Arquivo para Setembro, 2017

Credor alemão: “Novo Banco está a fazer all-in. É bom que tenha uma boa mão”

Sexta-feira, Setembro 29th, 2017

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Eco

Novo Banco reúne credores amanhã. Depois do “ok” da Pimco, agora tem um “não” do fundo alemão Xaia. “Responsáveis parecem muito convencidos” com sucesso da operação, diz diretor do fundo ao ECO.

“É como se o Novo Banco estivesse a jogar póquer e a fazer all-in. Se tu fazes isso, tens de estar muito seguro em relação à tua mão”.

O desabafo é de Jochen Felsenheimer, diretor do fundo alemão Xaia Investment, que já decidiu que não vai participar na Assembleia Geral de obrigacionistas do Novo Banco que se realiza esta sexta-feira. Este fundo detém cerca de 100 milhões de euros em dívida que o banco português não vai poder recomprar. Faltam quatro mil milhões de euros para atingir o objetivo. Caso não consiga, o destino da instituição pode passar pela resolução (bail-in) ou até mesmo liquidação.

“Na verdade, estou um pouco perdido neste caso. Os responsáveis do Novo Banco parecem muito convencidos (ou desconhecedores) em relação ao resultado destes encontros. Como eu atuo como fiduciário do dinheiro dos meus clientes, eu não posso recomendar investimentos em bancos ou países que se comportam assim com os seus investidores”, frisou Felsenheimer.

“É como se o Novo Banco estivesse a jogar póquer e a fazer ‘all-in’. Se tu fazes isso, tens de estar muito seguro em relação à tua mão.”

Jochen Felsenheimer

Diretor do fundo Xaia Investment

Ao manter as suas obrigações, o fundo Xaia junta-se a outros tantos investidores que rejeitaram a proposta do Novo Banco na primeira reunião, realizada no início deste mês.

O banco de transição pretende recomprar dívida que emitiu no passado e oferece em troca cash ou depósitos. Se a operação não cumprir o objetivo, a venda ao Lone Star não se concretiza e todos os credores podem ser chamados a assumir perdas num cenário de nova resolução (bail-in) do banco ou até de liquidação, como vem anunciado no prospeto do Novo Banco. Porém, caso a operação seja bem-sucedida, então estes credores que não participaram na oferta mantêm as condições financeiras iniciais e evitam perdas que estão implícitas na oferta lançada há dois meses pelo Novo Banco. É essa também a aposta da Ever Capital Investment, sediada em Madrid.

Com cerca de cinco milhões de euros em obrigações do Novo Banco, este credor espanhol havia dito à agência Bloomberg no final de julho que iria manter as obrigações no seu portefólio à espera de uma valorização destes títulos assim que a venda do Novo Banco esteja finalmente fechada. O ECO tentou falar com Eva Rodríguez Roselló, da Ever Capital, mas sem sucesso. Em agosto, a responsável espanhola disse ao ECO que o preço oferecido pelo Novo Banco “era baixo”.

Pequenos investidores resistem

Ainda que a Pimco tenha dado o seu aval no início desta semana, depois de desbloqueado o problema técnico que impedia alguns investidores de acederem à oferta de depósitos, abrindo caminho para esta operação encontre êxito, ainda não há certezas de que o Novo Banco vai cumprir o objetivo dos seis mil milhões de euros em recompras de obrigações.

“Na verdade, estou um pouco perdido neste caso. Os responsáveis do Novo Banco parecem muito convencidos (ou ignorantes) em relação ao resultado destes encontros. Como eu atuo como fiduciário do dinheiro dos meus clientes, eu não posso recomendar investimentos em bancos ou países que se comportam assim com os seus investidores.”

Jochen Felsenheimer

Diretor do fundo Xaia Investment

À data da última reunião faltava convencer investidores representando quase quatro mil milhões de euros, tendo ficado cumprido apenas 37% do objetivo que permitirá que o banco de transição reforce os seus capitais em 500 milhões de euros e seja finalmente vendido ao fundo norte-americano Lone Star. Esta transação foi anunciada no final de março, mas a sua concretização depende do sucesso da operação de troca de dívida.

