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Novo Banco “estará quase pronto ou pronto para ser vendido”

Sexta-feira, Janeiro 31st, 2020

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Jornal de Notícias

O presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, crê que o Novo Banco “estará quase pronto ou pronto para ser vendido”, negando que tenha discutido com outras instituições um eventual recurso extraordinário ao Fundo de Resolução.

“Eu diria que o banco está reestruturado, pelos números que tem apresentado do que é a parte boa do banco, estará quase pronto ou pronto para ser vendido”, disse Pedro Castro e Almeida referindo-se ao Novo Banco durante conferência de imprensa de apresentação de resultados do Santander Totta (lucro de 527,3 milhões de euros em 2019).

Referindo que “é essa a intenção do acionista [Lone Star]”, o presidente do Santander Totta afirmou, no entanto, que “se o vai conseguir, é outra questão”.

Para Pedro Castro e Almeida, o acionista “terá todo o interesse em acelerar o chamado ‘asset protection scheme’ [mecanismo de proteção de ativos] e na resolução dessa situação, porque o banco não poderá ser vendido enquanto tiver isso pendente”, numa referência a uma eventual injeção extraordinária por parte do Fundo de Resolução no Novo Banco.

O presidente do Santander Totta afirmou que o banco não está em discussões sobre “se realmente são necessários os 3,9 mil milhões, se são necessários 3,5 mil milhões, ou se são necessários 3,3 mil milhões” para injetar no Novo Banco via Fundo de Resolução, mas disse acreditar que a entidade liderada por António Ramalho vá “criando essa situação” de poder haver uma “aceleração relativamente à totalidade de capital contingente que pode ser colocado”.

“Temos a maior confiança de que está a ser feito um bom acompanhamento não só do valor, como também de como os ativos estão a ser vendidos. Da nossa parte, não temos nenhum interesse ou preocupação em acelerar ou fazer mais um ano”, prosseguiu.

Pedro Castro e Almeida defendeu que “quanto menor for o valor, e sabendo que o Fundo de Resolução tem 25% também do banco” o desejado “é que se possa recuperar, através do valor da venda do banco, uma parte desses 3,9 mil milhões através de uma boa valorização dos 25%”.

“Desde o início que os bancos têm estado numa posição mais passiva do que gostariam” na situação do Novo Banco, acrescentou, mais tarde, o líder do Santander em Portugal, referindo que uma eventual injeção fora do previsto não terá influência nos objetivos de resultados do banco.

No âmbito da venda de 75% do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, em 2017, o Estado fez um acordo que prevê a recapitalização do banco pelo Fundo de Resolução (entidade da esfera do Estado) para cobrir falhas no capital geradas pelos ativos tóxicos com que o Novo Banco ficou do BES (crédito malparado ou imóveis).

No total, segundo esse acordo, o Fundo de Resolução bancário pode injetar 3,89 mil milhões de euros no Novo Banco até 2026, sendo que referentes a 2017 e 2018, o Novo Banco já recebeu 1.941 milhões de euros, sendo que o valor a injetar relativo a este ano terá ainda de ser apurado após fechadas as contas do banco de 2019.

Há duas semanas, o jornal Público noticiou que o executivo estava a estudar, com o Lone Star, uma forma de acelerar o processo, injetando de uma só vez em 2020 – e de forma única – cerca de 1,4 mil milhões de euros, algo que Mário Centeno negou.

Para injetar dinheiro no Novo Banco, o Fundo de Resolução (que é financiado pelos bancos que operam em Portugal, apesar de consolidar nas contas públicas) tem recorrido a empréstimos do Tesouro, uma vez que não tem dinheiro suficiente, no máximo de 850 milhões de euros por ano.

Na proposta do OE2020, apesar de o Governo prever a recapitalização de 600 milhões de euros no Novo Banco, mantém o valor de 850 milhões de euros de empréstimos de médio e longo prazo ao Fundo de Resolução.

Santander Totta condenado a pagar 104 mil euros a cliente a quem vendeu obrigações do Novo Banco

Terça-feira, Junho 11th, 2019

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Negócios

O tribunal cível de Lisboa condenou o Santander Totta a pagar 103,7 mil euros a uma cliente a quem vendeu obrigações do Novo Banco que acabaram transferidas para o BES ‘mau’, com consequente perda do investimento.

A sentença do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa – datada da passada quarta-feira (5 de junho) e que a agência Lusa teve hoje acesso – condena o Santander Totta “no pagamento à autora da quantia de 103.722,88 Euro (cento e três mil, setecentos e vinte e dois euros e oitenta e oito cêntimos), acrescida de juros de mora, à taxa supletiva civil, contados desde 9 de abril de 2015 e até efetivo e integral pagamento”.

