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Novo Banco não foi para a bolsa porque tinha contas com reservas

Quarta-feira, Maio 24th, 2017

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Negócios

O Banco de Portugal descartou a possibilidade de dispersar o capital do Novo Banco em bolsa porque a instituição tinha contas com reservas. Regras dos Estados Unidos desvalorizavam o activo. Restantes propostas nunca foram firmes.

A possibilidade de dispersar o capital do Novo Banco em bolsa foi afastada pelo Banco de Portugal devido à existência de reservas nas contas da instituição, revelou Sérgio Monteiro no Parlamento.

“Havia uma dificuldade. Havia reservas às contas do Novo Banco relacionada com a dificuldade de garantir a recuperação de DTA [activos por impostos diferidos]. Esta reserva impedia que a oferta fosse feita nos Estados Unidos, a não ser que os DTA saíssem do Banco, o que abriria necessidades de capital na instituição “, revelou um dos três coordenadores do processo de venda.

Segundo Sérgio Monteiro, ainda foram feitas diligências para que o auditor, a PwC retirasse essa reserva, pedido que a empresa de auditoria recusou. Este problema só foi superado nas contas do Novo Banco relativas ao final de 2016.

Relativamente às restantes propostas de compra que ficaram para trás, face à vitória da Lone Star, Sérgio Monteiro garante que não houve outras ofertas firmes.

A proposta do consórcio Apollo/Centerbridge para a compra do Novo Banco não chegou a ser vinculativa. “Houve um candidato que pediu sempre mais tempo para tornar firme a sua proposta”, revelou Sérgio Monteiro, coordenador do processo de alienação na comissão parlamentar de Orçamento Finanças e modernização Administrativa.

O responsável revelou que este candidato pediu seis a oito semanas além de 24 de Fevereiro para apresentar uma oferta vinculativa, o que significava que só em Abril a proposta seria firme. Neste contexto, a 17 de Fevereiro o Banco de Portugal decidiu negociar em exclusivo com a Lone Star, já que “não era crível que mais tempo assegurasse uma melhor proposta”, sublinhou Sérgio Monteiro.

Por seu turno, a oferta da China Minsheng era “melhor do ponto de vista de valor, mas nunca chegou a ser transaccionável, pela falta de documentos confirmativos que permitissem a comprovação da existência de fundos para assegurar injecção de capital no Novo Banco”.

Quanto à tentativa da Aethel entrar no processo, Sérgio monteiro revelou que este investidor “fez a primeira interacção connosco em Janeiro”, recebendo como resposta que “só juntando-se a um dos candidatos” poderia entrar no concurso.

O coordenador do processo admitiu ainda disponibilizar ao Parlamento a “troca de correspondência com a Aethel”, para a COFMA poder avaliar os pormenores desta indicativa, desde que o investidor aceite está partilha.

Banco de Portugal já não fixa data para vender Novo Banco

Sábado, Janeiro 7th, 2017

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Público

Banco de Portugal pede solução rápida de venda do Novo Banco: o Lone Star deixa cair a garantia; a Apollo leva a sério a negociação e apresenta oferta vinculativa. Já o Minsheng dificilmente terá condições de avançar com prova de fundos

O Banco de Portugal não vai, desta vez, avançar com uma data para fechar o novo ciclo de negociação de venda do Novo Banco, reaberto esta semana, para evitar dar vantagens ao Lone Star. Mesmo pretendendo que o processo seja célere. O objectivo é conseguir chegar a uma revisão substancial das ofertas que estão em cima da mesa e que terão, agora, de obedecer a dois pressupostos: a injecção de fundos de 750 milhões e não receber ajuda do Estado.

É assim que explica que se tenha iniciado nova ronda de conversas com todos os interessados, para que apresentem propostas melhoradas. É que o BdP chegou a 4 de Janeiro, data em que teria de se pronunciar, com três ofertas, nenhuma ideal: o Lone Star exigia apoio do Estado; a Apollo não se queria comprometer; o Minsheng não conseguiu mostrar que dispõe de fundos para pagar o investimento.

Os fundos Apollo/Centerbridge, que surgem articulados, reapareceram no BdP a 30 de Dezembro de 2016, e na manhã de 4 de Janeiro formalizaram uma oferta não totalmente vinculativa. E, por esse motivo, não foi levada em conta pelo BdP. A Apollo pediu tempo para poder “auditar” as contas do banco e chegar a uma segunda alternativa condizente com o que o Fundo de Resolução pede.

