Arquivo para Fevereiro, 2016

Lesados querem fundo de solidariedade “à italiana”

Segunda-feira, Fevereiro 29th, 2016

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Observador

Quatro bancos foram “resolvidos” e um aforrador, que lá tinha aplicado poupanças, suicidou-se. Daí, Matteo Renzi anunciou a criação de um fundo solidário que está a ser elogiado pelos lesados do BES.

A associação que representa a maioria dos chamados lesados do BESdefende a criação de um fundo solidário para responder ao “drama social” que está a ser vivido por muitos daqueles que investiram em dívida das empresas do Grupo Espírito Santo (GES) aos balcões do Banco Espírito Santo (BES). Um dos advogados da associação, Nuno da Silva Vieira, disse, em entrevista à RTP2, que para os casos mais urgentes deve ser “adiantado dinheiro às pessoas” e, aí, o fundo solidário que foi anunciado pelo primeiro-ministro Matteo Renzi, em Itália, é uma solução que “agrada profundamente“.

“A solução italiana agrada-me, profundamente”, afirmou Nuno da Silva Vieira. A criação do fundo solidário para adiantar dinheiro a alguns aforradores é elogiada pelo advogado “porque foi uma resposta social, e houve coragem“. Em Itália, quatro pequenos bancos pequenos foram resolvidos no final de 2015. E mais de 10 mil investidores em dívida subordinada – a que tem menores garantias em caso de falência – ficaram sem o dinheiro. Também neste caso, há centenas de relatos de venda imprópria a clientes que não tinham noção dos riscos associados a estes investimentos.

Em contraste com o caso do papel comercial do GES, no caso italiano os bancos tinham vendido obrigações das próprias instituições – Banca Marche, Banca Etruria, CariChieti e CariFe. Ao abrigo das novas regras europeias da resolução bancária, esses recursos foram aproveitados (bail in) para a resolução das instituições, pelo que os investidores ficaram sem o dinheiro. Um desses investidores, um pensionista que tinha aplicado 110 mil euros, decidiu pôr termo à vida, num caso que foi noticiado pela imprensa italiana e que colocou o primeiro-ministro, Matteo Renzi, sob forte pressão.
O governo italiano decidiu, então, propor a criação de um fundo solidário com 100 milhões de euros para compensar pelo menos alguns dos 10.500 investidores em dívida subordinada, que tinham comprado os títulos aos balcões. No total, terão sido vendidos 340 milhões de euros nestes títulos vendidos no retalho. Estes quatro bancos eram, a propósito, quatro instituições cujos problemas eram bem conhecidos e estavam sob administração especial há quase dois anos, pelo que os protestos fizeram-se ouvir.

Como confirmou o Observador junto de fonte financeira em Milão, ainda são muito escassos os detalhes sobre como irá funcionar, em concreto, este fundo solidário. Mas sabe-se que deverão estar disponíveis até 100 milhões de euros num fundo criado ealimentado pelos outros bancos do sistema financeiro italiano. A ideia é a de compensar parcialmente os pequenos investidores que terão sido alvo de venda imprópria destes títulos de dívida.

As pessoas com mais idade terão prioridade e haverá atenção particular para as pessoas com baixos conhecimentos sobre investimento e poupança e as pessoas que, nas aplicações financeiras que tivessem feito anteriormente, tivessem mostrado que tinham um perfil de aforro conservador. Deverá haver um processo arbitral em que os métodos de venda usados pelos bancos serão escrutinados.

Falta saber ainda, contudo, quantas pessoas poderão beneficiar de alguma compensação. Segundo a fonte contactada pelo Observador, a expectativa no meio financeiro é a de que “menos de mil pessoas poderão beneficiar destes fundos“. Um exemplo de alguém que pode ser indemnizado pelo fundo é o caso de clientes a quem tenha sido vendida dívida subordinada dos bancos de forma imprópria e que, no total, tivesse menos de 100 mil euros depositados num dos quatro bancos e, por exemplo, 50 mil euros aplicados em dívida subordinada. Noutros casos, com montantes mais significativos, haverá uma análise caso-a-caso por parte de um juiz arbitral.