A decisão da Pimco vem ajudar a cumprir uma parte importante do objetivo. Mas a operação ainda não está concluída e até dia 2 de outubro o Novo Banco vai continuar a receber ordens dos seus credores. Os fundos Xaia e Ever Capital não participam. E “muitos investidores individuais”, representando “centenas de milhões de euros” em dívida do Novo Banco ainda resistiam, relatava a revista Sábado esta terça-feira, colocando maior incerteza em relação ao futuro do banco.

O ECO contactou o Novo Banco que não quer fazer qualquer comentário. Será para manter o seu poker face?

Novo Banco vende edifício no Marquês de Pombal por 60,3 milhões

Sexta-feira, Setembro 29th, 2017

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Negócios

A espanhola Merlin comprou o edifício do Novo Banco situado no Marquês de Pombal. A venda, segundo o El Confidencial, foi feita por 60,3 milhões de euros.

O Novo Banco e a imobiliária espanhola Merlin terão chegado a um acordo para que o banco português vendesse o edifício situado no meio do Marquês de Pombal por 60,3 milhões de euros, avança o El Confidencial.

O mesmo jornal adianta que o edifício, com 10 andares, tem 9.425 metros quadrados, usados para escritórios, e 3.025 metros quadrados para retalho.

Actualmente o imóvel tem uma ocupação de 63%. Além do Novo Banco, estão também naquele edifício a McKinsey, o Banco Best e a MDS Portugal.

Novo Banco: Compensação aos obrigacionistas pode custar 230 milhões de euros

Sexta-feira, Setembro 29th, 2017

Citamos

Eco

Em causa está o custo com os juros dos depósitos dos investidores que venderem as suas obrigações, que em grande parte tem de ser financiado pela oferta de compra de dívida.

Remunerar os depósitos que venham a ser constituídos pelos investidores que aceitarem a oferta de compra de dívida do Novo banco pode vir a custar 230 milhões de euros à instituição liderada por António Ramalhoavança o Jornal de Negócios nesta quinta-feira (acesso pago).

Este valor é uma estimativa do custo que o banco pode vir de ter a assumir com os juros dos depósitos que foram disponibilizados aos obrigacionistas que aceitem a oferta, e pressupõe cálculos efetuados pelo jornal. Essas contas partiram do pressuposto que a oferta de compra de dívida tem uma taxa de adesão de 75%, que é a condição mínima para o sucesso da operação, e que75% dos investidores que vendem os seus títulos aplicam esses recursos em depósitos a prazo. Esta lógica de cálculo foi aplicada a cada linha de obrigações, sendo então calculada a remuneração a pagar pelo Novo Banco tendo em conta as condições – prazo e taxa de juro – dos depósitos que a instituição oferece aos detentores de cada emissão de dívida, especifica o Negócios.

A oferta de depósitos a prazo com remunerações muito superiores à média do mercado, foi uma via seguida pelo Novo Banco para conseguir convencer os investidores a aceitarem a sua oferta de compra de dívida. As aplicações têm de se manter por um período entre três e cinco anos e pagam taxas de juro que variam entre 1% e 6,84%, consoante as linhas de obrigações.

Esse argumento foi usado, sobretudo, junto dos clientes de retalho, mas também há investidores institucionais interessados em aplicar o resultado da venda das suas obrigações em depósitos. A Pimco, é um desses casos. Tal como o ECO confirmou no início desta semana, aquele que é um dos principais credores do Novo Banco, vai vender as suas obrigações e aplicar esse dinheiro em depósitos a prazo.