O BdP, que encarregou Sérgio Monteiro de fechar o dossiê, continua disponível para receber a prova de fundos do China Minsheng, que se propõe assumir 51% do Novo Banco, injectando em duas fases 600 milhões, mais 150 milhões.

Um processo sem calendário, mas que se pretende célere e sem impacto no país. É que o Novo Banco necessita de uma injecção de fundos de 750 milhões este ano, verba que consta do plano da gestão para este exercício.

Americanos voltaram à mesa

Esta sexta-feira, o Lone Star e a Apollo regressaram ao BdP onde tiveram reuniões que prosseguem na próxima semana. Um dos obstáculos para o sucesso das conversações está na carteira de activos do Novo Banco, não afectos à actividade bancária, e destinada a ser alienada, e que soma cerca de nove mil milhões de euros (designado de side bank). Mas cujo valor é incerto: como não é possível, pelas regras da resolução, retirar do Novo Banco este bolo, há uma pressão acrescida sobre o capital, que os potenciais interessados evitam assumir. O que justifica que não tenham surgido interessados para entrar numa operação de bolsa.

Com contas mais limpas, com o banco apenas focado na operação bancária (sem side bank), admite-se que a instituição liderada por António Ramalho teria provavelmente atraído outros interessados de outro tipo (que não investidores marginais), como, por exemplo, bancos.

As dificuldades são muitas, mas no BdP, a autoridade de resolução, e no Fundo de Resolução, o vendedor, prevalece o optimismo e a convicção de que o Lone  Star ainda venha a prescindir da garantia estatal. E que os esforços de última hora da Apollo sejam efectivos. Já sobre a solução Minsheng não há grande esperança.

Presidente do Novo Banco opõe-se a dividir para vender

Quarta-feira, Setembro 21st, 2016

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RTP com som

O presidente do Novo Banco está a ultimar o processo de venda em bolsa. Numa carta aos trabalhadores a que a RTP teve acesso, António Ramalho afirmou que a ideia de dividir o banco em partes para vender não é credível.

Diz que a equipa de gestão continua a apoiar o Fundo de Resolução na venda direta, e ao mesmo tempo está a ultimar o processo para uma eventual venda do capital em bolsa destinada a grandes investidores, caso seja esse o caminho escolhido.

Na carta, António Ramalho está optimista no futuro do Novo Banco.

 

Maria João Carioca admite solução que passe pela dispersão do capital do Novo Banco

Segunda-feira, Julho 4th, 2016

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RTP

Maria João Carioca diz que a dispersão do capital em bolsa é solução a ponderar, se permitir “atrair investidores informados” e se houver condições.

Investir:

A nova presidente da Bolsa de Lisboa considera que o arrastar das situações por resolver na banca e o grau de incerteza que daqui resulta, colocam em causa novos investimentos. Maria João Carioca, nesta entrevista à Antena1 e ao Económico, adianta que tudo combinado “não é favorável” ao investimento.

Banca:

Maria João Carioca adianta que a clarificação no setor bancário permitirá atrair investidores, mas refere que esse é apenas um dos lados da equação, porque é preciso que o resto da economia funcione.

Novo Banco:

A nova CEO da Euronext Lisbon considera que a dispersão em bolsa do capital do Novo Banco deve ser “uma solução a ponderar” desde que permita “atrair investidores informados” e desde que estejam “reunidas as condições”. De resto, a presidente da Bolsa de Lisboa está disposta a acolher a solução.

Banco Mau:

Quanto à criação de um “banco mau”, Maria João Carioca adianta que é útil se tiver acesso a capital porque assumir perdas requer capital. Por outro lado, sugere a necessidade de existir uma conversa prévia para se saber exatamente os ativos que estão em causa e como se vai proceder.

Brexit:

Quanto ao impacto do Brexit, refere que metade das empresas que pretendiam investir na bolsa decidiram esperar depois da decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia. Nesta entrevista à Antena1 e ao Económico, Maria João Carioca revelou que há empresas no universo da Euronext que, mesmo continuando a ter necessidades financeiras, considerando a área de negócio em que desenvolvem a sua atividade, decidiram não avançar com ofertas públicas iniciais.

Bolsa:

Maria João Carioca conta, até ao final do ano, identificar cerca de 20 empresas com as quais será possível encetar conversações tendo em vista a sua entrada em bolsa. Estas conversas, até à decisão final, deverão prolongar-se durante cerca de um ano e meio a dois anos.