Questionada pela agência Lusa sobre se pretende apresentar recurso da decisão judicial, fonte oficial do Santander disse que o banco está, “neste momento, a analisar a sentença”.

Em causa está um contrato de venda de obrigações do Novo Banco, assinado em 7 de abril de 2015 num balcão do Santander Totta, na sequência de “um contacto havido entre o gestor de conta e o irmão da autora”. Esta, “já idosa, pediu ao seu irmão que junto do banco réu procurasse saber de soluções para aplicar os seus meios financeiros […] desde que fossem passíveis de confiança quanto à liquidação integral na data de vencimento”.

Segundo se lê na sentença, “o gestor de conta sugeriu e informou que se tratava de dívida do Novo Banco, S.A., e que seria sempre esta a entidade a restituir o valor a investir na data de vencimento (15 de janeiro de 2018)”, considerando o juiz que o Santander Totta “deliberadamente não transmitiu os riscos reais inerentes a tal operação financeira, ocultando a verdadeira natureza do produto que veio a ser adquirido pela autora”.

Isto porque, refere, foi omitido à cliente “que a obrigação havia sido transmitida para o Novo Banco, S.A., pelo Banco Espírito Santo (BES), através da Medida de Resolução do Banco de Portugal datada de 3 de agosto de 2014”, tendo-lhe ainda sido ocultado “que existia a possibilidade de serem retransmitidas, como foram, para o perímetro do BES, nos termos constantes daquela medida e da deliberação de 29 de dezembro de 2015 do Banco de Portugal”.

“Sabia o réu que, caso a autora conhecesse as características do produto e a sua relação com o BES, jamais subscreveria tal obrigação”, sustenta o juiz, considerando que “a autora incorreu em erro na formação da vontade relativamente a elementos fundamentais do contrato, mormente quanto à natureza, origem e garantias do produto financeiro adquirido — elementos que o réu sabia serem essenciais para a dita contratação”.

O banco Santander Totta contestou a pretensão da autora, argumentando a “caducidade do direito de anulação do contrato”, a “caducidade da responsabilidade do intermediário financeiro” e a “prescrição da responsabilidade civil da entidade bancária”.

Nos termos da sentença, sustentou ainda que o produto financeiro foi por si apresentado “com obrigação de a entrega do capital e dos juros ser da única e exclusiva responsabilidade da entidade emitente, que não da entidade colocadora (banco), agindo esta de uma forma criteriosa junto da autora e observando os deveres legais e contratuais que sobre si impendiam”.

Argumentou também o Santander Totta que “a autora aconselhou-se, sobretudo, com recurso ao seu irmão na escolha e subscrição da obrigação, sem a intervenção preponderante do réu”.

Contactado pela agência Lusa, o advogado da queixosa, Pedro Marinho Falcão, afirma que “o Santander vendeu gato por lebre”: “Vendeu obrigações BES como se fossem Novo Banco e o juiz veio dizer que há violação do dever de informação, porque o cliente não foi avisado que aquelas obrigações podiam ser retransmitidas para o perímetro do BES (quando isso constava do próprio plano das obrigações) e, nessa medida, passariam para o banco ‘mau’ [a entidade que ficou com ativos problemáticos do ex-BES e que não tem capacidade financeira para assumir os compromissos com que ficou]”, referiu.

Explicando que “foi condenado o banco vendedor, que neste caso não é o banco emitente das obrigações em causa, mas o que serviu como intermediário financeiro e falhou na obrigação de informação”, o advogado disse ter conhecimento de “muitos outros clientes que estão nesta situação”, tendo comprado ao balcão de vários bancos obrigações do BES “convencidíssimos de que eram do Novo Banco”.

No passado mês de março, uma decisão semelhante foi tomada pelo Tribunal da Relação do Porto, mas tendo o Novo Banco como intermediário financeiro e réu.

Num acórdão datado de 21 de março, a Relação confirmou a decisão da primeira instância de anular o contrato de venda de obrigações do Novo Banco e condenou a instituição bancária a pagar mais de 100 mil euros a um cliente a quem tinha vendido obrigações transferidas para o BES ‘mau’, com perda do investimento.

Em dezembro de 2015, mais de um ano depois da resolução do BES, o Banco de Portugal decidiu passar para o ‘banco mau’ BES mais de 2.000 milhões de euros de obrigações não subordinadas do BES que inicialmente tinha decidido que eram responsabilidade Novo Banco.

