Arquivo para Dezembro, 2014

Gravações GES: “Criámos um monstro sem controlo”

Terça-feira, Dezembro 30th, 2014

20141230

Sábado

Durante a preparação do aumento de capital do Grupo Espírito Santo, Ricardo Abecassis confrontou Salgado – e a discussão azedou.

A 30 de Janeiro de 2014, os membros do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo reuniram-se para voltar a discutir o aumento de capital do grupo. Depois de vários nomes serem debatidos – incluindo o do empresário José Veiga – e de os presentes se comprometerem a tentar convencer os seus familiares a investir, Ricardo Salgado foi confrontado por Ricardo Abecassis com uma questão: como poderiam garantir que o investimento não seria dinheiro deitado pelo “ralo”.  O líder dos Espírito Santo afirmou que não podia dar essa garantia e, sobre a dívida enorme que tinha sido revelada, disse: “Ouve lá, e então? Aparecemos com uma dívida gravíssima, de facto. Não sabíamos. Agora… não sabíamos. (…) Descontrolo total, pá. Descontrolo total.” (Video I)

Mais tarde, Ricardo Salgado partiu para o ataque. Responsabilizou Ricardo Abecassis pelo prejuízo para o grupo que foi a compra do Banco Boavista, no Brasil e comparou o pedido de garantias no aumento de capital com o investimento recomendado pelo primo: “Isso era a mesma coisa que te perguntar a ti a crise do [Banco] Boavista se tu não tinhas adivinhado que aquilo ia acontecer quando nós o comprámos pá. (…) A gente comprou o Boavista porquê? Porque tu nos incitaste. Eu apoiei completamente a compra do Boavista e vê lá o buraco que foi o Boavista. Ainda hoje temos uma parte do buraco do Boavista.” Depois, afirmou: “As pessoas que se querem isolar de não terem tido responsabilidades nenhumas, é melhor não falarem isso.”

Ricardo Abecassis garantiu que não estava a fugir às responsabilidades, pelo contrário. Estava a queixar-se de estar demasiado distante das empresas que administra: “Eu sou do Conselho da ES International há não sei quantos anos e a gente nunca participou numa reunião, nunca viu nada, não controlava a situação…”

Ricardo Salgado concordou e no final do encontro proferiu a frase que marcou a reunião. (Video II)

Nota Editorial

Nos últimos três meses a comunicação social tem divulgado um conjunto de conversas que têm sido descritas como tendo decorrido no seio das reuniões do Conselho Superior do GES.  Numa primeira fase, o que se relatou como constituindo o conteúdo dessas reuniões foi difundido apenas pela imprensa escrita, e a sua divulgação não foi objecto de qualquer reparo, resposta ou reacção por parte de qualquer um dos visados.

Posteriormente, os registos áudio dessas reuniões foram divulgados por um canal de televisão e difundidos na internet, tendo por esta via caído no espaço público onde hoje se encontram, acessíveis a qualquer interessado. Tanto quanto é do conhecimento público, os referidos registos não se encontram juntos a qualquer processo judicial coberto pelo segredo de justiça, nem o seu conteúdo ou veracidade foi alguma vez impugnada por qualquer um dos intervenientes nas referidas reuniões.

Os conteúdos agora concretamente divulgados pela SÁBADO constituem, na sua maioria, conversas que já são do conhecimento público por terem sido previamente descritas na comunicação social e os seus termos são descritos no âmbito da própria comissão parlamentar que visa o caso BES/GES que se encontra actualmente em curso na Assembleia da República.

Os trabalhos da comissão parlamentar revelam, portanto, que as actas formais e as gravações das reuniões do Conselho Superior do GES, estas últimas iniciadas em Novembro de 2013, têm uma importância incontornável para o apuramento da verdade e até para o esclarecimento das contradições que têm surgido nas audições na Assembleia da República.