Impostos:

Considera que não há milagres para fazer com que as empresas entrem na bolsa, o que é preciso é continuar a trabalhar e a fazer o trabalho de casa. Defende em concreto a necessidade de avançar com a diferenciação fiscal, entre dívida e capital próprio.

Confiança:

Aliás, considera que a estabilidade fiscal e regulatória acabam por ser mais relevantes para o investidor do que a situação politica.

IPO do Novo Banco só depois de conhecer o futuro accionista maioritário

Terça-feira, Junho 21st, 2016

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Económico

CMVM deu parecer negativo à oferta pública de subscrição de acções do Novo Banco por não haver definição accionista do banco de transicção. A notícia foi avançada pelo Reuters e o Económico confirmou junto de fonte ligada ao processo

A Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ‘chumbou’ uma proposta de um Initial Public Offering (IPO) do Novo Banco, quando há várias semanas lhe foi pedido um parecer. A CMVM fê-lo para salvaguardar o interesse dos pequenos accionistas, pois considera que há uma indefinição em relação ao futuro dono do banco de transição. Portanto, enquanto não se conhecer o maior accionista a CMVM não dá um parecer positivo ao IPO.

A Reuters avançou ontem com a notícia e relatava como argumento para o “chumbo”, que a informação era incompleta e continha incertezas e riscos para os investidores, disseram fontes financeiras próxima do processo à Reuters.

“A operação para um eventual IPO do Novo Banco foi apresentada, há algumas semanas, à CMVM, mas o regulador deu um parecer negativo”, disse fonte financeira próxima do processo à Reuters.

“A questão é que essa operação tinha uma série de incertezas e riscos que não eram suscetíveis de serem aceites, já que não havia informação completa para prestar aos investidores. O prospecto (de um IPO) não foi enviado para ser aprovado (pela CMVM)”, adiantou  a fonte à Reuters.

Fonte oficial do regulador referiu que “a CMVM não comenta”, frisando: “a CMVM pronunciou-se sobre a operação, mas não revela o teor da sua pronúncia.

O Banco de Portugal já disse que a operação ou vai ser por venda directa ou por recurso ao mercado de capitais.

O Presidente da República chamou o Governador do Banco de Portugal no fim da semana passada e o tema principal foi o desenrolar do processo de venda do Novo Banco.

Novo Banco. Prospeto para venda em bolsa quase pronto – Veja mais em: https://www.dinheirovivo.pt/banca/novo-banco-prospeto-para-venda-em-bolsa-quase-pronto/#sthash.228jD5bX.dpuf

Domingo, Junho 19th, 2016

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Dinheiro Vivo

Fundo de Resolução finaliza documento para formalizar entrada do capital do Novo Banco na Euronext Lisbon

Uma venda total do Novo Banco está a perder terreno. O prospeto para uma dispersão do capital em bolsa está praticamente pronto e dá gás a esta alternativa à venda total.

O Governo e o Banco de Portugal continuam a ter como tese central uma venda da totalidade do Novo Banco mas, de acordo com o Expresso, o prospeto que lança a venda através de uma dispersão de capital está quase pronto e, inclusivamente, decorre um processo informal para que parte do capital do Novo Banco seja admitido na Euronext Lisbon.

Assim que terminado, o documento será entregue à CMVM que terá de o aprovar. O semanário não obteve qualquer comentário nem da CMVM, nem do Banco de Portugal.

Ressalva no entanto que a CMVM tem uma preocupação: que se passe a ideia de que o Novo Banco é apenas a parte boa do antigo BES, sem riscos.

Ricciardi defende modelo da TAP para o Novo Banco

Quarta-feira, Junho 8th, 2016

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Expresso

José Maria Ricciardi considera que a melhor solução para o Novo Banco hoje é, em vez de vendê-lo, capitalizá-lo através de um aumento de capital. A Haitong, banco que lidera, já tem potenciais investidores interessados neste modelo

Considero que primeiro devia ser feita uma capitalização do Novo Banco, com um aumento de capital. Mais tarde, far-se-ia uma venda, através de uma oferta pública (IPO) em Bolsa, já com o banco a gerar rentabilidade. É esta a minha opinião”, disse José Maria Ricciardi, presidente da Haitong (ex-BESI) ao Expresso e ao Negócios, em Nova Iorque, durante o Pan European Days.