Morgan Stanley cria veículo para desbloquear compra de dívida do Novo Banco

Sexta-feira, Setembro 29th, 2017

Citamos

Negócios

O Morgan Stanley terá sido o responsável pela solução que permitiu ao Novo Banco desbloquear a recompra de obrigações, convencendo a Pimco. O banco criou um veículo que dará liquidez aos depósitos que ficarão nas mãos dos investidores que aceitarem vender as obrigações.

O banco americano Morgan Stanley estará por detrás de um veículo especial que será determinante para a o processo de recompra das obrigações do Novo Banco, revelou fonte próxima do processo, citada pela Bloomberg.

 

Esta estratégia terá sido determinante para convencer investidores como a Pimco a participar neste processo. Ainda que não se saiba a percentagem exacta, é certo que a Pimco tem uma palavra determinante para viabilizar a operação. E, depois de ter recusado inicialmente as condições apresentadas pelo banco liderado por António Ramalho, já terá aceite.

 

O Morgan Stanley terá encontrado a solução para aquilo que era alvo de objecção por parte dos detentores de dívida, arranjando uma forma de transformar os depósitos a prazo, que serão constituídos para os investidores que aceitarem a oferta de compra das obrigações, em activos transaccionáveis.

 

A solução encontrada passa por transformar os depósitos em obrigações transaccionáveis por um veículo especial, chamado de Emerald Bay, segundo as mesmas fontes.

 

O Morgan Stanley terá apresentado a solução esta semana e deverá ficar com, pelo menos, 50 pontos base de cada negociação. As assembleias-gerais que não reuniram ou que não juntaram o quórum necessário na primeira chamada estão agendadas para esta sexta-feira, 29 de Setembro.

 

Para convencer os obrigacionistas a aceitarem a oferta de compra de dívida, o Novo Banco concebeu uma proposta comercial que permite aos investidores recuperarem a quase totalidade do capital aplicado nas obrigações através de depósitos a prazo. As aplicações têm de se manter por um período entre três e cinco anos e pagam taxas de juro que variam entre 1% e 6,84%, consoante as linhas de obrigações. A oferta de compra de dívida do Novo Banco tem de gerar uma folga de solidez superior a 500 milhões para absorver os custos dos depósitos que estão a ser propostos aos obrigacionistas.

 

O êxito da operação exige que a instituição liderada por António Ramalho consiga adquirir 75% do total da dívida e, pelo menos, 1.000 milhões das emissões realizadas a partir da sucursal de Londres. Está ainda previsto que, após o fecho bem-sucedido da oferta, a venda do banco aconteça até 20 de Outubro. Só com a recompra de obrigações avança a alienação à Lone Star.

Contagem  decrescente na venda do Novo Banco

O fim da oferta de compra de dívida está à vista, pelo que a venda do Novo Banco entra em contagem decrescente. Saiba o que falta.

Detentores de 12 linhas votam venda compulsiva de dívida
Esta sexta-feira, os investidores com títulos de 12 emissões votam a proposta de venda compulsiva das obrigações. As assembleias gerais têm lugar em Londres e seguem-se às reuniões realizadas a 8 de Setembro, em que nove linhas aprovaram o carácter compulsivo da oferta de aquisição e 15 emissões chumbaram esta proposta.

Ordens de venda podem ser dadas até 2 de Outubro
Os investidores que têm obrigações do Novo Banco podem dar ordens de venda dos títulos até 2 de Outubro. Mesmo os detentores de obrigações das 15 emissões que chumbaram a venda compulsiva podem alienar os seus títulos. Já os investidores das nove linhas que aceitaram a venda compulsiva não necessitam de fazer nada: a decisão da assembleia-geral torna a alienação obrigatória.

Liquidação da oferta acontece dia 4
Depois de conhecidos os resultados da oferta, a liquidação financeira da operação acontece a 4 de Outubro. Para que a operação tenha sucesso, o Novo Banco tem de conseguir comprar 75% das obrigações e gerar uma folga de solidez de 500 milhões de euros.

