Arquivo para Abril, 2015

Esquema das obrigações do BES gerou ganhos desde 2009

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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Observador

Auditoria forense detetou que as mais-valias apropriadas por veículos da Eurofin com obrigações do BES começaram em 2009. Em causa pode estar prática de ato doloso de gestão ruinosa.

O esquema de circularização de obrigações emitidas pelo Banco Espírito Santo (BES), em que esteve envolvida a Eurofin, gerou mais-valias desde 2009, de acordo com a auditoria forense. As conclusões preliminares remetidas pelo Banco de Portugal à comissão parlamentar de inquérito constatam “a existência de mais-valias, igualmente apropriadas por aqueles veículos (da Eurofin) na colocação de um conjunto de obrigações emitidas pelo Grupo BES desde 2009″.

Na análise a estas operações, que geraram perdas adicionais para o BES nas semanas que antecederam a resolução, a auditoria conclui que os factos descritos poderão “configurar a prática de infração especialmente grave consubstanciada na prática de atos dolosos de gestão ruinosa, em detrimento de depositantes, investidores e demais credores”, praticados pelos membros dos órgãos sociais do banco. O dolo pressupõe a intenção ou conhecimento dos prejuízos provocados.

Como exemplo, é referida uma amostra de cinco emissões de obrigações (títulos de dívida transacionados em mercado) emitidas pelo grupo BES em 2012 e 2013, com valor nominal de 1175 milhões de euros, que corresponde a 24% do valor total das emissões de obrigações colocadas em clientes naquele período. Estas operações geraram mais-valias que totalizaram 181 milhões de euros. E para quem?

A análise feita às mais-valias geradas pela circularização e recompra de obrigações do BES no primeiro semestre de 2014 confirma os ganhos de 787 milhões de euros, os quais “terão sido apropriados por veículos da Eurofin”, a sociedade suíça que serviu de intermediária entre o banco e os clientes que comprarem estes títulos.

O documento do Banco de Portugal não o diz de forma expressa, mas as mais-valias para investidores ou Eurofin representam menos-valias, perdas, para o BES concretizadas no ato de recompra destes títulos, que o banco adquire por um valor muito mais alto do que o registado no balanço e antes do prazo da maturidade desta dívida. O reconhecimento total destas perdas imposto pelo auditor e pelo Banco de Portugal obrigou a constituir provisões de 1300 milhões de euros que precipitaram a queda do BES em agosto do ano passado.

Esta parte do exame da Deloitte investiga as séries de obrigações do BES e do grupo BES e de ações preferenciais emitidas por três entidades especialmente criadas para o efeito (SPV), que foram constituídas pelo Crédit Suisse, mas que de facto seriam geridas pelo banco. A auditoria avaliou ainda a existência de rendibilidades garantidas nestes títulos, bem como garantia de liquidez, que foi o argumento invocado pelo BES para justificar a recompra destes títulos detidos pelos clientes em prejuízo próprio.

Os anteriores administradores do banco, incluindo Ricardo Salgado, alegam que a recompra destes títulos procurou salvaguardar os clientes do banco, praticamente todos não residentes, protegendo a reputação do BES. Estas obrigações terão sido usadas para trocar dívida de empresas do grupo GES que estava colocada nos tais veículos especiais, cujas ações tinham sido vendidas a investidores.

Violação de um número significativo de deveres

Os factos detetados apontam para indícios de “violação de um conjunto muito significativo de deveres” consagrados no código do mercado mobiliário, ao nível da intermediação financeira, previstos em mais de 20 artigos, para além da violação de vários regulamentos e disposições do Banco de Portugal.

O quinto e último bloco da auditora forense debruçou-se sobre a atuação de órgãos de gestão do BES, e Esaf no processo de colocação de dívida de empresas não financeiras do GES na carteira dos fundos de investimento do grupo BES. Mais uma vez foram encontrados “indícios de violação de um conjunto muito significativo de deveres”, consagrados no código dos valores mobiliários e ao nível dos sistemas de controlo interno, definidos pelo Banco de Portugal. Gestão de risco, inexistente, conflito de interesses e execução das melhores condições para os clientes, são matérias onde foram identificadas falhas.

