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Miguel Reis e Associados ganham ação BPI condenado em 400 mil euros por títulos do GES

Sexta-feira, Novembro 17th, 2017

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Negócios

A meses da queda do BES e do ESFG, um balcão do BPI vendeu obrigações subordinadas das duas entidades. O cliente do banco perdeu 400 mil euros. Foi para tribunal e conseguiu o reembolso. O BPI vai recorrer.

Montepio: Tudo está a ser feito para assegurar a estabilidade financeira e “estamos no bom caminho” – como aconteceu

Quinta-feira, Março 23rd, 2017

Citamos

Observador

Montepio: Tudo está a ser feito para assegurar a estabilidade financeira e “estamos no bom caminho”

 

Ao fim de horas de audição sobre resolução do BES, surge uma pergunta sobre o Montepio. Carlos Costa diz que tudo está a ser feito para assegurar a estabilidade financeira e “estamos no bom caminho.”

  • Depois de quase 7 horas, “não é de excluir um mal entendido”

    E a audição termina com um desanuviamento da tensão entre Carlos Costa e João Galamba depois de o deputado explicar o que pretendia dizer.

    “Depois de seis horas de discussão, quase sete, e estou com a hora de Frankfurt, de onde vim diretamente, não é de excluir que haja um mal entendido”, diz o governador a João Galamba.

    Muito obrigada por nos ter acompanhado nesta espécie e segunda comissão parlamentar de inquérito ao BES, concentrada uma audição, ainda que dupla. Foram quase sete horas, uma duração digna de um inquérito parlamentar.

  • Cecília Meireles concorda que o governador merece respeito, mas diz que quanto ouviu a sugestão do governador para se criar um comité de deputados para consultar documentos internos, também sentiu que lhe estavam a faltar ao respeito. “Afinal, porque não sugeriu isso em 2014, quando a comissão de inquérito pediu acesso a esses documentos.? A deputada do CDS pergunta também sobre a famosa avaliação interna à atuação no caso BES. O Banco de Portugal só divulgou as recomendações,Sobre os processos de contraordenação, o governador diz que entre 12 condenados em contra-ordenações houve dois recursos que estão a ser julgados no Tribunal de Regulação de Santarém, Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires.
  • Porque demorou Salgado 6 meses a sair? Um conflito aberto não é bom para a estabilidade financeira

    Depois de um desvio para o tema das offshores e dos valores que saíram para paraísos fiscais via BES, introduzido por Eurico Brilhante Dias do PS, e ao qual Carlos Costa poucos esclarecimentos deu, Mariana Mortágua volta à carga sobre o tema central.

    Porque demorou tanto tempo a retirar Ricardo Salgado da presidência do BES? Só em junho, seis meses depois de em janeiro, o então presidente do BES ter sido confrontado na tal reunião com Carlos Costa, sobre a avaliação que estava a ser feita sobre a sua idoneidade.

    O governador destacou como positivo o ter-se conseguido pela persuasão convencer os acionistas a apresentar um plano de sucessão. E nesta fase, Carlos Costa responde já com alguma irritação, para sublinhar: “Um conflito aberto entre supervisor e supervisionado não é bom para a estabilidade financeira”. E lembra que o parlamento aprovou uma lei que dá mais poderes ao supervisor para afastar banqueiros.

    A deputada do Bloco volta a invocar a mudança da lei, à luz da qual foram decididos os acórdãos que Carlos Costa invocou para argumentar que não tinha poderes jurídicos para afastar Ricardo Salgado. “Continuo à procura de outras bases. O papel do Banco de Portugal é defender a estabilidade e correr riscos e não me parece que em decisões passadas tenha evitado o risco de litigância”.

  • João Galamba mantém-se no tema Montepio. E pergunta a Carlos Costa se o Banco de Portugal deu ordem ao Montepio para reforçar as suas provisões face à exposição ao Grupo Espírito Santo depois de conhecer a real situação financeira do grupo, em março de 2014. governador não responde sobre casos concretos, mas não tem motivo para pensar que o colega que tratou do tema não tenha atuado como devia.

    O deputado socialista diz que essa provisão adicional só foi exigida em julho e em relação a um empréstimo à Rioforte, sociedade do GES que entrou em processo de proteção de credores por essa data. A resposta veio por SMS e confirma que só em. julho de 2014 é que o Banco de Portugal considerou necessário fazer a tal provisão. Esta semana, soube-se que o Banco de Portugal acusou a anterior administração da caixa económica, liderada por Tomás Correia, de não cumprir as regras no financiamento que concedeu ao GES pouco antes do colapso do grupo.

    O tema aqueceu a troca de palavras entre o deputado do PS e o governador, depois de João Galamba ter criticado Carlos Costa por ter passado a responsabilidade neste caso para outros. “Não é próprio que diga o que tem dito”, é um insulto, reage o governador.

  • Montepio: Tudo está a ser feito para assegurar estabilidade financeira e estamos no bom caminho

    E ao fim de mais de cinco horas de audição, surge a pergunta sobre o Montepio, por iniciativa de Carlos Silva. Dadas as recentes notícias e até a presença do Banco de Portugal, “seria estranho que não falássemos do Montepio”. O que está a ser feito?

    Carlos Costa não fala sobre entidades concretas, mas confirma que o Banco de Portugal é o supervisor da Caixa Económica Montepio e que a instituição cumpre os rácios de capita. Se não cumprisse, “estaríamos a atuar”. O governador diz ainda que a caixa económica tem um caderno de encargos para cumprir, como outros bancos.

    Realçando que a caixa económica só tem um supervisor, que é o Banco de Portugal, o governador regista que o acionista é uma questão diferente, não entra na categoria de uma instituição financeira. E o que está a ser feito? “O que lhe posso dizer é que tudo está a ser feito para assegurar a estabilidade do setor financeiro e posso dizer que estamos no bom caminho”.

  • “Há limites para tudo e o governador tem de ser tratado com dignidade”

    O deputado confronta agora o governador com o teor de uma carta em que Ricardo Salgado diz que o governador afastou as dúvidas sobre a sua idoneidade, que teriam sido levantadas pelo vice-governador com o pelouro da supervisão, Pedro Duarte Neves. O governador lê o que respondeu.

    O regime geral é claro. Todo o passado. do gestor é relevante. O que se passar na área não financeira pode afetar a idoneidade da área financeira. Disse claramente que cabe a si avaliar se se prossegue a sua atividade. Miguel Tiago interrompe: Cabia a ele?

    Carlos Costa perde a calma que tem mantido: “Há limites para tudo e o governador tem de ser tratado com dignidade, tal como eu trato os deputados.”

    “O que estou a dizer é muito claro. Quem tinha problemas na área não financeira, devia refletir sobre a saída da área financeira. Foi o alerta que lhe passei. Queria que fosse mais claro? A mensagem é função do grau de segurança jurídica.”

  • Considera que a sua palavra ainda tem valor para tranquilizar os portugueses sobre o banco? A insistência por parte de Miguel Tiago. NNenhum supervisor pode garantir que nenhuma entidade bancária possa entrar em insolvência, responde Carlos Costa. “É o risco inerente à função de supervisão. É por isso que existe um regime de resolução. Não peçam aquilo que um supervisor não pode dar.” Miguel Tiago insiste: os bancos nunca assumiram o risco porque os contribuintes é que assumem os custos dos bancos quando caem.
  • “Não há quaisquer inverdades”, diz Carlos Costa em resposta às acusações de mentira por parte do deputado Miguel Tiago. “O que há circunstâncias que mudam muito rapidamente, que eu não posso explicar aqui porque estão em segredo de Justiça, e que têm a ver com mão humana. O Banco de Portugal atuou como tinha de atuar para salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro”

  • “Para bom entendedor, meia palavra basta”, diz Carlos Costa, em alusão ao que foi dito algum tempo antes da resolução (meados de julho de 2014), no dia do funeral de Jacinto Nunes, que era provável que o BES iria precisar de capital e havia manifestações de interesse nesse sentido”.

    Carlos Costa diz que quando o Banco de Portugal contrata um assessor financeiro para estudar todos os cenários, é porque o Banco de Portugal está a ser diligente a partir do momento em que o auditor que as perdas vão ser maiores e a partir do momento que o Conselho de Administração lhe comunica que não consegue recapitalizar-se — estava claro que o Banco de Portugal tinha um problema grave em mãos.

  • “Para bom entendedor, meia palavra basta”, diz Carlos Costa, em alusão ao que foi dito algum tempo antes da resolução, no dia do funeral de Jacinto Nunes, que era provável que o BES iria precisar de capital e havia manifestações de interesse nesse sentido”.

    Carlos Costa diz que quando o Banco de Portugal contrata um assessor financeiro para estudar todos os cenários, é porque o Banco de Portugal está a ser diligente a partir do momento em que o auditor que as perdas vão ser maiores e a partir do momento que o Conselho de Administração lhe comunica que não consegue recapitalizar-se — estava claro que o Banco de Portugal tinha um problema grave em mãos.

  • PCP: “O Banco de Portugal está preso à sua missão e a sua missão implica mentir”

    Miguel Tiago conclui que proteger a estabilidade financeira implica a banalização da mentira. “O Banco de Portugal está preso à sua missão e a sua missão implica mentir, esconder das pessoas os problemas dos bancos.”

    A presidente da comissão intervém mais do que uma vez para pedir respeito para a credibilidade do Banco de Portugal.

  • Um caso de cooperação entre as esquerdas parlamentares

    Enquanto Carlos Costa responde às questões do deputado Miguel Tiago, do PCP, João Galamba, do PS, levanta-se para sair da sala e, ao passar por Miguel Tiago, sussurra-lhe ao ouvido que os argumentos que Carlos Costa está a usar são “falsos” (julgamos sobre a questão de ser a CMVM a aprovar aumentos de capital). Miguel Tiago anuiu, agitando a cabeça em concordância.