Venda do banco tem de ocorrer até dia 20
Está previsto que a venda do Novo Banco seja concretizada no prazo de dez dias úteis após a liquidação da oferta de compra de dívida. Assim, o negócio tem de ser concluído até 20 de Novembro. Mas para que isso aconteça é necessário que o BCE autorize a operação de venda à Lone Star.

Polémica. Carlos Costa ignora por completo exigência de Centeno

Sexta-feira, Setembro 29th, 2017

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Sol

Finanças exigiram que o governador do Banco de Portugal se retratasse depois de alertar para a perda de independência dos bancos centrais

Carlos Costa ignorou por completo a exigência do Ministério das Finanças para se retratar depois de ter afirmado, segunda-feira, que a tentação em relação às entidades que guardam o tesouro é comum a vários países que tentam colocar em causa a independência dos bancos centrais. No mesmo dia o Ministério das Finanças reagiu com desagrado. “É lamentável”, disse ao “ECO” fonte oficial do Ministério das Finanças.

“Nunca foi essa a postura nem a forma como o Ministério das Finanças se relacionou com o Banco de Portugal. Esperamos que o senhor governador se retrate das declarações que fez em nome de um relacionamento institucional saudável”, acrescentou a mesma fonte ao jornal económico eletrónico.

Na manhã de segunda-feira, numa conferência em Lisboa sobre gestão de risco nos bancos centrais, Carlos Costa afirmou que “as tentações de reduzir a independência não são uma característica só dos países do sul. (…) Não é só uma questão dos portugueses; coloquem dinheiro num lado qualquer e a tentação vai surgir (…) Onde está o tesouro, há sempre tentações de o tirar”.

As palavras foram proferidas pelo supervisor da banca quando está em consulta pública uma proposta de reforma da supervisão financeira.

No novo desenho, que está em consulta pública até 20 de outubro, é criado o Conselho de Supervisão e Estabilidade Financeira (CSEF), novo órgão que terá as competências de supervisão macroprudencial – regulação da estabilidade do setor financeiro no seu todo, avaliando a evolução da economia e finanças públicas – e de resolução bancária, que são, na atualidade, da instituição governada por Carlos Costa.

A proposta prevê que as nomeações do presidente do CSEF e também do governador do BdP sejam feitas a partir de proposta do governo e depois da audição da Assembleia da República, que terá poder de oposição.

Nomeação

O CSEF seria ainda responsável pela coordenação e pela troca de informações entre as autoridades de supervisão financeira setoriais: Banco de Portugal, CMVM e ASF – Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.

Há uma semana, Mário Centeno esteve na apresentação do projeto de um grupo de trabalho liderado por Carlos Tavares – antigo presidente da CMVM – que prevê ainda que o poder de dissolver bancos seja de uma entidade autónoma dentro deste novo supervisor. Esta seria liderada por um dos dois administradores executivos do BdP escolhidos pelo governo.

Na altura, o ministro das Finanças considerou a proposta “moderada e equilibrada”, tendo “flexibilidade suficiente para não afastar a possibilidade de vir a evoluir gradualmente para uma reforma mais profunda, caso se conclua pela sua necessidade”. O governante acrescentou que o objetivo é “melhorar o funcionamento de instituições (…) essenciais para o regular funcionamento da economia”.

Credores do GES reclamam 9 mil milhões. ESI e Rioforte só conseguem pagar 3%

Quarta-feira, Setembro 27th, 2017

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Eco

 

Credores do GES reclamam 9 mil milhões. ESI e Rioforte só conseguem pagar 3%

Os credores do universo Espírito Santo que queiram reclamar créditos à ESI, à Rioforte ou à Espírito Santo Control têm até este sábado, 30 de setembro, para fazê-lo.