Essa decisão penalizou os investidores que detinham esses títulos.

Grandes fundos internacionais, como Blackrock e Pimco, têm desde então criticado fortemente esta decisão do banco central, que consideram “ilegal e discriminatória” e puseram ações em tribunal.

Totta não se vai opor ao pedido do Novo Banco mas quer saber destino da quantia

Quarta-feira, Março 13th, 2019

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Negócios

O CEO do Santander Totta assume que o banco não vai tomar nenhuma ação contra o pedido de mais de mil milhões feito pelo Novo Banco, no âmbito do fundo de Resolução, para o qual o Totta vai ter de dar a sua contribuição.

O CEO do Santander, Pedro Castro Almeida, critica o ruído que se tem gerado à volta do pedido do Novo Banco, que veio requerer mais 1,15 milhões ao Fundo de Resolução que lhe serve de garantia desde a venda ao Lone Star – quantia para a qual as instituições financeiras, nas quais se inclui o Santander, vão contribuir. A única questão que defende que deve ser clarificada é o destino dado a essa quantia.

“A questão que deve ser analisada é não tanto como é que estes créditos inicialmente foram dados mas qual é o destino deste dinheiro”, disse o CEO do Santander, à margem do evento de inauguração do novo espaço do banco, o Work Café. O presidente executivo defendeu que “não podemos, cada vez que é requisitado mais dinheiro, levantar este broá”.

O Santander sublinha que é necessário “ter a certeza” que a gestão do dinheiro em causa “está a ser bem feita” e ressalva: “não há nada que me leve a crer até à data que assim não o é”.

Questionado acerca de uma possível ação, a par com as restantes instituições do setor que são afetadas pela medida, Castro Almeida rejeita. “Se tivéssemos tomado essa decisão, já a teríamos tomado. A nossa posição foi não fazer nada”, remata, para depois acrescentar: “Já me queixei. Não me vou queixar agora mais”. Isto, apesar de reconhecer que se sente prejudicado “desde o início”, mas não hoje em particular, após o pedido do Novo Banco.

Em relação ao possível impacto da ativação da garantia na imagem do setor bancário português, Castro Almeida desvalorizou, dizendo acreditar que “lá fora não chegam 99% destas notícias”. Lamentou ainda as questões de perceção “antigas”, numa altura em que diz que está a ser feito um “trabalho importante” no setor.

O Novo Banco, após revelar os prejuízos de 2018, pediu 1,15 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução, superando os 850 milhões que estavam previstos no Orçamento do Estado – uma quantia comparticipada pelas instituições financeiras, que integram o fundo. No ano anterior, Fundo já tinha entregado 792 milhões de euros para cobrir necessidades nos ativos do Novo Banco integrados no Mecanismo de Capitalização Contingente.

De acordo com o jornal Público, as instituições bancárias já começaram a questionar os montantes pedidos pelo Novo Banco ao Fundo de Resolução, pois este mecanismo só deveria ser acionado em casos pontuais e extremos e a generalidade dos bancos está a registar melhorias, ao contrário do reportado pelo Novo Banco.

Na apresentação de contas, o banco nascido da resolução do BES revelou um prejuízo de 1,41 mil milhões de euros no ano passado e reviu em alta perdas de 2017 para 2,3 mil milhões de euros, mais mil milhões do que o divulgado anteriormente.

 

Económico Fundos é o novo nome dos fundos do ex-BES Angola

Terça-feira, Novembro 22nd, 2016

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Negócios

A sociedade Económico Fundos é responsável em Angola pela gestão de fundos de pensões e de investimento e tem agora como accionista principal (62%) o Banco Económico e a GNB Gestão de Activos (35%).

O Governo angolano autorizou a mudança da denominação social de um fundo de pensões detido pelo antigo Banco Espírito Santo Angola (BESA), controlado agora pelo Banco Económico, conforme despacho do ministro das Finanças angolano.

De acordo com o documento assinado pelo ministro Archer Mangueira (na foto), de 14 de Novembro e ao qual Lusa teve hoje acesso, a denominação social da sociedade gestora de fundos de pensões BESA ACTIF é autorizada a passar para Económico Fundos, validando desta forma a deliberação anterior, em assembleia-geral.

A sociedade Económico Fundos é responsável em Angola pela gestão de fundos de pensões e de investimento e tem agora como accionista principal (62%) o Banco Económico e a GNB Gestão de Activos (35%), uma das maiores sociedades gestoras de fundos de investimento portuguesas, estando o restante capital disperso por pequenos accionistas.