Até outubro de 2013, as carteiras de fundos da Esaf eram “compostas, essencialmente, por papel comercial emitido por entidades do GES, tendo a exposição conjugada destes fundos ao GES ascendido a cerca de 2,3 mil milhões de euros em agosto de 2013″. O grupo foi obrigado a reduzir drasticamente este nível de exposição, tendo acelerado a colocação direta da dívida das empresas do GES junto dos clientes do BES, através do famoso papel comercial, do qual falta ainda reembolsar mais de 500 milhões de euros.

A auditoria forense ao BES e à gestão liderada por Ricardo Salgado incide sobre cinco temas. Para além dos veículos Eurofin e da exposição dos fundos de investimento ao GES, foram investigados a ocultação de passivo do Espírito Santo Internacional (ESI), o BESA (Banco Espírito Santo Angola) e o desrespeito das ordens do Banco de Portugal por parte da anterior gestão do BES. Estas auditorias serão remetidas para o Ministério Público.

BES ainda não consegue dizer a dimensão do “buraco”. Resultados adiados

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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Observador

O Banco Espírito Santo comunicou que não tem ainda condições de divulgar os resultados de 2014. O BES invoca a complexidade e excecionalidade da resolução e adia as contas sem data.

O Banco Espírito Santo (BES) diz que ainda não estão reunidas as condições necessárias para divulgar o relatório e contas de 2014, o primeiro balanço que seria conhecido depois da resolução que criou o Novo Banco.

O prazo para as empresas da bolsa divulgarem as contas do ano passado termina esta quinta-feira, a 30 de abril, e o BES estava obrigado a cumprir este prazo, apesar de a negociação das ações estar suspensa desde 1 de agosto do ano passado. Mas as contas, explica o BES, “têm necessariamente de refletir o impacto da medida de resolução” que dividiu o património do banco em dois: os ativos bons no Novo Banco e os ativos maus no BES. Em causa está a dimensão do buraco que ficou no banco mau.

O BES herdou as imparidades e responsabilidades, onde se incluem as perdas em Angola, o reembolso do papel comercial e o pagamento do financiamento concedido pela Oak Finance, entre outros. E o único ativo são os créditos concedidos a empresas do Grupo Espírito Santo (GES), que se encontram em processo de insolvência.

As contas têm de refletir as deliberações do Banco de Portugal que pode transferir ativos e, sobretudo, passivos, do lado do Novo Banco para o BES, como sucedeu com o veículo criado pela Goldman Sachs onde investidores internacionais aplicaram 835 milhões de euros.

Apesar dos esforços desenvolvidos pela administração e auditores, a gestão liderada por Máximo dos Santos, aponta para a “complexidade e excecionalidade da medida aplicada ao BES”, que não permitem que os trabalhos de validação da conformidade das contas estejam terminados. E a administração do BES ainda não consegue dizer quando é que isso poderá acontecer, limitando-se a afirmar que tudo será feito para que seja o mais breve possível.

Para além das deliberações do Banco e Portugal sobre o ajustamentos ao balanço, há que considerar outros esclarecimentos necessários para “determinar de forma rigorosa e completa o perímetro dos ativos, passivos, elementos extrapatrimoniais e ativos sob gestão que permaneceram no BES”. Ou por outras palavras, para apurar a dimensão do buraco que ficou no banco mau.

SÍNTESE DA ATIVIDADE 1º TRIMESTRE DE 2015 DO NOVO BANCO DOS AÇORES

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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Local PT

PONTA DELGADA – O primeiro trimestre de 2015 foi caracterizado pelo esforço desenvolvido na captação de Clientes e recuperação da atividade em matéria de captação de recursos e de concessão crédito. De realçar que o Banco continuou a conceder crédito à economia Açoriana, tendo mesmo registado uma evolução positiva neste primeiro trimestre.

O Banco continuou a desenvolver a sua estratégia para a captação de novos Clientes, através de diversas ações junto de empresas, serviços e organismos públicos, com o objetivo de melhoria da quota de mercado. Continuou-se a desenvolver uma forte ação comercial junto do setor Agrícola, que é um dos mais importantes pilares da atividade económica nos Açores.

Ao nível da atividade, e comparativamente a março 2014, salienta-se a evolução registada nos Depósitos de Clientes (-6,8%) e no Crédito concedido a Clientes (+0,3%). Esta evolução originou um aumento do Rácio de Transformação de Depósitos em Crédito em 7 p.p., situando-se em 114,2%.

