Arquivo para Dezembro, 2016

Pequenos acionistas querem travar venda do Novo Banco

Sexta-feira, Dezembro 30th, 2016

Citamos

TVI

Providência cautelar deu entrada no tribunal e exige que o Banco de Portugal e o Fundo de Resolução desistam da venda. Pede ainda o arresto de bens do Novo Banco, “a fim de evitar a delapidação do património”

Um grupo de 232 pequenos acionistas do Banco Espírito Santo (BES) entregou esta quarta-feira uma providência cautelar no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa com o objetivo de impedir que o Banco de Portugal venda o Novo Banco.

O requerimento inicial de providência cautelar, a que a Agência Lusa teve acesso, é elaborado pelo escritório de advogados Miguel Reis e Associados. Tem como réus o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças. O Novo Banco, o BES e o Fundo de Resolução são contrainteressados.

Ao longo das 236 páginas que compõem o documento, os requerentes pedem que a providência cautelar seja “julgada procedente por provada”, pelo que solicitam que “seja intimado o Banco de Portugal no sentido de não ordenar a venda do Novo Banco“.

E o Fundo de Resolução, que é o seu único acionista, para que se abstenha de proceder à venda do Novo Banco até que transite em julgado a decisão a proferir nesta ação”, refere ainda o texto da providência.

Arresto de “todos os bens imóveis existentes no BES”

Nesta ação é também pedido o arresto de uma série de bens existentes na esfera do Novo Banco, “a fim de evitar a delapidação do património”.

Todos os bens imóveis existentes no BES à data da medida de resolução, todos os móveis e equipamentos constantes da escrita do BES à data da medida de resolução, todos os ativos constantes da escrita do BES à data da medida de resolução, desde que não tivessem sido transmitidos ou para terceiros pela administração do Novo Banco, e desde que a transmissão não conste da respetiva escrita”, enumera o texto.

Mas há mais bens que se pretende que fiquem à guarda do tribunal. É também solicitado o arresto do “valor das provisões constituídas para garantia do pagamento das obrigações relativas a papel comercial e outras obrigações, o qual deve continuar afeto ao cumprimento dessas obrigações”. E ainda do “crédito fiscal de que o BES era titular junto da Administração Tributária e que foi transferido para o Novo Banco, pois que tal crédito tinha sido gerado apenas pela atividade do BES”.

Testemunhas e depoimentos

Além de toda a prova documental anexada à ação, é requerido o depoimento de parte do Banco de Portugal “a prestar pela pessoa do governador”, bem como do presidente do Conselho de Administração do BES, do presidente do Conselho de Administração do Novo Banco e do presidente do Conselho de Administração do Fundo de Resolução.

Paralelamente, os requerentes querem ouvir como testemunhas neste processo Ricardo Salgado (líder histórico do BES), Carlos Tavares (ex-presidente da CMVM), Vítor Bento (antigo presidente do BES e Novo Banco), e mais três pessoas (Francisco Martins Jorge, Albano Martins de Sousa e António Veloso de Sousa).

Este grupo já tinha avançado com duas outras ações judiciais: uma deu entrada em juízo a 3 de outubro de 2014, solicitando a anulação da medida de resolução decidida pelo Banco de Portugal relativamente ao BES. A outra, já em 2015, pedia o arresto de vários bens, ativos, provisões e créditos fiscais do BES.

Último relatório sobre Novo Banco ainda não recomenda comprador

Sexta-feira, Dezembro 30th, 2016

Citamos

Público

Processo não estará concluído antes do final do ano. E antes de ir ao Governo a proposta de Sérgio Monteiro terá de ser aprovada pelo Banco de Portugal.

O Banco de Portugal, a autoridade de resolução do Novo Banco, enviou esta semana novo documento ao Ministério das Finanças a fazer o ponto da situação, mas de modo mais detalhado do que as anteriores comunicações. Isto, depois de uma semana de conversas intensas com o Minscheng e o Lone Star, que ontem, ao início da noite, continuavam activos nas negociações para ficar como banco.

Qualquer decisão que venha a ser sinalizada pelo Banco de Portugal (BdP) terá de ser acompanhada das vantagens e desvantagens associadas, e das outras alternativas para permitir que o Governo delibere com o quadro completo em cima da mesa.

Em entrevista ao PÚBLICO, a 3 de Outubro, António Costa declinou comentar o tema Novo Banco, mas clarificou: “ O senhor governador do Banco de Portugal [Carlos Costa] já anunciou que brevemente apresentará ao Governo o quadro de soluções que tem a propor relativamente a esse processo que tem sido conduzido directamente pelo Banco de Portugal. Portanto, não vou antecipar-me.”

As negociações são conduzidas por Sérgio Monteiro, que  Carlos Costa encarregou em 2015 de tentar, pela segunda vez, colocar no mercado o banco que herdou activos do ex-BES. E são complexas. Desde logo, pelo potencial impacto no sector bancário e nos contribuintes, riscos que o BdP e a tutela terão de acautelar.