Antes do colapso do BES em Portugal, a BESA ACTIF era detida a 62% pelo BESA, e 35% do capital social pertencia à Espírito Santo Participações Internacionais (ESAF).

Intervencionado a 4 de Agosto de 2014, devido ao crédito malparado em Angola, estimado em mais de três mil milhões de euros, o BESA foi transformado, por decisão dos novos accionistas e conforme exigência do banco central angolano, em Banco Económico, a 29 de Outubro de 2014, avançando também um aumento de capital.

A operação foi então contestada pela administração do BES, mas em Junho de 2015 avançou a fase final, com a introdução da nova imagem corporativa, que passou a ser controlado maioritariamente, em 39,4%, pelo grupo petrolífero estatal Sonangol.

O BES, que tinha o controlo maioritário do banco (55%) desapareceu da estrutura accionista, vendo a participação diluída no aumento de capital, o mesmo acontecendo com a sociedade Portmill, que perdeu a quota de 24%.

Já o Novo Banco, a instituição que ficou a operar com os activos ‘bons’ do BES, ficou, entre outras mais-valias potenciais, com uma participação de 9,72%, por conversão de 53,2 milhões de euros do anterior empréstimo do BES, no valor de 3,300 mil milhões de euros à data da intervenção estatal.

Maiores bancos privados passam de lucros a perdas agregadas de 133,5 milhões

Segunda-feira, Novembro 14th, 2016

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Público

Lucros de BPI e Santander Totta não foram suficientes para impedir um cenário global “vermelho” na banca privada.

Os quatro maiores bancos privados que operam em Portugal tiveram, em termos agregados, prejuízos de 133,5 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, o que compara com lucros registados no mesmo período de 2015.

Nos primeiros nove meses do ano passado apenas o Novo Banco registou prejuízos, mas este ano também o BCP apresentou resultados negativos até Setembro, pelo que os lucros de BPI e Santander Totta não foram suficientes para impedir um cenário global “vermelho” na banca privada. Assim, fazendo as contas, entre Janeiro e Setembro deste ano os quatro maiores bancos privados registaram no conjunto prejuízos de 133,5 milhões de euros, que contrastam com lucros agregados de 173,5 milhões do mesmo período de 2015.

Analisando por instituição, os maiores prejuízos cabem ao Novo Banco — o banco de transição que resultou da resolução do Banco Espírito Santo — que apresentou esta quinta-feira resultados negativos de 359 milhões de euros até Setembro, ainda assim melhor do que os prejuízos de 418,7 milhões de euros dos primeiros nove meses de 2015.

O banco — que está em processo de venda e que tem levado a cabo uma intensa reestruturação, com reduções de custos — destacou, contudo, que conseguiu no terceiro trimestre um lucro marginal de 3,7 milhões de euros, o que acontece pela primeira vez desde que foi criado, em 3 de Agosto de 2014.

Também o maior banco privado português, o BCP, registou até Setembro um prejuízo de 251,1 milhões de euros, que compara com os lucros de 264,5 milhões de euros de igual período do ano passado, justificando que os resultados contabilísticos foram influenciados negativamente sobretudo pelo reforço nas imparidades (perdas potenciais), nomeadamente para crédito.

Já o Banco BPI conseguiu, até Setembro, fazer crescer os lucros em 21,2% para 182,9 milhões de euros, em resultado de uma melhoria da actividade doméstica para 57,5 milhões, mas principalmente da actividade internacional (sobretudo a operação em Angola, onde tem o BFA) com 125,4 milhões de euros.

Na sexta-feira à noite, o BPI divulgou ao mercado o impacto nas suas contas do acordo que fez com a operadora angolana Unitel para a venda de 2% do Banco Fomento de Angola (ficando o BPI com 48,1% e a Unitel com 51,9%, que assim passa a controlar o banco angolano). Se essa operação já estivesse concretizada, à data de 30 de Setembro o BPI teria tido um prejuízo de 25 milhões, em vez de lucro, devido à inversão do resultado da actividade internacional, que passaria de 125 milhões positivos para 84 milhões negativos.

Por fim, o Santander Totta voltou a registar um desempenho positivo, com um lucro de 293,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida homóloga de 66,2%. Do resultado líquido do Santander Totta até Setembro, nove milhões de euros dizem respeito à integração de actividade bancária do Banif, que adquiriu no final de 2015 por 150 milhões, mas o banco detido pelo espanhol Santander já disse que espera que no futuro esse investimento venha a render ainda mais.

