Arquivo para a categoria ‘Auditoria forense Deloitte’

Créditos do Besa sob investigação

Sábado, Maio 9th, 2015

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Correio da Manhã

O Banco de Portugal (BdP) enviou para a Procuradoria-Geral da República (PGR) a auditoria forense feita ao BESA, na qual foram apurados indícios de gestão ruinosa durante o período em que o banco foi liderado por Álvaro Sobrinho, apurou o CM. Em junho de 2014, o Grupo BES tinha uma exposição total ao BESA superior a 3,8 mil milhões de euros.

Na auditoria forense realizada ao BESA, a consultora Deloitte foi categórica: “Na ausência de um racional económico que legitimamente justifique o aumento de exposição do BES ao BESA, este poderá ainda ser configurável como um potencial ato de gestão ruinosa.”

Com base nesta conclusão, o Ministério Público, que já tem em curso várias investigações no caso BES, poderá abrir um inquérito aos créditos concedidos pelo BES ao BESA, de que resultou um incumprimento de 3,3 mil milhões por parte do banco angolano.

Quando foi ouvido na comissão de inquérito parlamentar ao BES, Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BESA, justificou o incumprimento desse crédito com o não pagamento das empresas que beneficiaram dos empréstimos.

“O exportador recebia o dinheiro, mas o importador, por qualquer razão, não pagava a carta de crédito. Portanto, deixava no banco um crédito”, disse o ex-líder do BESA. Os créditos em dívida do BESA chegam a estar protegidos por uma garantia bancária da República de Angola, que foi revogada após a resolução no BES.

Entretanto, ontem o plenário da Assembleia da República aprovou o relatório da Comissão de Inquérito ao BES/GES (com o voto contra do PCP), com todos os grupos parlamentares a defenderem uma regulação mais eficaz sobre a Banca. 

Instrumentalização de clientes afundou BES

Sexta-feira, Maio 8th, 2015

Citamos

Negócios

O BES começou a usar clientes para financiar as empresas do GES ao colocar dívida do grupo nos fundos de investimento. Instrumentalização de clientes ditou queda do BES e também ocorreu através da Eurofin.

O BES instrumentalizou os seus clientes para financiar as empresas do Grupo Espírito Santo de forma indirecta. Este processo, que começou com a colocação de dívida do GES em fundos de investimento e evoluiu para …

Os foros das auditorias

Segunda-feira, Maio 4th, 2015

Citamos

Negócios Daniel Taborda

Nos últimos meses, a expressão auditoria forense marcou presença na comunicação social. Apesar de existir há vários anos, só agora entrou no léxico comum.

Nota: Este artigo está acessível, nas primeiras horas, apenas para assinantes do Negócios Primeiro.

 

À semelhança do que aconteceu em outros países, democratizou-se na …

Auditoria: BES tinha forma de descobrir ‘buraco’ da ESI

Segunda-feira, Maio 4th, 2015

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Económico

Auditoria forense conclui que administração do BES tinha informação para descobrir as “desconformidades” na ESI.

O Banco de Portugal detectou indícios de gestão ruinosa, em detrimento dos depositantes e dos restantes credores do BES, no terceiro bloco da auditoria forense à gestão da instituição, refere a documentação enviada na quinta-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito, a que o Diário Económico teve acesso.

O relatório final da auditoria especial, a cargo da Deloitte, ainda não foi concluída, mas o supervisor enviou à CPI as conclusões preliminares do terceiro, quarto e quinto blocos da auditoria, a pedido dos deputados. No terceiro bloco, que incide sobre o acréscimo do passivo da holding Espírito Santo International (ESI) – onde se descobriu, no final de 2013, um ‘buraco’ de 1,3 mil milhões de euros – o auditor encontrou indícios de práticas que podem constituir contra-ordenações.