  • “Todas as afimações que eu fiz na data que as fiz eram factualmente certas”

    A mentira é compatível com o estatuto de idoneidade de um banqueiro?, pergunta Miguel Tiago, do PCP. Tudo o que é faltar aos requisitos de correção de comportamento tem de ser levado em conta na avaliação da idoneidade, responde o governador.

    O deputado confronta o governador com tudo o que foi dito e autorizado sobre o BES poucos meses antes da resolução., incluindo pelo Banco de Portugal, e as garantias então dadas. E pergunta se não foram mentiras.

    Carlos Costa acha que não, considerando que essas operações e autorizações tiveram como contexto a informação e a situação conhecida à data. E lembra: o que desencadeou a queda do BES foram os prejuízos semestrais que incluíam perdas adicionais de 1.500 milhões de euros que surpreenderam a administração do próprio banco (já liderada por Vítor Bento).

    Todas as afirmações que eu fiz na data que as fiz eram factualmente certas. Um governador não vem para a praça pública dizer que a estabilidade financeira está em causa.”

  • Apesar das limitações existentes na época em matéria de retirada de idoneidade, o Banco de Portugal agiu sempre de forma diligente. É “fácil”, com a informação de hoje, acusar o Banco de Portugal de não ter agido corretamente, mas Carlos Costa diz-se confiante de que a supervisão funcionou de forma correta com a informação que existia num caso “complexo”.

  • Apesar das limitações existentes na época em matéria de retirada de idoneidade, o Banco de Portugal agiu sempre de forma diligente. É “fácil”, com a informação de hoje, acusar o Banco de Portugal de não ter agido corretamente, mas Carlos Costa diz-se confiante de que a supervisão funcionou de forma correta com a informação que existia num caso “complexo”.

  • 3. Qual foi a atuação do Banco de Portugal em relação à Espírito Santo Dubai? Carlos Costa lembra que a entidade não estava sujeita à sua supervisão, mas o governador disse que tomou a iniciativa de pedir dados sobre operações financeiras relacionadas com sociedades do Grupo Espírito Santo. O Banco de Portugal pediu ao Espírito Santo Financial Group dados sobre a execução das medidas corretivas, pedido também feito ao supervisor do Dubai.

  • Relatório do BPI não foi metido na gaveta, garante Carlos Costa

    2. O relatório do BPI. Carlos Costa diz depois do documento ter chegado houve um relatório sobre o GES — “a informação de que o relatório do BPI foi metida na gaveta é falsa“.

    A informação de Ulrich foi incorporada na análise à situação do Grupo Espírito Santo. Na altura estava, também, a decorrer uma análise aos grandes devedores, e aí existiam ligações entre o BES e o GES.

    Foi em resultado do escrutínio aos devedores que no final de 2013 que as contas da ESI não refletiam a sua realidade financeira. Esta discrepância não tinha sido declarada pelo BES, pelo GES, pelas auditoras, por ninguém, diz Carlos Costa. E o governador garante que o documento do BPI foi entregue no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito.

  • O governador sublinha que a informação existente à data, teria de ser devidamente confirmada e fundamentada, para poder ser usada para efeitos de retirada de idoneidade. Em nenhum momento, a nota defendia a perda imediata de idoneidade.

    No âmbito deste processo de avaliação, o Banco de Portugal não aprovou o registo para o exercício de funções em outras entidades do Grupo BES o que veio a culminar com a retirada dos pedidos pelos próprios, em março e abril de 2014. Ao mesmo tempo, o Banco de Portugal alertou os órgãos de fiscalização e auditoria para a importância de serem cumpridas as determinações da supervisão. E lembra os membros experientes do conselho e as múltiplas diligências feitas junto do então segundo maior acionista, o Crédit Agricole.

  • E começa a intervenção inicial onde Carlos Costa explica que podiam der optado por fazer um comunicado para esclarecer as questões levantadas por uma reportagem televisiva (da SIC) desacreditando de modo ostensivo o exercício da atividade de supervisão. Mas preferiu prestar contas ao Parlamento. (Na verdade, o Banco de Portugal já dois comunicados a esclarecer o conteúdo da SIC). O governador opta por esclarecer três questões.

    1. Porque não foi afastada a administração do BES mais cedo? Retoma os argumentos invocados na primeira audição, recordando os limites da lei. A nota citada pela SIC em que os técnicos do Banco de Portugal recomendariam a perda de idoneidade de Ricardo Salgado no final de 2013. Carlos Costa diz que era um documento com informação de reserva pessoal, que por isso não foi entregue à comissão de inquéríto ao BES. Para Carlos Costa, esta nota prova que o BdP estava já avaliar a retirada de idoneidade ao presidente do BES. E retoma os argumentos legais.
  • Mas antes, Teresa Leal Coelho quer ser votado um requerimento dos deputados para que seja aceite a proposta do governador para formar um comité de deputados do para consultar documentos internos do Banco de Portugal, sem instrumentos de reprodução. Miguel Tiago do PCP pede o adiamento da votação, recordando que no seu partido é costume tomar posições coletivamente.

  • A presidente da comissão confirma que vai arrancar a segunda audição, que resultou de uma iniciativa de Carlos Costa, mas com as perguntas a começarem pelo PCP que prescindiu da segunda ronda da primeira audição. O tema continua a ser o mesmo.

  • Um “imbróglio” numa noite que já vai longa

    Vejamos se consigo explicar o que acabou de acontecer.

    Terminou a primeira ronda de perguntas da audição que tinha sido pedida pelo PCP. Mas há uma segunda audição, pedida pelo Governador, e que é já a seguir. Tivemos, portanto, uma primeira ronda e uma segunda ronda.

    Tendo sido terminada a primeira ronda de perguntas, todos os partidos exceto o PCP disseram que não queriam segunda ronda. Portanto, Teresa Leal Coelho, que preside aos trabalhos, anunciou um intervalo de alguns minutos, antes de regressar para a segunda ronda.

    Mas, entretanto, os partidos acordaram que o PCP fará as suas perguntas no âmbito da segunda audição. Isto porque há alguma confusão sobre qual é, exatamente, o âmbito da segunda audição.

    Não sabemos, ainda, se a primeira audição terminou ou não.

  • Cecília Meireles pergunta se o que levou à necessidade de reforçar o balanço do Novo Banco, entre a resolução e final de 2015, foram “factos supervenientes” (expressão de Carlos Costa) ou se foi o “reconhecimento superveniente de factos”. E pergunta sobre quanto dinheiro será necessário o Estado injetar no Novo Banco caso não seja vendido.

    “O processo de venda está em curso. Não sejamos aves agoirentas. O Governador trabalha em função de um cenário de venda”, responde Carlos Costa.

  • Cecília Meireles insiste na repartição de ativos que foi feita entre os ativos que foram para o Novo Banco e aqueles que ficaram no BES pós-resolução. Carlos Costa não faz sentido que se achasse naquele momento, na resolução, se conseguiria encontrar um valor à prova de bala, ou seja, imune a desvalorizações e contingências.

    “Nós não geríamos o BES antes, recebemos o BES para resolver no dia 3, e tínhamos de definir o balanço em parâmetros aceitáveis”.

  • Cecília Meireles, do CDS-PP, insurge-se porque “parece que voltámos atrás no tempo e estamos a querer voltar a discutir estes temas como se nunca os tivéssemos discutido”.

  • “Não consigo ter respostas dos juristas do Banco de Portugal a esta hora”

    Mariana Mortágua quer saber se o acórdão citado por Carlos Costa para fundamentar a sua interpretação sobre os poderes do Banco de Portugal para afastar banqueiros em 2014 era suficiente para fazer jurisprudência. O governador não quer fazer doutrina, mas disponibiliza-se para obter uma resposta dos juristas do supervisor. Agora?, pergunta a deputada.

    “Não consigo ter respostas dos juristas do Banco de Portugal a esta hora. Isso seria uma violentação do respeito que é devido”.

  • Resposta a Mariana Mortágua “É muito perigoso o que estão a fazer” com o Banco de Portugal

    Ainda a responder à deputada do Bloco, Carlos Costa diz que todas as recomendações feitas pelos técnicos foram seguidas, mas que o tema ainda não tinha chegado ao conselho de administração. Mariana Mortágua confronta o governador com o entendimento da lei sobre o que deve ser uma supervisão prudencial (preventiva) questionado se não tinha informação suficiente sobre irregularidades para afastar, preventivamente, o presidente do BES.

    Não sou jurista, mas os juristas que assinaram a nota não propuseram essa leitura, diz. Carlos Costa garante ainda que não há nenhuma nota à administração do Banco de Portugal a defender a retirada de idoneidade. E nesta fase, e pela primeira na audição, deixa um lamento indignado.

    “É muito fácil fazer aquilo que se está a fazer, é muito fácil promover a destruição de uma instituição com fugas de informação seletiva“. E deixa um aviso: “É muito perigoso o que estão a fazer.”

  • Carlos Costa critica a fuga de informação, da nota técnica

    Carlos Costa diz-se “plenamente tranquilo” quanto à sequência dos documentos que foram divulgados. “Não houve nenhum parecer que dizia que Ricardo Salgado tinha de perder a idoneidade, os pareceres recomendavam a continuação da investigação de indícios”, afirma Carlos Costa, dizendo que é um erro tirar o documento do contexto da altura.

    “O que lamento é que quem fez a fuga de informação não a tivesse complementado com o antes e o depois. Fica a ideia de que o documento surgiu do nada e caiu no nada”, critica o Governador do Banco de Portugal.

