Arquivo para Outubro, 2019

BES. Resolução já é dada nas aulas nos EUA como mau exemplo

Sexta-feira, Outubro 25th, 2019

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ionline

Analista diz ao i que professores americanos contam o que se passou no caso BES, fazendo a analogia de que nem tudo o que se dá na teoria se aplica na prática. Mas não é o único que critica a solução.

A resolução do Banco Espírito Santo (BES) já fez cinco anos e continua ser apontada como um caso a não seguir, ao ponto de ser lecionada nas maiores universidades americanas. A garantia foi dada ao i por Pedro Amorim, analista da corretora Infinox. “John Keynes desenvolveu várias teorias económicas nas quais se inclui uma resolução caso haja um banco em falência, para não afetar todo o sistema financeiro. A resolução é simples: separação em dois bancos, banco bom com os ativos e passivos bons e banco mau deixando apenas os ativos e passivos tóxicos. Com o BES aplicaram essa teoria, até o nome do banco foi o mesmo ‘dos livros’: Novo Banco. Segundo alguns conhecimentos de colegas na área financeira com quem falamos diariamente, alguns professores universitários nos Estados Unidos, ao dar esta matéria aos seus alunos, também contam o que já se passou na prática com o caso BES e conseguem provar, fazendo a analogia, que nem tudo o que se dá na teoria se aplica na prática”.

Mas esta opinião não é um caso isolado. Os economistas José Poças Esteves e Avelino de Jesus partilham a mesma ideia ao garantirem que “foi um erro grave da política económica”, ao ponto de escreverem o livro Caso BES. Em entrevista ao i, afirmam que a queda do BES tirou 25 mil milhões de euros à economia, o equivalente a 14% do produto interno bruto (PIB) num período de sete anos.

Avelino de Jesus não tem dúvidas em relação a este erro e dá como exemplo a situação vivida em Itália. “Não é por acaso que os bancos italianos não quiseram este tipo de resolução. Em parte nenhuma do mundo se fez isto. Fez-se em pequenos bancos e com pouco significado; agora, com bancos desta dimensão e com impacto nacional, ninguém fez isso. Nem os americanos, nem os ingleses, nem os italianos”, disse.

Já José Poças Esteves aponta a pressa como o principal inimigo desta solução e, apesar de considerar que todo este processo foi longo, no momento da decisão final, tudo aponta para que tenha havido precipitação. “Havia na altura vários cenários para salvar o banco. Um deles vinha da própria família, que tinha um plano até baseado em estudos do próprio Banco de Portugal, encomendados pelo BCE, que foram elaborados pela PwC e que definiam qual era a viabilidade do GES, ou seja, do grupo não financeiro, e qual o impacto que o GES poderia criar no próprio banco. Foi nessa altura que se tomou consciência de que a situação era muito grave do lado do GES e que era sobretudo um problema de tesouraria, porque o endividamento era muito elevado. Mas o mesmo relatório dizia que havia ativos que, se fossem vendidos com tempo, sem ser uma venda forçada e mesmo com algum desconto, permitiriam a reestruturação dessa dívida toda em 2018. Se isso tivesse acontecido, tínhamos agora a situação controlada, sem ter tido este impacto na economia”, acrescenta.

O economista também aponta o dedo à Europa. “Claro que houve alguma pressão do lado europeu, mas também houve uma incapacidade de resistir a essa pressão. Houve um conjunto de circunstâncias técnicas que empurraram a situação para o que aconteceu. Se esses factos não tivessem acontecido, provavelmente, a própria Europa não sentiria força para fazer este tipo de pressão”, disse na mesma entrevista ao i.

Voz contrária Apesar das vozes críticas, a comissária europeia Margrethe Vestager usou o BES como exemplo de banco liquidado com ajuda do Estado que preservou a concorrência e conteve as perdas para os contribuintes. “Sob as regras bancárias europeias, os Estados-membros podem decidir ajudar os bancos a atingir necessidades de capital se as condições económicas se agravarem mais do que o esperado – como precaução. Neste contexto, o controlo da ajuda do Estado assegura que os bancos que recebem esse apoio são profundamente reestruturados. Tomem o Monte dei Paschi como exemplo. O banco apresentou um plano de reestruturação amplo para restaurar a sua viabilidade e preservar a concorrência”, referiu.

A seguir, mencionou o caso BES. “Noutros casos, os bancos em questão estavam para lá de poderem ser recuperados. As nossas regras permitem aos Estados-membros garantir ajuda estatal para os ajudar a saírem do mercado de uma forma ordenada. E para que os seus ativos se tornem parte de instituições maiores e mais saudáveis. A Comissão concedeu ajudas de liquidação a bancos, por exemplo, nos casos do Banco Espírito Santo em Portugal, os dois bancos italianos na região do Véneto e o cipriota Cooperative Bank“, disse.

Necessidade de capital Boa ou má solução, a verdade é que o Novo Banco continua a necessitar de injeções de capital. Em agosto, a instituição financeira liderada por António Ramalho garantiu que precisava de mais de 541 milhões de euros do Fundo de Resolução para fazer face aos prejuízos de 400 milhões de euros registados no primeiro semestre do ano. No entanto, esse valor só vai ser contabilizado em 2020, quando estiverem fechadas as contas de 2019.

