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‘Cartel da Banca’. BES pede absolvição invocando insolvência e lesados

Sábado, Março 5th, 2022

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Notícias ao Minuto

O BES pediu hoje ao Tribunal que não lhe aplique qualquer coima no processo em que a Autoridade da Concorrência multou bancos em 225 milhões de euros por troca de informação, invocando a insolvência e a penalização dos lesados.

as alegações finais, no julgamento dos recursos interpostos por 11 bancos às coimas de cerca de 225 milhões de euros aplicadas pela Autoridade da Concorrência (AdC) por partilha de informação sensível durante mais de 10 anos, que decorre no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém, a mandatária do BES afirmou que, para a multa de 700.000 euros, “a mais gravosa em termos percentuais” (9,7%), a AdC considerou um volume de negócios “ficcionado” (em 2018 já o banco estava insolvente) e não teve em conta que a massa insolvente se destina a pagar aos credores, únicos prejudicados caso venha a ser condenada.

Lembrando a prática que tem vindo a ser adotada nas várias coimas aplicadas ao Banco Espírito Santo (BES), a advogada considerou que, caso não haja absolvição, seja suspensa na sua totalidade, já que não se coloca a necessidade de prevenção especial porque o banco jamais voltará a ter atividade, como está impedido desde a resolução, em agosto de 2014.

Salientando que a alteração que ocorreu no BES “é profunda e irreversível”, equivalendo “à morte da pessoa coletiva”, lamentou que esse facto tenha sido “ignorado” pela AdC, que meteu o banco “no mesmo cesto dos demais, desconsiderando de forma gritante a situação jurídica e económica, em prejuízo dos credores”, o que pediu ao tribunal para ter em conta, não aplicando qualquer coima.

Caso o TCRS entenda existir algum interesse de prevenção especial, pede, então, que opte por mera admoestação, ou, como defendeu o procurador do Ministério Público nas suas alegações, uma coima “meramente simbólica” e suspensa na sua execução, por necessidade de “proteção máxima dos lesados” do BES.

O processo, em que está em causa a prática concertada de troca de informação comercial sensível, entre 2002 e 2013, nomeadamente com partilha de tabelas de ‘spreads’ a aplicar aos créditos a clientes (habitação, consumo e a empresas) e de volumes de produção, teve origem num pedido de clemência apresentado em 2013 pelo Barclays.

A AdC condenou a CGD ao pagamento de 82 milhões de euros, o Banco Comercial Português (BCP) de 60 milhões, o Santander Totta de 35,65 milhões, o BPI em 30 milhões, a CEMG em 13 milhões (coima reduzida em metade por ter aderido ao pedido de clemência), o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria em 2,5 milhões, o BES em 700.000 euros, o Banco BIC em 500.000 euros, o Deutsche Bank (cuja infração prescreveu em outubro de 2020) e a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo em 350.000 euros cada um, a Union de Créditos Inmobiliarios em 150.000 e o Banif (que não recorreu) em mil euros.

O Abanca, também visado no processo, viu a infração prescrever ainda na fase administrativa e o Barclays, que apresentou o pedido de clemência viu suspensa a coima de oito milhões de euros que lhe foi aplicada.

As alegações finais, iniciadas no passado dia 23 concluíram-se hoje, tendo a juíza Mariana Machado, que entrou em exclusividade segunda-feira para proferir a sentença deste processo, apontado a data de 20 de abril para a leitura, advertindo de que poderá ser antecipada.

AdC tem de se registar como credora do BES

Segunda-feira, Setembro 16th, 2019

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Económico

Concorrência multou o BES em 700 mil euros, mas terá de reclamar créditos para obter pagamento.

A Autoridade da Concorrência (AdC) multou o BES em 700 mil euros, mas precisará de se registar como credora junto do Tribunal de Comércio de Lisboa, onde corre o processo judicial de liquidação do banco.

Para tal, a AdC confirmou ao Jornal Económico que terá de realizar uma reclamação extraordinária, porque o prazo para a reclamação de créditos já terminou.

PS avança com propostas para regular atuação da banca

Quarta-feira, Fevereiro 8th, 2017

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Diário de Notícias

Socialistas querem limitar venda de produtos financeiros complexos a clientes de perfil conservador

O PS quer avançar, até ao final da atual sessão legislativa, com um pacote de medidas que visa impedir que se repitam situações que, nos anos mais recentes, têm afetado a banca portuguesa – e, em particular, os clientes dos bancos. Até lá, os socialistas vão promover audições e uma conferência parlamentar dedicada ao tema.