Quanto ao banco público Caixa Geral de Depósitos, o maior a operar em Portugal, este ainda não apresentou resultados referentes aos primeiros nove meses do ano, depois de entre Janeiro e Junho ter tido prejuízos de 205,2 milhões de euros, valor que compara com os lucros de 47,1 milhões de euros do período homólogo.

A CGD tem estado no centro de uma polémica devido aos membros da administração liderada por António Domingues, que tomou posse em 31 de Agosto deste ano, rejeitarem apresentar as declarações de rendimentos e património junto do Tribunal Constitucional.

 

Vieira Monteiro pede mais esclarecimentos sobre venda do Novo Banco

Quinta-feira, Novembro 3rd, 2016

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Negócios

Em 2014, foi lançado um concurso para a venda do Novo Banco com um caderno de encargos. O Santander participou mas o processo falhou. A venda foi retomada mas não se sabe se os princípios são iguais aos do primeiro concurso.

António Vieira Monteiro tem uma dúvida sobre o actual processo de venda do Novo Banco porque não sabe se o caderno de encargos é o mesmo que existiu no primeiro concurso internacional, cancelado em Setembro de 2015.

“Se [o novo processo] obedecer a princípios diferentes [do primeiro], obriga a um novo caderno de encargos e a uma nova abertura do processo”, indicou Vieira Monteiro na conferência de imprensa de apresentação de resultados dos primeiros nove meses do ano.

O Novo Banco está, neste momento, a ser vendido. O antigo secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, lidera o processo de alienação da instituição financeira, por contratação do Banco de Portugal, tendo iniciado procedimentos em paralelo que podem conduzir a um de dois fins: ou uma venda directa a um investidor estratégico ou a dispersão do capital por vários investidores.

Esta sexta-feira têm de ser entregues as ofertas vinculativas para quem quer mesmo participar no processo. 

Não foi divulgado publicamente um caderno de encargos neste processo, iniciado em Janeiro, ao contrário do que aconteceu no primeiro concurso internacional, lançado em Dezembro passado e cancelado em Setembro. O Santander participou neste concurso mas acabou por não ser um dos finalistas.

Neste momento, o Santander Totta assume-se como estando concentrado no crescimento orgânico mas não descarta aquisições. É a posição do banco há vários anos, incluindo antes da aquisição do Banif no âmbito da resolução.

Certo é que, nos procedimentos actualmente em curso para o Novo Banco, o Santander Totta não está presente. Nem na venda directa (sabe-se que são apenas quatro e não inclui o b

Banca espanhola prepara assalto final a Portugal

Terça-feira, Outubro 25th, 2016

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Dinheiro Vivo

O fraco crescimento da economia está a deixar os bancos portugueses mais débeis e, logo, mais suscetíveis de aquisição por parte de estrangeiros.

A banca espanhola está conquistar Portugal. Há nove séculos, D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos mouros. Agora, é a vez de os espanhóis conquistarem o centro financeiro do país, não pela força mas pelo poderio económico. Não foi necessário qualquer cerco a Lisboa, bastando a Espanha aproveitar a fraca rentabilidade dos nossos bancos, fruto em parte do nível elevado de crédito malparado. O fraco crescimento da economia, que deve rondar 1% este ano, torna o setor bancário uma presa fácil para as entidades estrangeiras. Este é o cenário pintado pelo jornal online “El Español”. A ideia não é nova. Mais de meia centena de notáveis portugueses chegaram a aventar a hipótese de escrever um manifesto contra a espanholização do setor financeiro, acabando por elaborar apenas um conjunto de reflexões sob o título “Reconfiguração da Banca em Portugal”. Duas ideias centrais do documento de reflexão, datado de 28 de abril de 2016: a excessiva concentração nas mãos de acionistas de uma só nacionalidade pode prejudicar o nosso país e, por outro lado, o Banco Central Europeu (BCE) não devia impor soluções cujos custos são suportados exclusivamente pelo país em causa.