Já em maio, o Novo Banco tinha recebido mais uma injeção de capital pelo Fundo de Resolução de 1149 milhões de euros, isto depois de, em 2018, ter tido prejuízos de 1412,6 milhões de euros. E no ano anterior foi alvo de uma injeção de capital de 792 milhões de euros do Fundo de Resolução, em resultado das perdas registadas.

Recorde-se que o mecanismo em vigor estabelece que o Novo Banco pode solicitar ao Fundo de Resolução até 3890 milhões de euros até 2026, pelo que, nos próximos anos, ainda pode pedir mais quase 2000 milhões de euros.

BES conclui venda de banco nos EUA à terceira tentativa

Quinta-feira, Outubro 24th, 2019

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Negócios

Os reguladores norte-americanos já deram luz verde à venda do Brickell Bank, o antigo BES Miami, ao Banesco USA, por 8 milhões de dólares.

À terceira tentativa, o Banco Espírito Santo (BES), em liquidação, conseguiu vender o antigo Espírito Santo Bank de Miami, atualmente Brickell Bank, depois de receber autorização dos reguladores norte-americanos. O comprador, o Banesco USA, detido pelo mesmo grupo que controla o espanhol Abanca, pagou 8 milhões de dólares (cerca de 7 milhões de euros) pelo banco.

A informação consta do último relatório trimestral da comissão liquidatária do BES. “No final de agosto, foram obtidas as autorizações das autoridades reguladoras norte-americanas (FDIC, OFR e FINRA) para a fusão do Brickell Bank no Banesco USA. O montante de 8 milhões de dólares, deduzido das despesas da transferência, foi recebido em 30 de agosto de 2019, concretizando-se a alienação da participação do Brickell Bank”, indica o documento.

No anterior relatório trimestral, os liquidatários já tinham dado conta de que o acordo de fusão tinha sido assinado a 10 de maio, aguardando, nessa altura, pela aprovação dos reguladores. E acrescentava que, tendo em conta os prejuízos do antigo BES Miami, e para evitar que o banco entrasse em incumprimento dos requisitos prudenciais, “foram adotadas medidas específicas no contexto do acordo de fusão”. Não são especificadas, contudo, que medidas foram estas.

A primeira tentativa de venda do Brickell Bank foi pouco depois da queda do BES, quando a família venezuelana Benacerraf lançou uma oferta pelo banco norte-americano, que acabou por retirar em 2016. Mais tarde, em janeiro de 2018, o banqueiro suíço Joseph Benhamou chegou a assinar um acordo para comprar o banco, mas a operação não mereceu a aprovação dos reguladores norte-americanos e também caiu.

A comissão liquidatária iniciou, assim, um novo processo de venda de 99,99% do banco, que fica agora concluído – e no melhor cenário possível que foi antecipado antes da concretização da operação. “O valor refletido no balanço relativo à participação de capital no Brickell Bank corresponde à melhor expectativa do valor de realização do ativo, no contexto da sua fusão com a instituição potencialmente adquirente, cujas negociações estão praticamente concluídas, estimado em 8 milhões de dólares”, indicava a certificação legal de contas ao BES, relativas ao exercício de 2018.

Entretanto, antes da venda, o BES reforçou a imparidade para o Brickell Bank em cerca de 2 milhões de euros. O montante líquido deste banco registado no balanço do BES era, assim, de 6,9 milhões de euros no final de 2018.

Mais uma condenação para Ricardo Salgado. BdP aplica coima de 75 mil euros

Quinta-feira, Outubro 24th, 2019

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Negócios

Ricardo Salgado foi alvo de mais uma condenação do Banco de Portugal. Desta vez a coima aplicada ao ex-presidente do Banco Espírito Santo é de 75 mil euros.

Ricardo Salgado foi alvo de mais uma condenação pelo Banco de Portugal. Desta vez, por não ter respeitado as regras e prestado falsas declarações ao supervisor enquanto presidente da Espírito Santo Financial Group (ESFG). A coima a aplicar é de 75 mil euros.

De acordo com a condenação, publicada pelo Banco de Portugal, além de Ricardo Salgado também José Castella, antigo administrador do Grupo Espírito Santo (GES) e a ESFG, atualmente em liquidação, foram condenados.

O regulador adianta que em causa está a violação de determinações específicas impostas pelo Banco de Portugal e prestação de informações falsas ao regulador. Algo que aconteceu “entre 26 de outubro de 2012 e 31 de março de 2014”, de acordo com o documento.

Além da coima de 75 mil euros a Ricardo Salgado, ficou ainda definido que José Castella terá de pagar 50 mil euros. Já no caso da ESFG, o valor aumenta para 110 mil euros. Porém, a sociedade através da qual o Grupo Espírito Santo (GES) controlava o BES, e que está em liquidação, não terá de proceder ao pagamento, visto que a coima está suspensa por um período de cinco anos. Apenas terá de pagar caso haja uma infração ao longo deste período.