Ontem, o Minsheng ainda não tinha depositado no BdP a prova de que dispõe dos capitais para pagar o investimento, uma condição para assumir o controlo (51%) do Novo Banco por aumento de capital. O Haitong Bank, um pilar na estrutura de financiamento do Minsheng (à volta de 750 milhões), terá reequacionado as disponibilidades para dar um empréstimo-ponte naquele valor. Os chineses têm justificado as dificuldades em entregar uma garantia bancária pelas restrições levantadas pelo governo central à saída de capitais. O Minsheng já solicitou à tutela a possibilidade de apresentar o aval em duas fases, algo que está a ser analisado.  O China Minsheng tem a seu favor o facto de não exigir ao Estado uma protecção para eventuais contingências que possam surgir no futuro.

Já o Lone Star não falhou a apresentação a prova de que dispõe de fundos para comprar o banco português, e até paga mais à cabeça do que o Minsheng. Mas continua a fazer depender a sua oferta da concessão pelo Estado de uma contra-garantia sobre cerca de 2000 a 2500 milhões de euros de activos. Ou seja, quer segurar-se  contra a eventual desvalorização (em torno dos 25%) da carteira de activos para alienação e que foi  avaliada à volta de 8000 milhões.

Só com esta protecção, o fundo norte-americano admite adquirir 100% do Novo Banco e injectar os capitais necessários [cerca de 1500 milhões, cerca de 500 milhões com venda de activos, ou seja, com o pelo do cão]. Se o pedido for aceite, o Governo terá de o repercutir no défice, o que politicamente não é fácil de gerir para António Costa.

Pequenos accionistas do BES pedem ao tribunal para impedir venda do Novo Banco

Sexta-feira, Dezembro 30th, 2016

Citamos

Público

Providência cautelar foi entregue no Tribunal Administrativo de Lisboa esta quarta-feira. Banco de Portugal não comenta.

Mais de duas centenas de pequenos accionistas do Banco Espírito Santo (BES), onde se incluem alguns obrigacionistas e emigrantes, avançaram com uma providência cautelar para travar a venda do Novo Banco, operação que pode ser decidida nos próximos dias. “Se a instituição for vendida como está previsto, não estão garantidos os direitos dos credores”, explicou ao PÚBLICO o advogado Miguel Reis, que representa 232 credores nesta acção.

O PÚBLICO contactou o BdP, que é a primeira entidade visada na providência cautelar, mas a instituição de supervisão liderada por Carlos Costa limitou-se a dizer que não faz comentários.

Para além do BdP, a acção inclui como contra-interessados o Ministério das Finanças, o Novo Banco, o BES e o Fundo de Resolução. A iniciativa está sustentada em duas acções judiciais em curso, uma das quais entregue ainda em 2014, onde é pedida “a anulação dos actos do Banco de Portugal que integram a medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo S.A”, a 3 de Agosto de 2014.

Em declarações ao PÚBLICO, Miguel Reis explicou que a oportunidade da providência cautelar assenta na iminência da venda do Novo Banco, mas também “na sequência do acordo com um grupo de credores de empresas do Grupo Espírito Santo [lesados do papel comercial], visando os pagamentos de parte dos seus investimentos, o que só não constituirá favorecimento de credores, em sentido técnico, porque esses investidores são, em bom rigor, credores de outras empresas, que não do BES”.

Sustenta ainda que “só com o acordo é que os detentores de papel comercial da ESI e Rioforte passarão de facto à condição de lesados, uma vez que há uma provisão no Novo Banco que cobre 100% do capital investido e o que está previsto é receberem 50% desse valor”.

O advogado sustenta que a venda da instituição pelos valores que têm sido avançados pela imprensa representa “um negócio ruinoso para os accionistas e para o Estado” e “inviabilizará a realização do direito” no caso de vitória da acção de declaração de nulidade da medida de resolução.

Justiça à prova

Na providência cautelar, a que PÚBLICO teve acesso, os requerentes alegam que estão “a tentar vender à pressa o Novo Banco, sem fazer contas com ninguém”. Os 232 credores, maioritariamente accionistas (representando menos de 1% do capital), alegam que se a venda for entretanto concretizada fica “inviabilizada a verificação das contas relativas às transferências de activos, passivos e elementos extrapatrimoniais do BES para o Novo Banco e a conferência dos respectivos valores, por relação aos que constavam da contabilidade do Novo Banco”, nomeadamente “os 3000 milhões de euros de provisões que o BES teve de fazer, que agravam os prejuízos”, que sem isso ficariam em 500 milhões de euros.

“Estamos perante um negócio ruinoso para os accionistas e para o Estado, porque é ruinoso vender por 750 milhões [valor avançado por alguma imprensa] o que vale, pelo menos 7900 milhões [capital social mais os 3000 milhões de provisões]”, lê-se na providência cautelar.

Apesar de não ter grandes expectativas de decisões dos tribunais no curto prazo, Miguel Reis manifesta-se convicto que “o Estado acabará por pagar muito mais do que pagaria se o Novo Banco fosse entregue aos credores, através da sua privatização, na proporção dos seus créditos”.