Barclays Portugal, Banif, BPI O caminho que levou ao domínio espanhol começou com o Santander, que entrou em Portugal nos anos oitenta do século passado, através do Banco de Comércio e Indústria. Depois, no ano 2000, consolidou a sua posição ao converter-se no acionista maioritário do Banco Totta & Açores. Foi o primeiro passo para a criação da filial portuguesa do atual Banco Santander Totta. No entanto, o grande passo em frente aconteceu quando o Bankinter comprou, no último outono, o negócio de retalho do Barclays Portugal. Não demorou muito para que o Santander se impusesse ao Banco Popular e à norte-americana Apollo para ficar com o controlo do Banif, que colapsou em dezembro de 2015. Pagou apenas 150 milhões de euros, sendo que o banco resgatado recebia uma injeção de capital na ordem dos 2,25 milhões de euros de dinheiros públicos. “O triste caso do resgate do Banif indicia a adoção de um paradigma inaceitável, que não pode ser replicado em casos futuros. Se o que parece é, a atuação do BCE neste caso, em vez de viabilizar soluções com menores custos e igualmente credíveis, antes reflete uma estratégia que coloca a banca privada nacional na dependência de um muito escasso número de bancos de um país estrangeiro”, referem os subscritores do documento de reflexão “Reconfiguração da Banca em Portugal”. Em abril, foi a vez de o CaixaBank lançar uma segunda OPA sobre o Banco Português de Investimento (BPI). Apesar dos problemas colocados pela empresária angolana Isabel dos Santos, tudo se resolveu e o controlo do BPI deverá estar concluído ainda em 2016. BCP e Novo Banco Desde o início do ano que se ouvem rumores sobre o interesse de vários bancos espanhóis no Millenium BCP, sendo que o Sabadell é tido como um sério pretendente. Este banco espanhol controla 5% do BCP. Para já, certa é a entrada dos chineses da Fosun.

O Novo Banco (NB) é um peso morto dentro do setor. Custou 4,9 mil milhões ao Fundo de Resolução, o sistema solidário dos bancos, ao qual o Estado emprestou 3,9 mil milhões de euros. Tal como sucedeu com o Banif, e tendo em conta os prejuízos que vem acumulando, o NB pode acabar por ser vendido por um valor simbólico. Seja como for, tem de ser vendido até agosto de 2017, mas a verdade é que, caso a sua alienação não aconteça até ao final deste ano, terá lugar a redução de mais 500 postos de trabalho, corte adicional de 100 milhões de euros e fecho de mais 100 balcões, O Banco de Portugal está a analisar quatro propostas pelo Novo Banco: a do fundo Lone Star, da Apollo/Centerbridge, do BPI e uma manifestação de interesse do BCP, sem preço mas dizendo que podia avaliar o ativo noutras condições de mercado. O CaixaBank já veio dizer que a prioridade é a consolidação do BPI, dando a entender que o NB não é prioritário, afirmação que não exclui totalmente a operação de compra de mais um banco português por uma entidade espanhola.

Montepio assume possíveis impactos “adversos” com relatório da Deloitte sobre o BES

Terça-feira, Julho 19th, 2016

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Negócios

As intervenções no Banco Espírito Santo e no Banif levantam incertezas nos bancos portugueses. Porque os impactos continuam a não ser exactos. São riscos que tanto o Montepio como o Totta assumem em prospectos que têm de publicar para emitir obrigações hipotecárias.

O Montepio admite que o relatório da Deloitte sobre o Banco Espírito Santo, que conclui que os credores comuns têm de receber 31,7% na liquidação do banco, pode trazer efeitos “adversos” para a instituição financeira. A palavra de ordem do banco em relação às consequências da intervenção do Banco de Portugal é incerteza. A mesma que o Santander Totta usa também para falar da intervenção no BES.

“Se a taxa de recuperação apresentada no relatório for legalmente vinculativa e se for superior ao que efectivamente se verificar na liquidação do BES [“mau”], o Fundo de Resolução pode necessitar de contribuições adicionais pedidas aos bancos portugueses, incluindo o emitente [Montepio], para a pagarem a diferença”.

A citação é do prospecto, com data de 14 de Julho, publicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, em que a Caixa Económica Montepio Geral se propõe a fazer um programa de emissão de 5 mil milhões de euros em obrigações hipotecárias. Também na semana passada, o Santander publicou um prospecto sobre o programa de obrigações hipotecárias de 12,5 mil milhões de euros. Neste tipo de documentos, as empresas emitentes têm de indicar os factores de risco que os subscritores das obrigações vão enfrentar e o Novo Banco é um deles.