O mesmo documento adianta ainda que tanto Ricardo Salgado como José Castella já recorreram. “Os arguidos José Carlos Cardoso Castella e Ricardo Espírito Santo Silva Salgado apresentaram impugnação judicial da decisão junto do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão”, refere. A ESFG decidiu não recorrer, tornando a decisão definitiva.

Esta não é a primeira coima aplicada pelo Banco de Portugal a Salgado. Este ano, conta já com uma condenação devido ao BES Angola. Neste caso, o valor a pagar é de 1,8 milhões de euros.

Novo Banco absorve banco nas Caimão para cortar custos

Quinta-feira, Outubro 24th, 2019

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Negócios

O banco vai incorporar o Bank Espírito Santo International, com sede nas Ilhas Caimão e que chegou a estar sob a alçada de Amílcar Morais Pires. Fusão deve estar concluída até final do ano.

Fusões atrás de fusões. O banco liderado por António Ramalho continua a avançar com o seu plano de redução de custos e simplificação da estrutura. Depois de incorporar o alemão BES Beteiligungs, o Novo Banco vai agora absorver o Bank Espírito Santo International Limited (BESIL), uma entidade criada pelo Banco Espírito Santo (BES) nas Ilhas Caimão e que chegou a estar sob a alçada de Amílcar Morais Pires.

As duas entidades querem avançar com esta fusão “mediante a transferência global do património do BESIL para o Novo Banco”, lê-se nos documentos publicados no portal da Justiça dando conta da operação entre o Novo Banco e o BESIL, que foi aprovada na reunião do conselho de administração do banco, a 30 de setembro, por unanimidade.

A instituição financeira explica ainda que esta “fusão das sociedades levará à simplificação organizacional e a corte nos custos, nomeadamente, através da redução do número de contas anuais a preparar e da eliminação de relações intragrupo”. E reforça: os “custos com auditoria e com a submissão de documentos junto do registo comercial e das autoridades serão reduzidos com a fusão”. Atualmente, o BESIL não tem trabalhadores ou imóveis. E há muito que tem vindo a reduzir a sua atividade. Agora vai ser absorvido pelo Novo Banco e desaparecer totalmente.

Segundo os anexos ao projeto de fusão por incorporação, o banco com sede nas Ilhas Caimão apresentava um ativo de cerca de 336 milhões e um passivo de 247 mil euros.

Fusão concluída até meados de dezembro
Além do objetivo de racionalização dos encargos, o Novo Banco adianta ainda que esta operação “será ainda realizada com o objetivo de cumprir com os compromissos assumidos pelo Estado português diante da Direção-Geral de Concorrência da Comissão Europeia em 2017”.

O objetivo é que esta incorporação fique concluída até ao final do ano. De acordo com a instituição financeira que resultou da falência do BES, no verão de 2014, “para efeitos contabilísticos, a transferência de bens e passivos da sociedade incorporada para a sociedade incorporante produzirá os seus efeitos no dia 16 de dezembro de 2019”.

A empresa, com sede nas Ilhas Caimão, foi uma das entidades sob a responsabilidade de Amílcar Morais Pires, então CFO (administrador financeiro) do BES e que se viu envolvido em vários dos processos contraordenacionais em torno do banco liderado por Ricardo Salgado. Isto além do BES Cayman e do BIC International Bank Limited (incorporado em 2016 para facilitar a venda do Novo Banco), mas também do BES Beteiligungs. Também esta última entidade, responsável sobretudo pela emissão de dívida do banco na Alemanha, foi entretanto alvo de uma fusão por incorporação, tal como o Negócios avançou.

Absorver bancos e encolher equipas
São tudo exemplos dos esforços do banco para libertar da sua estrutura ativos que deixaram de ser considerados estratégicos. Isto ao mesmo tempo que vai apostando na venda de carteiras de crédito malparado e imóveis. Tudo com um único objetivo: deixar para trás o legado que herdou do banco chefiado por Ricardo Salgado.

A redução de custos também tem passado pelo corte do número de trabalhadores em Portugal e lá fora. Esta terça-feira, o jornal espanhol El Confidencial avançou que o banco apresentou um plano que afetará 27% do quadro de funcionários em Espanha. Por cá, o número de colaboradores recuou 289 até junho, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Fundos credores do BES processam Estado

Domingo, Outubro 20th, 2019

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Expresso

Transferência de dívida do Novo Banco para o BES, em 2015, motivou novas ações contra Estado e supervisor

á mais fundos internacionais, com sede nas ilhas Caimão, Irlanda e Luxemburgo, a processarem o Estado e o Banco de Portugal (BdP) por conta do Banco Espírito Santo (BES). Mais de cinco anos depois da queda da instituição financeira, continuam a entrar processos nos tribunais portugueses com ela relacionados. Os processos, que deram entrada no final de setembro no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, visam o Estado português, o BdP e ainda o Fundo de Resolução, num valor em torno de €3,5 milhões.