“No plano contra-ordenacional, os factos descritos no bloco 3 poderão ainda configurar a prática de infracção especialmente grave de gestão ruinosa em detrimento dos depositantes, investidores e demais credores, praticados pelos membros dos órgãos sociais, prevista e punida no artigo 211º, alínea 1) do RGICCF”, refere o documento.

No quarto bloco, a auditoria “confirmou” os contornos do esquema de financiamento do GES por via da colocação de obrigações do BES através da Eurofin. Este esquema, descoberto pelos auditores e pelo supervisor na segunda quinzena de Julho, causou perdas de cerca de 800 milhões de euros ao banco, que contribuíram para o prejuízo histórico de 3,6 mil milhões no primeiro semestre de 2014, que causou o seu colapso.

BES não fez análise ao risco da venda de dívida da ESI
Além disso, neste bloco foram identificados problemas na colocação de dívida da ESI, que foi vendida a clientes do BES e que ainda hoje não recuperaram os seus clientes. “A auditoria permitiu verificar que não foi realizada qualquer análise ao risco emergente, para o BES, da colocação dessa mesma dívida através dos seus balcões, designadamente o eventual risco reputacional emergente dessa actividade”, aponta.

E acrescenta: “Relativamente ao processo de aprovação de colocação do papel comercial, foram também identificadas divergências entre a informação constante das apresentações e as actas do Comité ALCO”.

A auditoria conclui ainda que o BES estava na posse de informação “suficiente” para detectar as “desconformidades” entre a situação reportada pela ESI e a sua verdadeira situação financeira, mas não identificou essa desconformidade. Ou seja, o BES tinha informação suficiente para saber que a ESI não prestava informação verdadeira, mas ainda assim vendeu dívida da holding aos seus clientes. A auditoria não refere, porém, se esta descoberta diz respeito ao período anterior ou posterior ao dia 4 de Dezembro de 2013, data em que Ricardo Salgado informou a comissão executiva do BES sobre os problemas na ESI. A partir dessa data, foi suspensa a venda de dívida da ESI a clientes do BES. Em Fevereiro de 2014, o Banco de Portugal exigiu também a suspensão da venda de dívida da Rioforte e de outras empresas do GES. A auditoria salienta ainda que a gestora de fundos ESAF foi usada para vender dívida a clientes. “Até Outubro de 2013, as carteiras dos fundos de investimento mobiliário ES Rendimento e ES Liquidez eram compostas, essencialmente, por papel comercial emitido por entidades do GES, tendo a exposição conjugada destes fundos ao GES ascendido a cerca de 2,3 mil milhões de euros em Agosto de 2013”, referem as conclusões preliminares do quinto bloco.

Carta do Banco de Portugal à CPI auditoria Deloitte

Sexta-feira, Maio 1st, 2015

Entrada 201 de 27-04-2015

Esquema das obrigações do BES gerou ganhos desde 2009

Quinta-feira, Abril 30th, 2015

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Observador

Auditoria forense detetou que as mais-valias apropriadas por veículos da Eurofin com obrigações do BES começaram em 2009. Em causa pode estar prática de ato doloso de gestão ruinosa.

O esquema de circularização de obrigações emitidas pelo Banco Espírito Santo (BES), em que esteve envolvida a Eurofin, gerou mais-valias desde 2009, de acordo com a auditoria forense. As conclusões preliminares remetidas pelo Banco de Portugal à comissão parlamentar de inquérito constatam “a existência de mais-valias, igualmente apropriadas por aqueles veículos (da Eurofin) na colocação de um conjunto de obrigações emitidas pelo Grupo BES desde 2009″.

Na análise a estas operações, que geraram perdas adicionais para o BES nas semanas que antecederam a resolução, a auditoria conclui que os factos descritos poderão “configurar a prática de infração especialmente grave consubstanciada na prática de atos dolosos de gestão ruinosa, em detrimento de depositantes, investidores e demais credores”, praticados pelos membros dos órgãos sociais do banco. O dolo pressupõe a intenção ou conhecimento dos prejuízos provocados.

