Arquivo para Setembro, 2019

Lesados do BES lançam petição para relançar discussão no parlamento

Sábado, Setembro 28th, 2019

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Dinheiro Vivo

O grupo de lesados do papel comercial do antigo Banco Espírito Santo (BES) que rejeitou a solução encontrada para os ressarcir parcialmente dos montantes investidos está a reunir assinaturas para levar o assunto à discussão na Assembleia da República.

“Lançámos há cerca de um mês e meio/dois meses uma petição pública para apresentar na Assembleia da República para discutir o assunto de raiz. Já temos mais de 2.000 assinaturas e estamos a tentar reunir 4.000”, afirmou Jorge Novo, um dos lesados, em declarações à agência Lusa durante a manifestação que decorre todo o dia de hoje em frente às instalações do Banco de Portugal e do Novo Banco na avenida dos Aliados, no Porto.

Garantindo que só deixarão de se manifestar quando receberem “a totalidade das poupanças” que ali detinham, este grupo de lesados — que diz ser representativo de cerca de 2.000 emigrantes e 100 subscrições de papel comercial em Portugal – rejeita a solução encontrada para os ressarcir.

Esta solução passa pela adesão a um fundo de recuperação de créditos que prevê o pagamento de 75% das aplicações até 500 mil euros (com limite de 250 mil euros) e de 50% para valores acima de 500 mil euros e à qual fonte oficial da Patris (sociedade gestora daquele fundo) diz terem aderido quase 99% dos lesados, representativos de um capital reclamável na ordem dos 433,8 milhões de euros.

“Fizeram estas soluções por interesses dos líderes das associações [representativas dos lesados] e de dois advogados. Esses senhores fizeram tudo à maneira deles, os lesados não foram consultados para nada, induziram-nos a assinar papéis sem dar conhecimento em assembleia -geral, assinaram um memorando sem nosso conhecimento e autorização”, acusa Jorge Novo, acrescentando: “A maioria dos lesados infelizmente não é letrada e não sabe o que assinou”. Para este grupo de lesados do BES, a solução não passa também por recorrer à justiça para tentar reaver o dinheiro investido, mas por utilizar a provisão de 1.837 milhões de euros – constituída pelos acionistas do antigo BES por ordem do Banco de Portugal – para os ressarcir na totalidade do valor que aplicaram na subscrição de produtos que julgavam garantidos.

“Sentimos que não há justiça, só é bom para os advogados. A nossa solução é correção e verdade, exigimos a provisão e mais nada, exigimos que nos devolvam a totalidade das nossas poupanças e a provisão dava para pagar ao universo de todos os lesados e ainda sobrava dinheiro”, sustentam. Assegurando que “não desanimam” e não saem “da porta do Banco de Portugal, do Novo Banco e dos governantes” até serem integralmente ressarcidos, os lesados centram baterias no Banco de Portugal, no Partido Socialista (PS) e no seu presidente, Carlos César, que “disse em 2015 que se fosse Governo iria reembolsar todos os lesados”.

Os manifestantes que hoje estão concentrados na avenida dos Aliados pretendem por isso abordar o primeiro-ministro e secretário-geral do PS durante a iniciativa de campanha em que António Costa participa esta tarde no Porto, tendo ainda agendada nova manifestação para domingo durante o almoço/comício dos socialistas na Senhora da Hora, Matosinhos, e para 05 de outubro em frente à embaixada de Portugal em Paris. O BES, tal como era conhecido, acabou em agosto de 2014, deixando milhares de pessoas lesadas devido a investimentos feitos no banco ou em empresas do Grupo Espírito Santo. O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom’, denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o ‘banco mau’ (‘bad bank’), sem licença bancária.

Juiz absolve Ricardo Salgado. “Vou desistir, não vale a pena”, diz Teresa Guilherme

Sexta-feira, Setembro 27th, 2019

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Público

Magistrado proferiu sentença no dia seguinte a ter informado os advogados de que não precisava de fazer sessões de julgamento para ouvir testemunhas, porque já tinha conhecimento da causa. Apresentadora fala num “sentimento de impunidade assustador” e diz que não vale a pena.