Os autores são o York European Strategic Investors Holding Fund (sediado nas ilhas Caimão mas ligado à americana York Capital), o Hestia Investments (gestora irlandesa que chegou a ser acionista da portuguesa Pharol) e o CCP Credit Acquisition Holdings Luxco (do grupo americano Centerbridge), e todos têm uma coisa em comum: assumem-se como credores do BES. É, aliás, esse o tema do processo.

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Tribunal da Concorrência volta a apreciar recursos de Ricardo Salgado e Morais Pires

Sexta-feira, Outubro 18th, 2019

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Eco

Tribunal da Concorrência volta a apreciar recursos de Ricardo Salgado e Morais Pires

 

Tribunal da Concorrência anulou em 2017 uma coima de 350 mil euros aplicada ao ex-presidente do BES. Entretanto, o Tribunal da Relação aceitou recursos apresentados pelo Banco de Portugal.

O Tribunal da Concorrência retoma na quarta-feira, por determinação do Tribunal da Relação de Lisboa, o processo em que o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, e um administrador foram condenados por contraordenações à lei de branqueamento de capitais.

Em acórdão datado de abril último, o Tribunal da Relação de Lisboa determina que seja proferida nova sentença que, “julgando inverificadas quaisquer questões prévias que obstem ao conhecimento de mérito, determine o prosseguimento dos autos no TCRS como recurso de impugnação judicial, aprecie os requerimentos probatórios dos sujeitos processuais e impulsione os autos para julgamento do mérito dos recursos”.

Em causa estão os pedidos de impugnação apresentados por Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires às coimas que lhes foram aplicadas pelo Banco de Portugal por contraordenações à lei de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, enquanto administradores do BES.

O processo que originou a condenação de Ricardo Salgado ao pagamento de uma coima de 350.000 euros e de Amílcar Morais Pires ao pagamento de 150.000 euros – António Souto, condenado a uma coima de 60.000 euros, não recorreu, o mesmo acontecendo com o BES (25.000 euros) – alegava que, devido à omissão dos três responsáveis, o BES não aplicava medidas de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo nas sucursais e filiais do BES de Angola, Cabo Verde, Miami e Macau.

Nos pedidos de impugnação que deram entrada no TCRS a 30 de maio de 2017, cerca de um mês depois de conhecida a decisão do Banco de Portugal, os arguidos alegavam que apenas dispuseram de 30 dias úteis para apresentar defesa depois de notificados da acusação, quando o processo contava com sete volumes (com mais de duas mil folhas), 36 anexos (com 11 mil folhas) e 32 pastas em suporte digital.

Na sentença, o juiz afirmava que “apresentar os meios de prova coligidos como fez o Banco de Portugal ou nada enunciar equivale na prática ao mesmo”.

“Com vista ao cumprimento efetivo do direito de defesa, o Banco de Portugal haveria de apresentar a prova de forma sistemática, coerente e organizada, tudo de molde a que a consulta dos autos pelos arguidos se processasse com suficiente e cabal compreensão dos elementos probatórios existentes”, acrescentava.

Para a Relação de Lisboa, o juiz do TCRS fez uma “incorreta interpretação e aplicação” do artigo 50.º do Regime Geral das Contraordenações, o qual “apenas exige que sejam comunicados aos arguidos os factos que lhe são imputados, a respetiva qualificação jurídica e sanções em que incorrem”, salientando que os arguidos tiveram acesso ao processo e exerceram “o seu direito a serem ouvidos e a defenderem-se”, pelo que conclui que foi respeitado o seu direito de defesa.

O juiz Sérgio Sousa já mostrou discordar do entendimento da Relação na sentença proferida no passado dia 09 de setembro, no âmbito do recurso apresentado pelo Montepio e oito antigos administradores ao pagamento de coimas no valor total de 4,9 milhões de euros, cuja decisão foi igualmente a de declaração da nulidade da acusação e das notificações emitidas e a devolução do processo ao BdP, para que este profira “nova decisão isenta dos vícios que decretaram a nulidade”.

Na sentença de 09 de setembro, o TCRS reafirmou o entendimento de que deve ser garantido um “cabal e efetivo direito à defesa”, pois “só pode ser contrariado o que razoavelmente puder ser conhecido e os meios de prova a apresentar só o podem ser com completude quando se conheça de forma plena o objeto dos autos”.

Novo Banco ganha 6 milhões com venda da GNB Vida

Sexta-feira, Outubro 18th, 2019

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Negócios

O banco liderado por António Ramalho concluiu a venda da seguradora GNB Vida à Apax Partners, por 123 milhões de euros. Uma operação que permitiu ao Novo Banco gerar uma mais-valia de 6 milhões de euros.

A GNB Vida passou oficialmente para as mãos da Apax Partners. E tem um novo nome: Gama Life. De acordo com o Novo Banco, até agora dono da seguradora, a operação custou 123 milhões de euros e traduz-se numa mais-valia de seis milhões de euros. Isto naquele que foi mais um passo no processo de desinvestimentos de ativos que não são considerados estratégicos.