Como exemplo, é referida uma amostra de cinco emissões de obrigações (títulos de dívida transacionados em mercado) emitidas pelo grupo BES em 2012 e 2013, com valor nominal de 1175 milhões de euros, que corresponde a 24% do valor total das emissões de obrigações colocadas em clientes naquele período. Estas operações geraram mais-valias que totalizaram 181 milhões de euros. E para quem?

A análise feita às mais-valias geradas pela circularização e recompra de obrigações do BES no primeiro semestre de 2014 confirma os ganhos de 787 milhões de euros, os quais “terão sido apropriados por veículos da Eurofin”, a sociedade suíça que serviu de intermediária entre o banco e os clientes que comprarem estes títulos.

O documento do Banco de Portugal não o diz de forma expressa, mas as mais-valias para investidores ou Eurofin representam menos-valias, perdas, para o BES concretizadas no ato de recompra destes títulos, que o banco adquire por um valor muito mais alto do que o registado no balanço e antes do prazo da maturidade desta dívida. O reconhecimento total destas perdas imposto pelo auditor e pelo Banco de Portugal obrigou a constituir provisões de 1300 milhões de euros que precipitaram a queda do BES em agosto do ano passado.

Esta parte do exame da Deloitte investiga as séries de obrigações do BES e do grupo BES e de ações preferenciais emitidas por três entidades especialmente criadas para o efeito (SPV), que foram constituídas pelo Crédit Suisse, mas que de facto seriam geridas pelo banco. A auditoria avaliou ainda a existência de rendibilidades garantidas nestes títulos, bem como garantia de liquidez, que foi o argumento invocado pelo BES para justificar a recompra destes títulos detidos pelos clientes em prejuízo próprio.

Os anteriores administradores do banco, incluindo Ricardo Salgado, alegam que a recompra destes títulos procurou salvaguardar os clientes do banco, praticamente todos não residentes, protegendo a reputação do BES. Estas obrigações terão sido usadas para trocar dívida de empresas do grupo GES que estava colocada nos tais veículos especiais, cujas ações tinham sido vendidas a investidores.

Violação de um número significativo de deveres

Os factos detetados apontam para indícios de “violação de um conjunto muito significativo de deveres” consagrados no código do mercado mobiliário, ao nível da intermediação financeira, previstos em mais de 20 artigos, para além da violação de vários regulamentos e disposições do Banco de Portugal.

O quinto e último bloco da auditora forense debruçou-se sobre a atuação de órgãos de gestão do BES, e Esaf no processo de colocação de dívida de empresas não financeiras do GES na carteira dos fundos de investimento do grupo BES. Mais uma vez foram encontrados “indícios de violação de um conjunto muito significativo de deveres”, consagrados no código dos valores mobiliários e ao nível dos sistemas de controlo interno, definidos pelo Banco de Portugal. Gestão de risco, inexistente, conflito de interesses e execução das melhores condições para os clientes, são matérias onde foram identificadas falhas.

Até outubro de 2013, as carteiras de fundos da Esaf eram “compostas, essencialmente, por papel comercial emitido por entidades do GES, tendo a exposição conjugada destes fundos ao GES ascendido a cerca de 2,3 mil milhões de euros em agosto de 2013″. O grupo foi obrigado a reduzir drasticamente este nível de exposição, tendo acelerado a colocação direta da dívida das empresas do GES junto dos clientes do BES, através do famoso papel comercial, do qual falta ainda reembolsar mais de 500 milhões de euros.

A auditoria forense ao BES e à gestão liderada por Ricardo Salgado incide sobre cinco temas. Para além dos veículos Eurofin e da exposição dos fundos de investimento ao GES, foram investigados a ocultação de passivo do Espírito Santo Internacional (ESI), o BESA (Banco Espírito Santo Angola) e o desrespeito das ordens do Banco de Portugal por parte da anterior gestão do BES. Estas auditorias serão remetidas para o Ministério Público.