O trimestre encerrou com um Ativo Líquido de 678,8 milhões de euros.

O resultado líquido do 1º trimestre foi positivo em 285 milhares de euros, comparando com os – 2.537 milhares de euros em março de 2014. Esta inversão positiva ficou a dever-se a um bom desempenho do Resultado Financeiro, a uma importante redução dos Custos Operativos e a uma melhoria registada no saldo das Provisões menos as Reposições. Todos estes efeitos conjugados contribuíram também para a melhoria do Cost to Income do Banco.

Lesados do BES exigem demissão de governador do Banco de Portugal

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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Rádio Renascença

Protesto acontece em Braga. Um dos manifestantes lembra que as conclusões da comissão de inquérito “apontam culpas” ao regulador e isso dá aos “lesados” um novo “alento” para a luta.

Cerca de uma centena de lesados com a compra de papel comercial aos balcões do BES está a manifestar-se em frente à delegação do Banco de Portugal em Braga e exige a demissão do governador, Carlos Costa. 

Segundo os manifestantes, que antes protestaram junto a uma delegação do Novo Banco no centro de Braga e vão depois percorrer outros balcões do antigo Banco Espírito Santo (BES) na cidade, as conclusões do inquérito parlamentar dão “força e razão” às suas reivindicações. 

Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Associação dos indignados e Enganados do Papel Comercial, Alberto Neves, explicou que as manifestações vão continuar até que “todos” sejam restituídos do que lhes foi “roubado”, mas alertou que não devem ser os contribuintes a “arcar” com o prejuízo. 

“Não queremos que sejam os contribuintes a arcar com a responsabilidade, tem de ser o Banco de Portugal, havia uma provisão para isto. O senhor Carlos Costa tem culpas neste processo e deve sair da instituição”, defendeu o responsável. 

Alberto Neves disse que as conclusões da comissão de inquérito “apontam culpas” ao regulador e isso dá aos “lesados” um novo “alento” para a luta. 

“De grosso modo, a comissão esta favorável e do nosso lado, a Comissão do Mercados de Valores Mobiliários também, a sociedade civil também e isto é uma injustiça e uma imoralidade”, afirmou. 

O responsável garantiu ainda que esta não será a única manifestação promovida pela associação. “É uma de muitas que temos preparadas até que nos seja pago o reembolso integral das poupanças da nossa vida”. 

A 3 de Agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição. No chamado banco mau um veículo que mantém o nome BES, ficaram concentrados os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas, enquanto no banco bom, o banco de transição que foi designado Novo Banco, ficaram os activos e passivos considerados não problemáticos.

Oferta do BPI pelo Novo Banco foi adequada e não foi condicionada pela OPA

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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Observador

Fernando Ulrich diz que a indefinição acionista não condicionou a oferta pelo Novo Banco que foi “adequada”. O BPI recusou propor um preço “para impressionar” numa proposta não vinculativa.

O presidente executivo do BPI recusou a tese de que a oferta que apresentou para a compra do Novo Banco, e que foi excluída da corrida, tivesse sido condicionada pela indefinição acionista. Foi o valor que a comissão executiva entendeu que era o correto, “baseado no juízo profissional” e que foi proposto a aceite pelos acionistas do banco. Os dois maiores acionistas estão em conflito quanto à estratégia para o BPI. O CaixaBank lançou uma oferta pública de aquisição, mas a Santoro de Isabel dos Santos prefere negociar uma fusão com o BCP.

A oferta pelo Novo Banco foi a “adequada e correta”, defendeu Fernando Ulrich na apresentação dos resultados do primeiro trimestre. “O que não fizemos foi andar a jogar” com as regras de uma oferta não vinculativa. “Era relativamente fácil apresentar um valor qualquer. Podíamos propor um preço para impressionar”.

Fernando Ulrich lembra que as regras do concurso permitem ao BPI associar-se a outros concorrentes, ainda na fase de negociação do Novo Banco, mas não revela se este cenário está a ser estudado, lembrando o acordo de confidencialidade que ainda vincula os responsáveis do banco.