“O Novo Banco informa que concretizou a venda da totalidade do capital social da GNB – Companhia de Seguros de Vida à GBIG Portugal, uma sociedade totalmente detida por fundos geridos pela Apax Partners”, de acordo com o comunicado enviado esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Segundo o banco liderado por António Ramalho, o “valor de venda ascendeu a um preço fixo inicial de 123 milhões de euros acrescido de uma componente variável de até 125 milhões de euros indexada a objetivos de distribuição constantes do contrato entre o Novo Banco e a GNB Vida para distribuição de produtos de seguros vida em Portugal por um período de 20 anos”.

Já o “montante fixo da operação comunicado a 12 de setembro de 2018 foi de 190 milhões de euros sendo o valor obtido no fecho da mesma de 168 milhões de euros”. Uma diferença que o banco justifica com a “venda de imóveis da seguradora”, que aconteceu entretanto. O banco que resultou da resolução do Banco Espírito Santo, no verão de 2014, adianta ainda que esta operação permitiu registar uma mais-valia de seis milhões de euros.

Em conjunto com esta operação, os novos donos da seguradora decidiram também lançar uma nova marca, de acordo com um comunicado da Apax. A entidade até agora detida pelo Novo Banco perde o nome de GNB Vida e passa a ser reconhecida por Gama Life.

Venda sem impacto no mecanismo de capital 
Quanto ao Mecanismo de Capital Contingente, no qual se inclui a GNB Vida, o montante não sofre qualquer alteração com esta venda e mais-valia. Isto porque, de acordo com fonte oficial do Novo Banco, os impactos já tinham sido registados anteriormente.

“Esta transação representa mais um importante passo no processo de desinvestimento de ativos não estratégicos do Novo Banco, prosseguindo este a sua estratégia de foco no negócio bancário”, refere, por fim, a instituição.

A entidade tem vindo a apostar na venda de carteira de crédito malparado e imóveis, mas também na alienação de ativos que deixaram de ser considerados estratégicos. Nos primeiros seis meses do ano, o Novo Banco quase duplicou os prejuízos para 400 milhões de euros.

Ex-administrador do BES “estranha” coima por violação de normas de prevenção

Sexta-feira, Outubro 18th, 2019

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Eco

Ex-administrador do BES “estranha” coima por violação de normas de prevenção

Ex-administrador do BES declarou no tribunal “estranheza” por ser arguido num processo de contraordenação do Banco de Portugal por violação das normas de prevenção de branqueamento de capitais.

O ex-administrador do BES Amílcar Morais Pires declarou, no Tribunal da Concorrência, em Santarém, “estranheza” por ser arguido no processo de contraordenação do Banco de Portugal por violação de normas de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.

O início do julgamento acontece depois de o Tribunal da Relação de Lisboa ter revogado, em abril último, a sentença proferida pelo Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS) que, em dezembro de 2017, declarou nula a acusação administrativa por entender que o Banco de Portugal não tinha garantido o “efetivo direito de defesa” dos arguidos, devolvendo-a ao supervisor para, querendo, voltar a proferir decisão “isenta dos vícios que afetam a sua validade”.

Numa sessão em que esteve igualmente presente Ricardo Salgado, Morais Pires relatou detalhadamente o seu percurso no BES, onde ingressou em 1986 (no então Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa), assumindo a direção do departamento de mercados financeiros e estudos em 2004, ano em que passou a integrar a administração e o Conselho Executivo do banco, e, em 2012, do departamento de desenvolvimento internacional, que dirigiu até à sua saída, em 2014.

Morais Pires explicou que foi nesta fase final que a área internacional ficou sob a sua alçada, garantindo, contudo, que nunca teve qualquer responsabilidade na gestão de sucursais e filiais do banco.

Morais Pires reafirmou igualmente não perceber a acusação relativa ao ES Bank Miami, por ser supervisionado pelas autoridades norte-americanas, que nunca reportaram qualquer anomalia nesta matéria, e, no caso de Macau, disse que foi certificado o sistema de controlo interno do banco.

Em Cabo Verde, o BES possuía “pequeníssimas unidades”, sendo o controlo e a formação aos colaboradores em matéria de prevenção assegurado pela direção de ‘compliance’ de Lisboa, disse.

Morais Pires declarou que, dado o recurso frequente a investidores estrangeiros, havia “grande preocupação” com a reputação do banco, pelo que foram sendo implementados mecanismos de controlo interno.

O ex-administrador do BES afirmou que os relatórios de controlo interno apresentados aos administradores nunca reportaram qualquer falha nos mecanismos a funcionar nas sucursais e filiais do banco.

Questionado pelo juiz sobre a sua atividade atual, Morais Pires afirmou que, pelo “estigma” provocado pelos processos que o envolvem, não tem nenhuma ocupação.

O julgamento prossegue no próximo dia 23 com a audição de Paula Gramaça, que foi responsável pelo departamento de compliance.

 

Discussão acesa no Banco de Portugal associou Montepio ao caso BES

Segunda-feira, Outubro 14th, 2019

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Público

João Talone e Costa Pinto confrontaram cúpula do Banco de Portugal, que desvalorizou avisos dos dois conselheiros. Talone sugeriu a interrupção imediata da venda de produtos de subscrição mutualista aos balcões do Banco Montepio

Carlos Costa e Elisa Ferreira foram confrontados, em reunião do Banco de Portugal de Março de 2018, com o comentário de João Talone de que o Montepio “se assemelhava a um esquema Ponzi”, comparável ao BES. Uma denúncia que agitou a cúpula do supervisor.