“Esta providência cautelar é um verdadeiro teste à justiça portuguesa”, defende o advogado, acrescentando que “se for permitida a venda não há justiça”. Depois da entrega da providência cautelar, o jurista adiantou que foi feito, no registo comercial, o seu registo. As acções anteriores também foram inscritas, para conhecimento de eventuais interessados na instituição dos processos pendentes.

Acionistas avançam com ação judicial contra venda do Novo Banco

Sexta-feira, Dezembro 30th, 2016

Citamos

Dinheiro Vivo

Um grupo de 232 pequenos acionistas do Banco Espírito Santo entregou uma providência cautelar no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa.

Um grupo de 232 pequenos acionistas do Banco Espírito Santo (BES) entregou na quarta-feira uma providência cautelar no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa com o objetivo de impedir que o Banco de Portugal venda o Novo Banco.

O requerimento inicial de providência cautelar, a que a Lusa teve acesso, foi elaborado pelo escritório de advogados Miguel Reis e Associados, tendo como réu o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças, o Novo Banco, o BES e o Fundo de Resolução com o contrainteressados.

Ao longo das 236 páginas que compõem o documento, os requerentes pedem que a providência cautelar seja “julgada procedente por provada”, pelo que solicitam que “seja intimado o Banco de Portugal no sentido de não ordenar a venda do Novo Banco e o Fundo de Resolução, que é o seu único acionista, para que se abstenha de proceder à venda do Novo Banco até que transite em julgado a decisão a proferir nesta ação”. Nesta ação é também pedido o arresto de uma série de bens existentes na esfera do Novo Banco, “a fim de evitar a delapidação do património”.

Em causa estão “todos os bens imóveis existentes no BES à data da medida de resolução, todos os móveis e equipamentos constantes da escrita do BES à data da medida de resolução, todos os ativos constantes da escrita do BES à data da medida de resolução, desde que não tivessem sido transmitidos ou para terceiros pela administração do Novo Banco, e desde que a transmissão não conste da respetiva escrita”.

O grupo de acionistas solicita também o arresto do “valor das provisões constituídas para garantia do pagamento das obrigações relativas a papel comercial e outras obrigações, o qual deve continuar afeto ao cumprimento dessas obrigações”, e ainda o arresto do “crédito fiscal de que o BES era titular junto da Administração Tributária e que foi transferido para o Novo Banco, pois que tal crédito tinha sido gerado apenas pela atividade do BES”.

Além de toda a prova documental anexada à ação, é requerido o depoimento de parte do Banco de Portugal “a prestar pela pessoa do governador”, bem como do presidente do Conselho de Administração do BES, do presidente do Conselho de Administração do Novo Banco e do presidente do Conselho de Administração do Fundo de Resolução. Paralelamente, os requerentes querem ouvir como testemunhas neste processo Ricardo Salgado (líder histórico do BES), Carlos Tavares (ex-presidente da CMVM), Vítor Bento (antigo presidente do BES e Novo Banco), e mais três pessoas (Francisco Martins Jorge, Albano Martins de Sousa e António Veloso de Sousa).

Este grupo já tinha avançado com duas outras ações judiciais: uma deu entrada em juízo a 3 de outubro de 2014, solicitando a anulação da medida de resolução decidida pelo Banco de Portugal relativamente ao BES, e o outro, já em 2015, a pedir o arresto de vários bens, ativos, provisões e créditos fiscais do BES. –

Grupo de acionistas avança com ação judicial contra venda do Novo Banco

Sexta-feira, Dezembro 30th, 2016

Citamos

Observador

Um grupo de 232 pequenos acionistas do Banco Espírito Santo entregou uma providência cautelar com o objetivo de impedir que o Banco de Portugal venda o Novo Banco

O requerimento inicial de providência cautelar, a que a Lusa teve esta quinta-feira acesso, foi elaborado pelo escritório de advogados Miguel Reis e Associados, tendo como réu o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças, o Novo Banco, o BES e o Fundo de Resolução como contra-interessados.

 Ao longo das 236 páginas que compõem o documento, os requerentes pedem que a providência cautelar seja “julgada procedente por provada”, pelo que solicitam que “seja intimado o Banco de Portugal no sentido de não ordenar a venda do Novo Banco e o Fundo de Resolução, que é o seu único acionista, para que se abstenha de proceder à venda do Novo Banco até que transite em julgado a decisão a proferir nesta ação”. Nesta ação é também pedido o arresto de uma série de bens existentes na esfera do Novo Banco, “a fim de evitar a delapidação do património”.

Em causa estão “todos os bens imóveis existentes no BES à data da medida de resolução, todos os móveis e equipamentos constantes da escrita do BES à data da medida de resolução, todos os ativos constantes da escrita do BES à data da medida de resolução, desde que não tivessem sido transmitidos ou para terceiros pela administração do Novo Banco, e desde que a transmissão não conste da respetiva escrita”.

Mais, é também solicitado o arresto do “valor das provisões constituídas para garantia do pagamento das obrigações relativas a papel comercial e outras obrigações, o qual deve continuar afeto ao cumprimento dessas obrigações”, e ainda o arresto do “crédito fiscal de que o BES era titular junto da Administração Tributária e que foi transferido para o Novo Banco, pois que tal crédito tinha sido gerado apenas pela atividade do BES”.