Não obstante o valor “correto”, que afastou para já o BPI da competição, Fernando Ulrich defende que o melhor para a instituição é que o Novo Banco seja “vendido por muito dinheiro”. Esse cenário seria favorável para o BPI, não só porque reduziria, ou no limite, eliminaria, as perdas que teria de assumir no quadro do Fundo de Resolução, mas porque permitiria valorizar o BPI.

Questionado sobre se está a acontecer uma “revolução” na banca, com o que sucedeu no BES, e está suceder com Novo Banco, Montepio e a oferta do CaixaBank, Fernando Ulrich, apela a que não misturem o BPI com estes bancos, chegando a considerar que a comparação com as outras instituições financeiras “é uma ofensa para o BPI”.

Rioforte Imóveis da Espírito Santo no Brasil estão à venda

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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Notícias ao Minuto

A Rioforte colocou à venda a participação de 6% que detém da Property Brasil. A alienação é conduzida pela consultora RK Partners.

A empresa que se dedica à promoção imobiliária para habitação e comércio é um dos ativos mais emblemáticos da Espírito Santo no Brasil.

De acordo com o Diário Económico, as contas de 2013 revelam ativos no valor de 147 milhões de euros e um passivo a rondar os 95 milhões.

À venda estão ainda empreendimentos como o projeto LOGBRAS, Clareira, Cidade Criativa Pedra Branca e Gaurujá.

GOVERNO DE JARDIM RECLAMOU AVENCA AO NOVO BANCO

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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Sol

Sandra Almeida Simões  
 
Logo após a resolução do BES, Vítor Bento recebeu uma carta do governo madeirense a alertar para uma avença paga pelo BES. O caso foi discutido numa reunião e motivou uma inspecção aos pagamentos autorizados do banco.  
 
O Novo Banco herdou os activos saudáveis do BES, mas também inúmeras situações do passado que têm vindo a ser resolvidas de forma gradual. O SOL analisou as actas de algumas das reuniões do conselho de administração do banco de transição realizadas após a resolução do BES. Uma das grandes preocupações do Novo Banco prende-se com o controlo de custos, um tema presente em várias reuniões. Logo no segundo dia de funcionamento da instituição, o ex-presidente Vítor Bento alertou para uma situação do passado: a existência de uma avença paga pelo BES a alguém do Governo Regional da Madeira e que suscitou muitas dúvidas. O caso motivou um levantamento de todos os pagamentos a pessoas ou a entidades sem vínculo com a instituição.  
 
Miguel Albuquerque desconhece  
 
«O Dr. Vítor Bento referiu que tinha recebido uma carta do Governo Regional da Madeira aludindo a uma avença que seria paga pelo BES ao […] sem que houvesse uma aparente contrapartida, situação que, na sua perspectiva, tinha que ser cabalmente esclarecida». Esta versão da acta foi rasurada, de forma a impedir a divulgação do nome da pessoa do Governo da Madeira beneficiada com a avença.  
 

À data do envio da carta, Alberto João Jardim era ainda o presidente do executivo regional. O SOL não conseguiu obter um comentário do ex-líder madeirense.  
 
Já a actual presidência refere que o «Governo Regional da Madeira não comenta por não ter conhecimento» da avença. Miguel Albuquerque foi empossado a 20 de Abril deste ano.  
 
Levantamento exaustivo  
 
Na sequência das dúvidas manifestadas por Vítor Bento, o antigo gestor José Honório acrescentou, na mesma reunião, que lhe parecia «conveniente fazer um levantamento de todas as avenças pagas pelo Novo Banco e pelas sociedades que para ele tenham transitado».  
 
João Freixa, administrador do BES que permaneceu na equipa de Vítor Bento, concordou e sugeriu que se pedisse ao Departamento de Negociação e de Controlo de Custos «informação sobre os pagamentos directamente autorizados». Por sua vez, o ex-administrador Jorge Martins propôs consultar ainda o departamento de recursos humanos do banco.  
 
Depois de ponderadas as diferentes hipóteses, o primeiro conselho de administração do Novo Banco decidiu avançar com «um levantamento de todas as avenças, espaços físicos, automóveis e recursos humanos disponibilizados a pessoas ou entidades que não estejam vinculadas ao Novo Banco por contrato de trabalho em vigor».  

