exigida pelo Banco de Portugal e pela troika.”

 Público 28/11/2014

Constituidos arguidos dois diretores do Novo Banco

Sexta-feira, Novembro 28th, 2014

Citamos:

Público

 

As buscas policiais realizadas ontem pela unidade de combate à corrupção da Polícia Judiciária a instalações do Novo Banco, assim como ao local onde agora funciona o antigo BES, resultaram na apreensão de cerca de cinco milhões de documentos e ainda na constituição como arguidos de alguns directores do banco presidido por Eduardo Stock da Cunha. A Lusa chegou a avançar que a Procuradoria-Geral da República confirmava duas detenções, mas depois corrigiu a informação, confirmando que dois directores foram constituídos arguidos.

Isabel Almeida, ex-directora financeira, e António Soares, ligado à administração do BES Vida, foram constituídos arguidos. E o PÚBLICO sabe que há outros altos quadros do grupo notificados antes das buscas que decorreram em vários pontos do país.

O PÚBLICO apurou que a acção policial, desencadeada a 41 locais, 34 deles domiciliários, a pedido do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), com base na queixa-crime apresentada pelo Banco de Portugal após o relatório de auditoria forense contra actos da anterior gestão liderada por Ricardo Salgado, resultou na apreensão de cerca de cinco milhões de documentos parqueados nas instalações informáticas do Novo Banco, no Taguspark. É neste local, em Oeiras, que está todo o acervo documental do grupo e que permitirá certificar as suspeitas de crimes cometidos por gestores e altos quadros, alguns dos quais transitaram para o Novo Banco, envolvendo ainda clientes da instituição, ou dar novas ênfases aos dados já confirmados pela investigação.

Na sequência, foram constituídos arguidos alguns directores do ex-BES que se mantiveram em funções no Novo Banco. O mandado de buscas do Tribunal Central de Instrução Criminal, assinado pelo juiz Carlos Alexandre, dirigia-se, neste caso, especificamente quer ao antigo BES (que funciona agora na Rua Barata Salgueiro, em Lisboa), quer ao Novo Banco, onde houve buscas na sede, no 14.º andar da Avenida da Liberdade, em Lisboa (além do edifício do Taguspark). Nestes dois últimos locais, do Novo Banco, a presença dos investigadores prolongou-se por várias horas.

Para além dos indícios de um eventual esquema de financiamento e ocultação de dívida do GES, no valor de cerca de mil milhões de euros, com recurso aos veículos suíços, fornecedores de serviços (do BES e GES), de nome Eurofin, há ainda a suspeita de recurso a um saco azul, o ES Enterprise, que nos últimos anos terá sido usado para movimentar cerca de 300 milhões de euros para pagamentos não documentados dentro do grupo, mas também a terceiros.

Esta informação, já revelada pelo PÚBLICO, concentra igualmente as atenções do Ministério Público, que procura agora apurar a abrangência da acção do ES Enterpise. Já os veículos Eurofin, que tal como o ES Enterprise têm sede na Suíça, funcionavam como prestadores de serviços do grupo liderado por Ricardo Salgado, que chegou a deter, até 1999, cerca de 23% destas sociedades, e que o BdP admite terem funcionado ao longo de vários anos como uma “caixa negra” usada por Salgado para esconder prejuízos do GES e do BES.

Há ainda suspeitas de outras operações potencialmente ilícitas, entre elas duas reveladas a 19 de Outubro pela Revista 2 do PÚBLICO num trabalho intitulado “Crónica do Fim do Império”. Uma delas prende-se com a compra à Escom (detida pelo GES e devedor do BES), em 2006, por parte do construtor José Guilherme (de quem Salgado diz ter recebido uma prenda de 14 milhões de euros) de cerca de 30% das três Torres de Luanda em construção, por sete milhões de dólares. Esta posição seria revendida à Escom, antes de os andares serem postos à venda, por 34 milhões de dólares.

A segunda operação controversa está associada à dívida ao BES do universo empresarial do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, com créditos no banco liderado por Salgado, em 2012, da ordem dos 600 milhões de euros. O antigo administrador financeiro do BES, Morais Pires, reestruturou a dívida e colocou-a em fundos do BES Vida e da ESAF, o que permitiu retirar pressão sobre Luís Filipe Vieira, que deixou assim de constar na lista dos grandes devedores ao BES exigida pelo Banco de Portugal e pela troika.

Portugal antes e depois do BES. Opinião de Helena Garrido

Sexta-feira, Novembro 28th, 2014

20141128

Citação

Jornal de Negócios

e Negócio

Nada será como dantes. Nem nós. Depois destes alucinantes quinze dias, já estamos diferentes. Assistimos com perplexidade e até assustados à explosão de investigações com impacto em figuras nacionais de referência. Claro que já se esperava novos processos envolvendo o BES, Ricardo Salgado e a ex-administração do banco. Muitos disseram que com o BES iria cair o regime. Mas mesmo assim é impossível não ficar surpreendido.

Durante anos falava-se, mas nada acontecia. Em quinze dias, sem se falar tudo aconteceu. O caso dos “vistos gold”, que envolve o chefe de uma polícia, nada tem que ver com o “caso Sócrates” ou ainda com o “caso BES”. Mas os três …

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