De resto, foi no próprio Parlamento que até já se levantou a questão da própria existência das gravações das reuniões, com Ricardo Salgado a garantir que desconhecia estes registos e outros dois membros do Conselho Superior do GES, José Maria Ricciardi e José Manuel Espírito Santo, a afiançarem que se tratavam de actos formais que eram conhecidos de todos os membros deste órgão do GES. Na prática, tratar-se-iam de actas formais orais gravadas para melhor reproduzir o que cada um dos membros dizia sobre os diversos temas discutidos.

O manifesto interesse público destas conversas é ainda reforçado pelo facto de os assuntos discutidos nesta entidade empresarial privada serem muitas vezes semelhantes àqueles que também constam nas actas das reuniões do Conselho de Administração e da Comissão Executiva do BES, onde a maioria dos membros do GES tinha também intervenção e poderes de administração e decisão.

Diga-se por fim que a SÁBADO tem tentado contactar, por vários meios, todos os intervenientes e pessoas citadas nas gravações do Conselho Superior do BES.

(Fim de citação)

 

 

 

Novo Banco Has Four Potential Buyers

Segunda-feira, Dezembro 29th, 2014

20141229

But Sale Price Unlikely to Cover Bailout Costs

Wall Street Journal

Novo Banco, the Portuguese bank created out of failed lender Banco Espírito Santo SA in August, has received at least four expressions of interest from potential buyers before a Dec. 31 deadline, a person familiar with the matter said Monday.

Novo Banco, under Chief Executive Eduardo Stock da Cunha, is seeking to finalize a sale by the middle of 2015. Interested parties include Portugal’s Banco BPI SA, Spain’s Banco Santander SA, China’s Fosun International Ltd. and U.S. private-equity firm Apollo Global Management LLC, according to a person close to the sale process.

Santander and BPI this month confirmed that they would submit expressions of interest, while Fosun had previously said it would consider purchasing the bank. No one was immediately available at Apollo to comment.

While Novo Banco wants to fully pay back the €4.9 billion ($6.01 billion) capital injection it received from a bailout fund, analysts consider it unlikely the bank will fetch that much.

A teaser document prepared by BNP Paribas this month said the sale represents “a unique opportunity to acquire the control of a leading financial institution in Portugal with international operations.” Novo Banco, with €72.5 billion in assets, has around an 18% share of Portugal’s banking market, according to the bank, and a presence in nearly two dozen countries globally.

Novo Banco started life on Aug. 3 when the Bank of Portugal used a Portuguese resolution fund to inject €4.9 billion and save the best parts of Banco Espírito Santo. Novo Banco kept the bulk of BES’s branches, deposits and loans, while shedding shareholders’ and junior bondholders’ claims on the bank and its problematic subsidiaries in the U.S., Libya and Angola.

Junior bondholders are now trying to contest the bank split in Portuguese and European Union courts, but the sale of Novo Banco is moving ahead. A €379 million purchase of Novo Banco’s investment bank, Banco Espírito Santo de Investimento SA was agreed by China’s Haitong Securities earlier this month.

Banco Espírito Santo collapsed in August amid a record first-half loss triggered by its exposure to its troubled family-controlled parent company. The company, Espirito Santo International SA, filed for bankruptcy in July after an audit ordered by the Bank of Portugal found irregularities in its accounts. Banco Espírito Santo didn’t only provide loans to Espirito Santo International and its units, but also sold their debt to customers of the bank. Some of that debt was sold to clients through a complex funding scheme that the Bank of Portugal has called fraudulent. The Bank of Portugal and the Portuguese prosecutor’s office are currently conducting separate investigations into the matter.

In addition to the core Portuguese business, the future owner of Novo Banco will take over a set of European units and global operations in countries including Cape Verde, the Cayman Islands, Venezuela and Mozambique. It will also get 9.9% of Angolan lender Banco Economico. However, a New York branch with around $443 million in assets is in the process of being closed, according to the BNP Paribas presentation.

