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BES: Petracchini pede absolvição e considera “infundada” acusação do BdP

Quinta-feira, Setembro 9th, 2021

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Economia ao Minuto

A defesa de Gherardo Petracchini pediu hoje, ao Tribunal da Concorrência, a absolvição do antigo administrador da Espírito Santo Finantial Group (ESFG), considerando a acusação do Banco de Portugal no âmbito do processo BESA “infundada”.

Nas alegações finais do julgamento dos recursos às coimas aplicadas pelo Banco de Portugal (BdP) nos processos BESA e Eurofin, que decorre no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém, Carlos Almeida Lemos afirmou que Petracchini nunca teve qualquer função ou responsabilidade em matéria de controlo interno, pelo que nunca deveria ter sido condenado.

O BdP condenou Petracchini ao pagamento de uma coima de 150.000 euros, suspensa em três quartos do seu valor por cinco anos, pela prática de duas infrações (não implementação de sistemas de controlo interno e ausência de identificação das deficiências de controlo interno pela ESFG), tendo o Ministério Público, nas suas alegações, pedido a condenação por admoestação por não ter sido provada a sua participação nos factos de que vinha acusado, relacionados com a exposição do BES à carteira de crédito do BESA.

Para Almeida Lemos, “para haver admoestação era preciso haver culpa”, pelo que, no seu entendimento, o Tribunal deve decidir pela absolvição, já que, disse, Petracchini não tinha nem competências diretas nas áreas visadas nem consciência de que tais atos tivessem sido praticados ou suspeita da existência de qualquer irregularidade.

Sobre a alegação do BdP, contrária à admoestação, de que dois outros administradores da ESFG condenados a coimas de 120.000 euros suspensas em três quartos por cinco anos, um deles já falecido (José Castella), não recorreram para o TCRS, tendo sido sancionados, o advogado remeteu essa decisão para o âmbito da estratégia pessoal e financeira de cada um.

Segundo disse, Petracchini, que nunca viveu em Portugal (tem nacionalidade italiana e francesa e trabalhou na praça de Londres) e integrava a comissão executiva da ESFG (com sede no Luxemburgo) por convite de Ricardo Salgado para dinamizar a área comercial e de negócios, ficou “nas ruas da amargura” e com a carreira “completamente estragada”.

Carlos Almeida Lemos afirmou que, depois de ter tido conhecimento do lamento do ex-administrador Rui Silveira, de estar a viver com um terço da sua pensão (6.000 euros), Petracchini comentou que recebe “zero”, estando a viver num “apartamento modesto” e com a ajuda de familiares.

O advogado criticou o “sistema inquinado” que permite a uma mesma entidade administrativa supervisionar e condenar, em processos que demoram anos, arrastando situações em que as pessoas “ficam com o nome na lama”, o que, no caso do seu cliente, significa que não consegue trabalho no mercado europeu na área que domina.

Almeida Lemos sublinhou o facto de Petracchini ser arguido apenas neste processo e não surgir em nenhum outro do universo BES, “nem como testemunha”, estranhando que os diretores que tiveram responsabilidades diretas nas áreas visadas não se tenham sentado no banco dos réus.

Na audiência de hoje, a última antes da decisão, agendada para o próximo dia 30, a juíza Mariana Gomes Machado comunicou duas alterações que implicam a passagem das acusações contra os ex-administradores Rui Silveira e José Manuel Espírito Santo de conduta dolosa para negligente.

Nas suas alegações, Luís Pires de Lima, advogado de Rui Silveira, tinha considerado “infamante” a condenação do ex-administrador do BES a uma coima de 400.000 euros por alegado incumprimento do dever de comunicação da situação da carteira de crédito do BESA ao supervisor, pedindo a sua absolvição.

Também a defesa de José Manuel Espírito Santo pediu a absolvição do ex-administrador do Grupo Espírito Santo da coima de 1,250 milhões de euros aplicada pelo Banco de Portugal pela prática de três infrações no âmbito do processo Eurofin.

Nas suas alegações, Rui Patrício pediu ao tribunal que, caso assim não entendesse, considerasse, então, a admoestação defendida pelo Ministério Público, que considerou o comportamento a imputar a José Manuel Espírito Santo Silva “no máximo negligente” e não doloso, como entendeu o BdP, e apelou a que seja tida em consideração a situação de incapacidade em que se encontra.

