Arquivo para Março, 2016

Lesados do Banif: Memorando para BES é “violento atentado ao Estado de direito”

Quinta-feira, Março 31st, 2016

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Dinheiro Vivo

“Nada justifica” que governo, banco central e CMVM “favoreçam os chamados ‘lesados do papel comercial’ face aos demais credores”, diz Miguel Reis

O memorando de entendimento assinado quarta-feira entre a associação representativa dos lesados do BES, os reguladores da banca e dos mercados e o governo é alvo de forte contestação e duras críticas por parte do grupo de obrigacionistas e acionistas do Banif. “Nada justifica que se privilegie os chamados ‘lesados do papel comercial’ por relação aos demais credores”, acusam.

Miguel Reis é o advogado que representa este conjunto de prejudicados pela resolução do Banif, que em meados de março interpôs no Tribunal Administrativo de Lisboa uma ação de impugnação da resolução e venda do banco madeirense ao Santander Totta. A sociedade de advogados Miguel Reis e Associados (MRA) também representa lesados do BES, integrando o consórcio para defesa dos investidores neste banco e sendo responsável por centenas de ações judiciais de emigrantes e obrigacionistas do BES.

“Parece-me que a assinatura de um memorando visando a discriminação de um grupo de credores do BES ofende o bem jurídico subjacente ao artº 229 do Código Penal“, começou por apontar Miguel Reis em declarações ao “Dinheiro Vivo”. O artigo citado estipula que “o devedor que, conhecendo a sua situação de insolvência ou prevendo a sua iminência e com intenção de favorecer certos credores em prejuízo de outros (…) é punido com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias, se vier a ser reconhecida judicialmente a insolvência”.

Desta forma, explica o advogado, “se a lei censura o devedor que favorece um credor por relação aos demais, não se entende que o governo patrocine caminhos que conduzem ao favorecimento de credores, com exclusão dos demais”.

Miguel Reis salienta que “nada justifica, nem do ponto de vista jurídico nem do ponto de vista político”, que o primeiro-ministro, o Banco de Portugal e a CMVM “favoreçam e privilegiem os chamados ‘lesados do papel comercial’ por relação aos demais credores, nomeadamente aos obrigacionistas e especialmente aos emigrantes, que foram, na sua maioria, enganados pelos mesmos funcionários do BES que hoje estão no Novo Banco”.

Para Miguel Reis, o memorando assinado esta semana com alguns lesados do antigo império de Ricardo Salgado talvez seja uma mera “manobra de propaganda não explicada”, pois não tem qualquer dúvida que “se se concretizar um qualquer acordo que abranja apenas um grupo de credores” então “estaremos perante um violento atentado ao Estado de Direito”, ainda para mais “num quadro em que o Banco de Portugal pretende que nem sequer os tribunais podem proferir sentenças contra o Novo Banco, que é quem tem o património do BES”.

O representante dos obrigacionistas e acionistas lesados pela resolução do Banif aponta por fim não compreender “que o Banco de Portugal tenha deliberado que todas as contingências da relação com o Banco Espírito Santo passem a ser da responsabilidade deste e não do Novo Banco e que, em paralelo, assine acordos com uma associação com quem não tem litígios judiciais. Menos se compreende ainda que o governo patrocine um acordo deste tipo”.

Novo Banco fora da solução para os lesados do BES

Quinta-feira, Março 31st, 2016

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Diário de Notícias

Costa assinou memorando de entendimento com lesados, reguladores e banco, prevendo solução até maio. Não diz quem paga

Dentro de um mês (“até ao início de maio”) terá de haver um acordo que, no todo ou em parte, irá ressarcir quem perdeu dinheiro comprando papel comercial do BES (ou das suas holdings Espírito Santo International e Rioforte).

O prazo foi imposto através de um “memorando de entendimento” assinado ontem na residência oficial do primeiro-ministro entre a associação representativa dos lesados do BES, a CMVM, o Banco de Portugal, o presidente do BES mau, Luís Máximo dos Santos, e o próprio chefe do governo, António Costa. O acordo não diz, porém, de onde virá o dinheiro para pagar aos lesados. Por exclusão de partes, a solução não deverá passar pelo Novo Banco (o banco bom que nasceu da resolução do BES), que não se encontra entre os subscritores do documento.