Uma solução de “estadista”

“Eu acho que um estadista que quisesse representar o sistema financeiro português avançaria para uma solução destas”, afirmou Nuno da Silva Vieira na entrevista à RTP2, transmitida na noite de sexta-feira, dia em que houve mais uma reunião entre o Governo, o Banco de Portugal e a CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) com vista a encontrar-se uma solução para o problema do papel comercial. Dois dias antes, a Associação Os Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC) tinha-se reunido com o Banco de Portugal pela primeira vez em mais de um ano.

Dessa reunião, os representantes dos lesados saíram com o otimismo reforçado de que haverá uma solução dentro de algumas semanas. Solução essa que está a ser negociada por um representante do governo, Diogo Lacerda Machado, e equipas do Banco de Portugal e da CMVM.

E o que será uma boa solução para a associação que defende os lesados? “Uma boa solução é uma solução que possa compensar de forma abrangente todo este drama das pessoas”, afirmou Nuno da Silva Vieira, mostrando satisfação por haver “intervenientes que perceberam que há um problema para resolver: o governo, a CMVM, o Banco de Portugal, o Fundo de Resolução – estas entidades perceberam que há um drama social para o qual é necessária uma resposta“.

“As pessoas estão fartas de papéis, as pessoas querem o dinheiro delas“, atirou Nuno da Silva Vieira na RTP2. “Temos de pensar em soluções de pagamento” e isso passa pela “colocação imediata dedisponibilidade nas mãos das pessoas”, acrescentou o advogado.

A entrevista de Nuno da Silva Vieira surgiu antes de o jornal Expressopublicar uma entrevista ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, em que este não se alongou em comentários sobre a situação dos lesados – “a negociação está em curso” – mas aproveitou para pedir responsabilidades (também) à CMVM.

Os lesados têm razão para se queixar dos emitentes, a ESI e a Rioforte, que não cumpriram com aquilo a que estavam obrigados. Os lesados têm todo o direito de ser ressarcidos pela massa falida. Não são credores do BES porque o BES não lhes deu uma garantia formal. Se tivesse dado uma garantia formal, nos termos da decisão de resolução teriam passado para o Novo Banco. Logo, não podem ser credores do Novo Banco. Para isso acontecer, é preciso haver um ato jurídico ou uma base jurídica para converter a situação em que eles se encontram em credores do BES. A única lei de que dispomos para este efeito é o Código dos Valores Mobiliários, que diz que, em casos de mercado, pode reverter a operação. Não pode ser o Banco de Portugal. Se, eventualmente, aceitássemos reembolsar alguém que não é credor do BES, não teríamos nenhuma razão para aplicar a hierarquia de credores. Abríamos uma caixa de Pandora”

Em relação à negociação em curso, o governador do Banco de Portugal disse que, “se houver uma boa compreensão dos limites e dos fundamentos legais da atuação, dos limites que resultam da resolução e da necessidade de segurança jurídica, é possível encontrar uma solução. Que não será uma solução a 100%, será a solução possível no sentido de cuidar dos casos daqueles que foram induzidos a investir“.

 

Novo Banco? Calma, pede Costa. Até agosto de 2017 há tempo

Segunda-feira, Fevereiro 29th, 2016

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Notícias ao Minuto

Primeiro-ministro está confiante com o crescimento da economia portuguesa e lembra que “o Governo obteve da União Europeia a prorrogação de mais um ano do prazo para tomar decisões sobre o Novo Banco”.

António Costa afirmou hoje que a aposta deste Governo “na recuperação do rendimento das famílias e a criação de melhores condições para as empresas investirem” são eixos essenciais para o crescimento da economia portuguesa, que hoje voltou a registar um crescimento de 1,5% de acordo com dados do INE.