No processo BESA/Eurofin estão em causa coimas num total de 17,3 milhões de euros aplicadas pelo Banco de Portugal (BdP).

No primeiro caso, incluem-se infrações como a não implementação de procedimentos que reforçassem ou garantissem o acompanhamento das operações realizadas com o BES Angola, não implementação de processos de análise ao risco de crédito relativamente ao crédito contratado com aquela instituição e “incumprimento dos deveres de comunicação obrigatória” ao BdP dos problemas associados às carteiras de crédito e de imobiliário do BESA.

No processo Eurofin, o BdP imputou a prática de atos dolosos de gestão ruinosa praticados em detrimento de depositantes, investidores e demais credores, desobediência ilegitima a determinações do supervisor e, entre outras infrações, a comercialização, de forma direta ou indireta, de dívida de entidades do ramo não financeiro do GES junto de clientes de retalho.

Ricardo Salgado vai recorrer de multa de 1,8 milhões do Banco de Portugal

Domingo, Janeiro 13th, 2019

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Público

Defesa do ex-presidente do BES acusa supervisor de “interesse em fazer opinião pública e não justiça de forma serena”. O ex-administrador Morais Pires, condenado no mesmo processo, também anunciou que vai recorrer da decisão.

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, anunciou esta quinta-feira que vai recorrer da decisão do Banco de Portugal (BdP), que o condenou ao pagamento de uma multa de 1,8 milhões de euros, numa reacção em que acusa o regulador “de total ausência de imparcialidade e isenção”. A condenação do regulador está associada ao caso BES Angola (BESA) e envolve vários outros administradores do banco, actualmente em processo de liquidação.

“Como habitual, a decisão do BdP foi notificada ao Expresso antes de ter sido notificada a, pelo menos, parte dos arguidos, o que reitera o interesse do decisor em fazer opinião pública e não justiça de forma serena”, refere o comunicado enviado ao PÚBLICO.

O comunicado da defesa de Salgado refere que “face à injustiça desta decisão do regulador (…) interporá recurso para os tribunais, ainda na esperança de que o Estado de direito não cederá a pressões de qualquer espécie”.

A defesa destaca que “apesar de ter determinado o arquivamento parcial das contra-ordenações imputadas ao Dr. Ricardo Salgado”, a decisão agora tomada “formaliza as declarações do Senhor Governador em 3 de Agosto de 2014, que pré-escolheu aqueles que seriam culpados do caso BES (…)”. Lembra que “o Tribunal de Santarém já qualificou estas declarações do Senhor Governador como um ‘excesso argumentativo’, como tendo ‘extravasado o estritamente necessário’, além de serem ‘excessivamente conclusivas’”. E conclui que, “isto aparentemente, ainda não terá sido suficiente para questionar o sistema que distorce o Estado de Direito, mas é revelador da total ausência de imparcialidade e isenção do Banco de Portugal para julgar factos respeitantes ao BES e ao Dr. Ricardo Salgado”.

A defesa culpa ainda o regulador pela crise no BESA: “Quase cinco anos depois de ter sido tomada a ilegal decisão de destruição de uma instituição centenária como o BES, foi proferida esta decisão numa linha estratégica de isolamento de certos arguidos para continuar a dissimular o desprezo que os então responsáveis do BdP conferiram à garantia soberana de Angola de 5,7 mil milhões de dólares, que permitiria ter evitado muitos prejuízos”.

Em causa a garantia dada em 2014 pelo Estado angolano no montante de cerca de 3,3 mil milhões de euros que protegeria o BES do incumprimento dos empréstimos feitos pelo BESA. A garantia acabou por ser revogada em Agosto de 2014 após a resolução do BES.

No âmbito daquele processo, o PÚBLICO noticiou recentemente que Ricardo Salgado sofreu uma derrota ao ver negado por parte do Tribunal de Santarém um pedido para que a administração do Banco de Portugal (BdP) fosse declarada não isenta para tomar decisões nos processos de contra-ordenação movidos contra si.

De acordo com a notícia do Expresso, o supervisor condenou oito dos 18 acusados no caso BES Angola, sendo as infracções mais graves as atribuídas aos administradores Ricardo Salgado (condenado a 1,8 milhões de euros) e Amílcar Morais Pires (condenado a 1,2 milhões de euros).

Morais Pires também anunciou esta quinta-feira à noite que vai recorrer da decisão do Banco de Portugal, considerando que a decisão sobre irregularidades no Banco Espírito Santo Angola “é perversamente injusta e notoriamente interessada”.