O juiz que presidiu ao processo que opõe a apresentadora Teresa Guilherme a Ricardo Salgado, antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES), ao Novo Banco, ao Haitong Bank, e à Gnb – Sociedade Gestora de Fundos de Investimento já tinha informado os advogados de que tinha condições para avançar de imediato para uma sentença, sem ter de fazer sessões de julgamento para ouvir testemunhas.

E foi exactamente o que fez. Depois de no dia 11 de Setembro, na audição prévia, ter informado as partes, logo no dia seguinte, a 12 de Setembro, proferiu a sentença e absolveu Ricardo Salgado, segundo noticia o Correio da Manhã.

Ao que o PÚBLICO apurou, o juiz argumenta que não existem factos concretos que demonstrem a perda. A perda, neste caso, é de Teresa Guilherme que investiu 2, 35 milhões de euros em papel comercial do BES.

“Vou desistir. Não vale a pena”, disse a apresentadora ao PÚBLICO. “A sensação que tive foi de medo. Onde é que nós portugueses estamos metidos. Como é que de um dia para o outro é absolvido?”, questiona Teresa Guilherme, que afirma que “há um sentimento de impunidade que é assustador”.

“Nunca esperei ganhar, mas pelo menos podiam ter disfarçado e fazer um julgamento”, acrescentou, sublinhando que “nós portugueses temos de estar muito atentos e darmos as mãos”.

Na acção cível a apresentadora alegou que “os réus praticaram factos que configuram o crime de burla qualificada” e são responsáveis por “um enriquecimento ilegítimo através de um esquema fraudulento de financiamento [do Grupo Espírito Santo]” e reclamava uma indemnização.

Recorde-se que em Junho de 2018, o tribunal de primeira instância já tinha julgado improcedente por falta de provas a acção que Teresa Guilherme colocou a Ricardo Salgado e aos restantes réus (Novo Banco, Haitong Bank e Gnb) por crime de burla qualificada, mas a apresentadora de televisão não desistiu e recorreu para o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL), que lhe deu razão e o processo regressou à primeira instância.

Na decisão do TRL, que enviou o processo novamente à primeira instância, lê-se: “O estado do processo não permite o conhecimento imediato do mérito da causa, pelo que os autos devem prosseguir com audição prévia destinada a facultar às partes a discussão da questão da suspensão da instância e dos fins previstos no artigo 591 alíneas C, E, F e G do Código do Processo Civil (CPC)”.

Entre as alíneas do artigo prevê-se que se deve “discutir as posições das partes, com vista à delimitação dos termos do litígio, e suprir as insuficiências ou imprecisões na exposição da matéria de facto que ainda subsistam ou se tornem patentes na sequência do debate” e “programar, após audição dos mandatários, os actos a realizar na audiência final, estabelecer o número de sessões e a sua provável duração e designar as respectivas datas”.

Porém, o juiz entendeu que ao analisar os autos é-lhe possível conhecer todos os elementos necessários e argumentou com a alínea B do mesmo artigo 591 do CPC que prevê que o juiz pode “facultar às partes a discussão de facto e de direito, nos casos” em que “tencione conhecer imediatamente, no todo ou em parte, do mérito da causa”.

O magistrado sublinhou na audiência prévia que já tinha tido um processo semelhante a este e no qual já tinha proferido uma decisão similar.

 

Banca quer revisitar dossiê Fundo de Resolução

Quarta-feira, Setembro 25th, 2019

Citamos

Exprresso

Estado no Novo Banco traz má notícia para banca, que vê mudanças inevitáveis no financiamento do Fundo

O Fundo de Resolução, financiado pelos bancos mas que tem sobrevivido com empréstimos estatais, está condenado a perder peso acionista no Novo Banco. Por conseguinte, terá um retorno ainda menor numa eventual venda futura. É mais um fator a irritar os banqueiros nacionais, que esperam poder discutir o tema com o próximo Governo, segundo apurou o Expresso, junto de diversas fontes, incluindo responsáveis de instituições nacionais.

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Grupo Espírito Santo terá retirado 630 milhões das contas de clientes no Dubai

Quarta-feira, Setembro 25th, 2019

Citamos

Sic com som

Há mais uma revelação sobre as alegadas fraudes no grupo.