  • Quando não se renovam mandatos, já se está a dizer que não há idoneidade

    A 17 de janeiro de 2014, Carlos Costa diz que lembrou a Ricardo Salgado, então presidente do BES, que os atos que praticava fora da área financeira eram avaliados para efeitos de idoneidade. Mariana Mortágua insiste: Mas disse-lhe que tinha perdido a idoneidade?

    “No momento em que decidimos não renovar mandatos, já estávamos a dizer que tinham perdido a idoneidade. Carlos Costa lembra ainda reunião em que comunicou à família que não podia continuar à frente do banco.

    Mas usou a palavra de idoneidade? insiste outra vez a deputada do Bloco. Quando se diz a alguém para se afastar, as consequências praticas são as mesmas. “Não estávamos a falar de pombas, estávamos a falar de idoneidade”.

  • Carlos Costa diz que no início de 2014 tinha “presunção” de que Salgado não era idóneo

    Em resposta a Mariana Mortágua, do BE, Carlos Costa diz que no início de 2014 já tinha uma “presunção” de que Ricardo Salgado não era idóneo, mas faltava a “fundamentação”.

    “Quando se pede a alguém para se afastar de um posto, o que é que estamos a fazer? Se lhe pedi para se afastar, é porque achava que não tinha idoneidade”.

  • Sugestão de Carlos Costa lança a confusão

    A confusão está instalada depois de Carlos Costa sugerir que haja um grupo de deputados, um de cada partido, que possa ir ao Banco de Portugal consultar documentos que não foram disponibilizados na Comissão de Inquérito, com dever de sigilo. Cecília Meireles, do CDS-PP, por exemplo, diz que esses documentos tinham sido úteis para a Comissão de Inquérito e que é uma falta de respeito do Banco de Portugal vir agora sugerir isto. Carlos Costa responde que a sugestão é apenas um ato de “boa vontade”, inspirada no que acontece com o Parlamento Europeu e o Banco Central Europeu (BCE).

  • PSD aceita desafio e propõe consulta a papéis internos do Banco de Portugal

    O deputado do PS acha estranho que o Banco de Portugal só descobriu algo que o BPI descobriu ao mesmo tempo e apenas com informação pública. E estranha que o Banco de Portugal não tivesse conhecimento sobre a informação no GES antes da avaliação feita aos ativos e contas do grupo. A informação usada pelo BPI foi a que levou a aprofundar o exame do ETTRIC para fundamentar a informação que Carlos Costa não revela porque está em segredo de Estado. E lembra que as entidades em causa estavam em outras jurisdições.

    Leitão Amaro, do PSD, defende a aprovação da iniciativa proposta por Carlos Costa para acabar de vez com todas as dúvidas sobre o processo de resolução do BES e sobre a retirada ou não de idoneidade a Ricardo Salgado. Miguel Tiago estranha a disponibilidade do Banco de Portugal que foi interpelado várias vezes no passado, pelos deputados em comissões de inquérito para aceder a documentos específicos e que nunca terá acedido. João Paulo Correia defende um requerimento para aprovar a proposta de consulta de documentos no Banco de Portugal

  • Mais capital para o Novo Banco na resolução? “Toda a gente quer sempre mais?”

    Galamba pergunta se quando o BdP pediu mais dinheiro para o Novo Banco, dadas as necessidades posteriores de reforço de capital. Carlos Costa recorda a resposta dada no início a Miguel Tiago, que a decisão foi de fazer uma primeira avaliação e depois fechar o perímetro.

    Galamba insiste: pediu ou não mais?

    “No dia 3 de agosto, tínhamos um objetivo de capital que era exigível em termos prudenciais e os 4.900 milhões. Gostaria de ter mais? Toda a gente gostaria de ter mais. Ainda agora vimos noutro caso. Mas não é essa a questão: os 4.900 eram os necessários para assegurar que o Novo Banco cumpria e cumpriria. A resposta é sim, com a informação que existia na altura.

  • Carlos Costa lembra que quando Vítor Bento assumiu a liderança do banco, isso foi “forçado” pelo Banco de Portugal. Ou seja, o Governador recusa uma tese de inatividade do Banco de Portugal.

  • Carlos Costa convida um membro de cada partido a consultar papéis no BdP. “Sem telefones”

    Galamba, do PS, diz que Carlos Costa apresenta “desculpas esfarrapadas” para não afastar Salgado. “Assuma a responsabilidade”, pede João Galamba, pedindo que Costa dê “as verdadeiras razões”.

    “Eu desafio esta câmara a constituir um comité em que um membro de cada partido vem consultar a documentação, sem telefones, e vão verificar que não temos qualquer questão do ponto de vista da clareza dos assuntos”. O que está em causa é que “a segurança jurídica dos argumentos tem de ser bem fundamenta. Estamos a falar de um domínio em que a confiança é uma questão essencial. Não é verdade que a questão que se coloca seja de receio do Banco de Portugal tomar a decisão.

    “A decisão nunca foi do Governador, foi do Governador e do Conselho de Administração com base em propostas dos serviços”, diz Carlos Costa.

  • “Há muitos documentos internos, de trabalho, que estão disponíveis que resultam do facto de o Banco de Portugal não ser uma instituição monolítica”, diz Carlos Costa, sobre a nota técnica noticiada pela SIC.

    Desmente que haja dois documentos semelhantes aos que foram apresentados pela SIC, mas um documento do Departamento de Supervisão?, insiste João Galamba?

    A mesma resposta de Carlos Costa, que garante que a nota técnica da SIC é uma de muitas que existem, não excluindo que haja outras a dizer o mesmo e a dizer o seu contrário. Ainda assim, Carlos Costa sublinha que tudo o que estava proposto na nota citada hoje pelo Público foi feito (pedir mais informações, investigação, afastamento compulsivo da família da administração, a apresentação de uma carta de Ricardo Salgado, se não tivesse havido isso podiam dizer que não foi feito nada. Mas foi feito muita coisa depois destes pareceres”.

  • Pareceres internos a defender afastamento de Salgado eram um de vários instrumentos

    O deputado socialista confronta o governador com o facto dos acórdãos que referiu contra a perda da idoneidade de banqueiros foram produzidos no quadro de uma lei que mudou em 2008. Carlos Costa desvaloriza os pareceres técnicos do Banco de Portugal, a defender o afastamento do presidente do BES e que foram noticiados pela SIC, eram um dos vários instrumentos de trabalho do Banco de Portugal. “Mas quem fez a fuga do documento devia ter incluído o despacho” que dizia que se devia aprofundar a investigação, o que foi feito. E devia ter incluído o parecer dos serviços jurídicos que, segundo Carlos Costa, não considerava haver matéria suficiente para retirar a idoneidade a Salgado.

  • Palavra para o PS e João Galamba:

    “Se calhar percebi mal, mas o sr. Governador, aparentemente, tomou uma decisão contra os pareceres técnicos do Banco de Portugal. Mas ouvi-o dizer que houve um post de um constitucionalista” e foi por isso que não se pediu a retirada da idoneidade de Ricardo Salgado?

    Resposta: “Não”, diz Carlos Costa. O Governador explica que apenas disse que houve um constitucionalista que disse o mesmo que já era dito pelo departamento de serviços jurídicos”. “Nós trabalhamos no domínio da legalidade e quando se trata de factos que não têm a ver com a vida da entidade financeira, mas por factos fora da entidade financeira, é preciso dispor de um transito em julgado desses casos”. Hoje estamos num quadro jurídico diferente, relembra Carlos Costa.

  • Carlos Costa duvida que Fosun avançasse com a compra do Novo Banco em 2015

    O governador admite que o prazo de pagamento do empréstimo dos bancos ao Fundo de Resolução tem em conta o pior cenário possível, sobre a venda do Novo Banco. Se a parcela a amortizar for interior, o prazo poderá ser reduzido, admite, mas essa é uma matéria que não é da competência.

    Carlos Silva pergunta porque não vendido o Novo Banco em 2015.

    Os riscos no balanço do Novo Banco não estavam todos mapeados. O comprador iria pedir um grande valor de garantia para riscos. E não estavam definidos os rácios de capital necessários. O terceiro fator que condiciona é a situação do comprador. Carlos Costa lembra os dois compradores chineses — Anbang e Fosun, dona da Fidelidade. Um afastou-se e o que ficou, a Fosun, foi apanhado na crise da bolsa. Nunca nos disse porque não melhorou a proposta, mas a que estava em cima da mesa era de elevado risco.

    Carlos Costa não está seguro que houvesse uma proposta final, dadas as circunstancias internacionais. “Tenho dúvidas, se tivéssemos aceitado, se teriam capacidade para cumprir”. E volta a falar na nuvem de incerteza na China. “Penso que a decisão foi acertada, para o banco e para a economia portuguesa”.

  • Sobre a venda do Novo Banco, PSD pergunta sobre um ponto de situação: “É uma matéria confidencial, mas estamos no período de negociações exclusivas e, agora, trata-se de contratos muito complexos, que exigem o trabalho de muitos peritos”, responde Carlos Silva.

  • A confiança do aforrador no seu banco é um risco que tem de ser acompanhado

    O governador fala de um modelo de supervisão integrado no plano europeu. O quadro é diferente do que existia em 2014. Carlos Costa elogia os quadros do Banco de Portugal. Se são bons porque aconteceram falhas? Pergunta para logo responder: Mas também aconteceram na Holanda, Bélgica, Itália, Espanha. O governador assinala que hoje existe uma filosofia muito mais agressiva, de supervisão intrusiva que não existia no passado onde a supervisão era mais benevolente,

    Carlos Costa destaca o tema das partes relacionadas como merecendo mais atenção e para o papel do sistema bancário na captação de poupança. Para.o governador, a confiança do aforrador no seu banco é um risco e que deve ser acompanhado. Carlos Costa diz que esta “grande proximidade entre a área financeira e não financeira” não existe noutros países, o que torna mais fácil a supervisão.