Nessa resolução, as dívidas nunca pagas pelo BES aos clientes que compraram papel comercial (títulos de dívida) ficaram nas contas do BES mau – o banco que herdou os ativos tóxicos da instituição liderada até ao verão de 2014 por Ricardo Salgado. Sem ter de pagar aos lesados, o Novo Banco fica livre de encargos que contribuam para influenciar negativamente a venda do banco.

O comunicado ontem divulgado a explicar o memorando de entendimento diz que “o governo apoia o esforço comum de procura de soluções para minorar as perdas dos investidores e acompanhará [o processo] como promotor, observador e facilitador do diálogo”, visando “a procura de soluções consensuais”. Essa “procura de soluções consensuais” será feita por via extrajudicial, embora nenhum lesado do BES esteja obrigado a desistir de ações nos tribunais que estejam pendentes.

Depois da assinatura, Ricardo Ângelo, presidente da associação dos lesados, elogiou a mediação “brilhante” de António Costa neste processo, sublinhando também a “coragem e hombridade” de Carlos Tavares (presidente da CMVM) e até a presença no acordo do governador do BdP, Carlos Costa, em relação ao qual fez um mea culpa (aparentemente pela forma muito crítica como a associação dos lesados se relacionou com ele). As perdas dos lesados do papel comercial do BES – estão em causa 2084 subscritores e um valor de 432 milhões de euros – provocaram “suicídios, divórcios, mortes precoces e falências de empresas”. A assinatura, ontem, do memorando de entendimento representa “o princípio de um bom fim”. O que se procura agora é “uma solução justa, equitativa e equilibrada”.

O primeiro-ministro enfatizou que “a via extrajudicial” também é um caminho para a solução de conflitos e para que se “faça justiça”. “Estamos bem cientes de que ao governo não compete resolver litígios, mas compete não fechar os olhos aos conflitos e oferecer-se para facilitador”, acrescentou, dando ao mesmo tempo garantias de que o governo não irá “tomar partidos”. “Encontrar uma solução reforça a confiança dos cidadãos no sistema financeiro”, disse ainda.

Lesados do Banif protestam

A intervenção do governo já provocou uma reação agora dos lesados do Banif. “Parece-me que a assinatura de um memorando visando a discriminação de um grupo de credores do BES ofende o bem jurídico subjacente ao art.º 229 do Código Penal. Se a lei censura o devedor que favorece um credor por relação aos demais, não se entende que o governo patrocine caminhos que conduzem ao favorecimento de credores, com exclusão dos demais”, disse ao DN o advogado dos obrigacionistas lesados do Banif. Para Miguel Reis, “nada justifica, nem do ponto de vista jurídico nem do político, que o governo, o Banco de Portugal e a CMVM favoreçam e privilegiem os chamados lesados do papel comercial por relação aos demais credores, nomeadamente aos obrigacionistas e especialmente aos emigrantes, que foram, na sua maioria, enganados pelos mesmos funcionários do BES que hoje estão no Novo Banco. Talvez estejamos perante uma manobra de propaganda não explicada”.

O advogado não tem dúvidas de que com um acordo que abranja apenas um grupo de credores, “com exclusão dos demais e num quadro em que o Banco de Portugal pretende que nem sequer os tribunais podem proferir sentenças contra o Novo Banco, que é quem tem o património do BES, estaremos perante um violento atentado ao Estado de direito”. E acrescenta: “Não se entende que o Banco de Portugal tenha deliberado que todas as contingências da relação com o BES passem a ser da responsabilidade deste e não do Novo Banco e que, em paralelo, assine acordos com uma associação com a qual não tem litígios judiciais. E menos ainda que o governo patrocine um acordo deste tipo.”

Novo Banco tem a receber 317 milhões de Angola

Quinta-feira, Março 31st, 2016

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Negócios

Vence a 30 de Abril um dos dois créditos que o Novo Banco tem sobre o Banco Económico, sucessor do BES Angola. Em causa estão 317 milhões de euros, que a instituição espera recuperar na íntegra. Faltam outros 317 milhões.