O ex-administrador faz ainda referência “a uma acção popular” que intentou contra o regulador, “pelo facto de não terem feito accionar, tendo antes deixado revogar, a garantia soberana de 5,7 mil milhões de dólares (cerca de 4,2 mil milhões de euros) (…)”.

Segundo o Expresso, “o supervisor considera que ficou provado que estes administradores actuaram de forma dolosa para esconder do regulador e dos restantes membros da administração os problemas que o BESA enfrentava”.

Foram ainda condenados o ex-administrador responsável pela auditoria do banco, Rui Silveira, a uma coima de 400 mil euros, as pessoas colectivas Banco Espírito Santo (BES) e o Espírito Santo Financial Group (ESFG) – com coimas suspensas por as referidas entidades estarem em situação de insolvência – e três administradores da ESFG, que só terão de pagar um terço das coimas aplicadas se aceitarem a condenação.

Os restantes sete administradores que estavam acusados – José Manuel Espírito Santo, António Souto, Jorge Martins, José Maria Ricciardi, Joaquim Goes, João Freixa e Stanislas Ribes – terão sido absolvidos. Com Lusa

Notícia actualizada com o comunicado do ex-administrador do BES, Amílcar Morais Pires, a propósito da condenação do BdP.

Gastos do Estado com advogados atingem o valor mais alto desde 2012

Terça-feira, Janeiro 8th, 2019

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Público

Em 2018, os organismos públicos gastaram 21,7 milhões de euros com contratos de consultoria jurídica. Banco de Portugal lidera gastos por causa do BES.

No ano passado, o Estado contratualizou um total de 21,7 milhões de euros com a aquisição de serviços de consultoria jurídica, o que representa um aumento de 63,1% face a 2017. Os dados foram compilados pelo Negócios tendo em conta os contratos publicados no portal Base e são conta do valor mais elevado dos últimos seis anos.

Em 2012, os organismos do Estado publicaram contratos no valor de 10,9 milhões de euros, montante que foi oscilando ao longo do tempo para, em 2018, atingir os 21,7 milhões.

Esta evolução pode também estar relacionada com o aumento do número de contratos publicados. De acordo com o Negócios, em 2018 foram publicados 547 contratos, quando em 2012 tinham sido publicados apenas 257.

De referir também que os contratos referem, em regra, o preço máximo a pagar pelos organismos públicos pela prestação de serviços de consultoria e representação jurídica e, em alguns casos, os serviços não chegam a gastar o estipulado.

Estado já pode entrar no capital do Novo Banco

Sexta-feira, Dezembro 28th, 2018

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Negócios

O Novo Banco já conseguiu um reembolso de 154 milhões de euros pelo regime especial aplicável aos activos por impostos diferidos. Em contrapartida, já emitiu direitos de conversão em acções a favor do Estado.

O Estado já pode entrar no capital do Novo Banco por via do regime especial criado para os activos por impostos diferidos. Só que a Lone Star e o Fundo de Resolução, enquanto accionistas da instituição, podem querer ficar com essa posição. Até porque o Estado não a quer.

Segundo a Interbolsa, em Outubro do ano passado foram emitidos direitos de conversão em acções do Novo Banco para atribuição ao Estado. Este mês, voltou a haver nova inscrição de mais destes direitos.

Estes títulos são constituídos como contrapartida pela geração ou reembolso de créditos tributários originados pelos activos por impostos diferidos registados pelos bancos à luz do regime especial de 2014.

No caso do Novo Banco, como já havia assumido o secretário de Estado das Finanças Ricardo Mourinho Félix, deu-se um reembolso de 154 milhões, sobre o resultado de 2015. E, este ano, já estão em apreciação mais créditos de 122 milhões de euros, relativos a 2016. Com base nas contas de 2017, há créditos tributários estimados de 153 milhões.

“Estima-se que os direitos de conversão a serem emitidos e atribuídos ao Estado na sequência dos resultados líquidos negativos dos exercícios de 2015, 2016 e 2017 lhe confiram uma participação até cerca de 6,5% do capital social do Novo Banco”, escreveu já a instituição financeira no seu relatório e contas semestral.