  • Só o BES “pode explicar” porque não recorreu à ajuda pública

    Ainda em resposta ao PSD, que questionou Carlos Costa sobre o início da crise e do programa de ajustamento.

    “O nosso sistema financeiro não esteve sujeito a um processo como o que aconteceu em Irlanda e Espanha, em que de um momento para o outro, um grande número de clientes entra em falência. O nosso sistema financeiro, em 2010 e 2011, respeitava os rácios. Nesse momento, o que se impunha era se os ativos estavam bem avaliados. E o que foi feito? Foi criado um comité de acompanhamento em que estava o BdP, o Banco de Espanha, da Bélgica e de França, o BCE, o FMI, a Comissão Europeia e dois peritos. Esse comité recomendou a realização de auditorias externas. Houve um cuidado de ir verificando as imparidades que estavam no balanço, umas que vinham de trás e outras associadas à crise económica — daí que alguns bancos tenham pedido empréstimo público, o BES também passou por esse processo” mas não pediu esse empréstimo. Este acompanhamento foi feito para todos os bancos e houve bancos que recorreram à linha de recapitalização e um que não, por motivos que seguramente só o banco poderá explicar”.

  • “Há o BES conhecido e o BES desconhecido.” E este muito poucos conheciam

    O documento do BPI a alertar para a situação financeira do Grupo Espírito Santo, de 2013, seguiu logo para os serviços que o transmitiram para os colegas que estavam a acompanhar a área nã financeira, mas não trazia um enriquecimento sobre o que já se sabia. Não quer dizer que fosse desnecessário, todos os contributos são bem-vindos nem que seja uma notícia de jornal, diz Carlos Costa.

    O governador defendeu que já antes da resolução se podia dizer: “Há um BES conhecido, e um BES desconhecido”. E o BES desconhecido era conhecido por muito poucas pessoas, mesmo na adminisitração do banco. A natureza das operações feitas pelo BES desconhecido era tal, que se fosse conhecida anulava-se a si própria, conclui o governador.

  • Acionistas do BES (como o Crédit Agricole) foram “passivos”. BdP avisou, diz Carlos Costa

    Porque é que não foi afastado Ricardo Salgado no final de 2013, pergunta o PSD.

    “A questão é uma questão de segurança jurídica da decisão. Posso dizer-vos, e há documentos internos que o atestam, que desde fevereiro de 2013 e por minha iniciativa havia um seguimento atento de todas as notícias relacionadas com a área financeira. Colocámos questões, pedimos informações. Estar à vontade com o que se passava na área não-financeira era importante para o Banco de Portugal. Uma coisa é renovar o mandato de alguém que cessou o mandato (e nesse caso o Banco de Portugal exerceu os seus poderes) outra coisa é interromper mandatos. Um constitucionalista lembrou que o Banco de Portugal poderia tornar-se um problema. O Banco de Portugal alertou os acionistas, incluindo o Crédit Agricole, que havia questões em torno da situação do banco. E do lado dos acionistas houve uma passividade que não ajudou”.

  • O governo deveria ter salvo o GES? Em nome dos contribuintes, não

    Carlos Costa detalha agora como é que o Banco de Portugal descobriu que a dimensão da exposição BES ao Grupo Espírito Santo era crítica e exigiu uma provisão de 700 milhões de euros. Mas diz que não foi isso que levou à resolução, mas sim a dimensão de perdas no primeiro semestre.

    O governador pode pressionar sempre que constata falhas no governo e insuficiências de capital, mas para isso era preciso ter essa informação. E lembra que o BES foi sujeito aos exames e avaliações que todos os outros bancos. Só em maio de 2014, é que se começa a perceber a dimensão do problema com a auditoria da KPMG às contas da Espírito Santo Internacional.

    E o governo deveria ter salvo o GES? É uma questão política. Mas se tiver em conta o risco para os contribuintes, diria não. Mas essa não é uma questão para o Banco de Portugal que tem de respeitar as decisões políticas. O risco era o de trazer para a esfera pública não só os problemas do BES, mas do próprio GES..

  • “Novo Banco foi um sucesso”. A resolução foi a decisão certa, diz Carlos Costa

    “Liquidar era uma coisa que não se imagina o que podia acontecer com um banco como o BES era. A única solução razoável que permitia garantir a continuidade do financiamento da economia, a confiança dos depositantes e evitar impactos para todo o setor era a resolução”, diz Carlos Costa.

    “O Fundo de Resolução injetou o capital necessário para garantir que o banco continuava a funcionar e a ser contraparte do sistema europeu de liquidez e dos outros bancos com os quais tinha relações. Foi isso que se conseguiu. Se alguém quer dizer alguma coisa, tem de se reconhecer que o Novo Banco foi um sucesso. Foi difícil? Sim. É um caminho que se pode tomar sem tomar precauções? Não”. “Todos temos de reconhecer que temos uma instituição que conta, que manteve a sua quota de mercado, não foi mérito só do supervisor e da autoridade de resolução mas de todos os que deram um contributo para a estabilidade do país e do financiamento à economia”

  • Carlos Silva salta agora para as conclusões da comissão de inquérito ao BES, de 2015 que reconhecem que a resolução foi a melhor solução.

    Carlos Costa concorda e descreve o processo percorrido pelo Novo Banco que descreve como sendo um sucesso relativo e assinala que a transferência (venda) da instituição mostra que o banco vai continuar a ter futuro e a desempenhar o seu papel na economia. Nenhum depositante perdeu dinheiro e a confiança no sistema financeiro manteve-se, o que não aconteceu em todos os lados. Não é fácil fazer uma resolução, mas Carlos Costa tem esperança de que se possa concluir este processo que se pode transformar um case study europeu.

  • PSD pergunta se o BES cometeu erros específicos que levaram ao colapso. Carlos Costa: “todo o sistema financeiro cometeu, genericamente, os mesmos erros. O grau desses erros depende da instituição e da relação com partes relacionadas. Pela natureza da instituição e pela relação com a área não-financeira, havia razões para temer uma subestimação dos riscos”.

    PSD pergunta a Carlos Costa sobre o desempenho do seu antecessor (Vítor Constâncio)

    “É muito fácil fazer julgamentos com hindsight, ou seja, com o benefício da nova informação. Estou claramente convencido de que os profissionais que estavam no Banco de Portugal seriam tão diligentes quanto nós fomos, provavelmente teriam uma caixa de ferramentas menos robusta. Se em 2006 um supervisor dissesse que ia assistir a um Conselho de Administração de um banco, isso seria considerado uma circunstância do domínio da anomalia. Hoje isso faz-se. Se houvesse um testes de stress, isso seria uma alarvidade”.

  • O governador responde agora a Carlos Silva do PSD, com uma longa explicação sobre a origem dos problemas da banca. Reconhece o efeito da crise, mas aponta também para fatores de comportamento associados a uma tomada mais alta de risco. E a propósito deste tema fala da importância da supervisão macroprudencial, precisamente a área que o Governo quer retirar do Banco de Portugal e dar a uma nova entidade de supervisão.

  • Déjà vu?

    Já houve uma Comissão de Inquérito ao colapso do BES, mas os trabalhos parecem ser uma revisitação. Deputado do PSD Carlos Silva pergunta a Carlos Costa sobre a origem dos problemas do BES e da banca portuguesa, em geral…

  • Se tivéssemos reconhecido mais perdas na resolução, seria preciso mais capital

    O governador descreve o que qualifica de equação difícil para avaliar todas as perdas que estão no balanço e que têm de ser absorvidas. Há dois métodos, aplicar logo um grande haircut (desconto) aos ativos o que exige muito capital, ou fazer o processo gradualmente, permitindo a quem vier a seguir conferir a dimensão das perdas.

    Carlos Costa explica ainda que uma provisão não é um ativo é uma cativação de valor, que só existe enquanto a entidade a que diz respeito existir. Não se transfere como um ativo.

    “Se tivéssemos usado uma postura mais agressiva em matéria de reconhecimento de perdas, isso significava mais capital” e imputar mais perdas. Diz que foi usado o método que permitia o conhecimento existente sobre o balanço do banco à data da resolução.

  • “Retirar a idoneidade é um ato de grande gravidade. Exige fundamentação. No caso específico e no caso em apreço, seria necessário haver uma trasitação em julgado…”

    João Galamba interrompe Carlos Costa e é repreendido por Teresa Leal Coelho.

    O PCP recusa os argumentos de Carlos Costa: “Não há nada no estatuto que obrigue uma condenação para retirar o estatuto de idoneidade. Bastam indícios de que o visado possa ter agido de forma pouco transparente”.

    Carlos Costa lembra que “no caso das RERT (Regime Excepcional de Regularização Tributária), a lei prevê que a informação não seja usada para questões criminais ou contraordenacionais”.

    PCP — “isso só demonstra que o RERT é uma amnistia para os ricos, não é para o comum dos trabalhadores. É um alçapão na lei que tem de ser rechaçado e evitado que surja outro RERT, porque é uma lei criminosa”.

    Perguntas do PCP:

    “Aquele sr. que fazia a originação do papel comercial, José Maria Ricciardi, continua a ter idoneidade?”

    “As contas da resolução não estavam assim tão certas, houve uma desconsolidação da conta escrow [onde estava, por exemplo, o dinheiro para os lesados do papel comercial) e o resultado vai explodir nas mãos dos portugueses?”