“Temos de ter como prioridade o relançamento da economia. E neste aspeto há dois eixos essenciais: a recuperação de rendimentos das famílias e a criação de melhores condições para as empresas investirem. A aposta que fizemos, no melhoramento do sistema financeiro são condições essenciais”, disse, no âmbito de uma visita ao Salão Internacional do Setor do Banco e Bebidas, em Lisboa.

O primeiro-ministro defendeu ainda a necessidade de aumentar as exportações.

“Temos uma meta muito ambiciosa que é em cinco anos podermos equilibrar a nossa balança comercial em valor. Para isso é preciso exportar mais e produzir mais”, disse, lembrando que esta “é uma linha de continuidade que tem de prosseguir passem os governos que passem.

Questionado ainda sobre a situação do Novo Banco que pode ser alvo de uma nacionalização, o líder socialista acalmou os jornalistas e portugueses, lembrando que “o Governo obteve da União Europeia a prorrogação de mais um ano do prazo para tomar decisões sobre o Novo Banco”, pelo que tem ainda até agosto de 2017 para resolver a situação.

E concretizou: “A obtenção deste prazo visa sobretudo diminuir a ansiedade das senhoras e senhores jornalistas, a preocupação de todos nós, e sabermos que temos tempo para em conformidade e bem decidir o que tem de ser decidido, no momento próprio e em tranquilidade”.

Novo Banco: Costa reuniu-se com UGT

Domingo, Fevereiro 28th, 2016

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Observador

António Costa encontrou-se na passada sexta-feira com líder da UGT, bem como com dirigentes dos principais sindicatos do setor bancário, para discutir o futuro do Novo Banco.

O primeiro-ministro português reuniu-se, esta sexta-feira, com Carlos Silva, líder da UGT, e dirigentes dos três principais sindicatos do setor bancário. O encontro aconteceu em São Bento e teve com tema protagonista o futuro do Novo Banco, noticia o jornal Expresso.

Apesar de não fazer parte dos compromissos públicos de António Costa, a reunião — onde também estiveram presentes o ministro e o secretário de Estado das Finanças — acabou por prolongar-se durante quase uma hora e meia. Carlos Silva garantiu que um segundo encontro já está marcado para a próxima semana, no qual vão comparecer a administração do banco e os representantes sindicais.

Por isso, acrescentou, “não é novidade que o Bloco de Esquerda (BE) considera que Carlos Costa não tem condições para ser governador do Banco de Portugal”.

Na edição de hoje do semanário Expresso, Carlos Costa responde às críticas de António Costa à atuação do Banco de Portugal dizendo que “seria curioso” demitir-se “por um pequeno incidente”.

Catarina Martins falou ainda do aumento do salário mínimo nacional para os 600 euros reivindicado pela CGTP, recordando que o BE fez um acordo com o PS no âmbito da maioria parlamentar para que a subida fosse conseguida.

“A baliza do Bloco é não menos de 5% ao ano, ou seja, em janeiro próximo terá de ser no mínimo 557 euros, já subiu para 530 fruto deste acordo”, lembrou, reconhecendo que seria “mais desejável ir para os 600 euros o mais depressa possível”.

Carlos Costa: Novo Banco público? “Cabe ao Governo tomar essa decisão”

Sábado, Fevereiro 27th, 2016

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Expresso

O novo Banco será vendido se o Governo assim o decidir. Para isso terá de falar com Bruxelas. Carlos Costa diz ser um mero executante de uma política definida

empo tem dado razão ao modelo defendido por Vítor Bento para o BES?
Uma coisa é o que gostaríamos, outra é o enquadramento europeu.

