BdP vai contratar assessor para vender Novo Banco

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Relançamento do concurso abre oportunidade para bancos de investimento. Escritório de advogados VdA será o assessor jurídico.

O Banco de Portugal (BdP) anunciou ao início da tarde de sexta-feira que vai retomar o processo de venda da participação do Fundo de Resolução no Novo Banco. Os moldes do processo ainda não são conhecidos, mas é certo que a equipa de assessores financeiros será reforçada, eventualmente com a substituição do BNP Paribas e do TC Capital, que apoiaram a primeira tentativa de venda do banco liderado por Eduardo Stock da Cunha.

O anúncio do relançamento da venda do Novo Banco constitui, assim, uma oportunidade de negócio para os bancos de investimento e ‘boutiques’ financeiras. Em causa, além de um chorudo contrato com o vendedor, o Fundo de Resolução, estão as possibilidades de assessorar os vários potenciais interessados à compra do Novo Banco. Na corrida poderão estar bancos como o Santander, o BBVA e o Popular, para além de entidades internacionais como a Apollo Global Management.

No comunicado divulgado na sexta-feira, o supervisor informou que irá agora reforçar a equipa de assessores financeiros, “através de convite para apresentação de proposta para prestação de serviços”, garantindo que esta contratação não “implicará qualquer acréscimo de custos com serviços de assessoria no âmbito do processo de venda”.

Recorde-se que a assessoria jurídica está a ser prestada pela Vieira de Almeida & Associados e pela Allen & Overy. Assim, na parte financeira, poderá haver substituição dos anteriores assessores.

Qualquer decisão sobre o modelo de venda e os termos de referência para a venda da posição “serão tomadas numa fase posterior”, avança ainda o regulador.

O anterior processo de venda foi cancelado em Setembro, depois de o Banco de Portugal ter concluído que as três propostas finais que tinha em cima da mesa – da Fosun, Anbang e Apollo – não reflectiam o valor da instituição e provocariam perdas relevantes para o Fundo de Resolução.

Depois disso, houve vários desenvolvimentos que influem no processo de venda. Foram conhecidos os resultados dos testes de stress ao Novo Banco, revelando as suas necessidades de capital; este foi reforçado com a passagem de responsabilidades (dívida) para o BES, operação avaliada em cerca de dois mil milhões de euros e que continua a gerar polémica; e Sérgio Monteiro foi contratado pelo Banco de Portugal para liderar este novo processo de venda do Novo Banco.

Esta semana deverão conhecer-se os detalhes processuais, como os prazos do concurso e as modalidades da venda. Ao contrário da primeira tentativa, que teve lugar com a venda da totalidade do capital, nesta segunda tentativa a alienação poderá ser feita por fases ou mesmo incidindo apenas sobre uma parte do capital do banco.

Operação milionária

como segundo assessor financeiro, a TC Capital, sediada em Londres, sendo que o trabalho já tinha começado em Outubro de 2014. Tratou-se de um ajuste de 800 mil euros, a juntar aos 15 milhões que o Banco de Portugal teria de pagar ao BNP Paribas, o assessor financeiro escolhido no auge da crise do Banco Espírito Santo. Este último ajuste directo prevê o pagamento de 250 mil euros por mês e uma remuneração pelo sucesso, no valor de dez milhões.

Já o contrato com a TC Capital estipula uma remuneração mensal de 30 mil euros, e um prémio de sucesso de 500 mil euros. Até ao cancelamento da venda do Novo Banco, o Banco de Portugal já tinha assumido custos superiores a 17 milhões de euros com os seus assessores jurídicos e financeiros.

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