Clientes do BES no Dubai foram lesados em 630 milhões de euros. O dinheiro foi retirado das contas para investir em produtos de risco do próprio grupo.

 

 

Novo Banco atira défice para 0,8% do PIB no 1.º semestre, segundo estimativa da UTAO

Quarta-feira, Setembro 18th, 2019

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Observador

 

 

O défice orçamental atingiu 0,8% do PIB no primeiro semestre devido à recapitalização do Novo Banco, ficando aquém da meta definida pelo Governo para o conjunto do ano, de 0,2%, estima a UTAO.

O défice orçamental atingiu 0,8% do PIB no primeiro semestre devido à recapitalização do Novo Banco, mas o valor não coloca em causa a meta definida pelo Governo para o conjunto do ano, de 0,2%, estima a UTAO.

“A estimativa para o saldo orçamental do 1.º semestre de 2019, realizada pela UTAO [Unidade Técnica de Apoio Orçamental] em contabilidade nacional, aponta para um valor central de -0,8% do PIB”, lê-se no relatório sobre a evolução orçamental de janeiro a julho de 2019, a que a Lusa teve acesso.

O valor estimado pela UTAO para o semestre fica aquém da meta do Governo para o conjunto do ano, de 0,2% do PIB, “sem, contudo, colocar em causa o seu cumprimento”, consideram os técnicos do parlamento.

A estimativa da UTAO de um saldo orçamental negativo de 0,8% para a primeira metade do ano “encontra-se, em grande medida, influenciada pela recapitalização do Novo Banco, dado o elevado peso desta operação, particularmente quando expresso em percentagem do PIB semestral”, explica a UTAO.

Excluindo o impacto do Novo Banco, a UTAO estima um excedente “em cerca de 0,3% do PIB”, sendo que este valor “está em linha com o objetivo anual do Governo excluindo o impacto de medidas temporárias e/ou não-recorrentes, revisto no PE/2019-23 [Plano de Estabilidade] para 0,4% do PIB face aos 0,1% do PIB considerados inicialmente no OE/2019”.

A UTAO refere ainda que a estimativa de 0,8% do PIB para o défice no primeiro semestre “é condicional à informação disponível”, com os técnicos a apontarem para um saldo negativo entre 1,3% e 0,3% do PIB no período em análise.

Face ao período homólogo, a estimativa do défice melhorou em 1,4 pontos percentuais e, excluindo o efeito de medidas temporárias e/ou não-recorrentes, ter-se-á verificado igualmente uma melhoria em 1,6 pontos percentuais, para 0,3% do PIB no primeiro semestre, afirmam os peritos.

A operação de recapitalização do Novo Banco no segundo trimestre, no valor de 1.149 milhões de euros, é equivalente a 1,1 pontos percentuais do PIB do primeiro semestre. Segundo a UTAO, no decorrer do ano, o peso desta medida “será, necessariamente, diluído (para cerca de 0,6% do PIB, considerando o PIB projetado no PE/2019-23)”.

Para a segunda metade do ano os técnicos indicam que “são esperadas algumas pressões orçamentais decorrentes de medidas de valorização salarial previstas nas Administrações Públicas e do aumento, igualmente previsto, de algumas prestações sociais”.

Do lado da receita, há ainda que ter em conta “a recuperação de parte da garantia ao BPP adiada para 2019” e, do lado da despesa, a “indemnização a realizar pelo Município de Lisboa na sequência de decisão judicial”. Estas operações têm um impacto estimado pelo Ministério das Finanças de 196 milhões de euros no primeiro caso e de 170 milhões no segundo.

Em sentido contrário, com um contributo positivo no apuramento do saldo em contas nacionais, “assume relevância a diferença entre juros pagos e juros devidos”, adianta a UTAO.

“Este ajustamento decorre do perfil intra-anual de pagamento de juros da dívida pública que, numa ótica de caixa, se encontra mais concentrado no 2.º trimestre”, explicam os técnicos em finanças públicas.