A auditoria é uma arma no 2º. round com Salgado

Quinta-feira, Março 19th, 2015

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Negócios

Há declarações que vieram opor-se ao depoimento de Salgado, há uma auditoria forense e há um melhor conhecimento do que levou à queda do BES. Os deputados prometem uma melhor audição ao ex-banqueiro.

“Gostaria de ver o resultado das auditorias forenses. Gostaria de ver para perceber”. A afirmação foi feita por Ricardo Salgado a 9 de Dezembro, na primeira audição no inquérito. A 19 de Março, quando se sentar …

Dinheiro do BESA foi transferido para sociedades de “responsáveis do BES e do BESA

Terça-feira, Março 17th, 2015

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Negócios

Da conta que o BES Angola tinha no BES saiu dinheiro para “entidades mencionadas nos meios de comunicação social como tendo ligação a responsáveis do BES e/ou do BESA”, conclui a segunda parte da auditoria forense que o Banco de Portugal pediu ao banco, a que o Negócios teve acesso.

Houve “entidades mencionadas nos meios de comunicação social como tendo ligação a responsáveis do BES e/ou do BESA” que receberam fundos com origem na conta que o BES Angola tinha no BES, e que chegou a ter um descoberto bancário superior a 3.000 milhões de euros, conclui a segunda parte da auditoria forense ao BES pedida pelo Banco de Portugal, a cujo sumário executivo o Negócios teve acesso.

O documento não faz qualquer referência à identidade dos responsáveis do BES e do BESA cujas sociedades terão recebido esses fundos. De acordo com informações já referidas na imprensa, terá havido transferências de dinheiro para a Savoices, sociedade “offshore” de Ricardo Salgado, e para a NewBrook, entidade “offshore” de Álvaro Sobrinho.

Segundo o sumário executivo do segundo bloco da auditoria realizada pela Deloitte, houve ainda transferências da conta do BESA no BES para “para entidades relacionadas com o BES”, cuja identidade também não é identificada.

 

O documento refere que estas transferências decorreram entre 1 de Janeiro de 2009 e 30 de Junho de 2014.

Auditoria. Aumento do crédito do BES a Angola foi potencial ato de gestão ruinosa

Terça-feira, Março 17th, 2015

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O Observador

Auditoria diz que aumento da exposição do BES a Angola foi potencial ato de gestão ruinosa. Saíram fundos do BESA para entidades relacionadas com o BES e associadas a responsáveis do BES e do BESA.

A auditoria forense à exposição do Banco Espírito Santo (BES) à sua participada angolana, o BESA, conclui que houve uma falha repetida e sistemática nos sistemas de controlo interno por parte do banco português e da holding financeira do Grupo Espírito Santo (GES), a Espírito Santo Financial Group.

Foram também identificadas operações que tiveram como beneficiários entidades relacionadas com o BES e entidades associadas na imprensa a responsáveis do BES e ou do BESA (Banco Espírito Santo Angola). A auditoria considera mesmo que o aumento de exposição do banco português a Angola configura um ato potencial de gestão ruinosa que envolve diretamente Ricardo Salgado.

No trabalho conduzido pela Deloitte de análise aos movimentos de saídas de fundos ocorridas nas contas de depósito à ordem do BESA junto do BES, no período entre 1 de janeiro de 2010 e 30 de junho de 2014, “foram identificadas situações que, de acordo com os detalhes das mensagens de SWIFT [mensagens eletrónicas de operações bancárias) obtidas tinham como beneficiários entidades relacionadas com o BES (presumivelmente da área não financeira do Grupo Espírito Santo) e entidades mencionadas nos meios de comunicação social como tendo ligação a responsáveis do BES e/ou BESA”.

Segundo o documento, a evolução da situação financeira do BESA, designadamente do excesso de créditos face a depósitos, “era do conhecimento dos membros do conselho de administração (CA) do BES desde janeiro de 2012″, porem segundo a informação que foi transmitida no quadro da auditoria, os administradores do BES com o pelouro do BESA partilhavam com o CA do BES que a situação do BESA se encontraria controlada”.