No final de Março de 2018, dois membros do conselho consultivo do Banco de Portugal (BdP), João Talone, indicado pelo Governo, e João Costa Pinto, na qualidade de presidente da comissão de auditoria, colocaram o governador Carlos Costa e a ainda vice-governador Elisa Ferreira perante um tema fora da agenda da reunião: a relação do Banco Montepio (BM) com a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). E fala mesmo num “esquema Ponzi [sic]”. O assunto, evidentemente, de tão delicado que era, fez faísca: Talone sugeriu a interrupção imediata da venda de produtos de subscrição mutualista aos balcões do banco; Elisa Ferreira perguntou se pretendia que “picasse a bolha”.

Um tema fora da agenda

De tão delicado que era o assunto Montepio, que o BdP nunca o submeteu à avaliação dos conselheiros, pelo menos desde Janeiro de 2017, quando o Estado nomeou João Talone, Francisco Murteira Nabo, Francisco Louçã e Luís Nazaré para o representar. Mas na manhã daquela quarta-feira, finalmente, e pela primeira vez, entrou na discussão, mas por impulso de João Talone (Louçã e Nazaré estavam no estrangeiro), que recebeu a ajuda inesperada de João Costa Pinto (ali por inerência, dado presidir à comissão de auditoria do BdP). A reunião contou com mais um protagonista: a vice-governadora. Como sempre acontece nestas reuniões, cabe ao administrador com a tutela da supervisão financeira, à época Elisa Ferreira, comentar a evolução do sistema financeiro. E foi o que se passou.

As dúvidas de João Talone

Só que, desta vez, a meio do discurso, João Talone pediu a palavra. E interpelou directamente Elisa Ferreira e o governador, Carlos Costa, sobre o relacionamento do Banco Montepio com o seu accionista de controlo (com quase 100% do capital), a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), “por ser uma realidade que se aproximava da do caso BES/GES”. Um dos conselheiros evoca: “Carlos Costa e a Elisa Ferreira manifestaram ambos muita preocupação”.

O que os conselheiros não perceberam foi se, dada a gravidade do assunto, Talone planeara abordar a questão nos termos em que o fez ou se resultou antes de um ímpeto de momento, pois comentou: “O que se está a passar no Montepio assemelha-se a um esquema Ponzi, que se rebentar abrirá um buraco de mais de dois mil milhões de euros.”

E foi quando Carlos Costa e Elisa Ferreira embranqueceram, aflitos – o tema Montepio era um empecilho. E quem terá dado o corpo às balas pelo BdP foi a vice-governadora, explicando que “tinha consciência do problema e que os serviços do BdP tinham vindo a recolher muita informação sobre a matéria”.

Porém, o que João Talone procurava ilustrar era um quadro explosivo (do grupo chefiado por Tomás Correia), a caminhar para um cenário de “ilegalidade” em que o emissor de dívida vende títulos para pagar os encargos da dívida anterior. E dirigindo-se novamente a Elisa Ferreira, questionou-a: “O BdP não deveria suspender de imediato a subscrição de dívida [produtos financeiros] da AMMG vendida aos balcões do banco, que serve para pagar resgates e juros de subscrições anteriores que se estão a vencer?”

Nessa altura, o que alguns conselheiros relatam é que Elisa Ferreira defendeu que era preciso tratar do assunto com pinças. Mas para um ex-vice-governador do BdP, valia a pena aprofundar a questão. E foi quando João Costa Pinto (actual gestor da Fundação Oriente), que “raramente se pronuncia, e quando o faz também nunca sabemos o que é que ele vai dizer, surpreendeu ao intervir para desancar toda a gente”, recorda ao PÚBLICO um dos presentes.

Costa Pinto questiona

A intervenção de Costa Pinto (ex-presidente do BNU e do Grupo Caixa Agrícola) até se revelou mais incisiva, pois acabou a classificar o que se passava na mutualista de “situação escandalosa”. Ao contrário de Talone (ex-administrador do BCP), que exibira números arredondados, apresentou-os ao milímetro. E Costa Pinto clarificou que “as novas subscrições já não vão servir apenas para pagar as anteriores, e evitar rupturas. O programa de colocação de produtos financeiros para 2018, se for completamente cumprido, prevê uma entrada de recursos superior às necessidades estritas do serviço das emissões anteriores. E a dificuldade vai continuar a crescer”.

Com efeito, as dificuldades antecipadas por Costa Pinto acabaram por não se concretizar, porque as subscrições programadas para 2018, de 1,078 mil milhões de euros, ficaram longe do que se viria a verificar-se: apenas 492 milhões. Contas feitas: o saldo foi negativo em 191 milhões, na medida em que os resgates o ano passado foram de 683 milhões (acima do projectado em 655 milhões).