E outra ainda é o que o tempo nos demonstra…
Primeiro, tínhamos de trabalhar com os dados fornecidos pela Direção-Geral da Concorrência, que diziam ser precisos dois anos para proceder à venda do banco e tínhamos que mostrar que éramos diligentes para justificar qualquer alargamento do prazo, o que foi feito, porque nos deram um ano adicional. Um ano que tem custos, porque implica medidas e remédios adicionais. Se não tivéssemos sido diligentes teríamos entrado na fase em que temos uma autoridade europeia de resolução, que seria um período de maior incerteza do ponto de vista da condução do processo. Segundo, estou muito agradecido a Vítor Bento pelo facto de naquele dia ter aceitado continuar à frente do banco de transição. Terceiro, as relações entre mim e Vítor Bento sempre foram de uma grande cordialidade. Ele teve o apoio de que necessitava, sempre que o pediu, e houve momentos em que achou que o projeto não o entusiasmava e pediu para ser substituído.

“Não o entusiasmava” é um eufemismo. Era um projeto do qual discordava.
Os cinco anos que ele defendia não eram, e ainda hoje não são, compatíveis com as regras da DG Concorrência.

Esta semana, Vítor Bento abriu uma discussão sobre se o Novo Banco não deve ficar no sector público.
O Banco de Portugal, como autoridade de resolução, executa um mandato. Esse mandato resulta da carta de compromissos que o Governo subscreve junto da Comissão Europeia e da DG Concorrência. Neste momento, temos uma carta de compromissos que nos obriga a ser diligentes no processo de venda. Se a carta de compromissos for alterada num outro sentido, o Banco de Portugal agirá da forma mais diligente possível para a implementar.

Portanto, se o Governo quiser que o Novo Banco fique na esfera do Estado, deve falar com Bruxelas.
Tem de falar com Bruxelas.

Não está a dar a sua opinião sobre se o Novo Banco deve ficar no Estado…
O que estou a dizer é que isso é uma matéria de policy [políticas públicas] e que está fora do mandato do governador do Banco de Portugal, que será um executante empenhado, diligente e leal das decisões que forem tomadas. Eu não posso optar nem por uma coisa nem por outra, cabe ao Governo tomar essa decisão.

O impacto da venda do Novo Banco pode implicar aumentos de capital nos outros bancos?
Não. O princípio é de que o Fundo de Resolução fique com um crédito sobre os bancos que vai sendo amortizado ao longo do tempo, à medida que for sendo paga a taxa sobre os bancos.

Quanto é que o Novo Banco vai custar aos contribuintes?
Não vai custar aos contribuintes, vai custar aos bancos.

Então vai custar aos clientes dos bancos?
Mas isso resulta do sistema de mutualização.

Já pagámos demasiados bancos…

Se me der um endereço na lua para onde se possa enviar a fatura, eu mando.

Quanto é que se vai perder no Novo Banco?
Não podemos saber. Se aplicarmos as taxas de desconto que estão em vigor no mercado, como o capital do banco anda pelos €6 mil milhões, o valor pode andar na ordem dos €3 mil milhões. O que compara com os €4,9 mil milhões.

Ou seja, uma perda de dois mil milhões de euros. Continua convencido que a resolução foi a melhor solução?
Eu tinha de assegurar que, no dia seguinte, segunda-feira, 4 de agosto [de 2014], o financiamento à economia continuava, que a confiança dos depositantes continuava intacta, que os depósitos se encontravam protegidos e que não havia nenhum cataclismo na sociedade e na economia portuguesa. A verdade é que as pessoas continuaram na praia. A verdade é que não houve nenhuma corrida. A verdade é que o banco recuperou a sua credibilidade. Posso dizer-lhe mais, uma das constatações que resulta dos processos de venda anterior e do processo que está em curso é que a franchise do banco, na sua atividade nuclear, é forte e muito apreciada por eventuais adquirentes. É um ativo muito apetecível.

Santander e La Caixa sondados para Novo Banco

Sábado, Fevereiro 27th, 2016

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Expresso

Novo Banco é para vender

O PCP veio falar em nacionalização. O PS ainda admitiu, mas o Governo garante que é mesmo para “recolocar no mercado”

O Governo garante que há de encontrar a melhor solução para o Novo Banco. Com calma e sem se deixar afetar por quaisquer pressões, venham de onde vierem. Na semana em que o primeiro administrador do Novo Banco (Vítor Bento) admitiu a nacionalização, e o PCP aproveitou o debate do Orçamento do Estado para pôr a hipótese em cima da mesa, fonte oficial do Governo assegura ao Expresso: “Tratámos de obter a prorrogação do prazo de venda até agosto de 2017 para não estarmos pressionados a decidir.