Além de toda a prova documental anexada à ação, é requerido o depoimento de parte do Banco de Portugal “a prestar pela pessoa do governador”, bem como do presidente do Conselho de Administração do BES, do presidente do Conselho de Administração do Novo Banco e do presidente do Conselho de Administração do Fundo de Resolução.

Paralelamente, os requerentes querem ouvir como testemunhas neste processo Ricardo Salgado (líder histórico do BES), Carlos Tavares (ex-presidente da CMVM), Vítor Bento (antigo presidente do BES e Novo Banco), e mais três pessoas (Francisco Martins Jorge, Albano Martins de Sousa e António Veloso de Sousa).

Este grupo já tinha avançado com duas outras ações judiciais: uma deu entrada em juízo a 03 de outubro de 2014, solicitando a anulação da medida de resolução decidida pelo Banco de Portugal relativamente ao BES, e o outro, já em 2015, a pedir o arresto de vários bens, ativos, provisões e créditos fiscais do BES.

Novo Banco: 232 acionistas avançam com providência cautelar para impedir venda

Sexta-feira, Dezembro 30th, 2016

Citamos

Jornal Económico

 Requerentes da ação pedem que a providência cautelar seja julgada “procedente por provada” e que seja impedida a venda do Novo Banco até que transite em julgado “a decisão a proferir nesta ação”, avançou a Lusa.
Um grupo de 232 pequenos acionistas do Banco Espírito Santo, que perderam as ações no âmbito da medida de resolução aplicada ao banco, entregou uma acção no Tribunal Administrativo de Lisboa com vista a impedir a venda do Novo Banco.

É mais um revés para um processo que está encalhado.

Segundo a Lusa, o requerimento inicial de providência cautelar foi elaborado pelo escritório de advogados Miguel Reis e Associados, e têm como réu o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças, o Novo Banco, o BES e o Fundo de Resolução, como contra-interessados.

Os requerentes da acção pedem que a providência cautelar seja julgada “procedente por provada” e que seja impedida a venda do Novo Banco até que transite em julgado a decisão a proferir nesta ação”.

É também pedido o arresto de uma série de bens imóveis existentes no BES à data da medida de resolução e que agora estão no Novo Banco, a fim de evitar a delapidação do património.

A acção pede ainda o arresto do valor das provisões constituídas para garantia do pagamento das obrigações relativas a papel comercial e outras obrigações”, e ainda o “arresto do crédito fiscal que o BES era titular junto da Administração Tributária e que foi transferido para o Novo Banco, uma vez que esse crédito foi gerado pelo BES.

Este grupo de acionistas já tinha avançado com duas outras ações, um

BES: Grupo de acionistas avança com ação judicial contra venda do Novo Banco

Sexta-feira, Dezembro 30th, 2016

Citamos

Eco

Um grupo de acionistas do BES entregou esta quarta-feita uma providência cautelar com o objetivo de impedir que o Banco de Portugal venda o Novo Banco.

Um grupo de 232 pequenos acionistas do Banco Espírito Santo (BES) entregou na quarta-feira uma providência cautelar no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa com o objetivo de impedir que o Banco de Portugal venda o Novo Banco.

Ao longo das 236 páginas que compõem o documento, os requerentes pedem que a providência cautelar seja “julgada procedente por provada”, pelo que solicitam que “seja intimado o Banco de Portugal no sentido de não ordenar a venda do Novo Banco e o Fundo de Resolução, que é o seu único acionista, para que se abstenha de proceder à venda do Novo Banco até que transite em julgado a decisão a proferir nesta ação”.

Nesta ação é também pedido o arresto de uma série de bens existentes na esfera do Novo Banco, “a fim de evitar a delapidação do património”.

Em causa estão “todos os bens imóveis existentes no BES à data da medida de resolução, todos os móveis e equipamentos constantes da escrita do BES à data da medida de resolução, todos os ativos constantes da escrita do BES à data da medida de resolução, desde que não tivessem sido transmitidos ou para terceiros pela administração do Novo Banco, e desde que a transmissão não conste da respetiva escrita”.

Minsheng quer pagar Novo Banco em duas tranches

Lesados do BES. Quem vai receber o quê?

Oferta da Lone Star pelo Novo Banco caduca a 4 de janeiro

Favorito à compra do Novo Banco falha garantias

Ramalho estuda marca Novo Banco com mais mulheres

Interessado no Novo Banco compra unidade à Philips

Novo Banco deverá ser vendido na semana do Natal

Banca é a surpresa positiva para o FMI

Novo Banco: solução até ao Natal vai ser chinesa ou americana

Novo Banco corta mais de 25% das estruturas de topo para reduzir custos

Além de toda a prova documental anexada à ação, é requerido o depoimento de parte do Banco de Portugal “a prestar pela pessoa do governador”, bem como do presidente do Conselho de Administração do BES, do presidente do Conselho de Administração do Novo Banco e do presidente do Conselho de Administração do Fundo de Resolução.