O Novo Banco tem 317 milhões de euros para receber do Banco Económico, instituição angolana que sucedeu ao BES Angola depois da intervenção das autoridades de Luanda, no Verão de 2014. Em causa está …

Lesados: “Memorando era dispensável. Fundamental era a solução”

Quinta-feira, Março 31st, 2016

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Notícias ao Minuto

António Bagão Félix faz uma análise à assinatura do Memorando de Entendimento entre o Governo e os lesados do papel comercial do Banco Espírito Santo (BES).

No tempo de antena da SIC Notícias, António Bagão Félix analisou o memorando de entendimento assinado hoje entre o Governo, entidades supervisoras (BdP e CMVM) e ainda os lesados do papel comercial do BES.

No ver do centrista, “todo este cenário da assinatura do memorando era dispensável”, visto que “o fundamental é chegar-se a uma solução, seja ela qual for”. “Isto não é um memorando de entendimento, é mais uma carta de conforto”, disse, salientando que o documento apenas “apela ao entendimento de ambas as partes” e não anuncia nenhuma medida em concreto.

Ainda assim, Bagão Félix acha que o Governo fez bem ao intervir no processo “enquanto facilitador do entendimento” entre as partes envolvidas e também ao envolver as duas entidades supervisoras no memorando, sendo elas a CMVM e o Banco de Portugal (BdP).

“Foi bom ver os dois supervisores envolvidos, sabendo que durante muito tempo a CMVM fez o papel se supervisor bom e simpático e o BdP o papel de supervisor mau e antipático”, terminou.

Comunicado do Banco de Portugal sobre o processo de venda do Novo Banco

Quinta-feira, Março 31st, 2016

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Banco de Portugal

O Banco de Portugal definiu os termos do novo procedimento de venda da participação detida pelo Fundo de Resolução no Novo Banco, na sequência do relançamento do processo de alienação anunciado a 15 de janeiro de 2016.

Esse procedimento seguirá, numa primeira fase, em duas vias paralelas.

    (i) Por um lado, um “Procedimento de Venda Estratégica” para alienação direta e competitiva do Novo Banco, direcionado a investidores estratégicos que sejam instituições de crédito, empresas de seguros e/ou que já detenham diretamente, ou sob gestão, participações acionistas qualificadas em instituições de crédito e/ou em empresas de seguros.
      (ii) Por outro lado, um “Procedimento de Venda em Mercado”, que, sujeito ao cumprimento dos requisitos legais e regulamentares, pode resultar na colocação de ações junto de investidores institucionais e, eventualmente, numa oferta pública de ações do Novo Banco. Este procedimento poderá envolver um ou mais investidores designados de “

cornerstone investors

    ”, que celebrem um compromisso de compra de uma determinada percentagem de ações, em momento anterior à oferta pública.

A escolha final da via a seguir será feita em momento futuro. No imediato, procede-se à consulta junto de investidores estratégicos e institucionais, que possam estar interessados em participar em uma das vias referidas. Os critérios de elegibilidade dos investidores que poderão participar em cada uma daquelas vias são apresentados em documento anexo que pode ser consultado no sítio do Banco de Portugal (www.bportugal.pt).

O Banco de Portugal confirma o convite ao Deutsche Bank AG, Sucursal de Londres, para apresentar uma proposta de serviços de assessoria financeira no âmbito do referido processo. Tal como referido anteriormente, o Banco de Portugal sublinha que a mudança na assessoria financeira do processo de venda do Novo Banco não implicará acréscimo de custos.

Lisboa, 31 de março de 2016

 

DOCUMENTOS ASSOCIADOS

António Costa não exclui a nacionalização do Novo Banco

Quarta-feira, Março 30th, 2016

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Negócios

O primeiro-ministro disse esta quarta-feira que, no dossiê Novo Banco, o Governo está com uma “atitude aberta”. Costa respondia a Jerónimo de Sousa, que quis saber como o Executivo vai resolver a questão do Novo Banco e que voltou a defender a nacionalização do banco.