O tema Montepio não desencadeou apenas um longo debate fora da agenda definida para aquele conselho consultivo. Estava igualmente a embaraçar a cúpula do BdP. E desembocou numa troca de impressões acesa entre Talone e Elisa Ferreira, como foi relatado ao PÚBLICO por alguns conselheiros, que viram a vice-governadora agastada: “Vocês pretendem que eu pegue na agulha e pique a bolha?” Leia-se: querem que eu rebente com o grupo? Ao que Talone contrapôs: “Não é preciso picar, basta encostar a agulha.” Traduzindo de novo: ameaçar.

A vice-governadora acabou por interpelar: “Porque é que criticam tanto e não nos ajudam, por exemplo, lendo o código do mutualismo que está em discussão [em 2018] e fazendo contributos?” Talone (à frente do fundo de private equity Magnum Capital) replicou: “Eu nem gosto de mutualistas.” E justificou-se com a experiência na Holanda quando liderou a seguradora Eureko.

“Somos todos bem-educados”

Então, Elisa Ferreira terá evidenciado que fora implementada, por pressão do BdP, entre a AMMG e o Banco Montepio (BM), um sistema de portas estanques, de controlos rígidos, para separar os interesses estritos da actividade bancária dos da AMMG.

Perante a explicação, Talone, que conhece bem a matéria, avançou com um novo argumento de que, “em Inglaterra, o sistema é muito regulado e por mais regulamentos que se façam, se se fixarem objectivos e metas de venda de produtos aos trabalhadores, é impossível evitar o misselling [venda enganosa]”. E reforçou a sugestão: “O tema do Montepio tem de ser resolvido na origem.” Ou seja: acabar com a venda de produtos financeiros (modalidades de capitalização) da mutualista aos balcões do BM.

Outros conselheiros discordavam dele, dadas as ligações históricas existentes entre o banco e a mutualista, e o facto de o banco ter de permanecer como um instrumento da recuperação da AMMG.

Mais do que confusão, o que se sentiu numa parte da reunião, foi tensão, como sublinhou um dos presentes: “Somos todos bem-educados e a conversa decorreu sempre dentro das regras, não me lembro de nenhum momento de exaltação.” Ainda assim, “confirmo que o Talone fez perguntas sobre o Montepio, tema de que o conselho até hoje não voltou a falar”.

Um outro conselheiro deu a seguinte opinião: “Foi pena que o [Francisco] Louçã não tivesse participado, pois ele prepara-se bem e teria contribuído para a discussão, mais até do que o [Luís] Nazaré que faz sempre as perguntas certas mas, às vezes, anda muito ocupado […]. Ambos tentam preservar alguma liberdade de espírito […].” Pelas descrições, percebe-se que Murteira Nabo “não se pronunciou grande coisa”, circulava fora de órbita.

No entanto, no BdP há quem opte por se “fazer de morto”, ficando em silêncio. É que confrontado pelo PÚBLICO sobre que posição tomou enquanto Talone, Costa Pinto e Elisa falavam, um dos conselheiros que falaram com o PÚBLICO, revelou: “Eu? Não disse nada, ouvi com muita atenção e tirei notas.”

Por seu turno, confrontada (por telefone) pelo PÚBLICO, Elisa Ferreira observou que “não faz sentido estar a comentar assuntos de um órgão reservado, onde o diálogo tem de ser franco e aberto, onde se deve estar à vontade para falar”. E acrescentou que “nunca sentiu momentos de tensão e sempre houve troca de impressões franca e aberta”. E opinou: “Não vejo onde está a notícia.”

Mas entende-se por que razão Talone introduziu o tema na discussão. A missão dos membros do conselho nomeados pelo Governo é proteger os interesses do Estado, o que passa por assegurar a estabilidade do sistema financeiro, logo, garantir a solvabilidade do grupo Montepio, que gere poupanças e reformas futuras de parte substancial dos mais de 600 mil associados (os que subscreveram, por exemplo, produtos financeiros aos balcões da CEMG, agora BM, que desde 2010 acumula prejuízos com destruição de capital mutualista).

Naquela quarta-feira, 28 de Março de 2018, o tema Montepio ia constar do cardápio dos órgãos de comunicação social. Ao final da tarde, os associados da mutualista iam juntar-se em assembleia geral para aprovar as contas de 2017. E já era do conhecimento público que, para evitar ter de assumir uma situação líquida negativa, o Estado concordara em dar à AMMG um crédito fiscal de 805 milhões de euros, o impacto da medida só seria sentido a posteriori (quando os lucros futuros ficarem sujeitos a pagamento de impostos, dado que até ali estavam isentos).

Actas e minutas

Assim que terminou o conselho consultivo, o vice-governador Luís Máximo dos Santos encaminhou-se para Talone, que estava acompanhado de outro conselheiro, para lhe transmitir: “Fez muito bem em tocar no assunto [Montepio].”