Paralelamente, os requerentes querem ouvir como testemunhas neste processo Ricardo Salgado (líder histórico do BES), Carlos Tavares (ex-presidente da CMVM), Vítor Bento (antigo presidente do BES e Novo Banco), e mais três pessoas (Francisco Martins Jorge, Albano Martins de Sousa e António Veloso de Sousa).

Este grupo já tinha avançado com duas outras ações judiciais: uma deu entrada em juízo a 03 de outubro de 2014, solicitando a anulação da medida de resolução decidida pelo Banco de Portugal relativamente ao BES, e o outro, já em 2015, a pedir o arresto de vários bens, ativos, provisões e créditos fiscais do BES.

 

Lesados avançam para tribunal para travar venda do Novo Banco

Quinta-feira, Dezembro 29th, 2016

Citamos

Visão

Grupo de 230 lesados do Banco Espírito Santo (BES) interpôs providência cautelar e acusa o Banco de Portugal de assaltar o BES e de ser o Dono Disto Tudo do sistema financeiro

Um grupo de 230 pequenos acionistas do Banco Espírito Santo (BES) apresentou esta quarta-feira no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa uma providência cautelar para travar a venda do Novo Banco, venda a que chamam “o anunciado negócio da China”. Os lesados representados pela sociedade de advogados Miguel Reis & Associados questionam para onde foi a provisão destinada a reembolsar os clientes que investiram em papel comercial do GES aos balcões do BES e avançam contra o Banco de Portugal por entenderem que a entidade de supervisão bancário fez um “assalto” e um “confisco” ao Banco Espírito Santo ao se apropriar de montantes e de ativos que deveriam servir para pagar aos lesados.

No documento a que a VISÃO teve acesso, os acionistas falam de “um negócio escuro” e de “falta de transparência” e acusam o Banco de Portugal de agir “como se fosse uma espécie de chefe da quadrilha, no assalto a um dos maiores bancos portugueses”: “É ainda mais chocante que, menos de 3 anos depois, o Banco de Portugal – que é uma espécie de DDT (Dono Disto Tudo) do sistema financeiro, se prepare para vender, por um valor vil, o Novo Banco, sem fazer contas com ninguém”.

Estes lesados já tinham avançado para tribunal para pedir o arresto do montante das provisões e para tentar anular a medida de resolução decidida em agosto de 2014 (e que dividiu o BES em dois, um suposto banco mau e um suposto banco bom). Desta vez, começam por alegar que as provisões constituídas pelo BES são capital do BES, não podendo ser transferidas “para um banco de transição”, como aparentemente aconteceu: “Elas não fazem parte da universalidade que é o negócio bancário, mas da relação do banco com os seus acionistas e os seus credores.” Sobre o acordo entretanto anunciado por António Costa para pagamento de alguns dos lesados do papel comercial, o documento recorda que estas mesmas provisões constituídas pelo BES, e impostas pelo Banco de Portugal mal se descobriu os problemas nas contas do banco e do GES, se destinavam a reembolsar precisamente estes clientes não qualificados. E a 100% (e não a 50 ou a 75%, como promete o acordo).
“Apesar de as obrigações emergentes do papel comercial da Rioforte e da ESI estarem garantidas a mais de 100% por provisões que estão no Novo Banco, o Governo e o Banco de Portugal montaram um ‘esquema’ de engenharia financeira nos termos do qual o Novo Banco fica com as provisões, sem pagar nada a ninguém e com a garantia de que não será processado pelos portadores do papel comercial, suportando o Estado novas garantias de pagamento a esses credores.”

Afinal, explica a providência cautelar, se o Banco de Portugal “não tivesse obrigado o BES a constituir garantias (provisões) de cerca de 3.000 milhões de euros, os prejuízos do primeiro semestre de 2014 seriam de apenas 500 milhões, valor insignificante para um banco da dimensão do BES”. Assim sendo, sem essas provisões que agora ninguém sabe bem onde param, o BES já não iria ao charco pois teria capital suficiente para sobreviver. O Novo Banco, recorda o documento, recebeu valores de provisões constituídas no BES na ordem dos 3 mil milhões de euros; foi constituído com uma ajuda estatal de 4900 milhões de euros e ainda recebeu activos do BES. Além do mais, o BES recebera nos últimos tempos de vida um aumento de capital que “na data da resolução” era de valor superior a 6 mil milhões de euros, quando os prejuízos do banco “eram de apenas 3500 millhões”. “No momento da resolução, o BES tinha, assim, capitais de valor superior a 9.000 milhões de euros, contando com o capital social e as provisões.” Agora, resumem, “não se sabe onde para o capital social” e passado mais de dois anos a entidade de supervisão bancária “prepara-se para vender o Novo Banco e para liquidar o BES, sem fazer contas com ninguém”, causando aquilo a que chamam “um atentado à realização da Justiça”.