A auditoria cobre o período entre 2010 e 2014, incluindo a gestão de Álvaro Sobrinho que respondia perante Salgado, mas também do seu sucessor Rui Guerra, que respondia já perante Amílcar Morais Pires, ex-administrador financeiro do BES.

Gestores informados sabiam que BESA teria impacto relevante negativo no BES

A auditoria pedida pelo Banco de Portugal conclui ainda que os dados disponíveis em 2013 sobre a situação financeira do BESA “configuram elementos suficientemente fortes para criar nos administradores em posse das informações aqui identificadas juízo de que os mesmos configuravam a ocorrência de um evento com potencial impacto negativo relevante nos resultados do BES”. Essas situações incluíam as dificuldades de financiamento do BESA no mercado monetário angolano e o não reembolso dos juros devidos ao BES, o incumprimento das reservas mínimas obrigatórias junto do Banco Nacional de Angola (BNA) e a composição da carteira de crédito.

Aumento da da exposição do BES ao BESA é um ato “potencial de gestão ruinosa”

Nos 16 pontos destacados no sumário executivo, “insuficiências ao nível do sistema de controlo do BES”, é a expressão mais vezes repetida na segunda parte do trabalho conduzido pela Deloitte para o Banco de Portugal sobre o cumprimento das regras e das leis por parte da administração do Banco Espírito Santo, na gestão liderada por Ricardo Salgado. Num dos pontos, a auditoria aponta para mesmo para “um potencial ato de gestão ruinosa, em detrimento dos depositantes, investidores e demais credores, por parte dos membros do conselho de administração do BES com o pelouro do BESA”.

Em causa estão procedimentos e operações autorizadas até novembro de 2011, quando Ricardo Salgado tinha a responsabilidade de Angola e quando Álvaro Sobrinho era presidente executivo do BESA. Neste ponto da auditoria são referidas várias operações de financiamento da participada angolana por parte do BES feitas de forma informal e sem a autorização formal.

A auditoria considera que, “na ausência de um racional económico que legitimamente justifique um aumento de exposição do BES ao BESA, este poderá ser configurado como um potencial ato de gestão ruinosa”. É mais uma suspeita grave contra o antigo presidente do BES, conhecida dois dias antes de Salgado voltar a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito.

A Deloitte conclui aliás pela “inexistência do contrato de crédito a descoberto entre o BESA e diz que até novembro de 2011, eventuais necessidades pontuais de liquidez eram geridas entre os dois bancos, sem “autorização formal de descobertos, nem definição de limites”. Várias destas operações foram autorizadas apenas um administrador, ao contrário do previsto nas regras bancárias.

Recuando ao financiamento original concedido pelo BES em 2008, e que foi justificado com a compra de dívida pública angolana por parte do BESA, a auditoria não conseguiu encontrar evidências de que esse empréstimo tenha sido totalmente utilizado para a compra de 1500 milhões de dólares em dívida soberana.

Vários gestores do BESA sabiam da situação do BESA desde final de 2013 

A concessão de crédito ao BESA ultrapassou os três mil milhões de euros, montante que inclui os juros que a filial angolana deixou pagar à casa-mãe. Até novembro de 2011, não foi encontrado no BES qualquer análise de risco à exposição global à filial angolana, que no entanto, ficou protegido quando foi emitida a garantia soberana pelo Estado angolano no final de 2013.

Segundo a auditoria, vários administradores do BES ficaram a conhecer a situação no BESA, na sequência da assembleia geral do banco angolano realizada em outubro do mesmo ano, tendo também ficado a saber que estava em curso a negociação de uma garantia com o governo de Luanda para cobrir o risco de crédito do BESA.