Há várias soluções, escolheremos a que melhor sirva os contribuintes e o financiamento das empresas portuguesas.”

O ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, corrobora esta informação: “A estratégia de venda apressada é errada, mas é preciso encontrar melhores condições de mercado, no que pode ajudar o caminho de estabilização da economia. O Novo Banco é um banco público, com natureza de transição e a tarefa é recolocá-lo no mercado”, afirma ao Expresso.

Já o deputado socialista Eurico Brilhante Dias introduz outra perspetiva: “Não sei qual seria a solução jurídica para fazer uma nacionalização”, adverte. “O Novo Banco está sob supervisão do BCE, ao abrigo do mecanismo de resolução, se tiver que ter capitalização, esta será pública e em bail in”, acrescenta. O facto de João Galamba ter admitido a hipótese de nacionalização (em último recurso) até é, na sua opinião, um bom argumento para impedir propostas de compra ao desbarato. Um banco não pode ser vendido a qualquer preço, acrescenta, no que é a posição prevalecente no PS.

O sector financeiro, por sua vez, não vê como seria possível a nacionalização. Isto porque a medida de resolução aplicada ao BES dividiu o banco em dois, e o Novo Banco é um banco de transição cujo fim é a sua venda total ou por áreas de negócio. “A nacionalização do Novo Banco teria de ser muito bem negociada e só seria eventualmente aceite pelas instâncias europeias se a segunda tentativa de venda fracassasse”, afirmou ao Expresso fonte do sector financeiro. Além disso, adverte outra fonte: “A haver uma nacionalização, a questão que se coloca é se os €3,9 mil milhões injetados no antigo BES, em agosto de 2014, através de um empréstimo garantido pelo Tesouro ao Fundo de Resolução, teriam de ser pagos aos bancos que contribuem para o mesmo.” E se assim fosse “isso poderia ter um impacto negativo na dívida e no défice”(Economia P8).

Luísa Meireles com Isabel Vicente lmeireles@expresso.impresa.pt

BES. Lesados querem mais reuniões além do Banco de Portugal

Sábado, Fevereiro 27th, 2016

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Dinheiro Vivo

Reunião com supervisor bancário foi ponto de viragem para os clientes do papel comercial

Esta foi uma semana de viragem para os lesados do papel comercial do BES. Foram recebidos pela primeira vez pelo Banco de Portugal. O supervisor tem sido apontado como o principal obstáculo a uma solução para estes clientes. Mas esta foi só a primeira de várias reuniões, apurou o Dinheiro Vivo.

Já é certo que vai haver mais uma reunião com o supervisor, cujo comportamento no primeiro encontro deixou “positivamente surpreendido” Ricardo Ângelo, o líder da associação que representa os lesados (AIEPC). Pelo menos mais uma deverá ser agendada, já depois do encontro de ontem, que envolveu, de novo, Banco de Portugal, CMVM e Governo.

Os dois últimos são os próximos objetivos da AIEPC, segundo o que foi possível apurar junto de fonte ligada ao processo. O primeiro-ministro já mereceu os elogios de Ricardo Ângelo. “Tem-se mostrado terra-a-terra e uma pessoa acessível”, disse a 18 de fevereiro.

A reunião de ontem terá servido para definir se será viável avançar para um mecanismo de conciliação que inclua os dois reguladores, CMVM e Banco de Portugal, mas também o Governo, o Novo Banco, o BES e a associação de lesados. Viabilidade que poderá ser definida através de um memorando que defina, legalmente, qual o enquadramento jurídico do regime de conciliação, adiantou na sexta-feira o Jornal de Negócios.