Novo Banco’s main attraction, however, continues to be its domestic businesses. The bank has reported deposits of €25 billion in August, and since then the figure has risen €2 billion following some successful marketing campaigns. Banks with operations in Portugal, including BPI and Santander, would see their client base widen sharply. They would also inherit a credit portfolio of close to €44 billion, of which loans to companies comprise 72%.

While Portugal has been hit hard by the sovereign debt crisis that forced it into a bailout in 2011, its economy is recovering. Nonetheless, the jobless rate remains above 13%, bringing potential credit risks. Novo Banco reported credit at risk of default at close to 14% from the total portfolio.

Meanwhile, the “bad bank” that kept the Banco Espírito Santo name is separately in the process of selling Espirito Santo Bank in Miami, a small business and mortgage lender which also holds the group’s U.S. securities license. Other parts of the Espirito Santo group are also being sold, as many parts of the businesses make their way through court-managed liquidations.

Write to Patricia Kowsmann at patricia.kowsmann@wsj.com and Margot Patrick at margot.patrick@wsj.com

(Fim de citação)

Novo Banco Has Four Potential Buyers But Sale Price Unlikely to Cover Bailout Costs

Segunda-feira, Dezembro 29th, 2014

Novo Banco pretende “blindagem” contra tribunais

Segunda-feira, Dezembro 29th, 2014

Citamos:

Jornal de Negócios

A alienação do banco segue indiferente a processos contra a resolução do BES. O comprador terá garantia para se proteger da litigância. Ameaça de nova acção da Goldman Sachs não afasta interessados. Apollo é a próxima a avançar.

O processo de venda do Novo Banco vai ser blindado contra as consequências dos processos judiciais que já correm ou venham a entrar nos tribunais contestando a resolução do BES e outras decisões tomadas pelo Banco de Portugal (BdP) no quadro desta medida. Todos os potenciais compradores do banco liderado por Eduardo Stock da Cunha preparam-se para exigir uma garantia que salvaguarde os seus interesses dos efeitos da litigância à volta do Novo Banco. Uma rede de segurança que deve ser dada pelo Fundo de Resolução, accionista da instituição.
Depois de 20 fundos que investiram em dívida subordinada do BES terem contestado judicialmente a resolução do banco e processado o Governo, BdP e CMVM, a Goldman Sachs ameaçou o supervisor bancário com nova acção judicial. Mas nem os processos já em curso nem este ultimato afastaram os interessados na compra do Novo Banco. BPI, Santander e Fosun já avançaram com manifestações de interesse. A Apollo, gestora norte-americana de “private equity”, será dos próximos candidatos a formalizar a entrada no processo, sabe o Negócios.
Braço-de-ferro entre Goldman Sachs e BdP
Apesar de não ter consequências imediatas na venda do Novo Banco, o braço-de-ferro entre a Goldman Sachs e o BdP promete fazer correr muita tinta. O banco de investimento norte-americano contesta o facto de o supervisor ter decidido fazer regressar ao BES um empréstimo de 834 milhões de dólares concedido a esta instituição em Julho, através da Oak Finance, um veículo sedeado no Luxemburgo que actuava por conta da Goldman Sachs. A resolução, de 22 de Dezembro, dita perdas de idêntico valor para a instituição que tem no conselho consultivo o ex-ministro do PSD José Luís Arnaut.
A decisão da entidade liderada por Carlos Costa foi baseada no facto de, em Julho, a Goldman Sachs ter tido uma participação qualificada (superior a 2%) no banco. Segundo a legislação europeia, ficam no “banco mau” as responsabilidades perante entidades que tenham tido posições qualificadas no banco alvo da resolução nos dois anos anteriores.
O banco norte-americano garante que esta participação não era sua, mas detida “no sentido de facilitar a transacção de clientes”, como afirmou a 23 de Julho fonte oficial da Goldman às agências noticiosas. E acusa o BdP de, com a sua decisão,  estar a “contrariar expectativas” criadas pelo supervisor. Isto porque alega que, “a 11 de Agosto de 2014, um alto representante do BdP explicitamente confirmou por escrito à Goldman Sachs a transferência dessas obrigações sénior [que financiaram o BES] para o Novo Banco”.
A entidade liderada por Carlos Costa contesta estas alegações, assegurando que a carta que recebeu do banco “não fazia qualquer referência ao crédito da Oak Finance” e que “a resposta foi também genérica, sem qualquer menção ao referido crédito”. Até porque, sublinha, “àquela data, não era do conhecimento do BdP que a Oak Finance actuava por conta da Goldman Sachs”.
O supervisor aponta ainda o dedo ao banco de investimento, revelando que os contactos com a Oak e o seu accionista Stichting Oak Finance “não permitiram conhecer a identidade do beneficiário das sociedades”. A sua ligação à Goldman Sachs foi “determinada” posteriormente “por outro meios”, levando o BdP a decidir devolver ao BES o crédito dado pela Oak. Para o supervisor também não há dúvidas de que o banco norte-americano foi accionista qualificado do BES, uma vez que nos comunicados enviados à CMVM nunca disse actuar em nome de clientes.