Nesta parte do documento, os lesados fazem uma analogia entre a atitude do Banco de Portugal e o Vigário do conto (do Vigário) de Fernando Pessoa. Nesse conto, o vigário “não falou das notas de 100” tal como também “o Banco de Portugal não falou dos direitos e expectativas dos acionistas nem de boa parte dos outros investidores”: “É claro que o Banco de Portugal assumiu aqui o lugar do protagonista do conto de Pessoa, com a gravidade de não ser um bêbado, mas ser um banco central.” É que, insistem os acionistas, “para além do engano, do logro, da fraude implícita nos comunicados que garantiam que estava tudo bem e que o BES ia continuar, é evidente que todo o processo de resolução foi montado de forma adequada a confiscar os valores dos acionistas e dos demais credores e a não fazer contas com ninguém, violando, por essa via, de forma frontal, o princípio de que nem os acionistas nem os demais credores devem receber menos do que receberiam se o banco fosse liquidado”.
Os acionistas também se debruçam sobre a “venda à pressa” do Novo Banco e sobre o valor da venda que, segundo a imprensa, será de 750 milhões de euros. “Um valor ínfimo, quando é certo que o Banco de Portugal anunciou que o Fundo de Resolução realizou o capital de 4.900 milhões de euros, que para o banco de transição foram transmitidas provisões constituídas no BES da ordem dos 3.000 milhões de euros e que não consta que à custa destas provisões tenha sido pago o que quer que seja.”

As críticas sobem ainda mais de tom quando os acionistas se dizem sentir “assaltados” e “roubados”. “O que aconteceu foi que o Banco de Portugal, sem que nada o fizesse prever, depois de ter garantido publicamente que nenhum risco corriam os acionistas do Banco Espírito Santo, adotou uma medida de resolução, aplicada a esse banco, que tem efeito equivalente a um verdadeiro assalto ao banco”. Os lesados reclamam que ao adoptar a medida de resolução que implicou a apropriação dos melhores activos do BES o Banco de Portugal “se apropriou de bens e valores a que não tem direito” e fez um negócio “obscuro” marcado à nascença “por uma falta de transparência, inaceitável num espaço civilizacional assente nos valores da liberdade, da segurança e da justiça”. A medida de resolução deveria ser considerada ilegal, insistem, porque deveria servir “para salvar bancos e não para os destruir” e muito menos “para prejudicar os clientes do banco” ou “destruir completamente a credibilidade do sistema financeiro”. O que agora está à vista, dizem, “é que os responsáveis pelo desastre do BES criaram um buraco de dimensão incalculável e se prepararam para vender o Novo Banco por uma tuta e meia” sem olhar aos interesses daqueles que prometeram defender.

As críticas sobem ainda mais de tom quando os acionistas se dizem sentir “assaltados” e “roubados”. “O que aconteceu foi que o Banco de Portugal, sem que nada o fizesse prever, depois de ter garantido publicamente que nenhum risco corriam os acionistas do Banco Espírito Santo, adotou uma medida de resolução, aplicada a esse banco, que tem efeito equivalente a um verdadeiro assalto ao banco”. Os lesados reclamam que ao adotar a medida de resolução que implicou a apropriação dos melhores ativos do BES o Banco de Portugal “se apropriou de bens e valores a que não tem direito” e fez um negócio “obscuro” marcado à nascença “por uma falta de transparência, inaceitável num espaço civilizacional assente nos valores da liberdade, da segurança e da justiça”.
A medida de resolução deveria ser considerada ilegal, insistem, porque deveria servir “para salvar bancos e não para os destruir” e muito menos “para prejudicar os clientes do banco” ou “destruir completamente a credibilidade do sistema financeiro”. O que agora está à vista, dizem, “é que os responsáveis pelo desastre do BES criaram um buraco de dimensão incalculável e se prepararam para vender o Novo Banco por uma tuta-e-meia” sem olhar aos interesses daqueles que prometeram defender.

E os emigrantes lesados do BES?

Quinta-feira, Dezembro 29th, 2016

Citamos

Diário de Notícias Opinião Cristina Semblano

No momento em que se fala na assinatura iminente de um acordo com os lesados do BES – de que só nos podemos regozijar – convém lembrar que se trata dos lesados do papel comercial. De fora, ficam os milhares de emigrantes lesados, que estão até hoje sem acordo. Curiosamente, nem o governo, nem a comunicação socia,l nem os partidos políticos falam deles. Este é um país de emigração que esquece,despudoradamente, os seus milhões de emigrantes espalhados pelo mundo.

Pois não seria esta uma ótima oportunidade para lembrar os nossos compatriotas a quem foram vendidos produtos especificamente criados para eles como se fossem depósitos a prazo, mas que mais não eram do que títulos de dívida do BES, destinados a integrar sociedades-veículo sediadas em paraísos fiscais?

Quando há um ano, António Costa falou na necessidade de se alcançar um acordo com os lesados do BES, só se pensou nos pequenos investidores em papel comercial, ou seja, nos que fizeram um investimento de pequeno risco (assim se pensava) ao adquirirem títulos de dívida das empresas do Grupo que entretanto faliram.

Foi preciso que, numa reunião realizada nos subúrbios de Paris, em abril passado, os mais de 400 emigrantes presentes tivessem tomado a decisão de convocar uma manifestação para o dia 10 de junho – a coincidir com a comemoração pelo Presidente da República do Dia de Portugal e das Comunidades em Paris – para que o governo decidisse nomear um representante, com vista à abertura de negociações.