Por via das dúvidas, Elisa Ferreira foi também ter com Talone, e com Carlos Costa a assistir, sugeriu-lhe: “Por que é que não dá uma palavrinha ao ministro das Finanças sobre o que aqui disse?” O gestor de fundos não se considerava pombo-correio e clarificou que o faria, sim, mas com a condição de o BdP incluir a matéria sensível na acta da reunião, apesar de não constar da agenda. Na qualidade de secretário-geral do BdP, José Queiró participava no conselho e tirava apontamentos.

Acontece o seguinte: quando Francisco Louçã chegou em 2017 ao BdP verificou que o conselho consultivo, um órgão de gestão formal, não produzia actas, e propôs que passasse a tê-las. Perante as resistências levantadas ao mais alto nível, o economista apenas conseguiu que se escrevessem minutas, com menção às presenças e à agenda oficial da reunião.

E quando a minuta do conselho consultivo de 28 de Março de 2018 chegou a Talone, este constatou que o BdP mantinha o ritual de negação que frequentemente encarna, pois no documento o tema Montepio foi suprimido.

Interrogado pelo PÚBLICO sobre o teor do conselho consultivo de 28 de Março de 2018, onde associou o Montepio a um “esquema Ponzi”, João Talone mostrou-se surpreendido, ficou em silêncio a ouvir as questões. Não as desmentiu, nem as confirmou, e deu por encerrada a conversa: “Não posso comentar esses assuntos.”

Por seu turno, também interrogado sobre a mesma matéria, João Costa Pinto também não desmentiu, nem confirmou: “Deve compreender que não posso falar, estou obrigado a sigilo, e já nem faço parte do conselho”. Aquele aliás foi último conselho consultivo em que João Costa Pinto participou, tendo entretanto assumido funções como membro do conselho geral da AMMG desde Março deste ano, pela lista de Ribeiro Mendes, adversário de Tomás Correia.

Na sala onde o conselho consultivo se reuniu, a 28 de Março de 2018, apresentaram-se o governador (Carlos Costa) e os dois vice-governadores (Elisa Ferreira e Máximo dos Santos), a administradora Ana Paula Serra, o presidente da comissão de auditoria (Costa Pinto), os anteriores governadores António Sousa e Tavares Moreira (Vítor Constâncio estava no BCE), a presidente do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, Cristina Casalinho, o delegado do governo dos Açores, Roberto Amaral, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Fernando Faria de Oliveira, e ainda João Talone e Murteira Nabo.

O retrato da reunião fica fechado com José Queiró (ex-responsável pelo Departamento de Serviços Jurídicos), o secretário-geral que regista o que se passa, e com Helena Adegas, directora do BdP, que ali está para clarificar as dúvidas, entre outros.

A troca de opiniões acesa entre conselheiros e a cúpula do BdP poderá, afinal, ter tido desenvolvimentos. É que no dia 19 de Abril de 2018, em entrevista ao Negócios, o ministro das Finanças, Mário Centeno, prestou estas declarações: “Se a Associação Mutualista Montepio precisar, o Governo ‘deve estar disponível’ para a ajudar”.

Ano e meio depois, a expectativa seria que as autoridades tivessem, entretanto, enfrentado a realidade. Pelo menos, ao nível da governação do grupo Montepio, a instabilidade continua destacada na agenda mediática. A próxima reunião do conselho consultivo do BdP está marcada para a segunda quinzena de Novembro.

Rui Pinto diz ter provas de desvio de 600 milhões do BES

Segunda-feira, Outubro 14th, 2019

Citamos

Económico

“A realidade é ainda mais sombria, o desvio concreto ultrapassou os 600 milhões”, denuncia o hacker na rede social Twitter.

hacker Rui Pinto recorreu ao Twitter para criticar a justiça portuguesa, desta vez sobre o caso do BES, depois de na quinta-feira ter dito que é “muito grave o que se passa no Ministério Público” relativamente ao caso de Tancos.

“Os lesados do BES manifestaram-se, recentemente, em Paris, e pediram uma vez mais que lhes devolvam as poupanças acumuladas numa vida de trabalho árduo. Os lesados sentem-se traídos por um estado, e uma justiça, incapazes de punir uma fraude colossal. Um crime que poderá passar impune”, começa por apontar o hacker numa nova publicação na sua página do Twitter

Rui Pinto@RuiPinto_FL

Ver imagem no Twitter

“Ao ver essa reportagem só conseguia pensar num inquérito relacionado com o BES, e que se encontra estagnado desde 2015, onde um arguido está a ser investigado por um desvio de 80 milhões de euros. Mas, infelizmente a realidade é ainda mais sombria, o desvio concreto ultrapassou os 600 milhões”, revela Rui Pinto.

O hacker acrescenta que conseguiu “compilar diversa documentação, incluindo extractos bancários, que demonstram, entre outros, a criação de empresas meramente instrumentais, depósitos fictícios, e transferências bancárias para offshores como as Ilhas Virgens Britânicas e as Seychelles”.

Rui Pinto, colaborador do Football Leaks, foi acusado pelo Ministério Público de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, sete deles agravados, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão.

Além dos acessos ilegais aos servidores do Sporting e da Doyen Sports, fundo de investimento alvo da tentativa de extorsão, a acusação agora deduzida também abrange crimes envolvendo outros organismos.