Só que os accionistas do banco podem vir a adquirir esses direitos, de modo a evitar a entrada do Estado. A Lone Star tem 75% do capital e o Fundo de Resolução uma parcela de 25%. O Fundo de Resolução, com ajuda do Estado, já colocou 4,9 mil milhões no banco, em 2014, acrescido de 792 milhões em 2018 e pode ainda colocar mais 3 mil milhões

A BlackRock guarda um segredo do BES

Quinta-feira, Maio 3rd, 2018

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Púbico

A maior empresa financeira do mundo tornou-se no terceiro maior accionista do BES, quando o banco já estava em dificuldades. Logo após a resolução vendeu as acções, que valeriam zero. Não se sabe a quem, nem por quanto.

Neste negócio talvez só consigamos perceber a famosa “alma” – o segredo. O resto não se consegue explicar. O governador do Banco de Portugal não foi informado, a ministra das Finanças não soube, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) não tinha de saber. Os detalhes não são públicos. Mas a BlackRock conseguiu vender acções do BES quando o banco já estava sob medida de resolução.

Foi, de facto, um “negócio estranho”, como avalia ao PÚBLICO Maria Luís Albuquerque, a então ministra das Finanças. Sobretudo porque depois da resolução, decidida pelo Banco de Portugal (BdP) a 3 de Agosto de 2014, as acções do BES teriam “um valor próximo do zero” no mercado, explica a ex-ministra que, garante, não foi informada desta mudança de donos numa parte significativa do capital do banco.

Depois de várias vezes lhe ter sido colocada a pergunta, sem qualquer resposta, o BdP assegura ao PÚBLICO que o negócio não tinha de ser comunicado ao regulador (que gere o Fundo de Resolução): “As transacções de acções de instituições de crédito que não resultem na alteração da propriedade de uma participação qualificada não têm de ser reportadas ao Banco de Portugal.”

De facto, segundo a lei, apenas as alterações de capital superiores a 10% são consideradas “participações qualificadas”.  Mas a lei diz também que o regulador deve ser informado se a venda possibilitar “exercer influência significativa na gestão da empresa participada”. E essa é a parte que ninguém pode garantir, hoje.

A BlackRock não respondeu a várias tentativas de saber a quem e por quanto vendeu os 4,65% do BES. Ao longo dos últimos dois meses, a empresa americana adiou as suas respostas para, na última semana, declinar qualquer hipótese de entrevista ou resposta escrita. No próximo domingo, o PÚBLICO traça o retrato dos riscos que a BlackRock coloca ao novo sistema económico pós-crise, num trabalho realizado pelo consórcio de jornalistas Investigate Europe.

Ou seja, foi o último accionista a chegar, e o primeiro a partir, no pior ano da história do BES.

Onze dias depois da resolução, a 14 de Agosto, num comunicado oficial do banco, foi noticiado que a BlackRock vendeu as acções, que valeriam zero euros, surpreendendo o Governo e os reguladores. Mais: “A alienação resulta de uma transacção executada fora de balcão”.

Na altura, o jornalista Diogo Cavaleiro do Jornal de Negóciostentou, também sem êxito, perceber o que se teria passado. A CMVM esclareceu-lhe que não tinha de ser informada, uma vez que a cotação bolsista das acções do BES estava suspensa desde a resolução.

O jurista Nuno Garoupa tem, desde 2014, avaliado os efeitos do mecanismo de resolução. Para ele, este negócio da BlackRock pode representar “uma enorme falha regulatória”. Nuno Garoupa explica: “A composição accionista deveria ser acautelada muito tempo antes da medida de resolução pelo normal acompanhamento pelos reguladores (neste caso até mais a CMVM do que o BdP)”. A identidade dos donos do BES depois da resolução devia ser “completamente transparente e sujeita a todo o tipo de autorizações regulatórias depois da medida de resolução. Se a venda aconteceu e foi legal, evidentemente trata-se de um problema da medida de resolução”.

Para Nuno Garoupa esta história revela o “amadorismo” com que foi implementada a resolução. “Que ninguém no BdP, CMVM e antiga ministra saiba com quem e por quanto foi o negócio não é grave, mas sim triste. Porque é o espelho do fracasso da regulação”.

Mas a história continua, ainda que este tema não tenha passado sequer pela exaustiva Comissão Parlamentar de Inquérito ao BES. Não há uma única referência à BlackRock no relatório da Comissão.

A BlackRock não tinha, apenas, acções do BES. Era dona, também, de 254,1 milhões de euros de dívida, distribuídas por cinco linhas de obrigações seniores.