O saldo das administrações públicas em contas nacionais, valor que interessa a Bruxelas, é apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e o montante relativo ao primeiro semestre tem divulgação prevista para dia 23. Os resultados do INE serão publicados numa nova base de contas nacionais que poderão rever valor estatísticos.

Governo ignorou recomendação do Parlamento na auditoria ao Novo Banco

Quarta-feira, Setembro 18th, 2019

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Expresso

O Parlamento pediu uma auditoria ao Novo Banco, mas o Governo antecipou-se e já tinha feito o seu pedido de escrutínio à Deloitte sem a ter em conta. Até porque há parcelas da recomendação dos deputados que, defende o Executivo, podem pôr a independência do Banco de Portugal em causa

O Governo ignorou a recomendação da Assembleia da República na auditoria pedida ao Novo Banco. Os deputados pretendiam não só estudar a origem e o acompanhamento feito aos créditos problemáticos da instituição financeira criada do Banco Espírito Santo (BES) como também olhar para a venda do banco à Lone Star. Mas esta última parcela não está incluída no pedido feito pelo gabinete de Mário Centeno.

A recomendação dos deputados a requerer uma auditoria independente ao Novo Banco relativa ao período pós-resolução foi esta segunda-feira publicada em Diário da República, mas, na sua globalidade, ela não está refletida naquela que foi a designação formal feita pelo Governo à Deloitte no contexto da auditoria especial prevista pela lei da transparência na banca.

Esta lei entrou em vigor este ano, obrigando à realização de um escrutínio externo apertado quando há injeções estatais – o que aconteceu com o Novo Banco em 2019, devido aos prejuízos do ano passado. O banco precisou de 1.149 milhões de euros do Fundo de Resolução, um valor que contou com 850 milhões de euros emprestados pelo Estado.

QUE AUDITORIA FOI PEDIDA PELO PARLAMENTO

A partir de uma proposta do PSD, o Parlamento aprovou, apenas com a oposição do PS, a recomendação ao Governo da realização de uma auditoria ao Novo Banco, “a incidir sobre o período pós-resolução e em especial a partir de 30 de junho de 2016”.

São sete os focos: operações de crédito; investimentos; aquisição e venda de ativos; termos e condições da venda à Lone Star; gestão de imparidades; relações do Novo Banco e Lone Star; e atuação da comissão de acompanhamento que existe para avaliar essas relações.

Os três primeiros pontos deste pedido já são cobertos pela auditoria obrigatória por lei. Contudo, os restantes quatro não são. Do lado do PS – e do Governo –, os últimos quatro pontos acabam por fazer uma avaliação ao trabalho do Banco de Portugal, uma autoridade de supervisão independente, que não pode ser avaliada a pedido do Executivo. Foi, aliás, por isso, que o deputado João Paulo Correia, quando justificou a sua oposição à proposta social-democrata, declarou que a aprovação colocaria o “Governo numa situação muito desconfortável”.

Aliás, António Costa já tinha dito, quando se colocou a questão do período a auditar, que tinha dúvidas sobre a auditoria a aspetos ligados ao Banco de Portugal. “Não ficaria bem ao Governo e tenho dúvidas que, do ponto de vista constitucional, pudesse auditar o Banco de Portugal”. E, na altura, lançou uma solução: “Porventura uma comissão parlamentar de inquérito seria mais adequada para fazer a apreciação da atuação do Banco de Portugal neste processo”.

O QUE O GOVERNO PEDIU

Inicialmente, Mário Centeno e António Costa queriam apenas ir à origem dos créditos, mas o facto é que a lei aprovada este ano obriga a olhar até 2018, como o Expresso escreveu.

Assim, o Governo pediu a auditoria prevista na lei, que irá cobrir o período pré-resolução, enquanto BES, e o pós-resolução, na era Novo Banco, até 2018 – o ano de referência da última injeção estatal -, mas sem passar pela recomendação da Assembleia da República e pelos quatro pontos que tocam na venda de 75% do capital à Lone Star.

Esta auditoria prevista pela lei acaba, também, por cumprir a auditoria que o próprio Ministério das Finanças disse ser essencial para perceber o que obriga a colocações sucessivas de capital no banco, logo após a apresentação dos prejuízos de 2018.

