Arquivo para Setembro, 2018

Novo Banco põe à venda 1,75 mil milhões de euros em malparado

Quarta-feira, Setembro 12th, 2018

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Eco

O banco liderado por António Ramalho deu início ao processo de venda uma grande carteira de crédito em incumprimento. O valor total ascende a 1,75 mil milhões de euros.

Novo Banco está no mercado a vender malparado. A instituição liderada por António Ramalho deu início ao processo de venda de uma carteira de ativos em incumprimento avaliada em 1,75 mil milhões de euros, de acordo com fontes citadas pela Debtwire. Os interessados vão poder colocar ofertas em outubro.

A Debtwire refere que a carteira que será colocada à venda, a maior de sempre em comercialização no mercado nacional, consiste em duas tranches de títulos de empresas. A primeira totaliza um montante de 550 milhões de euros com empréstimos de 54 grandes empresas, enquanto a segunda tranche, de 1,2 mil milhões, refere-se a malparado de mais de 62 mil empresas.

O banco, que contactado não faz comentários, contratou a Alantra, a KPMG e o Morgan Stanley para comercializarem estes créditos em incumprimento. A instituição liderada por António Ramalho já estará, dizem fontes próximas do processo, a contactar potenciais investidores, aguardando que as propostas comecem a ser apresentadas em outubro.

O banco comprometeu-se com o Banco de Portugal em ir “limpando” o balanço, processo que passa não só pelo reconhecimento de perdas, que explicam os resultados negativos que tem registado, mas também pela venda desses créditos para tentar recuperar algum valor. Os últimos dados apontam para um rácio de cobertura do malparado de 63%.

Na primeira metade deste ano, o Novo Banco registou prejuízos de 231 milhões de euros. No final do ano passado, o resultado líquido foi negativo em 1.395 milhões, um valor que obrigou o Fundo de Resolução à injeção de cerca de 800 milhões no capital do banco, com o Estado a emprestar cerca de 400 milhões ao Fundo.

Recorde-se que o Novo Banco conta com uma espécie de almofada de capital do Estado, que se comprometeu a amparar os maus resultados da instituição aquando da alienação de 75% do capital ao fundo americano Lone Star. Assim, sempre que os rácios de capital do Novo Banco baixarem da fasquia de 12,5%, é ativado o Mecanismo de Capital Contingente, através do qual o Estado garante, sempre que necessário, empréstimos para o Fundo de Resolução se financiar.

Para 2018, ficou estipulado com o Governo que o empréstimo do Estado não pode exceder 850 milhões de euros. E prevê-se que o Fundo de Resolução venha a ser chamado novamente em 2019, mas com uma intervenção mais reduzida face a uma expectativa mais positiva em relação àquilo que serão os resultados do Novo Banco este ano.

ESFG quer tirar 9 milhões aos credores do BES

Quarta-feira, Setembro 12th, 2018

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Negócios

A ESFG pediu para separar 9,2 milhões de euros dos bens que fazem parte dos montantes a atribuir aos credores do BES. A comissão liquidatária desta entidade contestou. É uma luta entre o banco mau e a sua antiga casa-mãe que se estende há anos.

A massa insolvente da Espírito Santo Financial Group quer ficar com 9 milhões de euros que, neste momento, fazem parte do bolo a distribuir pelos credores do Banco Espírito Santo, cujo processo de liquidação está a correr em Lisboa.

“A 18 de Maio de 2018, a comissão liquidatária do BES recebeu um requerimento apresentado pela massa insolvente da ESFG relativo à sua pretensão de exercer o direito de restituição e separação de bens da massa nos termos do artigo 141º do CIRE, relativamente às 550 acções representativas de 17,74% do capital social da Espírito Santo Health Care Investments (ESHCI), do montante de 9.225.806,45 euros que o BES recebeu a título de dividendos desta sociedade, na sequência da deliberação da assembleia-geral de 15 de Março de 2016”, segundo indica o relatório e contas do BES relativo a 31 de Dezembro de 2016, mas onde já constam factos relevantes ocorridos após aquela data.

A massa insolvente da Espírito Santo Financial Group, que era a empresa de topo do braço financeiro do Grupo Espírito Santo, defende que aquela participação de 17,74% na antiga “holding” da área da saúde e aqueles dividendos recebidos lhe pertencem, e não ao BES. Esta “holding”, detida pela Rioforte, era a empresa que controlava a maioria do capital da Espírito Santo Saúde, que foi vendida à Fidelidade na oferta pública de aquisição que ocorreu em 2014.
A comissão liquidatária do BES contestou o pedido de separação de bens feito pela sua antiga casa-mãe, tendo já entregado a peça processual a 19 de Junho.