As reclamações de créditos às empresas insolventes do Grupo Espírito Santo (GES) continuam a aumentar. Até 31 de agosto, os credores da Espirito Santo Internacional (ESI), da Rioforte e da Espírito Santo Control tinham reclamado mais de 9 mil milhões de euros. O valor fica muito acima do montante que as duas empresas insolventes têm disponível para cobrir estas dívidas. A Espírito Santo Control tem zero; a Rioforte e a ESI têm pouco mais de 247,4 milhões de euros depositados, o equivalente a menos de 3% do montante que é reclamado pelos seus credores.

Na Rioforte, a situação é semelhante. Os credores da empresa do ramo não financeiro do GES reclamaram um total de 3,9 mil milhões de euros até 31 de agosto, mais 200 milhões do que as contas do relatório anterior, datado de abril. Por outro lado, a Rioforte tinha depositados 109,8 milhões de euros para cobrir estas dívidas, o equivalente a 2,8% do total reclamado. “Este montante não inclui 43 reclamações retiradas que representam, aproximadamente, 750 milhões”, ressalva o relatório.

Em conjunto, os credores das duas empresas exigem 8,8 mil milhões de euros, mas os depósitos só cobrem 2,8% do montante total reclamado. No último relatório, de 30 de abril, o montante solicitado era de 8,6 mil milhões, com a taxa de cobertura a ser também de 2,8%.

Resta ainda a Espírito Santo Control, que era detida por vários membros da família Espírito Santo e que controlava a ESI e a Rioforte. Mas, neste caso, continua a não haver desenvolvimentos. “A sociedade não tem depósitos líquidos”, referem os curadores. Mas tem reclamações de créditos: a 31 de agosto, tinham dado entrada 10 reclamações de crédito (embora uma tenha sido retirada) relativas à Espírito Santo Control, no valor global de 267 milhões de euros.

Os credores do universo Espírito Santo que queiram reclamar créditos à ESI, à Rioforte ou à Espírito Santo Control têm até este sábado, 30 de setembro, para fazê-lo. O prazo para reclamar créditos tem sido sucessivamente prolongado, mas desta vez o relatório sublinha que a data termina no final deste mês.

Se venda falhar, Comporta arrisca insolvência

No capítulo dedicado à Rioforte, os curadores de insolvência admitem que, se a venda do fundo imobiliário da Comporta falhar, a herdade poderá ser obrigada a pedir insolvência.

O contrato de venda do Herdade da Comporta — Fundo Especial de Investimento Imobiliário (FEIFF), o fundo de investimento que gere os projetos turísticos e imobiliários naquela zona, ficou fechado em julho. Foi o empresário Pedro Almeida, dono da holdingde investimentos Ardma, que comprou 59,09% desse fundo imobiliário, pretendendo comprar ainda a Herdade da Comporta — Atividades Agrosilvícolas e Turísticas, parte agrícola da Comporta.

Contudo, a operação ainda está dependente da luz verde do Ministério Público. Na semana passada, fonte da Procuradoria-Geral da República disse ao Jornal de Negóciosque “o Ministério Público ainda não se pronunciou sobre a autorização” desta venda. Falta também a aprovação das autoridades da Suíça e da Caixa Geral de Depósitos, junto de quem o FEIFF tem uma dívida de 110,5 milhões de euros, que está em incumprimento.

Ora, se estas autorizações não vierem a ser concedidas, “a Herdade da Comporta deve submeter-se a um processo de insolvência“, refere os curadores da Rioforte, acrescentando que o valor líquido resultante desta venda será depositado numa conta que está bloqueada pelas autoridades portuguesas.

O relatório lembra ainda, que recentemente, foi lançado o processo de venda da empresa brasileira Luzboa, que detém barragens hidroelétricas. Os curadores dizem, contudo, não esperar “recuperar os fundos líquidos desta venda”, que também resulta da falência da Rioforte.

Reclamações de créditos do GES só podem ser feitas até sábado

Quarta-feira, Setembro 27th, 2017

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Negócios

Termina a 30 de Setembro o prazo para as reclamações de crédito da Espírito Santo International e da Rioforte. Até ao momento, estão reclamados 9 mil milhões de euros. As empresas têm menos de 300 milhões reservados.