Proposta pelo Banco de Portugal e designada pelo Governo, a Deloitte irá agora escrutinar os créditos tóxicos do Novo Banco – o caderno de encargos não foi tornado público. Será semelhante à realizada pela EY na Caixa Geral de Depósitos, que deu origem à segunda comissão parlamentar de inquérito ao banco público e que deu novos dados à investigação a correr no Ministério Público.

Resolução da AR auditoria Novo Banco

Segunda-feira, Setembro 16th, 2019

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Diário da República

Resolução da Assembleia da República n.º 185/2019

Sumário: Auditoria independente ao Novo Banco relativa ao período pós-resolução.

Auditoria independente ao Novo Banco relativa ao período pós-resolução

A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, recomendar ao Governo que determine a realização de uma auditoria ao Novo Banco, por uma entidade independente por si designada, sob proposta do Banco de Portugal, a incidir sobre o período pós-resolução e em especial a partir de 30 de junho de 2016, que abranja:

a) Operações de crédito, incluindo concessão, garantias, restruturação ou perdão de dívida, dações em cumprimento ou execução de garantias, venda de carteiras de crédito ou transferência para fundos de reestruturação;

b) Decisões de investimento, expansão ou desinvestimento realizadas em Portugal ou no estrangeiro;

c) Decisões de aquisição e alienação de ativos;

d) Os termos e condições da venda à Lone Star, incluindo todas as obrigações e responsabilidades imputáveis ao Fundo de Resolução e ao Estado, assim como o sistema de incentivos ao Novo Banco e sua gestão e (des)alinhamento com os interesses do acionista Fundo de Resolução;

e) A estratégia e opções de imparidades, provisões, gestão dos ativos do mecanismo de capital contigente, e outras ações, omissões ou escolhas que de modo direto ou indireto contribuam para o recurso ao mecanismo de capital contingente e às chamadas de injeções pelo Fundo de Resolução;

f) Todas e quaisquer ligações e relação do Novo Banco com a Lone Star e suas partes relacionadas, designadamente na gestão e venda de ativos e passivos do Novo Banco;

g) A atuação da Comissão de Acompanhamento e do Fundo Resolução no controlo da gestão do Novo Banco.

Aprovada em 19 de julho de 2019.

O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

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AdC tem de se registar como credora do BES

Segunda-feira, Setembro 16th, 2019

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Económico

Concorrência multou o BES em 700 mil euros, mas terá de reclamar créditos para obter pagamento.

A Autoridade da Concorrência (AdC) multou o BES em 700 mil euros, mas precisará de se registar como credora junto do Tribunal de Comércio de Lisboa, onde corre o processo judicial de liquidação do banco.

Para tal, a AdC confirmou ao Jornal Económico que terá de realizar uma reclamação extraordinária, porque o prazo para a reclamação de créditos já terminou.

O que vai a Deloitte escrutinar no Novo Banco? Origem, garantias e até vendas de créditos

Segunda-feira, Setembro 16th, 2019

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Expresso

A origem dos créditos, as garantias associadas e as respetivas vendas têm de ser analisadas pela Deloitte na auditoria ao Novo Banco, de acordo com a lei nacional. Investimentos e desinvestimentos noutras geografias também

caderno de encargos para a auditoria ao Novo Banco, a cargo da Deloitte, não está definido, mas já há certezas: os créditos problemáticos têm de ser escrutinados e tanto serão analisados os empréstimos concedidos e acompanhados no mandato de Ricardo Salgado à frente do Banco Espírito Santo como também as presidências de Vítor Bento, Eduardo Stock da Cunha e António Ramalho no Novo Banco. Não escaparão as decisões de investimento: e o Novo Banco tem, por exemplo, a participação no Banco Económico, antigo BES Angola. Ou seja, a forma como esses investimentos foram criados e geridos.

Os objetivos desta auditoria passam por saber como foram concedidos e acompanhados os créditos problemáticos, se seguiram bons critérios de riscos, e por outro lado, quais os responsáveis pelos mesmos, caso existam irregularidades na vida daqueles financiamentos que se tornaram problemáticos para o banco.

QUAL A NOVIDADE?