A 24 de Setembro, com o Novo Banco já sob a liderança de Eduardo Stock da Cunha, o tema foi retomado. Foi então apresentado o levantamento do conjunto de serviços, custos e benefícios que o Novo Banco suportava e que, face à informação disponível naquela data, se afiguravam como «não contratualizados ou em dúvida». O conselho de administração aprovou a optimização desses custos, eliminando «situações não contratualizadas e revendo ou renegociando fornecimentos e serviços contratados».  
 
Em Outubro, o board implementou uma política de controlo e redução de custos transversal a todas as entidades do grupo. Foi remetida uma minuta a todas as empresas, sucursais ou escritórios de representação, sublinhando a necessidade de incorporar os novos procedimentos e normas relativas a despesas de representação, deslocação, ajudas de custo e estadia. A ordem era clara: «aplicação imediata» e «cumprimento escrupuloso». De Agosto a Dezembro, os custos operativos totalizaram 368,6 milhões de euros, «não reflectindo ainda, na plenitude, o esforço levado a cabo na sua redução».  
 
O que se decide nos bastidores  
 
As actas das reuniões do Novo Banco revelam as preocupações e prioridades dos gestores. A transição do Banco Espírito Santo para o Novo Banco foi um processo de elevada complexidade. Com as portas abertas há 268 dias, a administração liderada por Eduardo Stock da Cunha, que substituiu Vítor Bento, tem trabalhado arduamente nos bastidores para definir e executar o ‘Projecto Novo Banco’. Inicialmente, foram definidos os chamados «mínimos olímpicos», focados sobretudo na alteração da designação do banco e no fecho de balanços. O cliente foi o segundo foco de atenção: esta fase envolveu um número significativo de alterações, como produtos, documentos, minutas ou formulários.  

Posteriormente, os gestores focaram-se na revisão dos documentos internos.  
 
As várias actas das reuniões do conselho de administração, consultadas pelo SOL, reflectem algumas das decisões tomadas nos bastidores do Novo Banco. A evolução dos principais indicadores de liquidez e de crise, o projecto de rebranding, as alterações aos estatutos, a renegociação de prestação de serviços com terceiros, a nomeação de órgãos sociais, a resolução de operações bloqueadas, a transmissão de activos, os impactos da transição, a análise de propostas de venda de activos e os múltiplos pontos de situação têm sido alguns dos temas debatidos pelo board.  
 
PROGRAMA DE SAÍDA POR MÚTUO ACORDO  
 
No dia 15 de Outubro, o conselho de administração do Novo Banco aprovou um programa de saídas por mútuo acordo. «O Dr. Eduardo Stock da Cunha apresentou uma proposta do Departamento de Recursos Humanos relativa às regras a adoptar para um programa de saídas por mútuo acordo a implementar no Banco», lê-se na acta. Não são divulgados os detalhes da proposta.  
 
SEGURO PARA CRIME DE COLABORADORES  
 
A gestão de Stock da Cunha contratou três seguros para proteger profissionalmente os administradores. O Directors & Offlcers cobre a responsabilidade civil profissional dos administradores e directores; o Professional Indemnity acautela erros profissionais cometidos por colaboradores; e o Bankers Blanket Bond assegura riscos de «infidelidade de empregados e crime».  

VALIAR A MOTIVAÇÃO DOS DIRECTORES  
 
A instituição contratou os serviços de uma empresa para «efectuar uma avaliação individual de um conjunto de quadros directivos do topo do Banco». O objectivo foi aferir a «capacidade e polivalência para assumir outras funções, grau de motivação e eventual necessidade de acções correctivas». Esta iniciativa abrangeu os primeiros responsáveis de todos os departamentos e gabinetes com idade até 60 anos.  
 
INQUÉRITO PRÉVIO A TRABALHADORES  
 
O Novo Banco detectou «diversos factos que podem consubstanciar infracções disciplinares graves (incluindo despedimento por justa causa)». As ocorreram antes da resolução do BES. O banco de transição abriu um inquérito prévio, «no sentido de apurar eventuais responsabilidades disciplinares».  
 
TRANSFERÊNCIA DE FUNDOS PARA O BES  
 
A prestação de serviços ao BES por parte do Novo Banco envolveu, entre outras decisões, a cedência de colaboradores. As actuais instalações do ‘banco mau’ foram arrendadas ao BES Vida, agora GNB Vida. Já em Agosto, a administração de Vítor Bento tinha dado o ok a «uma transferência de disponibilidades no montante de 10 milhões de euros para o BES, para proceder às diligências necessárias à recuperação do valor dos seus activos».  
 