Em 29 de Dezembro de 2015, apenas algumas horas antes da entrada em vigor da Directiva Europeia de Recuperação e Resolução Bancária (BRRD), o BdP – que administrava o Novo Banco – decidiu transferir essas cinco linhas de obrigações para o “banco mau”, o BES. Ou seja, a dívida, que no total valeria dois mil milhões de euros, tornou-se numa pesada perda para os seus donos, como a BlackRock.

Isto aconteceu, curiosamente, um mês depois de o Banco Central Europeu ter pedido ao BdP para preencher uma lacuna de capital de 1,4 mil milhões de euros no Novo Banco. Assim, ao transferir estes 2 mil milhões de euros de dívida para o “banco mau”, o BdP resolveu de facto o défice de capital apontado pelo BCE.

Mas nem o BCE nem o Governo português aplaudiram ou justificaram a decisão do banco central.

O grupo de investidores liderado pela BlackRock disse que iria “boicotar” a dívida portuguesa porque a decisão do BdP criara “danos reputacionais” ao país. Tendo as maiores empresas de investimento do mundo com “raiva” (como descreveu o Financial Times) e ameaçando com uma acção legal, o Governo tentou moderar a crise.

Houve “várias” reuniões no Ministério das Finanças entre a BlackRock, a Pimco e outros representantes de fundos e o Governo. Mas nada resultou.

Tudo isto abriu uma caixa de Pandora de “litígios”, disse um grande investidor ao Financial Times. Mas o processo judicial está a decorrer em Portugal. E essa é uma das razões pelas quais o BdP pode ter escolhido estas cinco emissões da dívida sobre as outras 52 emissões da dívida sénior emitidas pelo Novo Banco: estas eram as únicas cuja resolução de litígios jurídicos se resolvia em Portugal e, também, porque eram detidas por “clientes institucionais” que não estavam tão protegidos como os cidadãos comuns no âmbito da BRRD.

Enquanto os processos judiciais estavam a ser preparados – o escritório de advogados inglês Clifford Chance foi contratado para representar os fundos – a economia portuguesa começou a crescer. E isso deixou o Governo com um pouco mais de confiança para lidar com a pressão.

Miguel Reis e Associados ganham ação BPI condenado em 400 mil euros por títulos do GES

Sexta-feira, Novembro 17th, 2017

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Negócios

A meses da queda do BES e do ESFG, um balcão do BPI vendeu obrigações subordinadas das duas entidades. O cliente do banco perdeu 400 mil euros. Foi para tribunal e conseguiu o reembolso. O BPI vai recorrer.

BES. Lapsos, atrasos e questões processuais impedem envio para o Supremo

Quarta-feira, Novembro 2nd, 2016

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Rádio Renascença

No final do Verão, o Tribunal Administrativo de Lisboa remeteu a resolução do BES para o Supremo Tribunal Administrativo. O processo já devia ter chegado, mas a Renascença apurou que enfrenta a oposição do supervisor e impedimentos processuais.

Manobras jurídicas estão a impedir que o Supremo Tribunal Administrativo se pronuncie sobre a legalidade e constitucionalidade da resolução do BES, decidida pelo Banco de Portugal.

O processo foi enviado no final do Verão, pelo Tribunal Administrativo de Lisboa, tal como a Renascença avançou em primeira mão, mas enfrenta agora a oposição do supervisor e impedimentos processuais.

O Banco de Portugal opõe-se a que o processo suba ao Supremo, indica o último despacho do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, a que a Renascença teve acesso.

Segundo este documento, de final de Outubro, o supervisor enviou um requerimento onde fundamenta a sua oposição com questões processuais e questiona a rapidez com que o processo foi conduzido. Defende ainda que pôr em causa a resolução é diminuir as garantias da instituição.

Além disso, o banco central considera haver questões por resolver na Primeira Instância, pelo que o Supremo não se pode pronunciar sobre processos com questões ainda em aberto.

O despacho aponta duas situações: um requerimento do Banco de Portugal de Março, que não foi visto por ninguém, e um pedido de Janeiro de um particular para ser constituído assistente e ter assim acesso a todo o processo, ainda sem resposta.

O tribunal de Primeira Instância não tem prazo para resolver estas pendências.

Quanto às consequências deste processo, se a resolução for considerada inconstitucional pelo Supremo, os pedidos de indemnização por responsabilidade civil ficam garantidos, num montante por apurar.