    Respostas:

    “Todos os intervenientes do caso BES foram sujeitos a avaliação e foram sancionados em função das suas responsabilidades. Se há responsáveis, eles foram penalizados no grau da sua responsabilidade” (sobre Ricciardi).

    “Segundo ponto: a resolução. Segundo a lei, o perímetro da resolução só é fechado mais tarde porque no dia da resolução não é possível avaliar com rigor as perdas”. Esta é a explicação de Carlos Costa para a retransmissão de dezembro de 2015. “Tenhamos consciência que um processo de resolução envolve no dia em que é feita, envolve uma equação difícil das perdas que têm de ser absorvidas”.

  • Banco de Portugal não tinha segurança jurídica para afastar Salgado

    O deputado comunista confronta Carlos Costa com a não retirada de idoneidade a Ricardo Salgado, que chegou a ser defendida por técnicos do Banco de Portugal.

    “Não se espoleta um processo de retirada de idoneidade se não se tem segurança jurídica sobre o processo, caso contrário haveria um procedimento cautelas e seria o Banco de Portugal que estaria em falta.” E para ter segurança jurídica é preciso ter factos comprovados, factos que sejam relevantes do ponto de vista sancionatório, e Carlos Costa lembra a doutrina da época que essa decisão só poderia ser tomada se houvesse condenações transitadas em julgado.

    O regulador considerou que a entrega dos RERT (regularização extraordinária de dívidas ao fisco de capital fora de Portugal) não podia ser utilizado para afastar Salgado, porque “estava limitado pela lei que diz que esse facto não pode ser utilizado contra o declarante”, Ricardo Salgado.

    Em último lugar seria necessário que transitasse em julgado e era uma matéria tributária. “Imagine que tomávamos uma decisão sem segurança jurídica”? Carlos Costa elogia o departamento jurídico e diz que este repetidamente aconselhou e defendeu essa posição que veio a ser confirmada num acórdão posterior.

  • Miguel Tiago diz que as auditoras — neste caso, a KPMG, que era a auditora do BES — são “pagas pelos bancos para os ajudar” a fugir às responsabilidades.

  • Carlos Costa lembra que auditoras “não sinalizaram problemas”

    PCP pergunta sobre a nota técnica (“que nunca chegou à Comissão de Inquérito”) que foi noticiada pela reportagem da SIC.

    A nota técnica, explica Carlos Costa, não pode ser isolada do seguimento que lhe foi dado. O que importa saber é o seguimento que foi dado à nota que foi submetida pelos servidos. E teve o seguimento igual ao proposto. As démarches, averiguações, no sentido de fundamentar os factos prosseguiram. E houve um pedido de afastamento da família e tudo isso consta de cartas que foram entregues à Comissão de Inquérito. As notas técnicas são documentos de trabalho que não são abrangidos por este processo (a comissão). Não são documentos destinados ao exterior, estando cobertos por um segredo

    Carlos Costa lembra que as auditoras sempre deram o seu selo de aprovação às contas. Governador lembra que auditoras “não sinalizaram problemas” relacionados com Angola ou com o Grupo. Quando ao Dubai, o Banco de Portugal solicitou à autoridade de supervisão do Dubai a autorização para divulgar as cartas mas “nunca recebeu resposta”, “teria tido muito gosto em poder ter divulgado”, diz Carlos Costa.

  • Miguel Tiago diz que as auditoras — neste caso, a KPMG, que era a auditora do BES — são “pagas pelos bancos para os ajudar” a fugir às responsabilidades.

  • O deputado comunista questiona o governador sobre a cooperação com outros supervisores no caso BES, a propósito de noticias recentes. Em todos os momentos, o Banco de Porugal trocou, e entregou a informação legalmente prevista, responde Carlos Costa. E acrescenta: O governador e o conselho do Banco de Portugal trabalham sempre em consenso. “Não vale a pena tentar separar o governador do resto da equipa”.

    Carlos Costa recusa a acusação de de falta de cooperação do Banco de Portugal, pelo contrário. Se há entidade é exigente é o Banco de Portugal.

    E o regulador do Dubai? A entidade do Dubai supervisionada outra entidade que não a do Banco de Portugal, diz

  • Condições para o cargo? “Claro que sim, se tiver alguma coisa a apontar, faça favor”

    Carlos Costa diz-se “inteiramente disponível para responder às questões colocadas”. Carlos Costa responde a perguntas do PCP sobre a idoneidade: considera, nos termos da lei, reúne as condições para desempenhar funções de Governador? pergunta Miguel Tiago. “Claro que sim, se tiver alguma coisa a apontar, faça favor”, responde Carlos Costa.

  • Teresa Leal Coelho não cede. “Há uma audição pedida pelo Governador, depois das notícias que vieram a lume e que colocam em causa o bom nome do Governador e do Banco de Portugal. Quando uma entidade de supervisão pede uma sessão para prestar contas, essa sessão deve existir de forma autónoma. Foi a opção que foi tomada e que não foi impugnada”, pelo que se mantêm as duas sessões (a primeira convocada pelo PCP e a segunda convocada por Carlos Costa).

  • O protesto do PCP e o momento “dadaísta” na audição a Carlos Costa

    Carlos Costa não faz intervenção inicial e está já pronto para responder, mas Miguel Tiago do PCP faz um protesto contra o facto de a presidente da comissão de orçamento e finanças, Teresa Leal Coelho, não ter permitido juntar as duas audições, permitindo ao governador fazer a intervenção explicativa, em nome da defesa da “credibilidade e reputação” do Banco de Portugal e depois responder às perguntas associadas ao requerimento dos comunistas.

    Miguel Tiago sublinha que não é possível fazer a distinção dos temas, pelo que podemos “ter um momento dadaísta” na audição ao governador.

  • O automóvel que transportou o Governador chegou à Assembleia da República quase 10 minutos antes da hora, mas a sessão está um pouco atrasada (15 minutos).

    Os trabalhos são presididos pela deputada Teresa Leal Coelho, do PSD, que está a abrir a sessão.

  • O automóvel que transportou o Governador chegou à Assembleia da República quase 10 minutos antes da hora, mas a sessão está um pouco atrasada (15 minutos).

    Os trabalhos são presididos pela deputada Teresa Leal Coelho, do PSD, que está a abrir a sessão.

  • Boa tarde, vamos seguir em direto a audição do governador do Banco de Portugal. É a quinta vez que Carlos Costa vai ao parlamento explicar o caso Banco Espírito Santo desde 2014. O governador pediu para ser ouvido depois de notícias recentes que voltaram a colocar em cheque a atuação do supervisor nos meses que antecederam a queda do BES. O PCP também fez um requerimento para ouvir Carlos Costa explicar a resolução do BES e o processo de reestruturação e venda do Novo Banco.

“Foi mão humana que fez com que o BES caísse, de um momento para o outro”

Quarta-feira, Março 8th, 2017

Citamos

Público

O governador garante que só percebeu que o BES poderia cair em Julho de 2014, a semanas da resolução. Mas garante que a troika acompanhou a banca desde o início.

O primeiro alerta sobre o GES chegou em Outubro de 2013, mas até ao fim o governador diz ter acreditado que o banco sobreviveria. A culpa está… sob segredo de justiça, diz.

O documento foi entregue em Agosto de 2013. Nesse momento, o Grupo GES – que não tem nada a ver com o BES – já tinha sido identificado como uma das grandes entidades devedoras do sistema. E já estávamos a preparar o ETRIC 2, que é um pedido aos auditores para, numa área que não era da nossa supervisão, emitirem os seus pareceres sobre a solidez financeira das instituições. O que foi feito num primeiro relatório preliminar em Fevereiro de 2014 e que foi entregue no relatório final em Maio de 2014. Isto resultou no facto de o BdP ter verificado que o valor do passivo da ESI não correspondia ao valor real e portanto isso obrigou a uma investigação aprofundada. O BPI entregou um documento que foi devidamente tido em conta, embora não acrescentasse ao que já conhecíamos.

O que disto foi transmitido à troika?
No programa de assistência, o que foi seguido pelo BdP e pela troika foi o sistema financeiro. As empresas só foram seguidas na medida que eram devedoras do sistema financeiro. Por isso fizemos o ETRIC 2, que é uma acção completamente excepcional em que vamos pedir aos auditores para auditar empresas que não estão sujeitas à nossa supervisão de forma a perceber qual é o risco que delas resulta para os bancos.

Mas já tínhamos cumprido dois terços do programa de assistência. 
E dentro desses dois terços fizemos acções extremamente importantes. Primeiro, e contrariamente ao que foi dito na praça pública, fizemos um programa de auditorias externas e independentes de todos os bancos, que foram promovidas pelos auditores sob o controlo do BdP e da troika, que para o efeito constituíram uma comissão de acompanhamento onde estava a troika, o BdP, três peritos e três peritos de bancos centrais – da Bélgica, França e Espanha. O primeiro programa foi de inspecção às carteiras de crédito, seguiu-se um programa de inspecção aos modelos de gestão e outro que foi aos grandes clientes. E, num passo suplementar, fomos verificar já não como os clientes foram tratados do ponto de vista de risco no banco, mas o risco implícito na própria empresa.

Em que momento desse processo é que o sr. Governador percebe que há um problema muito grande no BES?
Há dois momentos distintos. Um momento em que tenho a indicação de um endividamento grande do GES, que é Outubro de 2013, depois do ETRIC 1 – e que determina uma auditoria específica para o efeito. E leva à constatação de que havia parte da dívida do ESI que não era sediada em Portugal, nem supervisionada pelo BdP, que não estava registada. E por isso mesmo é que nós determinamos aquilo que continua a ser uma medida que foi útil, muito embora seja predominantemente mal tratada, que foi o ring fencing, a blindagem do banco. O que significou que o banco ficou impedido de conceder mais crédito aquelas entidades porque, das duas uma, ou as entidades estavam mal e não era bom que concedesse crédito, ou estavam bem, deviam ir a outras entidades buscar crédito e não ao BES. Significa que o GES entra claramente no nosso radar. Todavia, o BES só entra em incumprimento dos rácios de solvabilidade em 27 de Julho quando apresenta as contas do segundo trimestre de 2014. E só nesse momento é que há um momento de derrocada do BES.