Auditoria sustenta processos de contraordenação e segue para a PGR

Esta auditoria incide sobre a relação entre o BES e a sua participada angolana, mas não sobre o BESA cuja supervisão pertence ao Banco Nacional de Angola. O relatório final e a documentação irá integrar processos de contraordenação e poderá apoiar o “apuramento de eventuais responsabilidades de natureza criminal”. Toda a auditoria, cujo sumário executivo foi entregue à comissão parlamentar de inquérito ao BES/GES, será remetida para a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Nos processos do Banco de Portugal estão em causa infrações muito graves, que poderão originar a aplicação de coimas até cinco milhões de euros.

Falhas na prevenção do branqueamento de capitais a clientes do BESA 

A nível do controlo interno do próprio BESA, a auditoria aponta “potenciais deficiências” nas obrigações legais de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento de terrorismo no que toca aos clientes do banco em Angola. O departamento responsável do BES por esta área não terá feito nenhuma ação concreta para avaliar o cumprimento destas regras em relação aos clientes do BESA.

Outra falha identificada foi a ausência de análise de risco na concessão de créditos em Angola e nas próprias operações de financiamento do BES ao BESA. Também a nível da auditoria interna do banco em Portugal foram encontradas falhas na análise e acompanhamento da situação em Angola.

 

Auditoria confirma investigação do Expresso: dinheiros de Angola transferidos para Salgado, Morais Pires e Sobrinho

Terça-feira, Março 17th, 2015

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Expresso

Deloitte refere-se explicitamente a notícias que revelaram dinheiros transferidos e créditos concedidos pelo BES Angola a empresas detidos por administradores do BES. Em causa estão offshores atribuídas a Ricardo Salgado, Amilcar Morais Pires e Álvaro Sobrinho.

“No âmbito da análise efectuada a movimentos a débito (de saídas de fundos) ocorridos nas contas de depósitos à ordem do BESA junto do BES no período entre 1 de janeiro de 2010 e 30 de junho de 2014, foram identificadas situações que, de acordo com os detalhes das mensagens de SWIFT obtidas, tinham como beneficiário (i) entidades relacionadas com o BES e (ii) entidades mencionadas nos meios de comunicação social como tendo ligação a responsáveis do BES e/ou BESA”.

 

Este parágrafo está escrito na segunda parte da auditoria forense ao BES, exclusivamente dedicado a Angola. E confirma a notícia do Expresso do ano passado que relacionava dinheiros pagos pelo BESA a sociedades atribuídas a administradores, nomeadamente Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires, bem como a créditos que terão sido concedidos à Pineview Overseas, de Álvaro Sobrinho, empresa dona do jornal Sol em Portugal.

 

A 28 de junho de 2014, altura em que Ricardo Salgado ainda tentava controlar a sua sucessão, que pretendia que fosse entregue a Morais Pires. o Expresso publicou em manchete que “entre o final de 2009 e julho de 2011, o Banco Espírito Santo Angola (BESA) fez 12 transferências para duas contas no Crédit Suisse, num total de 27,3 milhões de dólares, em que terão sido beneficiários o presidente demissionário do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, e pelo menos o administrador-executivo por ele apontado para lhe suceder no cargo, Amílcar Morais Pires.”

 

O Expresso tinha então tido acesso a documentos que mostravam que as contas estavam em nome de duas sociedades com sede no Panamá, a Savoices e a Allanite. As duas sociedades haviam sido identificadas no caso Monte Branco.

 

“A investigação em curso descobriu que estas empresas estão entre a lista de clientes da Akoya, empresa de gestão de fortunas em Genebra e peça central no caso sobre suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais. A Savoices estava ligada a Ricardo Salgado, enquanto a Allanite terá como um dos beneficiários Morais Pires, confirmou o Expresso junto de fontes ligadas ao processo”, noticiava então o Express. “Ao longo de um ano e meio, o BESA enviou 13,8 milhões de dólares para a Savoices e 13,5 milhões de dólares para a Allanite.”

 

Contactados então, Ricardo Salgado e Morais Pires nunca quiseram justificar a razão destes dinheiros.