Ricciardi defende então a entrada de um ou mais grandes acionistas no Novo Banco através de um aumento de capital, mantendo-se o Fundo de Resolução durante mais algum tempo, até haver uma dispersão em bolsa. Seria uma solução mais interessante do que vender o banco já, uma vez que fazê-lo agora implica que seja “com um desconto gigantesco”, diz. O aumento de capital, considera, deveria ser feito até ao final do ano.

“Numa comparação grosseira defendo para o Novo Banco uma solução semelhante há que se adoptou para TAP, em que o Estado fivou, entraram acionista, com uma gestão privada e capital”, exemplifica. Ricciardi considera que este modelo faria com que o Novo Banco deixasse de ser um banco de transição, adquirindo uma nova marca, reestruturando-se e tornando-se mais rentável.

“Nós, Haitong, podemos trazer alguns investidores que poderão estar interessados nesta solução. Sabemos e temos contactos com investidores que numa solução destas poderão apresentar-se como potenciais compradores”, admitiu. E foi mais longe, dizendo mesmo que já há interessados, não quis porém dizer quem.

Ricciardi defendeu ainda a existência de uma maior consolidação da banca portuguesa. “Portugal precisa de ter menos bancos, maiores e mais eficientes. É preciso uma reestruturação do sistema financeiro, e essa reestruturação passa por uma maior consolidação bancária”, afirmou. O gestor acha inclusive que a fusão entre o BCP e o Novo Banco é uma possibilidade. Tudo isto, no entanto, implica que haja capital. E Ricciardi sublinha: ou vem do exterior ou de um segundo resgate, e esta última possibilidade está, ao que tudo indica, posta de parte.

Stock da Cunha faz ‘dança de cadeiras’ na gestão do Novo Banco

Quinta-feira, Março 10th, 2016

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Económico

Jorge Cardoso assume área de risco de crédito e ‘side bank’. Francisco Cary é o novo CFO.Os pelouros foram redistribuídos na administração do Novo Banco, para reforçar a área operacional e preparar o processo de venda. Ao que o Económico apurou, Jorge Cardoso deixa as funções de administrador-financeiro (CFO), para assumir a responsabilidade pelo risco de crédito e pelo chamado ‘side bank’, que agrega os activos não-estratégicos que o Novo Banco pretende vender.

Por sua vez, Francisco Cary é o novo CFO do Novo Banco, Vítor Fernandes assume a área de empresas e José João Guilherme mantém a banca de retalho e passa a ser responsável também pelo ‘private banking’. Já Francisco Vieira da Cruz mantém os pelouros jurídico e de recursos humanos. As alterações nos pelouros foram ontem comunicadas aos colaboradores do Novo Banco mas, até ao fecho da edição, não foi possível obter esclarecimentos de fonte oficial da instituição.

Com estas mudanças, Jorge Cardoso passa a acompanhar de perto o processo de venda do Novo Banco, bem como dos activos não-estratégicos incorporados no chamado ‘side bank’, que tem activos no valor de 17 mil milhões de euros. No âmbito do plano de reestruturação acordado com a Direcção Geral da Concorrência da União Europeia (DG Comp), estes activos deverão ser alienados pelo Novo Banco.

Entretanto, o processo de venda do próprio Novo Banco está em marcha. Tal como o Económico noticiou na terça-feira, o Banco de Portugal (BdP) vai realizar um ‘roadshow’ pelas principais praças financeiras da Europa e da América do Norte, na segunda quinzena de Março, com vista a atrair investidores. O plano do supervisor contempla duas opções: a venda directa a investidores institucionais – grandes bancos europeus ou fundos internacionais – ou a dispersão de capital em bolsa, numa operação que poderá arrancar até ao próximo mês de Julho.

Nos últimos meses, o BdP tem mantido contactos informais com vários potenciais interessados na compra do Novo Banco, incluindo grandes bancos espanhóis como o Santander ou o CaixaBank (que só estará disponível para concorrer ao Novo Banco através do BPI e se, entretanto, conseguir controlar este último). Os contactos com potenciais investidores vão passar agora para outro nível, mais formal e institucional, prevendo-se que o rumo a tomar seja definido até Junho, altura em que será divulgado o caderno de encargos.