O primeiro momento que percebe que está tudo em risco é Outubro de 2014…
Não é que está tudo em risco, o que está em risco é a área não financeira do BES.

Se me diz que quando Ulrich lhe entrega uma carta e que já não lhe acrescentava muita informação…
O documento que me é entregue pelo dr. Fernando Ulrich foi produzido num contexto diferente, que admito que tenha sido de assessoria num conflito entre partes. Não tem a mesma natureza nem da auditoria feita pela KPMG nem pelos documentos financeiros que nos foram dados.

Mas não lhe faltavam sinais que havia problemas na área não financeira…
Não confundamos coisas. Um accionista de um banco pode falir na sua área não financeira sem ter implicações para um banco, desde que o banco não tenha feito empréstimos ou tenha crédito sobre esse accionista. E daí a questão das entidades relacionadas. O que está em causa a partir de Outubro de 2013 é verificar qual é a solidez financeira da área não financeira. O banco respeitava os rácios de solvência até à apresentação de contas do segundo trimestre. E tendo em conta que era necessário evitar que o banco ficasse exposto aos problemas da área não financeira. E por isso a lógica da blindagem, do ring fencing, para evitar a contaminação. E também por isso se ouve o argumento de quem critica o BdP: o “BdP condenou a área não financeira”. Não, o BdP salvou, na medida do que pode, o banco de um acréscimo de créditos que seriam incobráveis – se tivessem sido concedidos.

Ainda assim continuamos a ver no banco bom uma quantidade enorme de mau crédito. O que falhou?
O que falhou foi a concessão de crédito no passado. A designação de banco bom e banco mau é uma designação popular que não tem nada a ver com o que diz a lei. O que diz a lei é que um conjunto de activos e passivos ficam num banco original, a que se chama banco mau, e os restantes activos e passivos passam para um banco de transição, que se designa por banco bom. No dia em que se está a fazer essa separação, ela é feita tendo em contas as provisões já constituídas e o valor que se conhece daqueles activos. E faz-se a transferência ao valor que resulta da avaliação dos auditores. Isto não impede que um crédito a Agosto de 2014 era considerada recuperável, se venha a revelar não recuperável.
E eu não ponho o nome em nada, mas basta reparar nalgumas grandes empresas que depois entraram no processo de insolvência ou de grandes dificuldades financeiras. Alguém em Agosto de 2014 podia antecipar que essas empresas devedoras do BES iriam ter dificuldades? O que significa que em qualquer processo de resolução em que se faz – num prazo muito curto, num fim-de-semana – em que se faz a separação, faz-se também a valorização do que vai para o banco de transição, com base na informação disponível naquele momento, que resulta do conhecimento do supervisor, do auditor e da contabilidade do banco. Por exemplo, fomos extremamente prudentes na valorização da transferência dos activos sobre Angola, porque tínhamos dúvidas que, dado de três dias antes o Banco Nacional de Angola ter decidido uma intervenção no BESA; tínhamos dúvidas sobre o valor daqueles activos. Sobre outros, factos posteriores vieram a mostrar que aqueles activos não tinham aquele valor e que aquele crédito não era recuperável, a própria conjuntura também permitiu isso.
Quando se estabelece um banco de transição, necessariamente há créditos que vão sobrevalorizados porque não se pode fazer num fim-de-semana uma valorização adequada. Há créditos que se apresentam como créditos dificilmente recuperáveis em parte. E há activos que sofrem com consequências de mercado, nomeadamente se forem activos imobiliários. E é por isso que a lei diz que a resolução e o fecho do perímetro da resolução só se faz posteriormente de forma a dar à autoridade de resolução a possibilidade de ajustar o perímetro final a factos que não são conhecidos nem podem ser conhecidos naquele fim-de-semana. E por isso fechamos o perímetro de resolução e do banco de transição em finais de Dezembro de 2015.
Mais, imaginemos que éramos excessivamente prudentes e fazíamos uma operação de deixar para trás todos os activos sobre os quais tínhamos dúvidas. Como os passivos, os depósitos, passam, significava que em vez de termos de injectar 4,9 mil milhões de capital, tínhamos de injectar seis, sete, oito mil milhões, dependia da ambição que tivéssemos relativamente à exclusão de activos na passagem para o banco de transição. O que seria aliás ilógico, porque significava na prática que não teríamos tido tempo aquilo que a lei nos exige, que é chamar os credores pela ordem natural de chamada para a absorção das perdas como está previsto na lei da resolução. Fez-se o que era possível em 24 horas com informação contabilística disponível, e depois, como a lei prevê, foi sendo avaliado o tinha sido passado. E que em 29 de Dezembro de 2015 tínhamos que concluir o “burden sharing”, tínhamos de concluir o processo de partilha de perdas. E por isso é que houve uma transferência de passivos para o banco original, como forma de assegurar que os credores partilhavam as perdas, de acordo com o que é o espírito da lei.

Disse-nos que o primeiro sinal de alarme veio em Outubro de 2013. Quando é que o Governo anterior foi informado da situação que estava a ocorrer?
No GES, não preciso mais do que remetê-los para livros que têm transcrições de telefonemas e conversas…

Desculpe, mas estou a entrevistá-lo a si. Quando é que ocorrem esses telefonemas com o Governo?
O contacto entre nós e o Ministério das Finanças foi adequado, pertinente e sempre que houve factos relevantes. Se verificar que os responsáveis pelo BES contactaram sucessivamente o ministro das Finanças e não só, pedindo assistência financeira, imagina que eu teria já sido contactado nesse sentido.

Portugal estava prestes a terminar o programa de assistência, teve medo que Portugal não conseguisse terminá-lo se a queda do BES tivesse sido mais cedo?
O problema não se pôs. Porque a queda do BES só se manifestou no dia 27 de Julho, em que apresentaram as contas trimestrais – e apresentaram uma insuficiência de capital, abaixo dos mínimos exigíveis. E não conseguiram demonstrar que conseguiriam, em tempo útil, repor os níveis de capital exigidos para continuar a operar.

O Governo anterior nunca lhe colocou a questão de primeiro sair do memorando e depois resolver o BES?
Já tínhamos saído do memorando quando a questão se colocou.

Nunca antes da saída do memorando lhe passou pela cabeça que o BES poderia ser arrastado com o GES?
Respondo claramente: tudo foi feito para que o GES não arrastasse o BES, para evitar o contágio. E não foi pela via do contágio que o problema aconteceu. Foi por via de outras operações que, a seu tempo, serão clarificadas.

O contágio do GES não afectou nada a situação do banco?
Não, a questão é mais complicada. O contágio através de dívida não foi determinante para aquelas perdas. O que foi determinante foram as operações que se revelaram no final do segundo trimestre de 2014.

Parece que só no dia da apresentação de resultados o BdP se apercebeu da situação em que estavam as contas do BES.
Não, uma semana antes o auditor começou-nos a alertar para situações estranhas que afectavam a solidez do banco. Neste momento está em segredo de justiça, mas não foi senão mão humana que fez com que o BES, de um momento para o outro e surpreendendo todos (incluindo quadros do banco) apresentasse uma perda de uma dimensão que jamais poderíamos antecipar.

Portanto, duas, três semanas antes, não lhe passava pela cabeça que aquilo pudesse acontecer?
Claro. Aliás, mais, em Julho houve uma comunicação do Conselho de Administração do BES à CMVM onde eles referiam qual era o rádio de capital e a almofada que tinham para fazer face a riscos da área não financeira. Mais: quando se começou a pôr a questão de reforçar capital para fazer face à exposição a Angola, havia manifestações de casas de investimento interessadas em participar num reforço de capital. Mas, atenção, nada faria supor uma situação destas, como resulta de todos os testemunhos [da altura]. Há motivos suficientes para pensar que o banco teve um processo de descapitalização que só se revelou no final do segundo trimestre.

PS admite chamar Carlos Costa ao Parlamento para prestar mais esclarecimentos sobre o BES

Sexta-feira, Março 3rd, 2017

Citamos

Observador

PS admite chamar Carlos Costa ao Parlamento para prestar mais esclarecimentos sobre o BES

As recentes revelações do caso Espírito Santo levam o PS a querer ouvir novamente o governador do Banco de Portugal. João Galamba lembra que o PS foi contra a recondução de Carlos Costa.

O vice-presidente da bancada parlamentar do PS, João Paulo Correia, disse esta quinta-feira ao jornal Eco que voltar a chamar Carlos Costa ao Parlamento, para esclarecer as recentes revelações da SIC sobre o caso BES, é um cenário que “não está descartado”.

“Por aquilo que sabemos, o assunto merece ser acompanhado com o máximo de preocupações e atenção”, disse o deputado. Carlos César, presidente do grupo parlamentar, também já tinha dito esta quinta-feira que os socialistas estão “a refletir” sobre o que foi revelado na grande reportagem da SIC. “Não há qualquer dúvida que houve falhas muito significativas na supervisão”, frisou.

Já João Galamba, porta-voz do PS, não quis comentar as declarações de Carlos César. Mas na SIC Notícias, na noite de quinta-feira, sublinhou que Carlos Costa podia ter tirado Ricardo Salgado da gestão do grupo mais cedo, mas não fez. “Não há aqui qualquer novidade para o PS. Isto foi aquilo que, no nosso entendimento, tornou errada a recondução de Carlos Costa”, afirmou.