Em relação às consequências daquele relatório da Deloitte, a caixa económica sob o comando de José Félix Morgado defende que terá um “efeito adverso nos resultados, negócios e condição financeira do emitente”. A maior parte dos créditos comuns do BES à data de 3 de Agosto de 2014 foram transferidos para o banco de transição, o Novo Banco. Contudo, permanecem ainda alguns credores comuns no BES, como os ligados à Oak Finance, num veículo montado pelo Goldman Sachs, e como a provisão para o papel comercial da ESI e Rioforte vendido no BES. À partida, os créditos comuns no BES “mau” ascendem a 3 mil milhões de euros, pelo que a taxa de recuperação de 31,7% obriga a que recebam mil milhões. Se não obtiverem este dinheiro na liquidação do BES “mau”, processo cujo pontapé de saída já foi dado, os credores comuns têm direito a receber a diferença pelo Fundo de Resolução, isto é, os bancos.

“As futuras contribuições [para o Fundo de Resolução] continuam indefinidas e vão depender, em grande medida, do que vier a ser conseguido no processo de venda do Novo Banco. É impossível prever a extensão das potenciais consequências para o emitente daí advindas”, indica ainda o prospecto do Montepio. O Novo Banco está a ser negociado, decorrendo a avaliação das quatro propostas recebidas. Não ocorrendo a venda a investidores estratégicos, deverá seguir-se após o Verão a modalidade de venda em mercado a institucionais. Mas o dinheiro a ser obtido pela alienação será abaixo dos 4,9 mil milhões de euros injectados a 3 de Agosto de 2014, como já admitiu o ainda presidente da administração do Novo Banco Eduardo Stock da Cunha. Sem venda até Agosto de 2017, haverá liquidação ordeira, declarou já António Costa perante a Comissão Europeia.

O Fundo de Resolução e, portanto, os bancos, têm de compensar a diferença entre a injecção de capital de 3 de Agosto e o que vier a ser obtido na alienação do Novo Banco. Seja por contribuições regulares seja por contribuições especiais, a responsabilidade é do Fundo. Mas há dúvidas, como sublinha o Santander Totta no seu relatório: “Embora se espere que o financiamento seja estruturado de forma a não prejudicar a solvência de qualquer banco e para preservar a estabilidade financeira da economia portuguesa, não é possível, nesta fase, se a venda será suficiente ou não e, no caso de não serem, o impacto específico e a contribuição especial para o sector bancário português, incluindo o emitente, é também incerto”.

Dúvidas judiciais

A incerteza é a palavra de ordem e o Montepio e o Santander Totta já têm, no passado, e à semelhança dos restantes grandes bancos nacionais, custos com a resolução do BES. Os bancos concederam um empréstimo ao Fundo de Resolução, aquando da intervenção, de 700 milhões, 70 milhões dos quais da responsabilidade da caixa económica, detida pela associação mutualista com o mesmo nome. O Totta tem, por sua conta, 116,2 milhões.

Além das potenciais perdas decorrentes de uma venda abaixo dos 4,9 mil milhões de euros, há ainda os riscos judiciais. “O volume de litigância associada ao processo é elevada, não estando devidamente claras as potenciais perdas em que o Fundo de Resolução pode incorrer como resultado destas acções ou com a venda do Novo Banco (seja totalmente vendida seja com alienação de alguns activos). Um resultado adverso pode afectar negativamente os resultados, a actividade empresarial e a condição financeira do emitente”, continua o documento.

Ainda há os custos com o Banif

Tudo isto diz respeito apenas à resolução do BES. Mas em Portugal também o Banif foi alvo de intervenção por parte do Banco de Portugal. E aqui também há dúvidas. A resolução do Banif imputou perdas ao Fundo de Resolução (um encargo de 489 milhões de euros), que, sem verbas para fazer face a esse custo, teve de pedir um empréstimo ao Tesouro naquele montante.

“Não se pode antecipar o impacto potencial que a resolução do Banif pode ter no emitente”, diz o Montepio. O Santander, que comprou o Banif por 150 milhões de euros mas que também contribui para o Fundo de Resolução, faz o mesmo comentário que a caixa económica.

 

BPI e Santander também estudam compra do Novo Banco

Sexta-feira, Junho 3rd, 2016

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Económico

Além do Millennium bcp e da Apollo, também o BPI e o Santander estão a estudar a compra do Novo Banco, no processo de venda que está a ser relançado pelo Banco de Portugal.

Além do Millennium bcp, também o BPI e o Santander estão a estudar a eventual compra do Novo Banco, no processo de venda que está a ser relançado pelo Banco de Portugal (BdP), apurou o Económico junto de fontes do sector financeiro.

O BPI e o Santander, que também participaram na primeira tentativa de venda, que teve lugar no ano passado, estão entre as várias entidades nacionais e internacionais que acederam ao ‘data room’ com os elementos da operação. Além do BCP, do BPI e do Santander, também a Apollo acedeu ao ‘data room’, tal como o Económico noticiou anteontem.