CONTAS BLOQUEADAS DE EX-GESTORES  
 
No âmbito da resolução, foram bloqueadas 25 contas bancárias em que os membros dos conselhos de administração, fiscalização e revisores oficiais de contas do BES eram os únicos titulares. Por sua vez, os antigos órgãos sociais do reinado de Ricardo Salgado eram contitulares em 78 contas. Foram contabilizadas 27 contas de cônjuges ou parentes em 1.° grau, em que os ex-gestores do BES eram legais representantes. Já os familiares da antiga administração do BES tinham em seu nome 105 contas, sem qualquer participação de ex-gestores.  
 
VIRTUAL DATAROOM PARA VENDER BANCO  
 
Em Novembro, ainda antes do lançamento oficial do processo de alienação do Novo Banco, o conselho de administração analisou propostas de compra de uma solução de Virtual Data Room para suportar o processo de due diligence da venda da instituição. Ou seja, um mecanismo que permitisse a potenciais interessados terem acesso controlado e organizado à informação relevante do banco. O processo de alienação do Novo Banco está actualmente na terceira fase, a de apresentação de propostas vinculativas.  
 
NOVOS COMITÉS E DEPARTAMENTOS  
 
«Para concentrar as várias actividades relacionadas com a gestão do imobiliário, dispersa por diversas actividades», foi criado o departamento de gestão imobiliária que, entre outras áreas, integra o desinvestimento e os clientes problemáticos do sector imobiliário. O Novo Banco criou ainda um departamento de crédito e um comité de custos e investimentos.  

CARTAS DE CONFORTO A VENEZUELANOS  
 
As responsabilidades associadas às cartas de conforto emitidas pelo BES a favor de clientes venezuelanos titulares de papel comercial emitido pelo GES permaneceram na esfera do ‘banco mau’. Este foi um assunto que suscitou dúvidas, tendo sido abordado em várias reuniões.  
 
NOVO BANCO SALVA ESAF  
 
A 5 de Agosto, o responsável executivo da ESAF (Espírito Santo Activos Financeiros) foi chamado a uma reunião da administração do Novo Banco para apresentar a evolução dos principais fundos de investimento geridos por aquela sociedade. O elevado volume de resgates e a liquidez reduzida, em particular na área dos fundos imobiliários, obrigaram o Novo Banco a conceder «aos fundos o financiamento necessário para os reembolsos» que teriam lugar no dia 7 de Agosto. Desta forma, a gestão de Vítor Bento conseguiu impedir um incumprimento da ESAE Foram descartadas soluções como o endividamento temporário do fundo, a subscrição de unidades de participação dos fundos por parte do Novo Banco e revenda ao banco de activos arrendados ao próprio banco.  
 
PEDIDOS DE ACTAS  
 
Ex-administradores do BES pediram cópias de actas e de documentos anexos relativos aos períodos em que desempenharam funções. A administração de Vítor Bento remeteu, a 7 de Agosto, o pedido para o departamento jurídico.  

TESTES DE STRESSE  
 
Ainda nos primeiros dias de Agosto, o Banco de Portugal chamou os responsáveis do departamento de risco global do Novo Banco para discutir os testes de stresse da Autoridade Bancária Europeia. Em cima da mesa estavam três opções: exclusão do Novo Banco dos testes, a sua realização no Novo Banco ou ao nível do BES, excluindo Angola e aplicando eventos extraordinários subsequentes.  
 
EXTINÇÃO DO “CONSEJO ASSESSOR”  
 
A actividade deste ‘consejo assessor’ consistia em reuniões mensais com o director-geral da sucursal de Espanha e na prestação de apoio no âmbito da apresentação institucional do GES. Alguns dos membros dispunham de serviços de secretariado e viaturas de serviço. O board do Novo Banco decidiu extinguir o ‘consejo assessor’.  

 

Os três erros da CPI do BES (ou porque servem de pouco as comissões de inquérito)

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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João Vieira Pereira Expresso

Ministério Público Resolução do BES “era perfeitamente necessária e adequada”

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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Notícias ao Minuto

A medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal (BdP), que levou à criação do Novo Banco, “era perfeitamente necessária e adequada”, segundo um parecer do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve hoje acesso.