Opusemo-nos à recondução, entendemos que desempenhou mal o primeiro mandato, e Pedro Nuno Santos [hoje secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, que era o coordenador dos socialistas da Comissão de Inquérito ao BES], assumiu-o publicamente”, disse.

A SIC avançou esta quinta-feira que uma equipa de técnicos do BPI tinha “estudado a fundo as contas do Grupo Espírito Santo, referentes a 2010 e 2011” e que o resultado dessa análise foi “condensado num relatório, datado de janeiro de 2013”, que foi posteriormente entregue ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.

A SIC diz ainda que Carlos Costa colocou “a sua assinatura no rosto do documento, confirmando que o recebera”, mas a verdade é que a resolução do banco só aconteceu um ano depois, em agosto de 2014.

 

O Banco de Portugal reagiu, em comunicado, rejeitando que tenha sido o alerta do BPI a motivar a intervenção do supervisor e foi a sua investigação, “única e exclusiva”, que detetou em novembro de 2013 falhas nas contas da Espírito Santo Internacional.

A atuação do Banco de Portugal no caso que envolve o Grupo Espírito Santo tem sido alvo de diversas críticas. De acordo com a comissão parlamentar de inquérito à resolução do BES, o supervisor teve uma “atuação tardia” e demasiada prudência, segundo o relatório que foi aprovado pelo PSD, CDS e PS.

Banco de Portugal rejeita que alerta do BPI sobre BES tenha guiado a sua atuação

Sexta-feira, Março 3rd, 2017

Citamos

Observador

Banco de Portugal rejeita que alerta do BPI sobre BES tenha guiado a sua atuação

Banco de Portugal reitera que foi a sua atuação “única e exclusiva” que detetou em 2013 falhas nas contas da Espírito Santo Internacional. E afasta a ideia de que foi o BPI a dar o alerta.

O Banco de Portugal reiterou esta quinta-feira que foi por sua atuação, “única e exclusiva”, que detetou em novembro de 2013 falhas nas contas da Espírito Santo Internacional, rejeitando ter sido um alerta do BPI a motivar a intervenção. Em comunicado divulgado esta quinta-feira, o regulador da banca responde — tal como na quarta-feira — à série de reportagens da cadeia de televisão SIC sobre o colapso do Banco Espírito Santo.

A SIC noticiou esta quinta-feira que uma equipa de técnicos do BPI “estudou a fundo as contas do Grupo Espírito Santo, referentes a 2010 e 2011” e que o resultado dessa análise foi “condensado num relatório, datado de janeiro de 2013” que foi entregue ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, um ano antes da resolução do banco.

A televisão adianta ainda que “o Banco de Portugal terá sido informado da existência [do relatório do BPI] em maio de 2013 e que, em agosto do mesmo ano, Carlos Costa colocou “a sua assinatura no rosto do documento, confirmando que o recebera”. O BES só foi resolvido um ano depois, a 3 de agosto de 2014.

No seu comunicado, o Banco de Portugal confirma que o BPI lhe entregou, a 01 de agosto de 2013, “uma avaliação económica do Grupo Espírito Santo, com especial incidência na Espírito Santo International (ESI)”. No entanto, o regulador esclarece que “na data em que o documento foi partilhado com o Banco de Portugal já se encontrava em preparação uma análise particularmente exigente dos principais grupos económicos devedores à banca (ETRICC 2)”.

Ainda assim, “a realização” desta análise apenas “foi aprovada pelo Conselho de Administração do Banco de Portugal no dia 11 de Setembro de 2013”, escreve o Banco de Portugal. O ETRICC 2, esclarece o regulador, foi desenvolvido com base “numa metodologia particularmente exigente, que questionou em profundidade os planos de negócio dos grupos económicos selecionados, de modo a confirmar que os mesmos assentavam em pressupostos robustos”.

Assim, garantiu o Banco de Portugal, foi “em resultado do ETRICC 2”, ou seja “por única e exclusiva atuação do Banco de Portugal, que foi detetado, no final de novembro de 2013, que as contas publicamente divulgadas pela Espírito Santo Internacional não refletiam a sua verdadeira realidade financeira”. A avaliação do BPI ao Grupo Espírito Santo “em nada alterou a análise e o planeamento em curso no Banco de Portugal, nem contribuiu para os resultados que vieram a ser apurados no ETRICC 2”, escreve o regulador.

O líder parlamentar socialista, Carlos César, afirmou hoje que os novos dados que indiciam uma ação tardia do governador do Banco de Portugal no caso Banco Espírito Santo (BES) constituem “objeto de reflexão”, confirmando “falhas significativas” da supervisão.

Num comunicado datado de quarta-feira, o Banco de Portugal já tinha salientado que “no final de 2013 (…) não dispunha de factos demonstrados que — dentro do quadro jurídico então aplicável e atenta a jurisprudência dos tribunais administrativos superiores — permitissem abrir um processo formal de reavaliação de idoneidade dos administradores em causa”.

Grande Reportagem SIC: Assalto ao Castelo – Episódio 2

Sexta-feira, Março 3rd, 2017

Citamos

Expresso com som

No segundo episódio da Grande Reportagem “”Assalto ao Castelo”, revelamos um relatório do BPI que esteve, até hoje, na penumbra. Carlos Costa recebeu-o em 2013 e despachou-o para o seu vice a 1 de agosto de 2013 que, por sua vez, o despachou para o departamento de supervisão nesse mesmo dia. Nesse relatório, o BPI reúne documentação sobre o estado das finanças do GES. De acordo com esses dados, o grupo de Ricardo Salgado estava falido desde 2011. O que fez o Banco de Portugal? É a pergunta que se impõe

 

Novo esclarecimento do Banco de Portugal sobre a reportagem da SIC

Quinta-feira, Março 2nd, 2017

Citamos

Comunicado Banco de Portugal

A propósito das reportagens da SIC sobre o BES, o Banco de Portugal considera relevante esclarecer o seguinte:

  1. Em 1 de Agosto de 2013, o BPI entregou no BdP uma avaliação económica do GES, com especial incidência na Espirito Santo International (ESI).
  2. Esta avaliação do BPI foi oportunamente partilhada com a Assembleia da República no contexto da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo.
  3. Na data em que o documento foi partilhado com o Banco de Portugal já se encontrava em preparação uma análise particularmente exigente dos principais grupos económicos devedores à banca (ETRICC 2), cuja realização foi aprovada pelo Conselho de Administração do Banco de Portugal no dia 11 de Setembro de 2013.
  4. O ETRICC 2 foi desenvolvido com base numa metodologia particularmente exigente, que questionou em profundidade os planos de negócio dos grupos económicos selecionados, de modo a confirmar que os mesmos assentavam em pressupostos robustos.
  5. Foi em resultado do ETRICC 2 – por única e exclusiva atuação do Banco de Portugal – que foi detetado, no final de novembro de 2013, que as contas publicamente divulgadas pela ESI não refletiam a sua verdadeira realidade financeira.
  6. Esta desconformidade contabilística não tinha sido até aí reportada pelos órgãos de administração do BES, por empresas de auditoria, por qualquer outro regulador ou supervisor, por qualquer instituição credora do GES, ou por qualquer indivíduo.
  7. Assim, a avaliação do GES realizada pelo BPI em nada alterou a análise e o planeamento em curso no Banco de Portugal, nem contribuiu para os resultados que vieram a ser apurados no ETRICC 2.

Esclarecimento do Banco de Portugal sobre reportagem da SIC

Quarta-feira, Março 1st, 2017

Citamos

Comunicado Banco de Portugal

A propósito da reportagem da SIC hoje transmitida sobre o Banco Espírito Santo, S.A. (BES), o Banco de Portugal reitera os esclarecimentos oportunamente feitos à estação de televisão:

  1. A lei atribui ao Banco de Portugal, enquanto autoridade de supervisão, competência para avaliar se os membros dos órgãos de administração e de fiscalização das instituições de crédito reúnem condições de idoneidade, disponibilidade e qualificação profissional adequadas para assegurar uma gestão sã e prudente das mesmas instituições. No exercício dessa função, o Banco de Portugal acompanha, em permanência, todas as informações que possam ser relevantes para a verificação daqueles requisitos.
  2. No que se refere ao caso concreto de avaliação de idoneidade de administradores do Grupo BES foram desenvolvidas várias diligências pelo Banco de Portugal junto dos próprios – nomeadamente através da troca de comunicações escritas e da realização de reuniões presenciais – bem como junto de outras entidades.
  3. Eventuais decisões do Banco de Portugal que impeçam o exercício de funções profissionais estão sujeitas a pressupostos e limites legais específicos e, simultaneamente, às regras gerais de procedimento, comprovação e fundamentação aplicáveis ao exercício da autoridade pública.
  4. A nota referida na reportagem da SIC, que foi desenvolvida a pedido do Conselho de Administração do Banco de Portugal, enquadra-se neste exercício de acompanhamento permanente de toda a informação relevante que envolvia, direta ou indiretamente, administradores do Grupo BES. Esta nota não mais do que contribui para demonstrar que o Banco de Portugal estava a avaliar todas as situações que pudessem influenciar a avaliação da idoneidade de membros do órgão de administração do BES.
  5. De facto, no final de 2013, o Banco de Portugal não dispunha de factos demonstrados que – dentro do quadro jurídico então aplicável e atenta a jurisprudência dos tribunais administrativos superiores – permitissem abrir um processo formal de reavaliação de idoneidade dos administradores em causa.
  6. A nota citada na reportagem, com data de novembro de 2013, refere expressamente que a informação existente à data tinha que ser devidamente verificada e confirmada para efeitos de eventuais ações ao nível da idoneidade. Foram, assim, desenvolvidas pelos serviços competentes do Banco de Portugal várias diligências na sequência daquela e de outras informações, ainda em 2013 e também ao longo de 2014.
  7. Perante a avaliação dos factos que foram chegando ao seu conhecimento, o Banco de Portugal não aprovou pedidos de registo para o exercício de funções em outras entidades do Grupo BES, o que veio a culminar – após solicitação de sucessivas explicações e esclarecimentos aos administradores em causa, através de várias diligências escritas e presenciais – com a retirada desses pedidos pelos próprios em março e abril de 2014.
  8. Finalmente, foram desenvolvidas múltiplas diligências junto dos acionistas de referência do BES, com destaque para o Crédit Agricole, exigindo um plano de sucessão para o órgão de administração do BES, no quadro da transição para um modelo de gestão profissionalizada, com nomeação de uma administração independente. Este processo conduziu à apresentação pelo Dr. Ricardo Salgado, em meados de abril de 2014, da calendarização da sua sucessão e de um plano que pressupunha a saída dos membros da família do órgão executivo do BES.