A venda do Novo Banco, se ainda não estiver fechada, pode nunca realizar-se ou concretizar-se com perdas. No Orçamento do Estado para 2017, o Governo protege a banca de custos adicionais com este negócio, o que significa que a factura fica nas mãos dos contribuintes. O Estado emprestou 3.900 milhões de euros.

A decisão do Supremo é vinculativa, será aplicada nas centenas de processos que correm nos tribunais do país e pode, assim, comprometer as contas públicas e as metas orçamentais.

Banco de Portugal condena Ricardo Salgado a pagar 4 milhões

Sábado, Junho 4th, 2016

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Diário de Notícias

Ricardo Salgado foi condenado pelo Banco de Portugal, mas pode recorrer

O antigo presidente do BES Ricardo Salgado foi condenado pelo Banco de Portugal (BdP) a pagar uma multa de 4 milhões de euros, além de ficar inibido de exercer qualquer cargo ou atividade no sector financeiro nos próximos 10 anos.

A notícia é avançada pelo semanário Expresso, que diz que a decisão resulta da investigação do Banco de Portugal (BdP) sobre a colocação em larga escala de dívida (papel comercial) da Espírito Santo International junto de clientes do BES e da gestora de ativos do grupo, a ESAF.

Segundo o Expresso, Salgado leva a pena mais pesada no processo de contraordenação instaurado pelo supervisor a 15 administradores do banco, sendo condenado por cinco ilícitos: não implementação de um sistema de informação e comunicação, com dolo; não implementação de um sistema de gestão de risco sólido e eficaz, com dolo; prática de atos dolosos de gestão ruinosa; prestação de falsas informações; e violação das regras sobre conflito de interesses.

Créditos reclamados à ESI e Rioforte sobem 500 milhões de euros em quatro meses

Sexta-feira, Maio 20th, 2016

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Negócios

O valor de créditos reclamados juntos da ESI e da Rioforte ascende a 7,3 mil milhões de euros. O valor ainda pode subir até Outubro de 2016, altura em que fecha o prazo para integrar as insolvências.

Continuam a aumentar as reclamações de crédito nas insolvências da Espírito Santo International e da Rioforte, empresas de topo do Grupo Espírito Santo. Entre Janeiro e Abril deste ano, o total das reclamações agravou-se em 500 milhões de euros.

A Rioforte, que era a sociedade do ramo não financeiro do GES, contava, no final de Abril, com mais de 1.300 declarações de credores, que ascendiam a mais de 3 mil milhões de euros. Números que comparam com as 1.200 reclamações a solicitar a devolução de 2,8 mil milhões de euros, recebidas a 31 de Dezembro de 2015.

O agravamento de 200 milhões de euros junta-se à subida em 300 milhões de euros do montante reivindicado junto da Espírito Santo International. Se em Dezembro, as 1.000 reclamações pediam 4 mil milhões de euros, as 1.100 queixas entradas até ao final de Abril colocaram o valor acima dos 4,3 mil milhões. Os titulares de papel comercial vendido aos balcões do Banco Espírito Santo estão entre os lesados pelas insolvências das empresas, à semelhança da Pharol, já que a antiga PT SGPS investiu 897 milhões de euros em papel comercial da Rioforte que nunca foi devolvido.

Os números relativos às duas maiores sociedades instrumentais do GES, revelados no terceiro relatório dos curadores das insolvências das companhias no Luxemburgo, poderão não ficar por aqui: as reclamações de crédito podem ser entregues até 31 de Outubro deste ano, como deu conta o Negócios. No documento, é explicado que o adiamento se deve à insolvência do Banque Privée Espírito Santo, que pertencia ao grupo encabeçado por Ricardo Salgado (como concluiu a comissão de inquérito), já que o liquidatário daquele banco na Suíça está ainda a definir as modalidades das declarações de dívida. Também no Privée foram comercializados títulos de dívida da ESI e da Rioforte que não foram devolvidos.

Os valores finais das empresas ainda não estão definidos, até porque há activos disponíveis para venda ou outros cuja alienação está suspensa devido ao arresto de bens determinado pela justiça portuguesa (casos da Herdade da Comporta e da empresa de imobiliário ES Property).