O Governo “está com uma atitude aberta a ver as soluções que existem”, garantiu António Costa esta quarta-feira durante o debate quinzenal do Parlamento.

O chefe do Governo assegurou depois que o Executivo “tomará uma decisão” perante as alternativas, respeitando, porém, algumas regras. Tem de ser a “melhor solução” para os contribuintes que garanta a “estabilidade do sistema financeiro”, justificou.
Portugal tem até Agosto de 2017 para vender o Novo Banco. Recorde-se que a Comissão Europeia definiu como limite máximo para a venda do Novo Banco o mês de Agosto de 2017. No entanto, as autoridades nacionais comprometeram-se em fazer um esforço para finalizar a venda do Novo Banco até ao próximo mês de Agosto.
A solução de nacionalização do Novo Banco tem sido defendida pela esquerda, tendo o PCP já apresentado um projecto nesse sentido, mas não só. Vítor Bento, ex-presidente do Novo Banco, também defendeu esta solução. Vítor Bento, antecessor de Stock da Cunha na liderança do Novo Banco, defendeu em 23 de Fevereiro que a nacionalização da instituição financeira é uma opção a ter em conta. Para no dia seguinte acrescentar que a nacionalização do Novo Banco pode ser umaoportunidade para Portugal liderar a consolidação do sistema financeiro.

Também a 23 de Fevereiro, o PCP entregou no parlamento uma proposta para a passagem do Novo Banco para a esfera pública. O deputado comunista Miguel Tiago justificou a proposta com a seguinte afirmação: “Já que temos de o pagar, ao menos que seja público”. No mesmo dia, o primeiro-ministro não se comprometeu com uma posição definitiva do Estado, preferindo dizer que “devemos dar tempo para encontrar uma solução para o Novo Banco. Vamos estudar as soluções”.
O Banco de Portugal já tentou vender o Novo Banco até Agosto de 2015, mas não o conseguiu fazer. O Diário de Notícias avançou na semana passada que o roadshow para a venda do Novo Banco arranca já esta quinta-feira, 31 de Março. Stock da Cunha, presidente da instituição, e Sérgio Monteiro, contratado para liderar o processo de venda do banco, estarão amanhã em Nova Iorque para a primeira ronda de contactos.

No início de Março o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Fernando Faria de Oliveira, citado pela agência Lusa, sustentou que “é quase impossível” concluir com sucesso um processo de nacionalização do Novo Banco. “A nacionalização não é um processo fácil, e eu diria mesmo que é muito difícil de pôr em execução. No quadro de uma resolução, existe uma disposição que permite, em condições excepcionais – que ponham em causa a estabilidade do sistema financeiro -, uma nacionalização

Assina-se hoje um memorando de entendimento para chegar a solução para papel comercial

Quarta-feira, Março 30th, 2016

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Negócios

Governo, CMVM, Banco de Portugal, AIEPC e BES vão assinar esta quarta-feira, na residência oficial do primeiro-ministro, o memorando de entendimento que estabelece as bases para um eventual acordo para o papel comercial doz GES.

Depois de várias reuniões em torno do papel comercial vendido pelo Banco Espírito Santo, vai haver um memorando de entendimento que irá unir os vários intervenientes. O objectivo é criar as bases para que se chegue a uma solução que permita reembolsar os cerca de 2.000 clientes com perto de 500 milhões de euros em títulos de dívida de empresas do Grupo Espírito Santo em insolvência.

A assinatura terá lugar esta quarta-feira, pelas 18:00, na residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, avança o Correio da Manhã.

De acordo com o que o Negócios conseguiu confirmar, o memorando de entendimento vai contar com as assinaturas de representantes do Banco de Portugal, da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, da Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC), do Governo e ainda do Banco Espírito Santo.

Do lado do Governo, será António Costa a colocar a assinatura neste documento. O agora primeiro-ministro sempre foi crítico da postura do anterior Executivo, liderado por Pedro Passos Coelho, por nunca se ter empenhado na procura de uma solução.