Mas que negociações? De lá até aqui nada avança, tudo parece depender da vontade do Novo Banco para se sentar à mesa das negociações. Numa pergunta dirigida ao governo, primeiro-ministro e Banco de Portugal no passado mês de maio por deputados do Bloco de Esquerda, sobre a forma e o timing de ressarcimento dos emigrantes lesados, o governo respondeu vários meses depois que ia sugerir ao Novo Banco que apresentasse novamente aos emigrantes a proposta que lhes havia feito no passado e que eles recusaram assinar.

Não valia a pena nomear um representante do governo para, de reunião em reunião, de viagem a Lisboa em viagem a Lisboa, de encontros com o Banco de Portugal, o representante do governo e a Associação dos Emigrantes Lesados, se chegasse a tal conclusão!

A proposta apresentada pelo Novo Banco e que a maioria dos emigrantes assinaram sob coação segundo inúmeros testemunhos “se não assinar vai perder tudo” corresponde a mais uma burla: pois que outro nome se pode dar a uma “solução” propondo devolver a emigrantes – que têm em média mais de 60 anos – a maioria das suas poupanças, sob a forma de obrigações com maturidade em 2049 e 2051?

Esta situação é tanto mais gritante quanto a esmagadora maioria dos emigrantes é gente humilde que fugiu da miséria e/ou da guerra colonial e trabalhou de sol a sol, para constituir uma poupança destinada a acautelar pequenas e, por vezes, minúsculas reformas, o percalço de uma doença, as necessidades de entes queridos. Alguns estão hoje a viver abaixo do limiar de pobreza, muitos há que estão doentes e sós, entregues a eles ou à solidariedade alheia. Tendo em conta a idade, há os que já morreram pelo caminho e contam-se alguns suicídios.

E há aqueles com mais força e, nomeadamente, os que herdaram da situação dos pais entretanto falecidos, que continuam a lutar por eles e pelos outros. Numa altura em que se anuncia com grande ênfase a solução para os lesados do papel comercial cuja comunicação pelo primeiro-ministro está prevista para segunda-feira [foi realizada na semana passada], não nos podemos esquecer dos emigrantes lesados do BES.

No passado dia 13, deputados do Bloco de Esquerda dirigiram de novo uma pergunta ao primeiro-ministro sobre as condições e o calendário previstos para o ressarcimento dos emigrantes lesados. Estes são os filhos fora do país que não podem ser esquecidos. Burlados pelo BES, uma primeira vez, pelo Novo Banco, uma segunda vez, os emigrantes lesados não podem ser burlados uma terceira vez pelo governo português.

O governo não pode limitar-se a ser o espectador de negociações que se arrastam, sobretudo se elas tiverem como solução pôr em cima da mesa a proposta inicial do Novo Banco que, não obstante a coação, os lesados recalcitrantes recusaram assinar.

De que está à espera o governo para obrigar o Novo Banco – em cujas contas estão inscritos os capitais correspondendo às aplicações dos emigrantes – a sentar-se à mesa das negociações? Se não o faz agora – em que o capital do fundo de resolução é esmagadoramente público – o que será depois quando o Novo Banco for vendido? Estará o governo a deixar arrastar esta situação para ganhar tempo?

Além de serem maioritariamente idosos, os emigrantes não têm a capacidade reivindicativa de manifestação e protesto com a frequência, força e visibilidade que têm os lesados residentes no território nacional. Por outro lado, pelo deficiente acesso ao voto, o insignificante peso dos seus representantes “diretos”, e o pouco caso que deles fazem os restantes, pouco pesam na vida política do país.

Eles são, todavia, também, e, ao instar dos demais portugueses, filhos da nação – com quem mantêm profundos, variadíssimos e inúmeros laços, como o comprova a própria relação com o BES que escolheram como depositário das poupanças de toda uma vida de trabalho e sacrifício – e é indigno que a nação os esqueça.

A autora esclarece que não é lesada do BES e que não é, nem nunca foi, cliente desta instituição.

Economista, autarca na região parisiense e dirigente nacional do Bloco de Esquerda

Fact check. O PSD “destruiu” mesmo o BES, como acusou António Costa?

Quinta-feira, Dezembro 29th, 2016

Citamos

Observador

António Costa disse que o PSD não tem legitimidade para falar de bancos porque, na sua governação, “destruiu o BES”, equiparando às situações do Banif e da Caixa. Faz sentido? Leia o “fact check”.

(Fact check atualizado às 20h53 com declarações de João Galamba, do PS, à imprensa)

A frase

“O que é absolutamente irresponsável, é a postura do PSD que, enquanto Governo, procurou esconder dos portugueses a situação em que se encontrava o sistema financeiro. Por sua responsabilidade, destruiu um banco como o Banco Espírito Santo (BES), conduziu à destruição de um segundo banco, caso do Banif”.

António Costa, em entrevista à Lusa a 24 de novembro de 2016

A tese

António Costa deu uma entrevista à Lusa em que passou ao ataque e acusou a governação de Pedro Passos Coelho de ter “conduzido à destruição” o Banco Espírito Santo (BES), equiparando o que se passou com o banco liderado por Ricardo Salgado aos casos do Banif e da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Todos estes são casos complexos, todos eles sujeitos a comissões de inquérito parlamentar, mas faz sentido juntá-los no mesmo saco para dizer que foi o Governo de Passos Coelho o responsável pela queda do BES?