Ainda não há uma lista provisória de credores do BES mau, que ficou com os activos ligados ao GES na resolução bancária, até porque ainda corre o período de reclamação de créditos. De qualquer forma, as perspectivas de recuperação são limitadas, à luz do balanço. A mais recente fotografia ao património desta entidade, a 31 de Dezembro de 2016, mostra um activo de 152 milhões de euros face a um passivo de 5,8 mil milhões. Ou seja, aquilo que possui representa 2,6% das responsabilidades. E há mais de duas dezenas de milhares de reclamações de créditos por satisfazer.

A massa insolvente da ESFG também pretende aumentar a matéria a distribuir pelos seus credores, num processo que está a decorrer no Luxemburgo, onde está sediada. Não há números referentes ao seu património, sabendo-se apenas que o BNY Mellon, em nome de detentores de três linhas de obrigações, reclamou 717 milhões de euros.

Pedido após providência
O pedido de separação de bens é um novo processo entre a ESFG e o BES, mas a guerra não é nova. Já tinha havido uma providência cautelar, com avanços e recuos judiciais em Lisboa e no Luxemburgo. As acções da ESHCI foram parar ao BES por via de uma execução extrajudicial de um penhor financeiro, já após a resolução do banco.

A ESFG contestou essa execução e, na sequência de uma providência cautelar colocada em Portugal, as acções da ESHCI ficaram congeladas à ordem do tribunal. O Tribunal da Relação de Lisboa respondeu positivamente à contestação do BES, mas logo houve outro recurso da massa insolvente da sua antiga casa-mãe. No entanto, a decisão final sobre a providência refere que as acções pertencem ao BES. A acção principal estava por resolver.

O passo agora é distinto. Não se trata de um processo judicial puro, mas sim de uma acção da ESFG no âmbito do processo de liquidação do BES.

Novo Banco inicia venda de imóveis por 700 milhões de euros

Quarta-feira, Setembro 12th, 2018

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Negócios

O Novo Banco arrancou com o processo de venda de um portefólio de 9.000 activos imobiliários. O banco convidou a Anchorage Capital Partners, o Bain Capital Credit e o Arrow Global a apresentarem ofertas até ao início de Outubro.

O Novo Banco deu início ao processo de venda de um portefólio de mais de 700 milhões de euros em imobiliário, avançou a Debtwire. A agência de notícias financeiras, que cita duas fontes próximas da operação, detalha tratar-se do Project Viriato, que agrega cerca de nove mil imóveis.

O banco convidou a Anchorage Capital Partners, o Bain Capital Credit e o Arrow Global Group, onde a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque é administradora não executiva, a apresentarem ofertas, numa operação assessorada pela Alantra.

A Debtwire refere que as ofertas vinculativas para estes activos imobiliários não estratégicos terão de ser apresentadas até ao início de Outubro. Em causa estão nove mil imóveis, a maioria dos quais situados em Lisboa e no Porto, dos quais cerca de metade são residenciais, um quarto são imóveis comerciais e os restantes 25% são terrenos. Contas feitas, o valor médio por cada um dos activos em imobiliário é de 77.778 euros.

Aquando da apresentação das contas semestrais, foi divulgado que os imóveis não estratégicos do Novo Banco valem, em termos líquidos (portanto, já após imparidades), 2.361 milhões de euros. Assim, a operação de alienação de imóveis agora em curso representa cerca de  30% do total de imóveis que a instituição presidida por António Ramalho pretende vender.

Ainda na apresentação dos resultados do primeiro semestre, o banco presidido por António Ramalho tinha adiantado que iria realizar duas operações de venda até ao final do ano, no âmbito da limpeza de carteira. Uma de crédito malparado, denominada Project Nata, e outra de imóveis, o Project Viriato.

Na semana passada a Debtwire avançou que o Novo Banco estava a arrancar com a venda de 1,75 mil milhões de euros em crédito malparado. Estes constituem aproximadamente 19,8% do total de malparado do banco. Segundo a agência, o banco conta com a assessoria da Alantra, da KPMG e do Morgan Stanley nessa operação. Este processo divide-se em duas parcelas: uma, no valor de 550 milhões de euros, relativa a grandes créditos, concentrados em 54 devedores;  e outra, no montante de 1,2 mil milhões de euros, relativa a 62.600 devedores.

O Novo Banco encerrou a primeira metade do ano com prejuízos de 231,2 milhões de euros, uma melhoria de 20,4% face aos 290,3 milhões de perdas  registados no primeiro semestre de 2017. Contudo, a instituição financeira colocou 199,2 milhões de euros de parte nos primeiros seis meses do ano para fazer face a imparidades, um valor que quase duplica o resultado operacional do Novo Banco no período, que se cifrou em 101,6 milhões.

“A reestruturação do banco ainda vai exigir tempo e dinheiro”, assumiu António Ramalho ao apresentar as contas semestrais.