Novo Banco fora, BES “mau” dentro

O Novo Banco, herdeiro do Banco Espírito Santo mas sobre o qual a autoridade de resolução (Banco de Portugal) retirou responsabilidades pelo pagamento do papel comercial, fica fora deste memorando. Já o BES “mau” irá assinar o documento.

No memorando, deverá constar a base para uma negociação futura que venha a encontrar uma solução para os investidores que, aos balcões do BES, adquiriram papel comercial da Rioforte e da Espírito Santo International, empresas do Grupo Espírito Santo que entraram em insolvência e não reembolsaram.

Quer isto dizer que a assinatura do memorando não é a assinatura de uma solução mas sim a das bases para que venha a haver uma negociação efectiva. Aí, deverá estar os fundamentos para que haja uma solução e as balizas temporais para que, efectivamente, se chegue a um acordo.

BCP avalia forma de entrar na corrida ao Novo Banco

Quarta-feira, Março 30th, 2016

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Negócios

O BCP está a avaliar alternativas que lhe permitam entrar na corrida à compra do Novo Banco. A equipa de Nuno Amado está consciente de que é muito difícil obter luz verde de Bruxelas. Mas admite pedir autorização, o que ainda não aconteceu.

O BCP está a avaliar alternativas para entrar na corrida ao Novo Banco, sabe o Negócios. Apesar de a instituição estar impedida de fazer aquisições, por ainda beneficiar de 750 milhões de euros de ajuda do Estado, a equipa liderada por Nuno Amado entendeu que deveria analisar esta possibilidade, uma vez que esta será a última oportunidade para o maior banco privado português actuar como agente de um processo de consolidação nacional. Em vez de se transformar num alvo do movimento de concentração que o Banco Central Europeu está a promover.
Ao que o Negócios apurou, a administração do BCP está consciente de que será muito difícil obter autorização da Direcção-Geral da Concorrência da União Europeia (DGComp, na sigla inglesa) para participar no processo de venda do Novo Banco. No entanto, a gestão entende que é seu dever tentar. Até porque só se trabalhar nesse sentido é que poderá ter oportunidade, por muito estreita que seja, de ser bem sucedida na sua pretensão. Foi também a pensar em oportunidades como o Novo Banco que a administração do BCP avançou com uma proposta, a votar na assembleia-geral de dia 21, para que os accionistas abdiquem do direito de preferência em aumentos de capital no valor máximo de 20% das acções emitidas. Um instrumento que dá flexibilidade ao banco para captar capitais junto de novos investidores. A ambição da equipa de Nuno Amado colhe apoios entre alguns gestores portugueses. É o caso de Esmeralda Dourado, administradora do Grupo SAG e membro da unidade de missão para a capitalização das empresas. “Com algum talento, penso que é possível encontrar soluções para reforçar o BCP, para que possa ser um dos candidatos ao Novo Banco”, defendeu a gestora em entrevista ao Dinheiro Vivo, publicada no último sábado. E justificou a sua posição: “Temos de ter, pelo menos, dois bancos fortes, um público e um privado, que sejam o lastro do financiamento da economia portuguesa, que é caracterizado, essencialmente por PME”.

Governo quer estabilizar banca. Marcelo apoia

Para já, segundo sabe o Negócios, ainda não foi apresentado qualquer pedido formal ao Governo para que, como interlocutor de Bruxelas, desencadeie as diligências necessárias para que a DGComp se pronuncie sobre o projecto do BCP. Mas a ambição da equipa de Nuno Amado não será desconhecida do Executivo de António Costa.

Aliás, a avaliação que está a ser feita no BCP não será alheia ao facto de o primeiro-ministro ter assumido uma atitude proactiva naquilo que diz ser “a estabilização do sistema financeiro”. Como anunciou já este mês António Costa, este Governo não vira a cara “a resolver os problemas que necessitam de ser resolvidos” na banca. “Foi o que fizemos com o Banif, com o BPI e é o que faremos com o Novo Banco e com todos porque há que virar a página da instabilidade do sistema financeiro”. A intervenção do Executivo conta com o apoio do Presidente da República. Para Marcelo Rebelo de Sousa, justifica-se a “intervenção dos órgãos de soberania, em articulação com os reguladores” na estabilidade do sector financeiro, como afirmou há uma semana. *com hg/mmo