Os credores da Espírito Santo International e da Rioforte só têm até ao próximo sábado para pedir para serem ressarcidos. “A data limite informal para a entrega das reclamações de crédito é 30 de Setembro de 2017”, lembram os responsáveis pela insolvência daquelas duas sociedades de topo do Grupo Espírito Santo, no relatório sobre as insolvências, datado de 31 de Agosto.

Esta é a primeira vez que os curadores de insolvência, apesar de falarem em data “informal”, não referem o seu adiamento no relatório periódico. A data inicial para a recepção das reclamações de crédito foi 8 de Dezembro de 2014, quando o processo de insolvência arrancou após os tribunais luxemburgueses terem rejeitado a recuperação (a chamada “gestão controlada”). Desde aí tem sido sucessivamente adiado.

Até ao momento, as perspectivas não são animadoras para os credores da empresa. À Espírito Santo International foram já reclamados 4,9 mil milhões de euros, montante a que se chegou com a entrada de 1.340 pedidos. Para fazer face a este montante, a ESI, que era a empresa de topo do grupo encabeçado por Ricardo Salgado (na foto), tinha 22,5 milhões de euros depositados, a que acresciam 137 milhões de dólares (cerca de 115 milhões de euros ao câmbio actual), resultando num valor total de 138 milhões de euros.

Sendo assim, usando o dinheiro depositado, a ESI consegue pagar 2,8% do total de créditos reclamados.

Já no que diz respeito à Rioforte, que encabeçava a área não financeira do GES, o valor identificado como tendo sido reclamado em 1.570 declarações ascende a 3,9 mil milhões de euros, sendo que são também 138 milhões aqueles que estão depositados – ainda que 32 milhões estejam arrestados. Ou seja, mesmo incluindo este valor bloqueado, o dinheiro existente paga 3,5% do total reclamado.

Espírito Santo Control não paga a credor privilegiado

A Espírito Santo Control, cujo prazo de reclamação de créditos já terminou, conta com pedidos de ressarcimento de 267 milhões de euros. Não há quaisquer fundos nos cofres desta sociedade de que eram accionistas os membros da família Espírito Santo.

Neste caso, já houve uma primeira verificação de créditos, em que foi reconhecido como privilegiado um montante de 1.543 euros em Outubro do ano passado, mas não há forma de pagar esse dinheiro, segundo indicam os curadores da insolvência.

A venda de activos – como o fundo da Comporta, cuja venda ainda aguarda luz verde do Ministério Público, sem a qual arrisca a insolvência – é uma forma que os curadores da insolvência têm para melhorar a taxa de recuperação dos credores. Só que a sua grande maioria tem sido prejudicada pelos arrestos determinados pela justiça portuguesa – a que responderam outros países, como o Br

Quem manda em quem no novo modelo de supervisão financeira

Quarta-feira, Setembro 27th, 2017

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Quem manda em quem no novo modelo de supervisão financeira

 

Finanças pedem a Carlos Costa para se retratar

Quarta-feira, Setembro 27th, 2017

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Eco

Finanças pedem a Carlos Costa para se retratar

 

 

 

Declarações do governador do Banco de Portugal sobre tentações de reduzir a independência dos bancos centrais levam as Finanças a pedir que Carlos Costa “se retrate” para manter as relações saudáveis.

governador do Banco de Portugal (BdP) disse esta segunda-feira que há tentativas de pôr em causa a independência dos bancos centrais, mas que isso não é exclusivo de alguns países. É antes uma tentação comum face às entidades que guardam o “tesouro”. A reação do Ministério das Finanças não se fez esperar.

É lamentável. Nunca foi essa a postura nem a forma como o Ministério Finanças se relacionou com o Banco de Portugal. Esperamos que o senhor governador se retrate das declarações que fez em nome de um relacionamento institucional saudável.