Eduardo Stock da Cunha, presidente do Novo Banco, referiu, na quarta-feira, que mais de 75% dos problemas com clientes do papel comercial do BES e do GES já estão resolvidos. Estão ainda em causa perto de 500 milhões de euros. ”Naquilo que me for solicitado, darei o meu contributo, mas não tenho autonomia para resolver a situação como gostaríamos. Darei o meu máximo”, assegurou na apresentação das contas de 2015.

Catarina Martins acusa governador do Banco de Portugal de ser voz do BCE

Sábado, Fevereiro 27th, 2016

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Observador

Catarina Martins, reafirmou que o governador do Banco de Portugal não tem condições para continuar no cargo, acusando Carlos Costa de comportar-se como “a voz” do Banco Central Europeu em Portugal.

A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, reiterou este sábado que o governador do Banco de Portugal não tem condições para continuar no cargo, acusando Carlos Costa de comportar-se como “a voz” do Banco Central Europeu (BCE) em Portugal.

“Quando falamos da regulação dos bancos, Carlos Costa comporta-se como um banqueiro entre banqueiros, quando falamos da defesa do interesse nacional, Carlos Costa comporta-se como a voz do BCE em Portugal sem ser capaz de defender um sistema financeiro que proteja o nosso país”, afirmou Catarina Martins, em declarações aos jornalistas à margem do XIII Congresso da CGTP, em Almada.

Por isso, acrescentou, “não é novidade que o Bloco de Esquerda (BE) considera que Carlos Costa não tem condições para ser governador do Banco de Portugal”.

Na edição de hoje do semanário Expresso, Carlos Costa responde às críticas de António Costa à atuação do Banco de Portugal dizendo que “seria curioso” demitir-se “por um pequeno incidente”.

Catarina Martins falou ainda do aumento do salário mínimo nacional para os 600 euros reivindicado pela CGTP, recordando que o BE fez um acordo com o PS no âmbito da maioria parlamentar para que a subida fosse conseguida.

“A baliza do Bloco é não menos de 5% ao ano, ou seja, em janeiro próximo terá de ser no mínimo 557 euros, já subiu para 530 fruto deste acordo”, lembrou, reconhecendo que seria “mais desejável ir para os 600 euros o mais depressa possível”.

Bruxelas: Decisão do Banco de Portugal abalou sistema bancário português

Sexta-feira, Fevereiro 26th, 2016

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Observador

Bruxelas considera que a decisão de transferir as obrigações do Novo Banco para o BES no final de 2015 abalou o sistema e que a decisão sobre o Banif foi tomada quando já era inevitável.

A Comissão Europeia diz que a decisão do Banco de Portugal de transferir cinco obrigações seniores do Novo Banco para o “banco mau”, o BES, abalou o sistema bancário nacional e que as autoridades se esforçaram para salvaguardar a estabilidade financeira “ao longo de um ano particularmente difícil”.

“O sistema bancário português foi abalado pelo anúncio da decisão do Banco de Portugal de transferir cinco obrigações seniores selecionadas do Novo Banco para colmatar a insuficiência de capital identificada no teste de esforço realizado pelo Banco Central Europeu em novembro de 2015”, pode-se ler no relatório com a apreciação de Portugal ao abrigo do procedimento por desequilíbrios macroeconómicos.

A Comissão diz que essas decisões, tomadas nos últimos dias de 2015, foram tomadas “para salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro e afastar a incerteza que rodeou a posição de capital do banco que rodeou a posição de capital do banco nos anteriores processos de venda”.

Sobre o Banif, a Comissão diz apenas que a resolução aconteceu “após ter ficado evidente não ser possível restaurar, de forma autónoma, a viabilidade do banco”.

Carlos Costa garante que contribuintes não vão pagar Novo Banco

Sexta-feira, Fevereiro 26th, 2016

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Observador

“Se me der um endereço na lua para o qual se possa enviar a fatura do Novo Banco, eu mando”. A frase foi dita ao Expresso, jornal que este sábado publica uma entrevista ao governador.