Calendário do NB é outra dificuldade

O calendário definido pelo Banco de Portugal para a segunda tentativa de venda do Novo Banco é outra dificuldade à participação do BCP neste processo. Neste momento, Sérgio Monteiro, o responsável operacional da operação e os assessores financeiros da transacção, o Deutsche Bank, do lado do Banco de Portugal, e o JP Morgan da parte da instituição liderada por Eduardo Stock da Cunha, estão a iniciar um “road-show” em várias capitais financeiras mundiais para promover o Novo Banco e avaliar o interesse de diferentes tipos de investidores.

O Banco de Portugal está a trabalhar em dois modelos de venda em paralelo. Um com a dispersão em bolsa de parte do capital do Novo Banco e outro com a venda directa a investidores institucionais. O caderno de encargos da operação deverá ser aprovado em Junho, havendo a intenção de ter uma decisão até ao final de Julho.

TOME NOTA

BCP superaria CGD com Novo Banco

Se comprasse o Novo Banco, tal como a instituição estava no final de 2015, o BCP passaria a ser o maior banco português em negócio bancário. A Caixa Geral de Depósitos passaria ao segundo lugar.

BCP/NB TERIA MAIS 30% DO CRÉDITO

Seria no crédito que a união de esforços entre o BCP e o Novo Banco permitiria ter a liderança absoluta do mercado. A carteira de crédito dos dois bancos junta ascenderia a quase 93 mil milhões de euros, ficando 30% acima da CGD. A maior vantagem seria no financiamento a empresas, onde o BCP/NB teria um “stock” de 52 mil milhões de euros, mais de duas vezes superior ao da Caixa. Nos particulares, a vantagem seria inferior mas, ainda assim, com uma carteira de 40 mil milhões, o BCP/NB seria líder no segmento.

VANTAGEM MAIS CURTA NOS DEPÓSITOS

Também nos depósitos, juntar o BCP ao Novo Banco permitiria criar um banco líder. No entanto, nos recursos de clientes a vantagem face à CGD seria mais curta. Com depósitos de quase 79 mil milhões de euros, o BCP/NB teria um volume de poupanças 8% superior ao da CGD.

REDE PASSARIA PARA MAIS DE 1.200 BALCÕES

A integração do BCP e do Novo Banco criaria uma rede de distribuição superior a 1.200 balcões. Tendo em conta os dados das duas instituições no final do ano passado (dados que já estarão desactualizados), a nova entidade ficaria com 1.267 sucursais. Uma dimensão que daria margem para optimização.

QUADRO FICARIA COM 13.000 PESSOAS

Pelos dados de 2015, a fusão do BCP e do Novo Banco elevaria a 14 mil trabalhadores o quadro de pessoal da nova instituição em Portugal. No entanto, após o processo de redução de 1.000 trabalhadores que o Novo Banco tem em curso, o número cairia para 13 mil. Dando folga para novos cortes.

Carlos Costa assume pelouro de António Varela no Banco de Portugal

Terça-feira, Março 29th, 2016

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Negócios

O governador deverá ficar temporariamente com a supervisão prudencial, um pelouro deixado vago no início do mês com a saída de António Varela do executivo do regulador.

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, assumirá para já as funções deixadas vagas com a saída do administrador António Varela a 7 de Março, assegurando a supervisão prudencial do sector financeiro.
De acordo com uma delegação de competências publicada esta segunda-feira, 28 de Março, em Diário da República, a decisão foi tomada há duas semanas (14 de Março) pelo conselho de administração do Banco de Portugal. A acumulação de competências deixará assim, pelo menos para já, a pasta da supervisão prudencial sem administrador próprio.

Contactado pelo Negócios, o Banco de Portugal não quis comentar.