Fonte oficial das Finanças

Em causa está uma declaração do governador Carlos Costa uma semana depois de ter sido apresentado o novo modelo de supervisão. “As tentações de reduzir a independência não são uma característica só dos países do Sul. (…) Não é só uma questão dos portugueses, coloquem dinheiro num lado qualquer e a tentação vai surgir (…) Onde está o tesouro, há sempre tentações de o tirar”, disse Carlos Costa, esta manhã numa conferência sobre gestão de risco nos bancos centrais.

No novo desenho de supervisão financeira, é o próprio Governo que vai nomear o responsável que ficará com a pasta de resolução bancária. O objetivo do Executivo foi eliminar o conflito de interesses que identificam nos atuais poderes do Banco de Portugal, no seguimento de um conjunto de recomendações feitas por um grupo de trabalho liderado por Carlos Tavares.

Na nova estrutura de supervisão, haverá um supervisor com poderes reforçados — o Conselho de Supervisão e Estabilidade Financeira — que substitui o atual Conselho Nacional de Supervisores financeiros, composto pelo BdP, Comissão de Mercado de Valores Mobiliários e Autoridade de Supervisão de Seguros.

Em maio, ainda antes de esta proposta de reformulação da supervisão ter sido apresentada, o governador do Banco de Portugal já tinha admitido prescindir das competências de resolução bancária (participaria mas sem ter o ónus da decisão). Mas tinha manifestado vontade em manter nas suas mãos o poder de supervisão macroprudencial.

Supervisão – Tavares ensarilhou o governo

Quarta-feira, Setembro 27th, 2017

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Ionline

O relatório sobre supervisão apresentado por Carlos Tavares tem três vícios. E basta lê-lo até à página 11 para perceber que só há um caminho possível para a supervisão em Portugal – vertente prudencial para o BdP e comportamental para a CMVM

Vamos lá ver se nos entendemos, o que está a ser discutido não é um texto da responsabilidade do governo, antes um estudo cocho da autoria de três personalidades.

Tenho Carlos Tavares como alguém com méritos vários. Porém, a exterioridade com que desempenhou as funções de presidente da CMVM não consagram curriculum para se transformar no grande “manitu” da supervisão. Mário Centeno teria feito bem se tivesse concedido a Pedro Siza a função de coordenação da comissão, porque sairia do círculo restrito, porque concederia uma leitura mais aprofundada a qualquer resultado, porque alargaria os contributos.

A Comissão Tavares não entendeu o alcance do despacho do ministro das Finanças. Este é bem claro quanto ao mandato que a comissão deve observar e quanto às propostas que deveria fazer – “reorganizar as funções de regulação e supervisão, reforçar a independência dos reguladores e supervisores face aos setores regulados e prevenir abusos do setor financeiro”.

O relatório apresentado por Tavares tem três vícios que, à partida, impõem a sua desconsideração. O primeiro, o da ausência de acompanhamento. Fosse Tavares um homem avisado teria constituído um núcleo de acompanhamento, integrando os atuais reguladores e personalidades de reconhecido mérito que permitissem alargar a visão, questionar a situação e calibrar as propostas. O segundo, o da negação do pensamento académico sobre a matéria. Ninguém pode afastar de um trabalho desta natureza quem estuda, pensa, cria doutrina nestas áreas (a bibliografia indicada é de uma pobreza franciscana). Tavares deve saber que há entidades com vocação, história e prestígio para o cumprimento da missão, sendo o caso mais relevante o do CEDIPRE, presidido por Vital Moreira. O terceiro universo é o do enquadramento legislativo das propostas. Um relatório desta natureza deveria observar o atual património orgânico e avançar com as grandes alterações a fazer para uma outra etapa a concretizar. Nenhum destes pressupostos foi conseguido.

