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Novo Banco: José Eduardo dos Santos não respondeu a Cavaco Silva sobre BESA

Sábado, Abril 24th, 2021

Citamos sem transcrever o texto que está bloqueado

Angola: JES não deu resposta a Cavaco Silva sobre BESA

Cavaco cita o seu próprio livro para responder a inquérito ao Novo Banco O ex-Presidente da República foi questionado no âmbito da comissão de inquérito ao Novo Banco. O Bloco tinha perguntas concretas sobre financiamento das campanhas eleitorais.

Sábado, Abril 24th, 2021

Citamos

Publico

Cavaco cita o seu próprio livro para responder a inquérito ao Novo Banco

O ex-Presidente da República foi questionado no âmbito da comissão de inquérito ao Novo Banco. O Bloco tinha perguntas concretas sobre financiamento das campanhas eleitorais.

O antigo Presidente da República Cavaco Silva respondeu à comissão de inquérito ao Novo Banco recorrendo a transcrições do seu livro Quinta-feira e Outros Dias e recordando que o Chefe de Estado não “exerce qualquer função” no sistema financeiro.

Nas respostas “ao grupo de questões relacionadas com a crise do BES”, a que a agência Lusa teve acesso, Cavaco Silva começa por referir que “o Presidente da República, nos termos da Constituição, não possui poder executivo nem exerce qualquer função no âmbito do sistema financeiro” e que “sendo um órgão unipessoal, não dispõe de serviços que lhe permitam recolher e processar informação “motu proprio””.

“O que foi por mim referido sobre o assunto no exercício da minha actividade como Presidente da República e que então considerei relevante e que, passados mais de seis anos, posso transmitir a essa comissão de inquérito com o rigor que se exige a um ex-Presidente da República, consta do 2.º volume do livro Quinta-feira e Outros Dias (Porto Editora, 2018) e que seguidamente transcrevo”, pode ler-se ainda.

Num documento com oito páginas nas quais responde conjuntamente às perguntas feitas pelo BE, PS e PAN no âmbito da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, Cavaco Silva esclarece que, durante os mandatos como Presidente da República, adoptou “a prática de receber os presidentes dos Conselhos de Administração dos bancos que pedissem audiência”.

“E do que relevante ouvia dava conhecimento ao primeiro-ministro na reunião de quinta-feira seguinte. Da mesma forma procedi em relação ao Governador do Banco de Portugal”, garante.

Assim, na sua resposta Aníbal Cavaco Silva aborda, com recurso a passagens do seu livro, temas como a entrada de Vítor Bento para a presidência do Banco Espírito Santo (BES), a sua preocupação com a exposição do Grupo Espírito Santo (GES) ao BES, as declarações aos jornalistas acerca do GES, a exposição do banco ao BES Angola (BESA) e contactos com Luanda, a preocupação com a resolução do BES, a recondução de Carlos Costa como governador do Banco de Portugal, em 2015, ou o financiamento das suas campanhas eleitorais.

O PS requereu, em 25 de Março, os depoimentos por escrito do antigo Presidente da República Cavaco Silva, dos ex-primeiros-ministros Durão Barroso e Passos Coelho e a audição presencial do ex-comissário europeu Carlos Moedas na comissão de inquérito do Novo Banco, inquirição esta que já aconteceu.

O anúncio foi feito no Parlamento pelo coordenador do PS nesta comissão de inquérito, João Paulo Correia, um dia depois da audição de José Honório, ex-administrador do BES e Novo Banco, que segundo o socialista revelou que o antigo presidente do BES Ricardo Salgado entregou, em 2014, um memorando a cada uma das autoridades políticas em que dava conta do “buraco gigante em que estava enfiado o GES”.

Para o PS, há responsabilidades que “não estão suficientemente esclarecidas por parte destas autoridades políticas”.

Respostas sobre campanhas eleitorais

O antigo Presidente da República Cavaco Silva recorreu a passagens do mesmo livro para reiterar que nunca pediu dinheiro para campanhas eleitorais, assegurando o rigor das contas, segundo uma resposta à comissão de inquérito ao Novo Banco.

“Sempre tive uma forte aversão a pedir dinheiro para campanhas eleitorais. Nunca o fiz ao longo da minha vida política. A independência do Presidente da República em relação aos partidos, um dos meus princípios políticos básicos, exige que não dependa de nenhuma força partidária para financiamento da eleição”, refere Cavaco Silva no seu livro.