A nova tentativa de venda do Novo Banco terá lugar sem as incertezas e os riscos que obrigaram ao cancelamento do primeiro concurso de alienação, apesar de o banco continuar no ‘vermelho’, após o prejuízo recorde de quase mil milhões de euros em 2015. O perímetro de activos do Novo Banco está fechado e as necessidades de capital estão resolvidas (após a polémica decisão de transferir dívida sénior para o BES “mau”), enquanto o risco de litigância ficará a cargo do Fundo de Resolução.

Venda do Novo Banco. Grupos que investiram na banca europeia são alvo prioritário

Quarta-feira, Março 9th, 2016

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Observador

Está tudo em aberto no processo de venda do Novo Banco. Bolsa, venda minoritária e mais do que um investidor. Grupos que investiram na banca europeia no último ano serão um alvo prioritário.

O processo de venda do Novo Banco será relançado de forma mais ativa nas próximas semanas com um roadshow internacional cujo principal objetivo é apresentar a realidade e as potencialidades da instituição bancária, e que procura contrariar as notícias negativas que têm tido destaque na imprensa internacional.

A transferência da dívida sénior para o Banco Espírito Santo (BES) e os prejuízos de quase mil milhões de euros apresentados no ano passado, não são o cartão de visita mais favorável para o arranque de um novo procedimento de venda. Pretende-se agora revelar uma imagem mais consistente e completa do banco, do plano de reestruturação em curso e do mercado bancário português.

O roadshow passará pelas principais praças financeiras na Europa, incluindo Lisboa, e nos Estados Unidos, e poderá ir ainda à Ásia. Segundo informação recolhida pelo Observador, o novo processo de venda terá como alvos preferenciais investidores que tenham participado, mostrado interesse ou concorrido a operações bancárias na Europa pelo menos no último ano ou dois anos.

A estratégia pretende atrair interessados que conhecem bem as novas regras europeias sobre a supervisão bancária e que se sintam confortáveis em investir neste quadro regulatório exigente. O Novo Banco, pela sua dimensão nacional, cai no âmbito da supervisão europeia e a aquisição de uma participação de 10% ou mais tem de passar no crivo do Banco Central Europeu. Também por isso, há a preocupação de assegurar que o perfil dos futuros investidores não levanta reservas junto dos reguladores.

Chineses já não aparecem como favoritos

Tudo indica que desta vez a Ásia, e em particular a China, não será um palco preferencial de captação de compradores, em contraste com o que aconteceu no primeiro processo de venda do Novo Banco em que grupos chineses — Anbang e a Fosun — fizeram as ofertas mais agressivas e eram dados como favoritos.

A travagem económica na China, a instabilidade nas bolsas asiáticas e o travão nas políticas expansionistas de grupos financeiros, como a Fosun (dona da Fidelidade), são fatores que parecem ter arrefecido o apetite dos grupos chineses por ativos internacionais, em particular europeus.

Por outro lado, a situação da banca europeia, e em particular da portuguesa, tornam a venda do Novo Banco ainda mais desafiante do que o processo tentado no ano passado. Daí que todos os modelos estão em aberto e todas as hipóteses serão testadas. Até a bolsa.

Tal como foi avançado pela imprensa esta terça-feira, a equipa que tenta vender o Novo Banco vai avançar com um projeto de prospeto para preparar uma dispersão no mercado de capitais, em paralelo com o procedimento de venda direta. A decisão final só deverá ser tomada em meados do ano e em linha com as propostas concretas dos interessados.

A opção de testar vários modelos antes de decidir foi seguida na privatização dos CTT, onde foi avaliada a venda direta com propostas concretas, tendo-se depois optado por realizar uma dispersão em bolsa. A equipa que coordena a venda do Novo Banco é liderada por Sérgio Monteiro, o ex-secretário de Estado dos Transportes e Comunicações que liderou várias privatizações, incluindo a dos CTT.

E na venda direta todos os cenários estão a ser considerados, incluindo a alienação de uma participação minoritária, em que o Fundo de Resolução continuaria acionista do NB, a entrada de vários acionistas privados ou o destaque de alguns ativos não estratégicos para um veículo que ficaria na esfera pública.

 

Do ponto de vista dos promotores da operação, a meta prioritária é concretizar uma transação bem-sucedida com acionistas privados ainda este ano, até para satisfazer as exigências da autoridades europeias. Ou seja, no imediato não há a ambição de definir com esta operação a estrutura acionista futura do Novo Banco. Tanto mais, quando se aposta cada vez mais um cenário de consolidação da banca a nível ibérico, com os espanhóis na linha da frente.