Por outro lado, o relatório confunde as funções de regulação com as funções de supervisão e insere, ainda, as relevantes competências do mais recente universo da “resolução”. Alguém com critério teria apartado as três entidades de regulação atuais e deveria ter ponderado a sua existência, a mais-valia que elas comportam (ou não) para a economia, a sua carga regulamentar e o seu desempenho administrativo. Ora, o relatório é ausente deste universo.

Nas funções de supervisão, apesar de sobre elas consagrar teoria (desatualizada), não vai mais longe do que se poderia esperar perante o quadro vigente. Havendo três entidades com responsabilidades na supervisão, não se descortinando uma linha de rumo sobre os universos prudencial e comportamental, o que a comissão faz é deixar tudo como está, manter o minifúndio institucional que hoje vigora e partir para a criação de mais um ente, uma quarta perna num sistema francamente podre e tecnicamente incompetente.

Quem lê o relatório até à página 11 pode parar aí. Porque verifica, com clareza que só há um caminho possível para a supervisão em Portugal – vertente prudencial para o Banco de Portugal e comportamental para a Comissão de Mercados. Porém, a comissão Tavares mantém o que já hoje existe, porque a Autoridade de Supervisão de Seguros e de Fundos de Pensões tem uma palavra a dizer, e cria um Conselho que servirá de chapéu para o tripé. Nenhum outro país da EU confirma este ente abastardado.

Quem sabe coisas mínimas sobre administração pública rapidamente intui que um “conselho” não suporta atribuições e competências hard de administração. O relatório nada nos diz sobre o conteúdo final da quarta entidade, mas há uma pergunta a fazer – os atuais departamentos de supervisão do BdP, CMVM e ASF vão manter-se? Dependerão diretamente de quem? As orientações do novo Conselho de Supervisão e Estabilidade Financeira são de cumprimento obrigatório e imediato? Quem tem as competências regulamentares e contraordenacionais sequentes a ação de supervisão?

Olhemos agora para a alocação dos poderes de resolução. Esta matéria é revelante na leitura da Diretiva 2014/59/EU e seus desenvolvimentos comitológicos, mas é anacronicamente trabalhada por Tavares. Há, até, no texto uma perversão que não pode deixar de ser assinalada – a da captura do governo perante a decisão de intervir.

Tavares faz uma “chouriça” com dois condimentos incompatíveis, mistura água e azeite, consagra funções que em nenhum outro Estado se agregaram. Supervisão e Resolução têm origens teológicas diferentes, tempos de urgência diferenciados, vocações, sentidos e premências dissemelhantes.

A autoridade de resolução tem formatações diferentes de país para país. Porém, a que mais comum se constata é a da existência de um ente específico agregado ao Banco Central. É assim em França, Itália ou Irlanda. Ora, Tavares em vez de melhorar esta realidade atual, concedendo a segregação de funções ao nível operacional e decisório, optou por passar a “coisa” para esse novo Conselho de Supervisão e Estabilidade Financeira.

Não satisfeito com a criação esdrúxula, a proposta vai mais longe. Ao ministro das Finanças está entregue a responsabilidade de ser o bode expiatório de tudo o que vier a acontecer. No limite, toda a inação, incompetência e compadrio dos reguladores infra seria sempre assumida pelo CSSF e pelo governo. Há aqui dois problemas: 1º o que sempre esteve no funcionamento de reguladores e supervisores – passa culpas; 2º a da parlamentarização da responsabilidade de intervenção e resolução no sistema financeiro. Não vejo, com o atual registo parlamentar e com a maioria que atualmente suporta o governo, qualquer vantagem da proposta apresentada.

Por tudo isto, a proposta da comissão Tavares pode ter dois caminhos: seguir para aprovação pelo governo (faltando conhecer os diplomas que lhe dão corpo e a sua possível e difícil apreciação sucessiva pelo parlamento); ou esperar por 2019 quando houver outro governo, outra composição parlamentar e até outro líder do PSD. Sim, porque nisto tudo há um responsável que nunca se pode esquecer – o governo do PSD/CDS.