O parecer, datado de 15 de abril e assinado pelo procurador Arménio Fidalgo, do Tribunal Administrativo de Lisboa, dá razão ao regulador quando deliberou pela aplicação da medida de resolução, e rejeita os fundamentos de cerca de meio milhar de pequenos acionistas que avançaram com uma ação administrativa especial a pedir a nulidade dessa deliberação, junto do mesmo tribunal.

Na ação popular interposta contra o BdP e o Novo Banco, os autores pedem a nulidade da deliberação do conselho de administração do regulador, de 03 de agosto de 2014, que determinou, como medida de resolução, “a transferência para o Novo Banco dos ativos, passivos, elementos extrapatrimoniais e ativos sob gestão do BES”, sem atribuir, segundo estes acionistas, “qualquer contrapartida”, o que “constitui um verdadeiro confisco”.

“Ao invés do sustentado, mostram os factos já apurados que a medida de resolução era perfeitamente necessária e adequada face à situação concreta então existente”, defende o MP.

Os signatários, que no total possuíam 16.432.917 ações do BES, banco que na altura era presidido por Ricardo Salgado, defendem que a deliberação do regulador viola o direito de propriedade, pois as ações “ficaram desprovidas de valor”.

“Ao contrário do que alegam os autores, não é verdade que a medida de resolução tenha acarretado qualquer diminuição do valor das ações, pois não foi a medida de resolução que fez com que as ações do BES — em situação de rutura iminente — perdessem o seu valor económico. Ao invés, foram, sim, os factos e a gestão desse banco que provocaram a situação em que o mesmo caiu”, salienta o procurador.

O MP diz que os acionistas continuam titulares do direito aos rendimentos proporcionados por essas ações, como será o caso do direito ao remanescente da massa insolvente.

“A medida de resolução e os seus desenvolvimentos não implicaram qualquer apropriação, pelo Estado, para o seu próprio património ou para o de terceiros, de bens ou valores que pertencessem a acionistas do BES, particularmente das ações dos autores”, defende o procurador Arménio Fidalgo.

O magistrado refere que a aquisição de ações traduz-se, sempre, para o bem e para o mal, “num investimento de alto risco”, argumento também utilizado pelo Banco de Portugal e pelo Novo Banco nas contestações já enviadas ao Tribunal Administrativo de Lisboa.

“Esquecem os autores que ser proprietário de ações, não é, neste aspeto, nem jurídica nem economicamente, o mesmo, por exemplo, que ser titular de um depósito bancário ou proprietário de um prédio rústico. E depois, pela própria natureza das coisas, são sempre os acionistas que, no limite, sofrem as perdas do descalabro das instituições da qual são sócios, quaisquer que sejam as causas e circunstâncias dessa derrocada”, sustenta o MP.

Os autores da ação, representados pela sociedade de advogados Pereira de Almeida e Associados, alegam que, “ao esvaziar o valor das ações”, o regulador violou os princípios da igualdade, da proporcionalidade e da justiça.

O MP refere que, neste ponto, há falta de fundamentação destes acionistas, os quais não explicam em que é que esses direitos foram violados, “não se sabendo em que concretos e específicos juízos de facto e juízos lógicos fazem os autores assentar esta sua arguição”.

Governo perdoa 85 milhões ao Novo Banco na transferência de créditos do BES

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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Publico

Mudança de créditos imobiliários, ao consumo ou às empresas ficaram isentos de pagamentos dos custos e encargos legais, que chegam aos 250 euros. Governo sustenta que agiu ao abrigo do Estatuto dos Benefícios Fiscais.

O Governo assinou um despacho de favor ao sistema financeiro, isentando o Novo Banco, detido pelo Fundo de Resolução do sector, do pagamento dos custos associados ao registo de operações e à transferência massiva para a sua esfera de créditos imobiliários, ao consumo ou às empresas que ficaram no BES (que manteve os activos tóxicos), após a intervenção de Agosto de 2014. Com esta decisão, o Estado deixará de receber mais de 85 milhões de euros.

O secretário de Estado de Estado dos Assuntos Fiscais, através da Autoridade Tributária e Aduaneira, acolheu favoravelmente o pedido do Novo Banco de “isenção” de “emolumentos e outros encargos legais”, devidos “pela alteração da titularidade das garantias” constituídas a favor do BES” e a transferir para o seu universo. O parecer foi comunicado em Fevereiro deste ano, como indica documento a que o PÚBLICO teve acesso.