No dia 7 de Abril, o BE divulgou o conjunto de perguntas enviadas a Cavaco Silva, pretendendo que esclarecesse em que informações se baseou para falar, em 2014, da “estabilidade e solidez” do sistema bancário português, e ainda se “recebeu donativos” do BES ou do GES.

Os bloquistas perguntaram se “recebeu donativos de membros de órgãos de administração do BES ou do GES”, questionando quem foram os financiadores, qual a data e o montante dos respectivos donativos.

De acordo com a citação do livro de Cavaco Silva hoje recuperada, em 2006 Eduardo Catroga, Ricardo Bayão Horta e José Falcão e Cunha “encarregaram-se do problema do financiamento da campanha no estrito cumprimento da lei e sem qualquer recurso a fontes partidárias”. De acordo com o antigo Chefe de Estado, na recandidatura a Belém em 2011 Eduardo Catroga e Ricardo Bayão Horta voltaram às mesmas funções.

“José António da Ponte Zeferino, como meu mandatário financeiro, garantiu o rigor das contas”, cita Cavaco Silva, e “Vasco Valdez, que tinha sido secretário de Estado dos Assuntos Fiscais” no seu Governo, “assegurou o rigor das contas da campanha como mandatário financeiro”.

Cavaco Silva refere ainda ter em sua posse o acórdão do Tribunal Constitucional 98/2016, de 16 de Fevereiro de 2014, “sobre os autos de apreciação das contas da campanha eleitoral para as eleições presidenciais realizadas a 23 de Janeiro de 2011”.

“Acrescento, contudo, que as contas das minhas campanhas eleitorais relativas à eleição para Presidente da República, apresentadas em devido tempo à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos nos termos da legislação em vigor, estão disponíveis e podem ser consultadas pelos membros da Comissão de Inquérito”, escreveu ainda o também antigo primeiro-ministro.

Aníbal Cavaco Silva remete ainda para um comunicado da sua campanha de 2011, dando conta que “utilizou apenas 16,2% da subvenção estatal que corresponderia ao resultado eleitoral obtido”.

Seis anos depois, Cavaco vai ser confrontado com perguntas sobre o que sabia antes de o BES cair. Mas não tem de responder

Terça-feira, Abril 6th, 2021

Citamos

Observador

Seis anos depois, Cavaco vai ser confrontado com perguntas sobre o que sabia antes de o BES cair. Mas não tem de responder

Audição (por escrito) ao ex-Presidente foi chumbada em 2015 no inquérito ao BES. O que queriam os deputados à esquerda (e o que quer o PS) saber de Cavaco? E o que agora podem perguntar?

Cavaco Silva foi uma das poucas personalidades – senão mesmo a única – que não foi ouvida pela comissão parlamentar de inquérito à resolução do Banco Espírito Santo (em 2014/2015). O seu pedido de audição foi bloqueado pela então maioria formada pelo PSD/CDS.

O Presidente da República não tem funções executivas, logo, “o Parlamento não tem competências para fiscalizar a sua atividade”. Foi com este argumento que PSD e CDS, a maioria que estava no Governo, votaram em 2015 contra os três requerimentos para colocar perguntas ao então Presidente da República sobre o que sabia sobre a situação financeira do Banco e do Grupo Espírito Santo.

A audição por escrito a Cavaco Silva foi pedida por três partidos – o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda –, mas uma votação realizada em fevereiro de 2015 chumbou os requerimentos. Terá sido uma exceção às regras. A regra que funcionou nesta comissão de inquérito, e que se mantém na atual comissão parlamentar às perdas do Novo Banco imputadas ao Fundo de Resolução, é a de não haver oposição aos pedidos de audição e documentação dos partidos, explicou ao Observador Fernando Negrão, que preside ao atual inquérito parlamentar e presidiu ao de 2014/2015.

A exceção verificada em 2015 não se repetiu na comissão de inquérito ao Novo Banco. O requerimento do PS para questionar Cavaco Silva – bem como enviar perguntas a Pedro Passos Coelho e a Durão Barroso e chamar para audição presencial Carlos Moedas (que se realiza esta terça-feira) – passou, sem chegar a ir a votos, apesar de o PSD ter levantado essa possibilidade. Desta vez as objeções dos sociais-democratas não tiveram a ver com o ex-Presidente da República, mas por considerarem que chamar novamente Carlos Moedas (que já deu explicações em 2015) – quando não são conhecidos factos novos – é uma manobra mais relacionada com o combate autárquico (Moedas é o candidato do PSD à Câmara de Lisboa) do que com o objetivo de apurar a verdade no Novo Banco.

