Acusação a Ricardo Salgado põe partidos em uníssono: justiça deve ser mais rápida

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A acusação ao antigo banqueiro, conhecido como “dono disto tudo”, colocou os partidos a pedir mais meios para a justiça. Do lado da direita, há elogios a Pedro Passos Coelho, enquanto à esquerda o BE troca acusações com o antigo administrador José Maria Ricciardi, que não foi envolvido na acusação

acusação deduzida contra Ricardo Salgado e outras 24 entidades no caso BES, conhecida esta terça-feira, harmonizou as críticas vindas da esquerda e da direita: a justiça em Portugal ainda é lenta, mesmo quando se trata “do maior crime financeiro” da história portuguesa.

Ao longo da semana, as trocas de acusações estenderam-se até ao antigo administrador do Banco Espírito Santo, José Maria Ricciardi, que a deputada do BE Mariana Mortágua estranha não ver na lista de acusados do Ministério Público. Ricciardi, que é também primo de Ricardo Salgado, não gostou que fossem levantadas dúvidas acerca da sua inocência e sugeriu que a deputada bloquista deveria “desaparecer de vez”.

Depois de ter sido conhecida a acusação a Ricardo Salgado, seis anos depois do início do processo BES, Ricciardi afirmou que se tivesse sido ouvido a tempo o banco poderia ainda existir. Mas para Mariana Mortágua, essa contestação à liderança de Salgado aconteceu apenas “quando deu jeito a José Maria Ricciardi”. A deputada do BE acrescentou que não acredita que Ricciardi, enquanto presidente do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI), não soubesse o que se estava a pensar na instituição que administrava. “Acho que só não sabe porque não quer”, declarou. Mortágua lembrou que, apesar de ter sido ilibado, Ricciardi recebeu todo o seu dinheiro que “através da ESI (Espírito Santo Internacional), e que fez as transferências através de um veículo, nas Ilhas Virgens Britânicas”.

“O caso do BES não é uma agulha no palheiro. O caso do BES mostra-nos como a economia portuguesa está”, afirmou Mortágua na TVI24. Ricciardi não gostou e acusou a deputada de se achar “a nova dona disto tudo” e sugeriu que se “reduzisse de vez ao silêncio”. Mas a deputada não se calou e respondeu no Twitter, com várias referências ao processo que o banqueiro garantiu que a deputada não tinha lido.

Também Rui Rio criticou a demora em torno do processo “do maior crime financeiro” da história de Portugal, ainda que não estranhe os prazos “em linha com o habitual nível de eficácia” e antecipa que a decisão dos tribunais seja igualmente lenta. O líder do PSD elogiou ainda o seu antecessor, Pedro Passos Coelho, por ter tido a coragem que dizer “não” a um homem “poderoso”, quando em 2014 o banqueiro lhe foi pedir apoio para o BES através da Caixa Geral de Depósitos. “Não foi travar um criminoso foi travar alguém que tinha muito poder, um poderoso, e aí é que reside o acto que ele e que eu próprio na altura elogiei e não me cansarei de elogiar”, declarou esta sexta-feira.

 

 

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