O ponto de partida para o processo legislativo são as recomendações que saíram de várias comissões parlamentares de inquérito à atuação da banca. “Há vida para além das comissões de inquérito. Através destas iniciativas queremos suscitar a discussão sobre estes temas, envolvendo as entidades responsáveis”, afirmou ontem o líder parlamentar do PS, Carlos César, em conferência de imprensa, na Assembleia da República. “Desde 2008 que o parlamento se tem debruçado sobre o setor bancário, tendo feito conclusões e recomendações em, pelo menos cinco comissões de inquérito. Do BPN ao Banif, passando pela resolução do BES, as comissões foram contribuindo para um acervo de recomendações que devem merecer uma reflexão ponderada e integrada”, acrescentou o dirigente socialista.

De acordo com Carlos César, a discussão que agora se segue, e que culminará na apresentação de propostas legislativas, tem três grandes objetivos. Em primeiro lugar a criação de legislação de “proteção de clientes e trabalhadores do sistema bancário e financeiro, em particular face a práticas comerciais agressivas que implicam adoção de riscos não percebidos por agentes do mercado não qualificados”. Ou seja, o PS quer limitar a venda de produtos financeiros complexos aos clientes com perfil conservador ou que não estejam suficientemente informados.

Em segundo lugar, as novas regras visam “garantir uma separação clara e nítida, na relação com os clientes, entre a entidade financeira colocadora de títulos de dívida e capital e os grupos que detêm ou são detidos por essa entidade bancária”. O que significa impedir um banco de vender produtos financeiros de empresas do grupo a que pertence – precisamente o que sucedeu no caso dos lesados do BES.

Por último, os socialistas querem “garantir uma separação clara entre a função de supervisão (prudencial e comportamental) e a função de resolução bancária”, ambas afetas atualmente ao Banco de Portugal. O PS quer ainda aumentar o escrutínio feito pelo parlamento português às instituições europeias.

As audições, que vão começar desde já, vão incluir o Ministério das Finanças, Banco de Portugal, a CMVM (Comissão de Mercado de Valores Mobiliários) a Associação Portuguesa de Bancos ou as associações de lesados do BES e do Banif, assim como a DECO. Questionado sobre se estas iniciativas foram discutidas com o Bloco de Esquerda e PCP, Carlos César remeteu esse diálogo para o futuro. “Queremos valorizar todos os envolvidos e, no âmbito parlamentar, não dispondo do PS de maioria, o diálogo multipartidário é, como em todos os outros casos, o método a seguir”, afirmou o líder parlamentar socialista. Susete Francisco

Autoridade da Concorrência acusa 15 bancos de “cartel”

Sábado, Junho 6th, 2015

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Negócios

A Autoridade da Concorrência avançou com uma acusação contra 15 bancos “por suspeita de prática anti-concorrencial”. O regulador já notificou as instituições. Em causa está a troca de “informações comerciais sensíveis”.

A AdC confirma ter emitido uma nota de acusação contra 15 instituições bancárias, tendo a decisão sido notificada a 29 de Maio. Em causa está a “suspeita de prática concertada, na forma de intercâmbio de informações comerciais sensíveis, de carácter duradouro, no que respeita à oferta de produtos de crédito na banca de retalho, designadamente crédito à habitação, crédito ao consumo e crédito a empresas”, revela a autoridade ao Negócios.

“Esta prática, em alguns casos, terá durado cerca de 11 anos e incidido sobre informações não publicas, designadamente, intenções de alteração de spreads”, adianta o comunicado emitido pelo regulador. 

 

A confirmação surge depois de o Diário Económico ter noticiado esta sexta-feira que a AdC tinha avançado com a acusação de 15 bancos por “cartel”. Em causa está uma investigação iniciada em 2013, após uma denúncia. Na altura foi noticiado que o Barclays tinha sido o denunciante no caso. Esta sexta-feira, o Económico adianta que o Barclays e o Montepio beneficiaram de clemência.

A acusação está ligada à troca de informação entre os vários bancos sobre comissões e spreads praticados no crédito à habitação, crédito ao consumo e crédito a empresas.

“A Autoridade da Concorrência salienta que a adopção de uma comunicação de acusações não determina o resultado final da investigação. Nesta fase do processo, é dada a oportunidade às empresas de exercerem o seu direito de audição e defesa em relação ao ilícito que lhes é imputado e à sanção ou sanções em que poderão incorrer”, adianta o regulador.

 

7 de Março de 2013 os bancos foram alvo de buscas por suspeitas de cartel na banca.  Na altura foram visitadas 12 instituições financeiras, nomeadamente os maiores grupos – CGD, BCP, BES, BPI e Santander Totta –, as instituições da divisão de honra do sector financeiro – Crédito Agrícola, Banif, Montepio – e nem os bancos de menor dimensão escaparam: Barclays, Banco Popular, Banco BIC e BBVA Portugal.

 

Entre os notificados estarão a Caixa Geral de Depósitos, oBCP, o Novo Banco, o BPI e o Santander Totta, segundo o Económico. O Negócios já tentou contactar os bancos, mas ainda não foi possível obter mais informações.