Apesar de alguns lamentos sobre a repetição da comissão de inquérito ao BES e o “tédio” de algumas audições, os partidos à esquerda não manifestaram abertura para chumbar o requerimento socialista – que nem sequer foi a votos – como é a regra nas comissões de inquérito, assinalou Fernando Negrão. O próximo passo é os partidos enviarem as perguntas que querem ver esclarecidas pelo ex-Presidente da República ao presidente da Comissão de Inquérito, que depois fará com que sejam endereçadas a Cavaco Silva. No entendimento de Fernando Negrão, os deputados têm ainda a faculdade de pedir esclarecimentos adicionais, se as respostas levantarem dúvidas — ou porque são insatisfatórias ou porque surgirem outros factos ou testemunhos que as contradigam.
“O Presidente da República, bem como os ex-Presidentes da República por factos de que tiveram conhecimento durante o exercício das suas funções e por causa delas, têm a faculdade, querendo, de depor perante uma comissão parlamentar de inquérito, gozando nesse caso, se o preferirem, da prerrogativa de o fazer por escrito”.
Regulamento das comissões parlamentares de inquérito

No entanto, se optarem por não o fazer, ficam com o ónus público de ter recusado prestar esclarecimentos numa comissão parlamentar de inquérito. Já outros altos titulares de cargos públicos, ou ex-titulares, como o primeiro-ministro ou presidente da Assembleia da República, gozam igualmente da prerrogativa de responder por escrito, mas têm de o fazer no prazo de 10 dias a contar da data da notificação.

Neste caso, e quando ainda era Presidente, Cavaco Silva, tinha afirmado não ter esclarecimentos adicionais a dar à comissão de inquérito ao BES, sublinhando que não tinha funções executivas. “Há quem ainda não tenha percebido bem qual o trabalho do Presidente da República”, afirmou aos jornalistas.

O que quer saber o PS de Cavaco Silva (e já queria saber em 2015, tal como o Bloco e o PCP)?

Nas declarações de 2015, quando confrontado com as perguntas que os deputados queriam fazer, Cavaco Silva respondeu que as audiências que deu “são privadas”. E que não podia revelar o que lhe foi dito. O então Presidente também negou ter feito declarações sobre o BES, esclarecendo que o que disse era sobre a posição transmitida pelo Banco de Portugal em relação ao banco.

E era precisamente isso que alguns deputados da comissão de inquérito ao BES queriam perguntar a Cavaco Silva. O que disse o ex-presidente do Banco Espírito Santo quando se reuniu com o, então, Presidente numa ronda de encontros ao mais alto nível, semanas antes de o banco colapsar? Que foi dito quando Ricardo Salgado pediu ajuda para salvar o Grupo Espírito Santo?

As audiências com Cavaco Silva, Durão Barroso (então presidente da Comissão Europeia), Pedro Passos Coelho e outros membros do Governo foram reveladas por Ricardo Salgado na primeira audição na comissão de inquérito, realizada em dezembro de 2014. Esta gravação foi recordada por Duarte Pacheco quando argumentou que não havia factos novos para justificar a nova chamada pelos socialistas de Carlos Moedas. O PS sustenta a nova audição e o envio de perguntas a estas personalidades pelo facto de José Honório ter referido estas reuniões na sua audição em março de 2021. Honório acompanhou Ricardo Salgado quando este esteve reunido em 2014 com Cavaco Silva, Durão Barroso, Pedro Passos Coelho e outros membros do Governo da altura.

Numa carta endereçada à comissão de inquérito do BES já em 2015, o ex-presidente do banco dava mais pormenores sobre estes encontros, relatando duas reuniões com o então Presidente da República na primeira metade de 2014 e antes do colapso do BES. Uma em março e outra em maio, quando terá feito um “pedido de apoio institucional”, ao mesmo tempo que, manifestava “confiança nos planos de recuperação” do banco.

O relatório da comissão de inquérito refere os temas da primeira ronda de reuniões realizada em março, segundo Ricardo Salgado, e cujo objetivo era:
  • Manter a confiança dos clientes e investidores no BES;
  • Evitar a desvalorização do BES e da ESFG (dona do banco) nos mercados;
  • Assegurar as condições favoráveis para concretizar o aumento de capital do BES, imposto pelo Banco de Portugal;
  • Conservar a consideração e confiança no Grupo Espírito Santo, que possibilitou a concessão da garantia soberana à primeira solicitação ao Banco Espírito Santo Angola (“BESA”), já que a quebra desta confiança poderia levar a uma intervenção pública no BESA, com sérias consequências para o BES;
  • e prevenir a concretização do risco sistémico.