Perda da Goldman Sachs reforça solidez do NB
O regresso ao “banco mau” do crédito que o BES obteve junto da Goldman Sachs, e que foi concedido através da Oak Finance, vai reforçar o nível de solidez do Novo Banco e ditar uma perda no banco de investimento. Esta alteração ao perímetro de activos do banco de transição liberta 548,3 milhões de euros de reservas, o que permitirá aumentar o rácio de capital mais exigente da instituição em cerca de um ponto percentual. Tendo em conta o balanço de abertura do Novo Banco, o rácio de solidez mais exigente passaria assim de 9,2% para mais de 10%. Este reforço de solidez só terá reflexos no banco liderado por Eduardo Stock da Cunha quando forem fechadas as contas relativas a 31 de Dezembro de 2014. Isto porque a transferência do crédito da Oak para o BES só aconteceu depois da decisão do Banco de Portugal adoptada a 22 de Dezembro.

Fosun pode ser um dos maiores grupos portugueses

Segunda-feira, Dezembro 29th, 2014

Citamos:

Económico

Maria Ana Barroso

Se vencer a corrida pela compra do Novo Banco, a Fosun irá, em menos de um ano, passar a figurar no rol dos grupos económicos mais relevantes do mercado nacional.

Desde que apontou agulhas a Portugal, já adquiriu a principal seguradora portuguesa, a Fidelidade, venceu uma concorrida luta pela compra da Espírito Santo Saúde e é accionista qualificado, com cerca de 5%, da REN.

O processo de privatização da Fidelidade, maior seguradora do mercado nacional, fez apontar radares a um grupo chinês até então quase desconhecido em Portugal. A Fosun ganhou a corrida, oficializando a compra em Maio. Na altura, os responsáveis do maior grupo privado chinês deram a entender que a compra da seguradora seria apenas um ponto de partida, tendo então referido que estariam atentos a outras “oportunidades de investimento”. E rapidamente se percebeu que assim seria, de facto.

Ainda o dossier Fidelidade não tinha arrefecido quando em Junho tomaram uma posição relevante na REN, onde hoje detêm já cerca de 5% do capital, através da seguradora. Vencem poucos meses depois a disputada corrida à compra da Espírito Santo Saúde, também pela Fidelidade.

Agora, é via Fosun que se lançam no processo de luta pelo Novo Banco. Irão levar o processo até ao fim? E, se sim, conseguirão superar, por exemplo, actores fortes do mercado português como o Santander e o BPI? É demasiado cedo para saber. Mas, se assim for, deixarão definitivamente de poder ser ignorados no panorama económico nacional.

