Auditoria do FMI acusa Carlos Costa e governador defende-se em carta

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RTP

O Gabinete Independente de Avaliação do Fundo Monetário Internacional decidiu fazer uma auditoria independente à atuação da própria instituição durante o programa de ajustamento português. Os auditores concluíram que o exame aos bancos deveria ter sido independente do Banco de Portugal e que o programa falhou neste sector, apesar de sinais de fragilidade. Carlos Costa é alvo de duras críticas, mas o governador defendeu-se numa carta. Aponta “falta de rigor” e “graves erros factuais” à análise.

A carta do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, foi incluída num dos relatórios que analisa o sector financeiro, assinado pelo francês Nicolas Véron, investigador do grupo Bruegel, considerado um dos nomes mais influentes da finança internacional.

No relatório publicado quinta-feira pelo FMI, Véron não poupa críticas ao banco central e as críticas são diversas em relação à forma como se respondeu às fragilidades do sector bancário português.

No que diz respeito, por exemplo, ao Banco Espírito Santo (BES), o relatório refere que o Banco de Portugal deu garantias sólidas sobre aquela instituição bancária aos técnicos do FMI, quando foi confrontado com dúvidas surgidas 2011.

“Técnicos do Departamento Europeu do FMI, antigos funcionários da Comissão Europeia e do Governo português argumentaram em entrevistas que começaram a ter dúvidas sobre a saúde financeira do BES logo em 2011, mas receberam repetidas garantias do Banco de Portugal e portanto não investigaram mais o assunto”, pode ler-se nodocumento assinado por Véron.

O investigador refere ainda que, em dezembro de 2013, já havia muitas notícias na comunicação social que apontavam para uma situação problemática no BES.
FMI deveria ter insistido no caso BES
Nicolas Véron alertou ainda que a troika deu mais atenção aos problemas orçamentais do que aos problemas financeiros e que o exame aos bancos deveria ter sido independente do BdP.

De acordo com este investigador, as consequências foram graves e o custo público da resolução poderia ter sido mais baixo. “Se o FMI tivesse insistido para que o problema do BES fosse abordado de forma mais assertiva no final de 2013 ou início de 2014, o custo público da resolução seria certamente inferior e, pelo menos, algumas das controvérsias teriam sido evitadas”.

O governador do BdP argumenta numa carta datada de 14 de julho de 2016 que o relatório tem “graves erros factuais” e usa artigos de jornais como ponto de partida para fazer análises, o que considera ser “inaceitável”, por resultar de “alegações graves e tendenciosas, sem rigor e altamente especulativo”.

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