Estas preocupações também estiveram na segunda ronda de reuniões em maio, e que incluiu o então vice-primeiro-ministro Paulo Portas. Mas Ricardo Salgado e José Honório foram mais claros no pedido de ajuda e nos eventuais riscos que os problemas do grupo teriam para a economia, segundo o relato do ex-presidente do BES sobre os temas abordados:

  • A resolução dos desequilíbrios do GES, sem impacto na economia, pressupunha a implementação de um conjunto de soluções e operações complexas, que requeriam tempo, para garantir a sua boa execução.
  • Pedido de apoio institucional e, ainda, confiança nos planos de recuperação apresentados e na estratégia delineada, incluindo nomeadamente ao nível do relacionamento do BES com reguladores.

Ora para fundamentar o pedido de apoio feito a várias entidades, Ricardo Salgado terá admitido as dificuldades financeiras do Grupo Espírito Santo, ainda que ocultando a sua real dimensão e o contágio do BES por esses problemas. E em maio estava em marcha o aumento de capital do BES de mil milhões de euros, concluído com sucesso em junho, tendo atraído investidores institucionais, mas também muitos de retalho — que algumas semanas depois perderam tudo o que investiram na operação que o Financial Times classificou como um dos piores negócios da história.

As garantias de solidez feitas uma semana antes a partir da Coreia

Cavaco Silva foi uma das personalidades que falou publicamente em defesa da solidez do BES quando existia já muita desconfiança face ao grupo, cujo default/incumprimento no pagamento do papel comercial subscrito pela PT foi conhecido em junho. Uma semana antes de serem divulgados os prejuízos desastrosos que precipitaram a resolução do BES em agosto de 2014, Cavaco Silva dava garantias sobre o banco a partir da Coreia do Sul, onde estava em viagem oficial:

“O Banco de Portugal tem sido perentório, categórico, ao afirmar que os portugueses podem confiar no BES, dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa. (…) Não podemos ignorar que algum efeito pode vir para a economia real e para aqueles que fizerem aplicações nas partes internacionais do grupo que estão separadas do banco em Portugal. Mas penso que, pela informação que temos, que não terá assim um significado de monta. Pela informação que tenho, o BdP tem vindo a atuar muito bem para preservar a estabilidade e a solidez do nosso sistema bancário”, disse na altura o Presidente.

De todos os interlocutores institucionais a quem Salgado bateu à porta naqueles meses decisivos, Cavaco Silva foi o único que não prestou esclarecimentos na comissão de inquérito sobre o conteúdo das reuniões com o ex-presidente do banco, já que todas as outras foram ouvidas presencialmente ou enviaram respostas por escrito.

Presidentes ou ex-Presidentes em comissões de inquérito. Raro, mas não inédito

Quanto o PSD contestou o pedido de audição a Cavaco Silva, o deputado Carlos Abreu Amorim, considerou que esta iniciativa só servia os interesses da defesa de Rcardo Salgado, argumentando ainda que nunca um presidente da República tinha deposto numa comissão de inquérito, porque o parlamento não tem poderes de fiscalização sobre o titular deste cargo.

As declarações de Carlos Abreu Amorim foram feitas em fevereiro de 2015 e, de acordo com o relatório final da X Comissão de Inquérito ao caso Camarate (queda de avião que matou o primeiro-ministro Sá Carneiro em 1980), António Ramalho Eanes prestou esclarecimentos por escrito sobre o caso, na qualidade de ex-Presidente da República. E fê-lo a 23 de janeiro de 2015, respondendo a perguntas que lhe tinham sido feitas em 2014. Também Marcelo Rebelo de Sousa respondeu a esta comissão, mas antes de ser Presidente.

No entanto, o depoimento de um ex-Presidente é raro. De acordo com um levantamento feito pelo Observador em várias comissões parlamentares de inquérito realizadas desde 2005, Camarate terá sido um caso único.

Cavaco Silva até poderia ter sido chamado a prestar informação em outra comissão de inquérito muito emblemática, a que investigou a fraude e nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN).