Se couber contudo a um dos bancos do mercado a vitória nesta corrida, pode estar em jogo a liderança do universo bancário português. O activo conjunto do Novo Banco e do Santander, por exemplo, é superior ao da Caixa Geral de Depósitos, de acordo com as últimas contas. Da mesma forma, a carteira de crédito do BPI e do Novo Banco vale mais, no seu todo, do que a do banco público.

Entre os interessados – o prazo termina às 17h de quarta-feira -, estão ainda os norte-americanos da Apollo, que estão perto de concretizar a compra da Tranquilidade após terem perdido a disputa pela Fidelidade.

Novo Banco manipula créditos sobre empresas GES

Segunda-feira, Dezembro 29th, 2014

Citamos:

Jornal de Negócios

Só em 2015 os clientes de retalho do Novo Banco conhecerão a proposta de compensação por perdas com dívida do GES. Solução prevê a recuperação do capital investido no longo prazo e em determinadas condições.

Os clientes de retalho do Novo Banco com aplicações em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) apenas poderão recuperar o capital investido nestes títulos no longo prazo e desde que se concretizem determinadas condições. Estes são, ao que o Negócios apurou, os pressupostos da solução em que a equipa de Eduardo Stock da Cunha, o Banco de Portugal e a CMVM estão a trabalhar para compensar estes clientes pelas perdas com os títulos adquiridos aos balcões do BES.
Neste momento, a proposta comercial a apresentar aos cerca de 5.000 clientes do Novo Banco ainda está a ser trabalhada a nível técnico, não havendo um calendário definido para aprovar a versão final da solução. Certo é que os clientes já só serão contactados em 2015.
A intenção da instituição liderada por Stock da Cunha e do supervisor é resolver o problema dos clientes com investimentos em papel comercial do GES o mais rapidamente possível. Mas antes de se fechar esta proposta, Novo Banco, Banco de Portugal (BdP) e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pretendem aprovar uma solução para os clientes não residentes que investiram em acções preferenciais através de veículos que o BES usou para se financiar. Também estes investidores terão de esperar pelo Ano Novo para saberem qual a proposta comercial que lhes vai ser apresentada e que, à partida, deverá permitir recuperar a totalidade do capital investido.

 

Papel comercial com recuperação mais difícil
As aplicações em acções preferenciais do BES e papel comercial do GES são as únicas que continuam bloqueadas por estarem em causa as situações mais complexas. No primeiro caso, esta complexidade resulta da natureza dos títulos em causa, uma vez que se trata de acções. No entanto, estes títulos foram comercializados como se fossem obrigações seniores do BES, tendo sido dadas garantias de liquidez.
Já no caso do papel comercial da Espírito Santo International e da Rioforte, “holdings” do GES, a dificuldade em encontrar uma solução resulta do facto de o BES não ter sido responsável pela emissão. A complexidade acentuou-se com a resolução do banco, que deixou no BES a responsabilidade por indemnizar os clientes pela comercialização de produtos que se revelaram tóxicos.
O Novo Banco não herdou as provisões contabilizadas pelo BES a 30 de Junho e que se destinavam a reembolsar os clientes de retalho com papel comercial do GES. Por determinação do BdP, apenas pode compensar os clientes pelas suas perdas por razões comerciais. Ou seja, para manter a relação com os clientes. E desde que não ponha em causa a sua posição de liquidez e a sua solvabilidade.
Daí que a solução que está a ser trabalhada pelo Novo Banco apenas permita reaver o capital investido em determinadas condições. No limite, a recuperação pode depender da relação comercial que o cliente aceitar manter com a instituição. Ou do desempenho do próprio banco. Sempre num horizonte temporal muito alargado.

 

Novo Banco Has Four Potential Buyers

Segunda-feira, Dezembro 29th, 2014

20141229

Citação

Wall Street Journal

But Sale Price Unlikely to Cover Bailout Costs

Novo Banco, the Portuguese bank created out of failed lender Banco Espírito Santo SA in August, has received at least four expressions of interest from potential buyers before a Dec. 31 deadline, a person familiar with the matter said Monday.