Mais recentemente, num despacho de 13 de Abril de 2015, o Instituto dos Registos e do Notariado indica que foram desencadeados pelo Novo Banco procedimentos que abrangem actos de registo “de diversa natureza e em número muitíssimo elevado”. E que estão em causa, segundo esta autoridade, cerca de 19.000 registos de aquisição e 323.000 transmissões de créditos garantidos por hipotecas. Cada operação deveria ter dado lugar ao pagamento ao Estado, por parte do Novo Banco, de 250 euros.

O despacho em causa foi emitido nos termos e condições previstos no artigo 60.º do EBF [Estatuto dos Benefícios Fiscais], na sequência de requerimento apresentado pelo Novo Banco junto da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), tendo sido precedido de informação devidamente sancionada pela AT”. Este foi o comentário do gabinete da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, à questão do PÚBLICO sobre as razões que levaram o Governo a libertar o Novo Banco de cumprir com as responsabilidades devidas, o que resultou num benefício para o requerente da ordem de 85,5 milhões de euros.

A transferência de créditos entre bancos acontece quando há uma fusão ou quando uma instituição passa a controlar o capital de outra. Cada uma destas transferências tem um custo de 250 euros de emolumentos (despesas cobradas pela realização do serviço pelas conservatórias). O mesmo acontece sempre que um cliente de um banco pretenda mudar o seu crédito para outra instituição, o que acarreta o pagamento dos mesmos 250 euros. No caso referido, a passagem dos créditos do BES para o Novo Banco decorre a pedido do grupo liderado por Eduardo Stock da Cunha.

Dado que o Novo Banco pertence ao Fundo de Resolução, detido pelas instituições financeiras com actividade em Portugal e gerido no quadro do Banco de Portugal, o benefício foi directo para os cofres do sector financeiro.

Recorde-se que quer o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, quer a ministra das Finanças, Marias Luis Albuquerque, têm vindo a lembrar de forma repetida que o Novo Banco não foi nacionalizado e não está na esfera do Estado, como a CGD, mas sim do Fundo de Resolução.

Na Comissão Parlamentar de Inquérito ao colapso do GES-BES, a ministra das Finanças referiu que um “eventual encargo” resultante da venda do Novo Banco (ou seja, se for alienado por menos do que os 4900 milhões ali injectados) será suportado por bancos e por instituições financeiras subscritoras do Fundo de Resolução e não pelos contribuintes. Mas se tivesse ocorrido uma recapitalização pública do BES, explicou, o Estado seria, “directamente”, o seu dono e não existiria Novo Banco, que pertence a privados e à CGD.

Ao contrário do Estado (cuja prioridade deverá ser, em princípio, garantir receitas), a preocupação do Novo Banco é resolver a questão da transmissão da titularidade. Fonte oficial da instituição observou ao PÚBLICO que “o processo está a correr como previsto, apesar de se tratar de uma transmissão massiva, que envolve o SIR e as Conservatórias, com a complexidade decorrente dos processos de uma operação de grandes dimensões a ser realizada num período curto”. Revelou ainda que Stock da Cunha conta ter, “até final de Maio, a grande maioria das transmissões de averbamentos e registos de imóveis realizados”.

O processo de resolução do BES, decretado a 3 de Agosto de 2014, que dividiu o grupo da família Espírito Santo em dois (BES tóxico e Novo Banco), já tinha gerado um imbróglio, entretanto, resolvido. A medida não acautelou os mecanismos legais que possibilitassem a venda dos cerca de 15 mil imóveis em carteira (prédios, apartamentos ou terrenos, parte substancial recebidos em dação em pagamento) avaliados então em 2000 milhões de euros. Os activos transitaram para o balanço do Novo Banco, mas continuaram registados nas Repartições de Finanças como sendo do BES. A ausência de uma clarificação permitiu que, nos meses seguintes à resolução, muitos notários e conservatórias resistissem a dar andamento à venda dos imóveis, mesmo em processos já abertos no BES antes de Agosto. As escrituras e contratos não se realizavam pois o Novo Banco estava impedido de os assinar.