Dança de cadeiras sem controlo no Banco de Portugal

Domingo, Fevereiro 19th, 2017

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Dinheiro Vivo

Ex-supervisor regressa ao cargo sem período de “nojo” após passagem por consultora

O Banco de Portugal tem um novo Diretor de Supervisão Prudencial. O Dinheiro Vivo confirmou junto do regulador da banca que Luís Costa Ferreira assumiu ontem o cargo, deixado vago a 31 de janeiro após a saída de Carlos Albuquerque para a Caixa Geral de Depósitos. O responsável vai integrar a equipa de Paulo Macedo, com quem já tinha trabalhado no BCP, mas não sem antes atravessar um período de transição mínimo de seis meses, durante o qual irá participar num projeto de solidariedade social ligado ao sobre-endividamento.

O mesmo “período de nojo” não se aplica a Luís Costa Ferreira. O responsável regressa a uma casa à qual conhece bem os cantos. Costa Ferreira deixou a liderança da supervisão Banco de Portugal em outubro de 2014, dois meses após a resolução do BES, para assumir a chefia dos Serviços Financeiros da consultora PwC, numa “dança de cadeiras” que gerou polémica.

Nos dois anos que esteve na PwC, Costa Ferreira teve como clientes bancos como a CGD, o BPI, o Montepio e o Haitong Bank, tendo como objetivo garantir que as instituições cumpriam com as exigências regulatórias. Esta quarta-feira regressou ao campo oposto, tendo como missão supervisionar os bancos para os quais trabalhou diretamente. A situação, asseguram os especialistas legais contactados pelo DV, não configura qualquer espécie de impedimento jurídico.

“Legalmente não existe qualquer norma jurídica que proíba ou de alguma forma limite a entrada do Dr. Luís Costa Ferreira para a supervisão do Banco de Portugal, o que, aliás, nem faria sentido uma vez que a consultora em causa nem sequer está sob o mecanismo de Supervisão do Banco”, explica André Matias Almeida, advogado Albuquerque & Associados.

Segundo o especialista, Costa Ferreira também não está abrangido pelas normas do código de conduta do conselho de administração do Banco de Portugal, “que preveem especificamente o conflito de interesses proveniente da ocupação profissional anterior”, uma vez que no caso em concreto, Costa Ferreira, “estará abrangido pelos deveres emergentes do código de conduta dos trabalhadores do Banco de Portugal e pelo regulamento da comissão de ética e dos deveres gerais de conduta dos trabalhadores do Banco de Portugal, que embora não prevejam especificamente uma situação de conflito de interesses decorrente de ocupação profissional anterior, a verdade é que no caso de se colocar uma situação em que a consultora onde desempenhou funções seja visada ou tenha intervenção, no âmbito de um processo de decisão ou avaliação por parte do da Direção de Supervisão, este fica obrigado por um lado informar o seu superior hierárquico, e por outro a solicitar um parecer ao gabinete de conformidade”.

Ou seja, não existe conflito de interesses na entrada para as novas funções, “mas tão só uma necessidade de manutenção de isenção e independência no exercício do cargo de supervisão, perante a sua anterior relação laboral, caso o próprio se considere impedido ou eticamente vinculado”, conclui o advogado. O vai-e-vem entre o Banco de Portugal, os bancos privados e as consultoras tem sido uma constante nos últimos anos. Da atual administração do supervisor da banca fazem parte José Santos Ramalho, que veio da CGD, e Luís Máximo dos Santos, ex-presidente do BES “mau” e da comissão liquidatária do BPP.

O próprio Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, conta com passagens pela CGD e pelo Millenium BCP. A porta giratória também funciona no sentido inverso. Além de Carlos Albuquerque, contam-se as saídas recentes de Pedro Machado, que acompanhou Costa Ferreira para a PwC, e de João Amaral Tomaz. O ex-administrador do Banco de Portugal, que abandonou o cargo no ano passado por “razões pessoais”, será um dos oito administradores não-executivos da CGD. Fonte próxima do Banco de Portugal justifica as movimentações com a quantidade reduzida de quadros em Portugal com conhecimento das regras da supervisão.

Novo Banco mais perto de ficar em mãos estrangeiras

Quarta-feira, Novembro 23rd, 2016

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Dinheiro Vivo

Nem o BCP nem o BPI apresentaram propostas firmes para a compra do Novo Banco, o que deixa o ex-BES mais próximo de outros interessados

O BPI e o BCP, únicas entidades bancárias presentes em Portugal que se apresentaram à corrida pelo Novo Banco, não avançaram com propostas firmes para a aquisição da instituição, encontrando-se por isso na cauda da lista dos interessados. Este facto abre a porta à entrega do Novo Banco aos fundos presentes na corrida ou ao grupo chinês Minsheng, que corre pela dispersão em bolsa.

Se no caso do BCP já era conhecida a falta de substância da proposta apresentada pelo banco, algo que a própria administração assumiu publicamente, agora, e segundo o Dinheiro Vivo apurou, também a oferta que o BPI efetivamente apresentou deve ser colocada no mesmo cesto. As ofertas nacionais estão, assim, e na melhor das hipóteses, degraus abaixo daquelas que chegaram por parte dos fundos e do grupo chinês igualmente interessado no Novo Banco.

A ausência de propostas firmes por parte de BCP e BPI pelo capital do Novo Banco deverá provavelmente deixá-los de fora da corrida por este banco. A segunda tentativa de venda do ex-BES está a cargo de Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado dos Transportes, contratado pelo Banco de Portugal (BdP) para liderar o processo. Será também à conta da falta de substância das propostas apresentadas que nem BCP nem BPI avançaram entretanto com qualquer esclarecimento ao mercado sobre a participação neste processo de venda.

De facto, e quando decorrem negociações de compra ou similares envolvendo empresas cotadas em bolsa, e na existência de uma proposta sólida, o mercado deve ser informado das mesmas. As empresas até podem pedir uma exceção a esta obrigação porém, assim que o seu nome chega aos jornais – como ocorreu com BCP e BPI, cuja participação nesta segunda tentativa de venda do Novo Banco foi amplamente noticiada -, tal exceção já não é possível. Ou seja, e do ponto de vista formal, caso BPI e BCP tivessem apresentado propostas firmes, estas já deveriam ter sido comunicadas. Ainda quanto ao caso específico do BPI, também não é demais relembrar que, estando este banco a ser alvo de uma oferta pública de aquisição (OPA), a sua administração está com os poderes de gestão limitados.

Desta forma, e para que Fernando Ulrich e a sua equipa avançassem com uma proposta firme pelo Novo Banco, a mesma teria que ser primeiro sufragada por acionistas – o que não ocorreu. O Banco de Portugal comunicou a 4 de novembro ter recebido cinco propostas no âmbito dos dois procedimentos de venda do Novo Banco que tem em curso. Sem avançar com nomes dos concorrentes, tanto o DN/DV, como outros meios, confirmaram no próprio dia que na corrida estavam o BCP e o BPI, além do fundo Lone Star e o consórcio entre os fundos Apollo/Centerbridge. Este conjunto de interessados apresentou-se para a compra de 100% do banco de transição. Já o grupo Minsheng é o quinto interessado, ainda que correndo pela venda de parte do banco através do mercado.

Sobre a participação no processo de venda, Nuno Amado, CEO do BCP, assumiu desde logo que o banco se tinha limitado a apresentar “uma carta de interesse”, sem avançar sequer com valores. Já o BPI remeteu-se ao silêncio. Venda: fase de esclarecimento Apesar das propostas de BCP e do BPI não serem firmes, os cinco interessados no Novo Banco continuam a ser ouvidos pelos responsáveis pela venda da instituição, soube o Dinheiro Vivo. O objetivo desta fase é obter mais esclarecimentos sobre as propostas mas também apurar a “firmeza” das propostas de BPI e BCP, ou se todos cumprem os requisitos. Mas apesar de todos estarem a ser ouvidos, do lado vendedor também já é assumido que os bancos portugueses estão abaixo das propostas dos fundos e do grupo Minsheng.

Sérgio Monteiro e a equipa responsável pelo segundo processo de venda do Novo Banco, além dos diálogos com os os cinco interessados para esclarecer aspetos das ofertas, encontra-se igualmente em contactos constantes com a Comissão Europeia e o governo português, de forma a manter estas autoridades a par dos avanços . O BdP mantém a esperança de fechar o processo até ao final do ano, sendo certo que a venda de ativos do Novo Banco aos bocados está riscada. O segundo processo de venda do Novo Banco foi aberto em janeiro deste ano depois da primeira tentativa ter sido suspensa em setembro do ano passado, por falta de “qualidade” das propostas.