Escalada na oposição política à esquerda

A nova tentativa de alienação do Novo Banco está a ser liderado por Sérgio Monteiro. O antigo secretário de Estado das Obras Públicas foi contratado para o efeito pelo Banco de Portugal e Fundo de Resolução e tem sido um dos pontos contestados pelos partidos da esquerda que são contra esta operação. A oposição política à venda do Novo Banco está tem vindo a registar uma escalada.

Ontem, o Bloco de Esquerda exigiu a presença de Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, e do ministro Mário Centeno para explicar as notícias recentes sobre o processo de venda.

“O mais provável é a maioria dos acionistas serem fundos abutres, estrangeiros, sobre os quais não temos nenhum poder”, afirmou ontem a deputada Marina Mortágua.

Novo Banco: venda direta ou ida para a Bolsa em aberto

Terça-feira, Março 8th, 2016

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Expresso

Banco de Portugal espera que a segunda tentativa de venda aconteça até junho. Em cima da mesa está a hipótese de o banco ser alienado em parcelas

O segundo concurso para a venda do Novo Banco vai ser mais flexível do que a primeira tentativa de venda que fracassou em toda a linha. Segundo apurou o Expresso, o processo de venda, anunciado em janeiro, deverá estar concluído até junho e poderá ser concretizado através da colocação em bolsa e/ou através de venda direta, com a entrada de um acionista do sector financeiro.

O objetivo é tornar o banco mais apetecível num processo mais competitivo e otimizar a receita daí decorrente. A favor da venda este ano está o facto de o Novo Banco ter sido recapitalizado através da transferência de cinco emissões de dívida sénior para o BES ‘mau’, no valor de 1985 milhões de euros, o que permitiu à instituição liderada por Eduardo Stock da Cunha reduzir as necessidades de capital no curto e médio prazo. O rácio de capital ficou nos 13,6%.

São dois caminhos – encontrar um comprador estratégico da banca ao mesmo tempo que se abre a porta ao mercado de capitais – que serão trilhados em simultâneo. Este modelo passa pela divulgação de um caderno de encargos que apenas será público no final de maio. Antes disso a equipa de assessores farão uma ronda por vários países e investidores internacionais, nomeadamente fundos britânicos e norte-americanos. Estas apresentações servem para contactar informalmente o mercado, informando os investidores sobre os impactos da reestruturação que está a ser feita, e com isso atrair o maior número de potenciais interessados possível. Entre eles, além de fundos, estão os bancos espanhóis Santander Totta (que acabou de comprar o Banif em dezembro por 150 milhões de euros) e La Caixa (o maior acionista do BPI), que são vistos com bons olhos pelo Banco Central Europeu (BCE), que tem apelado a uma concentração do mercado bancário, e pela Direção Geral da Concorrência da Comissão Europeia (DGCom). Estes dois bancos já foram sondados pelo Banco de Portugal como noticiou o Expresso.

Existe a possbilidade de vender apenas o negócio bancário doméstico (à semelhança do que aconteceu com o Banif) e desinvestir em outros ativos não estratégicos e créditos em incumprimento. Está também em aberto a venda em separado da seguradora do grupo, a GNB Seguros. Para isso será criado um novo veículo (side bank) para acomodar estes ativos a vender. Mas este cenário irá depender da prospeção de mercado que será feita antes de ser tomada uma decisão final. Uma coisa é certa, sem tempo para finalizar a reestruturação do banco já aprovada pela DGCom, quaisquer que sejam os pressupostos da venda assentarão sempre em cenários de crescimento e execução conservadores.

Recorde-se que o Novo Banco pode ser vendido até agosto de 2017, mas nesse caso, se nada for feito entretanto, o banco liderado por Eduardo Stock da Cunha terá de ser vendido na sua totalidade e não por áreas de negócios. É uma corrida contra o tempo, numa altura em que o desconto que o mercado está a fazer à banca é elevado.

ENCAIXE DA VENDA SERÁ PARA REDUZIR A DÍVIDA PÚBLICA

A receita da venda do Novo Banco como um todo, em partes ou através da sua colocação em bolsa será consignada para reduzir a dívida pública. Descontado o valor que está a penalizar a banca europeia e atendendo a que o Novo banco tem custos de reestruturação pela frente e não deu ainda provas do seu resultado, as contas dos potenciais compradores não cobrem nem de perto nem de longe os 4,9 mil milhões já injetados no Banco.