Os factos

Muito se escreveu sobre o adiar do problema que existia no Banif e de como o processo conturbado terminou com uma resolução ruinosa, depois de uma sucessão de acontecimentos como o regresso aos mercados, o fecho do programa da troika, as dificuldades na venda de ativos e a entrada de novos investidores no Banif e a própria resolução do BES (que causou perdas ao Banif e desvalorizou os seus ativos).

Muito se falou, também, sobre a acumulação de prejuízos na Caixa Geral de Depósitos e a indefinição que se vive no banco há alguns anos, mesmo antes de as atenções dos jornais se virarem para o banco público. Só em julho de 2015, vários meses antes das eleições e da queda do Banif, Passos Coelho disse publicamente que estava “preocupado” com o facto de o banco público não ter, ainda, naquela altura, reembolsado qualquer cêntimo do empréstimo estatal. Houve notícias que sugeriam a existência de planos de capitalização apresentados pela anterior administração a que não foi dado seguimento por parte do governo de Passos.

Ainda assim, 0 que parece ser um caso distinto, e muito mais complexo até, foi o colapso do Banco Espírito Santo (BES) no verão de 2014, quando Maria Luís Albuquerque contava com um ano como ministra das Finanças. A agora deputada do PSD já veio repudiar as declarações do primeiro-ministro, considerando que quando Costa diz que o PSD “destruiu” o BES está a revelar “grande ignorância” e teria dado “milhares de milhões” a Ricardo Salgado.

António Costa não esclareceu sobre o que se referia. Mas é um facto que Ricardo Salgado pediu a Pedro Passos Coelho para intervir no sentido de obter um empréstimo milionário (cerca de 2,5 mil milhões de euros) para o Grupo Espírito Santo (GES) — e não para o BES. Seria um empréstimo da Caixa Geral de Depósitos ao grupo da família, mas com a intenção — segundo Salgado — de proteger o banco, que viria a ser contaminado pelas dificuldades do grupo, e facilitar a reestruturação de ativos da parte não financeira.

A partir das declarações de António Costa não é possível depreender que o líder do PS defenderia — se estivesse no lugar de Passos Coelho — o empréstimo ao Grupo Espírito Santo. E é impossível provar que esse empréstimo da Caixa ao GES poderia ter sido a solução para os problemas de Ricardo Salgado e que, com esse empréstimo, tanto o BES como o GES estariam, hoje, de boa saúde.

Aquilo que é verificável é que houve uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o colapso do BES que chegou a várias conclusões e nenhuma delas apontou culpas ao governo de Passos Coelho. Existe, nas conclusões da Comissão, uma crítica de que a troika poderia ter feito mais para descobrir os problemas (recorde-se que o BES não pediu ajuda estatal), mas não existem críticas diretas ao Governo PSD-CDS.

A comissão de inquérito fez algumas críticas ao Banco de Portugal, sobretudo por ter tido uma intervenção “porventura tardia”, mas atribuiu a Ricardo Salgado a “centralização de responsabilidades” pelo colapso do grupo e do banco e escreveu que “todos os administradores e dirigentes de topo do GES são solidariamente responsáveis”.

 O porta-voz do PS, João Galamba, respondeu ao final da tarde aos comentários de Maria Luís Albuquerque sobre esta controvérsia, dizendo que “a posição do PS foi sempre a mesma ao longo de toda a comissão de inquérito do BES”. “Quando o PSD diz agora que António Costa teria entregado milhares de milhões de euros a Ricardo Salgado, está a distorcer a posição do PS porque a nossa posição sempre foi, ao longo de toda a comissão de inquérito e ainda é hoje, que no momento em que se descobriu que Ricardo Salgado tinha falsificado as contas da Espírito Santo International, no final de 2013, esse era o momento para substituir-se Ricardo Salgado”, vincou João Galamba.

À Lusa, João Galamba acrescentou que “a substituição da administração (…), esta era a tese do PS e mantemos ainda hoje, só não foi feito no final de 2013, porque não dava jeito ao Governo da altura, ao Banco de Portugal e à troika, um escândalo financeiro em plena saída limpa de Portugal do programa [de ajustamento]”, declarou o deputado socialista.

Errado. Comparar as situações do Banif e da Caixa com o BES parece fazer pouco sentido, a menos que António Costa tenha dados novos que (nesta entrevista) não foram revelados. A recusa de Passos Coelho do empréstimo da Caixa ao GES, sustentada com a indisponibilidade do Estado para “resgatar grupos privados”, terá sido relevante para o decurso do processo. Mas é impossível saber o que aconteceria se a resposta tivesse sido outra — o Estado poderia ter ficado a pagar uma fatura elevada se se tivesse associado aos problemas do GES. De qualquer forma, o ponto é: a Comissão de Inquérito não apontou as culpas pelo colapso do BES ao Governo de Passos, e o PS (já então liderado por António Costa) votou favoravelmente as conclusões da CPI.