Carlos Costa garante que os contribuintes não irão suportar custos no Novo Banco, ainda que os outros bancos portugueses possam ter de pagar. Alguém tem de pagar as intervenções na banca, diz o governador do Banco de Portugal: “Se me der um endereço na lua para o qual se possa enviar a fatura do Novo Banco, eu mando”, disse, ao Expresso.

A citação constará de uma entrevista que o Expresso publica neste sábado.

Ferreira Leite. “A nacionalização do Novo Banco deve ser ponderada”

Sexta-feira, Fevereiro 26th, 2016

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Expresso

A antiga líder do PSD considera que a solução para o Novo Banco deve ser ponderada em função do que for melhor para o sistema financeiro nacional. “Acho que precipitações não resolvem nada”, diz Ferreira Leite

Manuela Ferreira Leite defendeu esta quinta-feira, no seu habital espaço de comentário na TVI24, que o Governo deverá analisar sem pressa a solução para o Novo Banco. A antiga ministra das Finanças referia-se à hipótese levantada esta semana de a instituição ser nacionalizada – que já foi admitida pelo PS – depois de o PCP ter feito um pedido nesse sentido.

“Gostaria de considerar qualquer proposta de resolução do BES, neste caso Novo Banco. A boa proposta é aquela que for melhor para defender os interesses do país no sistema financeiro. Não sei se a melhor solução é a venda do banco ou nacionalização, pois depende muito dos factos, do que irá evoluir nesta matéria”, afirmou a antiga ministra das Finanças.

Considerando que é razoável aguardar por uma solução, Ferreira Leite sustentou que é necessário avaliar as consequências de qualquer uma das hipóteses. “Acho que precipitações não resolvem nada. A nacioalização do Novo banco deve ser ponderada”, insistiu.

A antiga líder do PSD lamentou que a troika não tenha resolvido os problemas do sistema financeiro nacional – que é essencial para o crescimento do país – alertando ainda para as recentes preocupações sobre a união bancária.

“Não conheço nenhum país que se desenvolva ou cresça sem ter uma banca e um sistema financeiro forte. A soberania e a independênca dos países tem muito a ver com o sistema financeiro. Sem um sistema financeiro nacional perdemos a soberania”, garantiu.

“O OE TER PASSADO EM BRUXELAS DEU-LHE CREDIBILIDADE”

Confrontada com a avaliação positiva da agência Moody’s ao orçamento português, Ferreira Leite referiu que o facto da Comissão Europeia ter aprovado o documento foi essencial. “O OE ter passado em Bruxelas deu-lhe credibilidade”.

A social-democrata frisou que antes existia uma “desconfiança grande” das forças que apoiam o Governo – PCP, BE e Verdes – que são contra as orientações europeias, mas que depois acabaram por dar luz verde ao documento.

“Aprovar um OE que obteve luz verde de Bruxelas deve ser algo absolutamente contra os seus princípios e orientações e depois cada um deles manda para cima da mesa tema que provavelmente não fazem parte do acordo com o PS, mas é para provarem a sua posição relativamente a Bruxelas. É por isso que o PCP foi buscar [esta semana o tema da] nacionalização do Novo Banco e o BE a renegociação da dívida”.

Relativamente ao problema da dívida, Ferreira Leite defendeu que terá que ser resolvido de “forma global”, lembrando que vários países europeus se debatem com essa questão.

Questionada sobre a intenção do Governo de alargar a Assistência na Doença aos Servidores do Estado (ADSE) aos filhos dos funcionários públicos para os 30 anos e aos cônjugues, a social-democrata manifestou-se contra a proposta do OE, afirmando que a ADSE corre o risco de acabar.

Ferreira Leite observou que os Funcionários Públicos com os rendimentos mais altos têm tendência de optar por seguros de saúde privados, descapitalizando o subsistema de saúde. “Parece-me mal [a proposta]. Daqui a uns anos vamos ver se a ADSE não acabou.”