Novo Banco, under Chief Executive Eduardo Stock da Cunha, is seeking to finalize a sale by the middle of 2015. Interested parties include Portugal’s Banco BPI SA, Spain’s Banco Santander SA, China’s Fosun International Ltd. and U.S. private-equity firm Apollo Global Management LLC, according to a person close to the sale process.

Santander and BPI this month confirmed that they would submit expressions of interest, while Fosun had previously said it would consider purchasing the bank. No one was immediately available at Apollo to comment.

While Novo Banco wants to fully pay back the €4.9 billion ($6.01 billion) capital injection it received from a bailout fund, analysts consider it unlikely the bank will fetch that much.

A teaser document prepared by BNP Paribas this month said the sale represents “a unique opportunity to acquire the control of a leading financial institution in Portugal with international operations.” Novo Banco, with €72.5 billion in assets, has around an 18% share of Portugal’s banking market, according to the bank, and a presence in nearly two dozen countries globally.

Novo Banco started life on Aug. 3 when the Bank of Portugal used a Portuguese resolution fund to inject €4.9 billion and save the best parts of Banco Espírito Santo. Novo Banco kept the bulk of BES’s branches, deposits and loans, while shedding shareholders’ and junior bondholders’ claims on the bank and its problematic subsidiaries in the U.S., Libya and Angola.

Junior bondholders are now trying to contest the bank split in Portuguese and European Union courts, but the sale of Novo Banco is moving ahead. A €379 million purchase of Novo Banco’s investment bank, Banco Espírito Santo de Investimento SA was agreed by China’s Haitong Securities earlier this month.

Banco Espírito Santo collapsed in August amid a record first-half loss triggered by its exposure to its troubled family-controlled parent company. The company, Espirito Santo International SA, filed for bankruptcy in July after an audit ordered by the Bank of Portugal found irregularities in its accounts. Banco Espírito Santo didn’t only provide loans to Espirito Santo International and its units, but also sold their debt to customers of the bank. Some of that debt was sold to clients through a complex funding scheme that the Bank of Portugal has called fraudulent. The Bank of Portugal and the Portuguese prosecutor’s office are currently conducting separate investigations into the matter.

In addition to the core Portuguese business, the future owner of Novo Banco will take over a set of European units and global operations in countries including Cape Verde, the Cayman Islands, Venezuela and Mozambique. It will also get 9.9% of Angolan lender Banco Economico. However, a New York branch with around $443 million in assets is in the process of being closed, according to the BNP Paribas presentation.

Novo Banco’s main attraction, however, continues to be its domestic businesses. The bank has reported deposits of €25 billion in August, and since then the figure has risen €2 billion following some successful marketing campaigns. Banks with operations in Portugal, including BPI and Santander, would see their client base widen sharply. They would also inherit a credit portfolio of close to €44 billion, of which loans to companies comprise 72%.

While Portugal has been hit hard by the sovereign debt crisis that forced it into a bailout in 2011, its economy is recovering. Nonetheless, the jobless rate remains above 13%, bringing potential credit risks. Novo Banco reported credit at risk of default at close to 14% from the total portfolio.

Meanwhile, the “bad bank” that kept the Banco Espírito Santo name is separately in the process of selling Espirito Santo Bank in Miami, a small business and mortgage lender which also holds the group’s U.S. securities license. Other parts of the Espirito Santo group are also being sold, as many parts of the businesses make their way through court-managed liquidations.

