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Nova associação oficializa divisão entre lesados do papel comercial do GES

Sexta-feira, Março 3rd, 2017

Citamos

Negócios

Há duas associações que tentam defender a recuperação do capital dos investidores do grupo BES que adquiriram papel comercial do Grupo Espírito Santo. A última a ser criada contesta a solução promovida pelo Governo.

Há uma nova associação que representa clientes do Banco Espírito Santo que subscreveram títulos de papel comercial de sociedades do Grupo Espírito Santo. Neste caso, são investidores que não concordam com a solução promovida pelo Governo em que quem investiu mais capital recupera menos dinheiro.

 

A Associação Lesados Papel Comercial (ALPC), cujo presidente é Mário Lopes, tem como objectivo a “protecção e defesa dos direitos e interesses dos clientes do resolvido BES, Best e Novo Banco, e seus investidores em valores mobiliários e demais instrumentos financeiros”.

 

Há uma outra associação, a AIEPC, liderada por Ricardo Ângelo, que também tem esta defesa. Só que há uma diferença: a AIEPC chegou a acordo com o Governo, os reguladores e o BES “mau” para uma solução em que prevê que os investidores que aplicaram até 500 mil euros recebem até 75% do valor investido, sendo que o montante máximo é de 250 mil euros. Já quem colocou mais de 500 mil euros nestas aplicações só receberá 50% do investimento.

 

Em média, a taxa de recuperação proposta pelo veículo é de cerca de 58%, o que supera substancialmente os 31% que os investidores teriam em princípio garantidos caso sejam reconhecidos como credores directos do BES mau. Sem observar-se a média, quem investe mais recupera um menor montante.

 

Mário Lopes contesta este tratamento diferenciado: “queremos igualdade entre todos os clientes, independentemente dos valores”, disse ao Negócios na quarta-feira, 1 de Março, dia da constituição da associação (ALPC). “Não aceitamos que haja discriminação”. Em Dezembro, Mário Lopes já tinha admitido que não concordava com a solução que estava a ser desenhada. Agora, há uma associação, cuja constituição foi feita com nove membros, que defende essa posição.
Têm havido reuniões para pôr em prática a solução promovida pelo Governo, representado por Diogo Lacerda Machado (o amigo de António Costa que vai agora ser administrador da TAP), em que se pretende pagar até 3 anos. Para a solução seria constituído um veículo que ficaria responsável por implementar a solução. Haveria uma garantia do Estado, com contragarantia do Fundo de Resolução, sobre este veículo. No entanto, já houve notícias dando conta de que a contragarantia do fundo seria retirada. Uma garantia do Estado deverá implicar um impacto no défice orçamental, como avançou o Negócios a 22 de Dezembro.

Os investidores que aceitarem esta solução têm de abdicar de quaisquer processos judiciais contra o Estado e autoridades públicas, entre outros, relativamente a estes investimentos. Já a nova associação admite que uma possibilidade é a de intentar “acções judiciais”.

Há cerca de 500 clientes do BES com perto de 2.000 milhões de euros investidos em papel comercial do GES.

Nova associação de lesados do BES critica solução para papel comercial

Sexta-feira, Março 3rd, 2017

Citamos

Notícias ao Minuto

A Associação de Lesados do Papel Comercial (ALPC) do BES, criada na quarta-feira, critica a solução encontrada para compensar os investidores, por considerar que não há igual tratamento para todos.

Apesar da crítica à solução por implicar um teto máximo e uma menor compensação aos lesados com maiores investimentos, acima de 500 mil euros, Rui Alves afirmou que a ALPC não tem uma posição conjunta contra a adesão à solução.

“A solução é de cada um, cada cliente é que saberá a posição que tomar”, de aderir ou não ao contrato de adesão, disse.

Rui Alves disse ainda que a ALPC tem sócios com vários montantes de investimento em papel comercial vendido pelo BES, desde os 200 mil euros e que aceita sócios de montantes de investimento mais baixos se estes se quiserem juntar à associação.

Questionado sobre se esta associação é feita por dissidentes da mais conhecida Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC), Rui Alves explicou que decidiram formar um grupo independente por consideraram que havia princípios que não eram respeitados.

“Temos um lema que é clareza, informação e é transparência e esse lema fez com que nos afastássemos da associação”, disse.

Segundo o registo da conservatória, a ALPC tem como presidente da direção Mário Filipe Simões Lopes, Luís Miguel Ferreira como presidente da mesa da assembleia-geral e Carlos Lourenço como responsável do conselho fiscal.

No final de 2016 foi encontrada uma solução, com o beneplácito do Governo, para compensar os mais de 4.000 clientes que investiram, aos balcões do BES, 434 milhões de euros em papel comercial das empresas Espírito Santo Financial e Rio Forte, do Grupo Espírito Santo (GES), poucos meses antes do colapso

Desde o início de 2017 que o grupo de trabalho dos lesados do papel comercial (constituído por Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial, Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários, Banco de Portugal, ‘banco mau’ BES e Governo) se reúne regularmente para operacionalizar a solução.

O contrato de adesão a esta solução deverá ser apresentado a cada lesado até final deste mês, de acordo com o calendário inicial.

Os clientes que aceitem o mecanismo proposto irão recuperar 75% do valor investido, num máximo de 250 mil euros, isto se tiverem aplicações até 500 mil euros.

Já acima desse valor, irão recuperar 50% do valor investido.

Por exemplo, para uma aplicação de 400 mil euros serão pagos 250 mil euros, o valor máximo possível para esse montante, ainda que seja abaixo dos 75%. Já para uma aplicação de 600 mil, serão pagos 300 mil euros.

Ou seja, os clientes assumem perdas, mas recebem desde já dinheiro por que teriam de esperar anos, provavelmente, para recuperar em processos em tribunal e de forma incerta.

A intenção é que a primeira parcela (cerca de 30% do total) seja paga já este ano, no momento de assinatura do contrato de adesão por cada lesado, sendo o restante valor reembolsado até 2019.

O valor será pago aos clientes lesados por um fundo de indemnizações que está a ser criado.