Tal como o Negócios avançou no início do mês, Carlos Costa deverá vir a indicar um membro para a administração do supervisor para assumir este pelouro, feita de acordo com as novas regras, que prevêem que o governador escolha a pessoa em causa, cabendo ao Executivo a sua designação. O governador quer acertar com António Costa quem substitui António Varela antes de propor o novo nome para o Banco de Portugal.
As alterações à distribuição de pelouros e à delegação de competências colocam na mão de Carlos Costa competências na área das funções de supervisão prudencial como realizar inspecções e averiguações, decidir sobre acumulação de cargos, emitir pareceres pedidos por outras autoridades de supervisão, aprovar de códigos de conduta dos promotores das instituições de crédito e sociedades financeiras e assegurar o seu sistema de registo.
Além disso, das competências de António Varela, Carlos Costa passa ainda a decidir sobre a verificação dos requisitos da livre prestação de serviços em Portugal por instituições comunitárias, despachar queixas, denúncias e reclamações sobre actuações das instituições de crédito e sociedades financeiras, aprovar condições contratuais de obtenção de recursos e verificar as condições das emissões de obrigações hipotecárias.
A autorização da abertura de delegações ou agências das caixas económicas, a autorização de compra de imóveis e compras em reembolso de crédito próprio das instituições e alterações dos estatutos das instituições de crédito e sociedades financeiras no que respeita a nome, objecto, local da sede, estrutura da administração também ficam na dependência do governador, lê-se na delegação de competências.
Nas suas ausências e impedimentos no departamento de Supervisão Prudencial, será o administrador João Amaral Tomaz a assumir estas competências, que zelam ainda pelo cumprimento de rácios bancários e pelo acompanhamento da actividade, trabalhando para que os incumprimentos sejam sancionados.
Carlos Costa acumula estas competências com as que já faziam parte dos seus pelouros: auditoria, relações internacionais e gestão de risco.

António Varela saiu do Banco de Portugal no início de Março, deixando vazio o lugar de Portugal no Conselho de Supervisão do Mecanismo Único de Supervisão (que reúne o Banco Central Europeu e as autoridades de supervisão nacionais da Zona Euro).
Varela tinha entrado para o Banco de Portugal em Setembro de 2014, vindo do Banif onde era administrador não-executivo nomeado pelo Estado depois da injecção de 1.100 milhões de euros de fundos públicos no banco. Na carta de renúncia que entregou a Carlos Costa e ao Governo justificou “não se identificar com a política e a gestão do Banco de Portugal”.
A publicitação da delegação de competências em Carlos Costa chega na véspera do arranque da comissão parlamentar de inquérito ao caso Banif.

Venda do Novo Banco: PCP questiona Costa e quer ouvir acionista

Sexta-feira, Março 25th, 2016

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Diário de Notícias

Comunistas entregaram requerimento para audição do Fundo de Resolução. E vai interpelar primeiro-ministro no próximo debate quinzenal

O PCP quer questionar o acionista único do Novo Banco, depois da notícia avançada esta quinta-feira pelo DN de que o Novo Banco será posto à venda a 31 de março. E vai reservar uma pergunta no próximo debate quinzenal, a realizar quarta-feira, dia 30, para o primeiro-ministro, António Costa.

O deputado Miguel Tiago explicou que o grupo parlamentar comunista entregou na Comissão de Orçamento e Finanças um requerimento para que o Fundo de Resolução (o acionista único, composto por um representante do Ministério das Finanças, outro do Banco de Portugal e um terceiro indicado pelas duas entidades) vá “explicar a estratégia” de venda, como é que quer vender, quanto é que espera encaixar, o que é que vai fazer ao banco para possibilitar essa venda” e quais as “consequências” para a instituição.

Miguel Tiago antecipou ao DN que “esses dados vão comprovar a tese de que a única coisa que pode salvaguardar” o interesse público “é o Novo Banco ficar na esfera pública”. Para o deputado do PCP, “a sua venda significará sempre perdas”, para além da perda de “uma importante empresa bancária”, sobretudo pelo papel que pode desempenhar no “apoio à economia” e na “concessão de crédito”.

Pela composição do acionista, que inclui o Ministério das Finanças, a bancada do PCP quer “compreender em que medida” o gabinete de Mário Centeno, “que é a entidade política, pode intervir para salvaguardar o interesse nacional”. Por isso, justificou Miguel Tiago, “também vamos questionar o primeiro-ministro no próximo debate quinzenal”.