Write to Patricia Kowsmann at patricia.kowsmann@wsj.com and Margot Patrick at margot.patrick@wsj.com

(Fim de citação)

Opinião: Novo Banco velhos problemas

Domingo, Dezembro 28th, 2014

 

Citando

Jornal de Negócios

Novo Banco velhos problemas

Cerca de 20 fundos de investimento internacionais com obrigações subordinadas do BES estão a processar a Comissão Europeia, o Banco de Portugal, a Comissão de Mercados de Valores Mobiliários e o Governo.
Um grupo português de advogados já representa quase duas centenas de clientes do BES que perderam as suas poupanças.
O Goldman Sachs está a contestar a recente decisão do Banco de Portugal de colocar no “banco mau” um empréstimo ao BES que se descobriu afinal que tinha sido feito por sua conta.
A venda da Tranquilidade ao fundo Apollo, que deveria ter sido concretizada até ao fim do ano, teve de ser anulada e reiniciada sem limite de prazo, na sequência de uma providência cautelar que o Tribunal da Relação aceitou. O novo plano tem de ser agora aprovado pelo ISP.

Começaram a dar à costa os primeiros processos contra o modelo de intervenção no BES. Fundos de investimento mais ou menos agressivos, pequenos investidores e grandes bancos preparam-se para tentar retirar um quinhão …

(Fim de citação)

 

Este artigo é exclusivo para Assinantes Negócios Primeiro

Governo já tem nomes de potenciais sucessores de Carlos Costa no Banco de Portugal

Domingo, Dezembro 28th, 2014

O mandato do governador do Banco de Portugal termina em meados de 2015. O Expresso avança os nomes de José de Matos e António Varela como potenciais sucessores. Carlos Costa não quer continuar, mas pode ficar até às eleições.

A ministra das Finanças e o governador transmitiram no Parlamento visões diferentes do caso BES

Citando

Observador

O governo já tem em carteira dois nomes de potenciais sucessores de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal. O primeiro mandato do atual governador termina em meados deste ano e Carlos Costa, que tem estado debaixo do fogo desde a resolução do Banco Espírito Santo (BES), já terá informado o governo de que não pretende continuar.

Segundo o jornal Expresso, o executivo já identificou duas personalidades que considera terem perfil para poder ocupar o cargo. O primeiro será José de Matos. Seria o regresso a casa do atual presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos que em 2011 trocou o conselho de administração do Banco de Portugal, onde foi vice-governador durante nove anos, pela liderança do banco público.

O outro nome em cima da mesa, segundo o Expresso, é o de António Varela. O gestor foi administrador executivo da Cimpor e foi recentemente nomeado para a administração do banco central. Varela substituiu Pedro Duarte Neves na delicada pasta da supervisão do setor bancário.

Na sua tomada de posse, em setembro, deu nas vistas o discurso altamente elogioso da ministra das Finanças, para quem a supervisão, “área absolutamente crítica para assegurar a estabilidade financeira e as condições de financiamento essenciais ao crescimento sustentável, não podia ter melhor titular do que António Varela”. As palavras de Maria Luís Albuquerque foram vistas como uma crítica velada à atuação da equipa de Carlos Costa no caso BES.

Na comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do BES,os discursos do governador e da ministra sobre a solução aplicada ao banco não bateram certo. Enquanto Carlos Costa admite que a decisão foi política, Maria Luís Albuquerque assegura que não foi previamente consultada sobre a resolução que foi decidida pelo Banco de Portugal.

É à ministra das Finanças quem compete indicar o nome do governador do Banco de Portugal para aprovação em Conselho de Ministros, mas esta é uma decisão na qual o primeiro-ministro terá a última palavra. E Pedro Passos Coelho, noticiou já o Observador, tenciona tomar a decisão ainda no seu mandato, não obstante ela coincidir com o período que antecede as eleições legislativas.

Costa pode ficar até às legislativas de outubro

Já o Diário de Notícias avança este domingo um cenário alternativo em que o governador pode ficar no cargo até às eleições legislativas de outubro de 2015, prolongando alguns meses o seu mandato que termina em meados do próximo ano.