Desde o anúncio do relançamento do processo de venda que os bancos espanhóis que controlam o Santander Totta (Grupo Santander) e o BPI (CaixaBank) são tidos como favoritos à compra do Novo Banco. Mas a entrada em cena do BCP, numa jogada que é bem vista pelo poder político português, veio baralhar essas expectativas. No entanto, o BCP está a ser fortemente penalizado na bolsa, desde que surgiram as primeiras notícias sobre o eventual interesse no Novo Banco, dado que essa operação, a ocorrer, implicará um aumento de capital. Ontem, as acções do BCP atingiram um novo mínimo histórico em 2,67 cêntimos por acção.

A segunda tentativa de venda do Novo Banco está a ser conduzido pelo Fundo de Resolução, que contratou o antigo secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, para conduzir o processo de venda, que decorre em moldes distintos da primeira tentativa.

Tal como o Económico noticiou, o actual concurso abre a porta a duas possibilidades: a venda em bolsa ou a venda directa a investidores estratégicos, que têm de ser obrigatoriamente bancos, seguradoras ou investidores que já tenham participações no sector.

O caderno de encargos refere que “os investidores estratégicos que participem no Procedimento de Venda Estratégica não poderão participar no Procedimento de Venda em Mercado como ‘Cornerstone Investor’ [investidores de referência], nem como investidores institucionais”.

Em ambos os casos, o principal critério para a escolha dos investidores será a “atractividade da componente financeira”, ou seja, o preço final oferecido pelo Novo Banco. Recorde-se que o Fundo de Resolução tem a recuperar 4,9 mil milhões de euros que injectou no Novo Banco aquando da sua criação, em Agosto de 2014, na sequência da resolução do BES.

O Novo Banco tem de ser vendida no máximo até Agosto de 2017, depois de a Comissão Europeia ter estendido por um ano a data para a sua alienação.  O banco teve resultados negativos de 980,6 milhões de euros em 2015, tendo justificado mais de metade do prejuízo ainda com o ‘legado’ do BES.

BCP e Santander defendem a existência de um banco público, pelo menos para já

Terça-feira, Maio 17th, 2016

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TVI

CGD está em mudança de equipa de gestão, devendo ser realizada em breve a assembleia-geral em que será nomeado António Domingues – atual administrador do BPI – como sucessor de José de Matos

Os presidentes do BCP e do Santander Totta defenderam que é importante existir um banco público forte como a CGD em Portugal, pelo menos para já, depois de nos últimos anos ter existido um movimento favorável à privatização.

As declarações foram feitas durante a conferência “O presente e o futuro do setor bancário”, num hotel em Lisboa esta terça-feira, durante o painel de debate que juntou alguns dos principais presidentes de bancos a operar em Portugal.

O presidente do Santander Totta, Vieira Monteiro, recordou a sua passagem de 12 anos pela Caixa Geral de depósitos (CGD) para considerar que este banco é fundamental no apoio ao desenvolvimento da economia portuguesa.

Durante muito tempo, achei que [a CGD] podia ser privatizada. Hoje, atendendo ao momento, a manutenção como entidade pública é importante”, afirmou o responsável pelo banco detido pelo espanhol Santander.

Uma posição semelhante foi partilhada pelo presidente do BCP, Nuno Amado, referindo contudo que a manutenção da CGD como entidade totalmente pública é importante “num período transitório”.

Temos de ter um sistema bancário com alguma diversificação. Tem de ter uma componente privada forte, tem de ter neste período transitório uma componente pública importante e uma componente cooperativa”, defendeu hoje o presidente do BCP, Nuno Amado.

No passado, quando ainda era presidente do Santander Totta, Nuno Amado defendeu que a CGD devia ser privatizada passado o período de crise, devido à distorção de concorrência que considera que um banco público implica no setor bancário.

O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, José de Matos, não participou no debate que juntou os principais responsáveis pelos bancos em Portugal.

Veja também: Todos querem o banco mau, menos os próprios banqueiros

O banco público está em mudança de equipa de gestão, devendo ser realizada em breve a assembleia-geral em que será nomeado António Domingues – atual administrador do BPI – como sucessor de José de Matos.

A privatização da CGD nunca avançou mas foi muito falada durante o anterior Governo, liderado por Passos Coelho. O anterior primeiro-ministro nunca assumiu publicamente, contudo, a intenção de avançar com uma alienação parcial do banco a investidores privados.