O novo facto é: “O Governo designou, sob proposta do Banco de Portugal, a Deloitte & Associados, SROC, S.A para realizar a auditoria especial ao Novo Banco prevista no n.º 2 do artigo 4.º da Lei n.º 15/2019, de 12 de fevereiro”, confirmou ao Expresso a assessoria de imprensa do Ministério das Finanças.

E que lei é esta? “Transparência da informação relativa à concessão de créditos de valor elevado e reforço do controlo parlamentar no acesso a informação bancária e de supervisão”.

Nessa lei, está inscrito que, sempre que há ajuda estatal a um banco, o “Governo manda realizar uma auditoria especial por entidade independente, por si designada sob proposta do Banco de Portugal, a expensas da instituição auditada”.

Em 2019, devido às contas de 2018, o Novo Banco precisou de 1.149 milhões de euros do Fundo de Resolução, um valor que contou com 850 milhões de euros emprestados pelo Estado. Com esta ajuda, tem de ser realizada a auditoria.

Essa auditoria tem de cobrir várias áreas, de acordo com a lei:

“a) Operações de crédito, incluindo concessão, garantias, restruturação ou perdão de dívida, dações em cumprimento ou execução de garantias, venda de carteiras de crédito ou transferência para fundos de reestruturação;

b) Decisões de investimento, expansão ou desinvestimento realizadas em Portugal ou no estrangeiro;

c) Decisões de aquisição e alienação de ativos”.

EM QUE SE TRADUZEM ESTAS ÁREAS?

A Deloitte terá de olhar para os créditos em carteira do Novo Banco, sendo que muitos vêm da altura do BES de Ricardo Salgado. Segundo o Banco de Portugal, são 36 os devedores com dívidas acima de 43,3 milhões de euros que já causaram algum tipo de perda à instituição financeira, com data de referência de dezembro de 2018.

Ainda na semana passada, o banco, hoje em dia sob o comando de António Ramalho, vendeu uma carteira de crédito malparado onde constam devedores polémicos, da Ongoing de Nuno Vasconcellos à Sogema de Bernardo Moniz da Maia. Créditos que podem agora ser escrutinados.

Também se terá de olhar para os investimentos e para as unidades no estrangeiro (muitas delas encerradas, já que o banco está agora reduzido à Península Ibérica). O Novo Banco é também o detentor de uma participação no Banco Económico, o antigo BES Angola, aquele que é também o maior devedor da instituição financeira.

E O PERÍODO TEMPORAL?

Não está definido o caderno de encargos da auditoria a cargo da Deloitte Sociedade Revisora Oficial de Contas, pelo que não se sabe qual o período abrangido, ou seja, desde quando serão analisados os créditos. Mas serão vários os mandatos analisados.

O Governo tinha sublinhado, quando se soube o dinheiro que seria necessário para cobrir as perdas de 2018, que era “indispensável a realização de uma auditoria para o escrutínio do processo de concessão dos créditos incluídos no mecanismo de capital contingente” no Novo Banco.

Na prática, o Executivo queria uma auditoria feita ao Novo Banco à semelhança daquela que foi feita à Caixa Geral de Depósitos pela EY – que cobriu o período entre 2000 e 2015, olhando para a origem dos créditos, ou seja, para a presidência de Ricardo Salgado, sem um olhar relativo aos últimos anos. Só que, com a lei n.º15/2019, o olhar tem de ser mais extenso e, por isso, apanha os mandatos seguintes, quando já está constituído o Novo Banco.

PARLAMENTO QUERIA MAIS

O Parlamento queria uma auditoria que fosse mais além, e que olhasse para “os termos e condições da venda à Lone Star, incluindo todas as obrigações e responsabilidades imputáveis ao Fundo de Resolução e ao Estado, assim como o sistema de incentivos ao Novo Banco e sua gestão e (des)alinhamento com os interesses do acionista Fundo de Resolução”.

Além disso, o Parlamento – a partir de uma proposta do PSD – queria também analisar as ligações do Novo Banco com a Lone Star.

Algo que, tendo em conta a resposta do Ministério das Finanças (que menciona apenas a lei), não estará consagrado no mandato atribuído à Deloitte. De qualquer forma, o caderno de encargos, como referido, está ainda por fechar.