Segundo o DN, existe informação contraditória sobre o futuro governador do Banco de Portugal que ainda não terá assumido dentro do próprio banco que não quer fazer novo mandato. O jornal recorda que a escolha do governador deve ser consensual entre o PS e o PSD, pelo que pode fazer sentido esperar até se saber qual o governo que sairá das legislativas. Fontes citadas pelo jornal referem que existem mais candidatos possíveis ao cargo de governador, para além dos dois avançados pelo Expresso.

Depois da ajuda externa, a crise do BES

Carlos Costa foi a escolha do ex-primeiro-ministro José Sócrates que foi buscar o quadro português à administração do Banco Europeu de Investimentos (BEI) para suceder a Vítor Constâncio. Costa assumiu o cargo em 2010, tendo enfrentado um teste de fogo quando Portugal pediu ajuda externa em abril de 2011, depois dos mercados internacionais fecharam a torneira de capital ao país e aos bancos. O acesso à liquidez e a estabilidade do sistema financeiro passaram a ser as prioridades.

Mas a maior dor de cabeça de Carlos Costa não foi a troika. Pelo menos diretamente. Os problemas do Grupo Espírito Santo (GES) são revelados na sequência de um exercício à solidez dos bancos exigido pelo Banco Central Europeu. O caso BES rebenta já depois da “saída limpa” de Portugal do programa de ajuda e faz cair o mais emblemático grupo financeiro nacional, de forma espetacular e inesperadamente rápida.

Desde a noite de domingo em que anunciou, sozinho, ao país a resolução do Banco Espírito Santo que Carlos Costa tem carregado o peso de ser o principal rosto de uma solução inédita na Europa e que provocou pesadas perdas a acionistas e investidores. O governador, que foi atacado nas primeiras sessões da comissão parlamentar de inquérito, queixou-se ao primeiro-ministro sobretudo das acusações feitas por deputados do PSD. Na oposição chegou a correr a informação de que Carlos Costa teria pedido a demissão.

O apoio de Passos Coelho foi dado em privado e em público, através da entrevista à RTP em que o primeiro-ministro foi firme na defesa da atuação do Banco de Portugal e do governador no caso BES. Os deputados do PSD recuaram no ataque a Carlos Costa.

O inquilino da rua do Ouro pode pelo menos vangloriar-se de ter travado uma crise sistémica na banca. O governador não se demite, mas também já terá dito que não quer fazer outro mandato. Antes de sair, Carlos Costa ainda terá de enfrentar os resultados da venda do Novo Banco, que poderão traduzir-se em prejuízos para a banca ou, no limite, para os cofres do próprio Estado.

(Fim de citação)

 

 

Goldman Sachs threatens to bring charges against Bank of Portugal

Sábado, Dezembro 27th, 2014

Business Standard News

Last friday Goldman Sachs warned it might bring charges against the Bank of Portugal’s decision not to transfer Banco Espirito Santo (BES) debt to Novo Banco.

Goldman Sachs made a loan to BES when it became bankrupt in August and could not lend from capital markets, through Oak Finance Luxembourg SA, Xinhua reported.

“The Bank of Portugal’s unexpected public announcement earlier this week to retroactively return these obligations contravenes market expectations and damages multiple investors, including pension funds, who were offered these investments in reliance on these prior representations,” Goldman Sachs said in a note.

“On August 11, 2014, a senior representative of the Bank of Portugal explicitly confirmed to us in writing the transfer of these obligations. In addition, Novo Banco also confirmed in writing that Oak Finance had been transferred as one of its liabilities,” the note added.

BES was rescued by the Portugal government in August under a 4.9-billion-euro (about $6 billion) bailout plan. The bank’s healthy assets were transferred to the “Novo Banco”, so- called “good bank”.

Goldman Sachs said the damage the Central Bank’s position will cause its clients and financial markets means it will be forced to pursue remedies against the bank.

Goldman Sachs in a trial war against Bank of Portugal