Em relação à ESI, as reclamações de 4,3 mil milhões de euros não são satisfeitas pelos bens depositados, que ascendem, ao câmbio actual, a 143,5 milhões de euros: é cerca de 3,3%. No caso da Rioforte, há 139 milhões de euros na posse da empresa (ainda que 28,6 milhões arrestados pela justiça) para compensar 3 mil milhões de euros em dívida, ou seja, pagam 4,6% dos créditos reivindicados.

 

Neste momento, os curadores das insolvências das duas empresas não conseguem fazer uma estimativa das eventuais recuperações, sublinham no documento.

CMVM: Um ano de investigação ao BES sem conclusões. Resultados “em breve”

Quinta-feira, Março 24th, 2016

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TSF

Regulador dos mercados investiga há um ano 80 casos de negociação suspeita de ações do BES. Resultados “em breve” podem apontar para irregularidades que o mercado considera “muito difíceis de provar”.

Foi há um ano que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) lançou uma investigação sobre 80 casos deinside trading (negociação de ações com acesso a informação privilegiada) de ações do Banco Espírito Santo (BES) nas semanas que antecederam a resolução do banco. As diligências estão “quase concluídas”, mas ainda não produziram resultados públicos, que o regulador promete para “muito breve”.

As 80 averiguações “envolveram a recolha de um volume de dados sobre transações extremamente elevado e a obtenção de informação relevante junto de intermediários financeiros, investidores e entidades oficiais nacionais e internacionais”, afirma a CMVM à TSF. Fonte oficial do regulador ilustra essas dificuldades com um exemplo: “uma dessas entidades levou cerca de um ano a responder às solicitações. Tornou-se ainda necessário obter informação presencial junto de investidores estrangeiros não europeus, o que ainda está a acontecer neste momento”, revela, concluindo que esta é “uma análise extremamente complexa e de difícil obtenção de prova”. No entanto, a Comissão garante, em resposta escrita, que “dada a relevância do caso, a CMVM tenciona apresentar muito brevemente um relatório detalhado desta investigação, naturalmente com salvaguarda dos deveres de sigilo a que está obrigada”.

Fontes do mercado contactadas pela TSF – e que preferiram não ser identificadas – alinham no raciocínio: embora considerem “muito possível” que tenha existido inside trading, sublinham que essa infração é “muito difícil de provar”, pelo que não preveem que a CMVM reencaminhe uma grande parte das conclusões das 80 averiguações para o Ministério Público.

O minuto da morte

A análise do último dia de negociação de ações do banco mostra o caos que envolveu os títulos. Só nessa jornada de negociação, a 1 de agosto – a sexta-feira anterior à resolução – as ações do banco caíram mais de 70%.

O último suspiro do BES é um espelho da atividade invulgar em torno dos títulos do banco verificada nessa semana. As ações do Banco Espírito Santo negociaram pela última vez às 14h42. Ao longo desse derradeiro minuto, foram feitos 147 negócios que envolveram a troca de mãos de quase 3 milhões e meio de ações no valor total de pouco mais de 400 mil euros. Esta quantidade de transações – em apenas 60 segundos – é muito superior ao habitual. “Numa situação normal chega a haver apenas um negócio por minuto. Estamos a falar de quase 150”, sublinha uma fonte do mercado.

A investigação da CMVM

Em março de 2015 o presidente da CMVM revelava, no parlamento, as suspeitas da comissão sobre 80 casos de inside trading (negociação de ações com acesso a informação privilegiada). O perfil dos investidores em causa até já estava traçado: “predominam os institucionais (maioritariamente estrangeiros), os particulares (maioritariamente nacionais) e osinsiders permanentes, pessoas com ligação ao BES”, avançou Carlos Tavares numa audição na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso Espírito Santo.

O presidente do regulador chegou mesmo a afirmar que “não se pode excluir a hipótese de haver algumas participações ao Ministério Público”.

Tavares revelou ainda que pediu informações ao Novo Banco, ao Ministério das Finanças, aos auditores e à Comissão Europeia, para saber quem teve conhecimento do que estaria a ser preparado no BES. Todos responderam exceto a Comissão Europeia.

A última semana de negociação das ações do BES, entre 28 de Julho e 1 de Agosto de 2014, deu origem a uma polémica entre a CMVM e o Banco de Portugal, depois de o regulador da banca não ter avisado o regulador dos mercados acerca da resolução do BES. Sem essa informação, a CMVM não suspendeu a negociação dos títulos do banco, que perderam dois terços do seu valor em poucos dias. Só nos últimos dois dias, os investidores particulares compraram 235 milhões de ações do BES.