Lesados do BES. António Costa “disse que acabou. Não há mais dinheiro”

Segunda-feira, Setembro 16th, 2019

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Económico

Uma organizadora do movimento dos emigrantes lesados do BES em França contou hoje à Lusa que o primeiro-ministro, António Costa, lhe disse que não haveria mais dinheiro para além do que já foi acordado.

Uma organizadora do movimento dos emigrantes lesados do BES em França contou hoje à Lusa que o primeiro-ministro, António Costa, lhe disse que não haveria mais dinheiro para além do que já foi acordado.

“Ele foi direto, foi honesto e disse-me ‘Acabou. Não há mais dinheiro’. Disse que tinham feito o que era possível, com uma injeção de dinheiro no banco para os lesados e agora não podem fazer mais. Só que eu não me resigno”, relatou Maria Yulug, que participou hoje de manhã na manifestação dos emigrantes lesados do BES, em Paris.

A manifestação deste sábado foi organizada pelo grupo Emigrantes Lesados Unidos em frente à Embaixada de Portugal em Paris, e contou com a presença de algumas dezenas de emigrantes.

Estes lesados querem reaver a totalidade dos seus depósitos e investimentos no banco português, já que os acordos que assinaram com o Novo Banco prevêem apenas a devolução de 75% dos fundos investidos.

António Costa esteve em Paris no início deste mês na qualidade de secretário-geral do PS para apresentar a lista candidata do partido ao círculo da Europa e foi nessa ocasião que Maria Yulug terá abordado diretamente António Costa.

“Não estava previsto falar com ele, mas como no verão não foi possível […] Até tínhamos marcada uma entrevista com ele de longa data, marcada pela Embaixada, só que não conseguimos. Como ele veio cá, pensei que fosse bom falar com ele diretamente, de forma pacífica. A Prefeitura de Paris sabia que eu estava lá”, relatou Maria Yulug.

Dos cerca de 4.000 emigrantes em França lesados pelo BES, metade aceitou o acordo que previa a devolução mais rápida de 75% do que tinham investido – tendo havido outro acordo de quase 100% de devolução, mas com uma data mais longínqua.

Para quem aceitou a devolução mais rápida, uma parte será devolvida já em outubro deste ano e o resto será restituído em outubro de 2022, segundo o acordo firmado com o Novo Banco.

No entanto, estes emigrantes pretendem continuar a bater-se pelos restantes 25%.

“As próximas ações vão ser manifestações aqui e em Portugal e vamos para Bruxelas, para nos manifestarmos à frente do Parlamento [Europeu]. Se em Portugal não nos dão o dinheiro, vamos tentar noutro sítio”, referiu Carlos Costa dos Santos, um dos líderes do movimento Emigrantes Lesados Unidos.

A manifestação em Bruxelas, ainda sem data, deverá reunir não só os emigrantes lesados em França, mas também Suíça, Bélgica e outros países europeus.

Esta manhã, para além dos cartazes sobre corrupção, bandeiras e apelos à justiça portuguesa em frente à Embaixada nacional, os luso-descendentes mais jovens também marcaram presença.

“Os meus avós e pais trabalharam aqui toda a vida para nos dar boas condições e fomos lesados por um banco português que foi apresentado como um banco sólido. Eu tive de fazer um crédito para pagar os meus estudos por causa disto, e poderíamos agora viver todos à vontade se isto não tivesse acontecido”, explicou Cédric dos Santos, de 22 anos que estuda engenharia informática.

Cédric dos Santos tem participado nas diversas manifestações em Paris e devido aos problemas que a família enfrenta por causa da queda do BES, sente-se afastado de Portugal.

“Ter sido lesado pelo banco tem-me afastado das minhas origens e vejo que é a França que me apoia. Sou francês e é só”, indicou Cédric dos Santos.

Quanto aos produtos Euro Aforro 10 e EG Premium, que não estão abrangidos pelo acordo encontrado entre os lesados emigrantes e o Novo Banco, a organização da manifestação disse ainda não ter recebido a indicação de qualquer solução.