O nome do então Presidente da República foi várias vezes referido ao longo dos trabalhos. E por mais do que uma razão. Depois de ter abandonado funções de primeiro-ministro, em 1995, Cavaco Silva foi um dos investidores da Sociedade Lusa de Negócios, dona do BPN, por iniciativa de Oliveira e Costa, tendo ganhado dinheiro com a venda destas ações. A valorização das ações detidas por Cavaco Silva neste negócio foi várias vezes questionado, tendo inclusive o então Presidente prestado um esclarecimento público sobre o tema após a nacionalização do BPN, em 2009. Mas a maior polémica sobre esta operação surgiu já na campanha para reeleição Cavaco Silva em 2010/11 como Presidente, trazida por um debate com o candidato Defensor de Moura.

Outro motivo era a proximidade do então Presidente com várias figuras centrais da SLN que foram membros do Governo do PSD quando Cavaco era primeiro-ministro, como Oliveira e Costa (secretário de Estado), Arlindo de Carvalho (ministro) e, o mais polémico de todos, Dias Loureiro. O ex-ministro da Administração Interna de Cavaco Silva era, à data da sua audição em comissão de inquérito, conselheiro de Estado de Cavaco Silva, cargo que teve de abandonar na sequência das revelações sobre o seu envolvimento em negócios da SLN que correram mal.

Mais recentemente, o nome de Marcelo Rebelo de Sousa também surgiu na trama que envolveu a tentativa de encobrimento do roubo de material militar de Tancos. O atual Presidente da República enviou um depoimento por escrito ao Tribunal de Santarém que investigava o caso, e que divulgou imediatamente. Talvez por isso não tenha sido chamado a prestar esclarecimentos na comissão parlamentar de inquérito que investigou o caso.

#Episódio 6. Como Cavaco Silva aceitou financiamento de 253 mil euros do BES

Quarta-feira, Julho 29th, 2020

Citamos

Eco

#Episódio 6. Como Cavaco Silva aceitou financiamento de 253 mil euros do BES

 

A acusação dedica dez parágrafos no meio das quatro mil páginas que explicam como e de que valor foram as transferências feitas pelo GES à campanha presidencial de Cavaco Silva de 2011.

Oprimeiro cheque de Ricardo Salgado foi assinado a 25 de novembro de 2010, seguido dos assinados pelos administradores executivos do banco José Manuel Espírito Santo Silva, Rui Silveira, Joaquim Goes, António Souto, Amílcar Morais Pires, Pedro Fernandes Homem e Manuel Fernando Espírito Santo Silva, presidente da Rioforte, e António Ricciardi, pai do então administrador José Maria Ricciardi. No total, a acusação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) – conhecida a 14 de julho com mais de quatro mil páginas – dedica uma página e meia ao que chama de “situação específica de donativo a campanha eleitoral”. Concretizando: a campanha presidencial de 2011 de Aníbal Cavaco Silva.

São dez parágrafos que resumem os cheques (nove cheques do Banco Espírito Santo e um do Barclays), datados entre novembro e dezembro de 2010, por elementos do Grupo Espírito Santo (GES) e membros do conselho de administração e da comissão executiva do BES. Títulos estes que foram registados nas contas oficiais da candidatura de Aníbal Cavaco Silva, que lhe daria a vitória do segundo mandato entre 2011 e 2016. No total, foram feitas doações de 253.360 euros pelo clã Espírito Santo.

“No dia 26 de novembro de 2010, os administradores do BES, Ricardo Salgado, José Manuel Espírito Santo, Amílcar Pires, António Souto, Joaquim Goes e Pedro Homem, sacaram cheques sobre as contas de que eram titulares, e emitiram esses títulos de crédito à ordem da candidatura presidencial de Aníbal Cavaco Silva”, lê-se logo no primeiro parágrafo deste capítulo da acusação, a que o ECO teve acesso. “O donativo assim efetuado por cada um ascendeu a 25 mil e 560 euros, à exceção do realizado por Amílcar Pires e Pedro Homem em que esse valor foi de 25 mil euros. Para além destes, Rui Silveira, Manuel Fernando Espírito Santo, Carlos Beirão da Veiga e Pedro Brito e Cunha, efetuaram donativos para a mesma campanha, no valor de 25 mil euros”, diz o despacho.

Apenas o cheque assinado por Ricardo Salgado foi preenchido informaticamente e todos os nove restantes foram assinados e preenchidos à mão e dirigidos à “candidatura de Aníbal Cavaco Silva”. No total foram dez doações, umas de 25 mil e outras do valor máximo permitido por lei de 25.560 euros. A recolha de donativos para esta campanha originou o valor total de 1,5 milhões de euros.

Este contributo, porém, terá sido feito de forma aparentemente legal, segundo a Lei 19/2003, de 20 de junho. Os valores em causa foi feito como cheque/transferência bancária, tendo entrado numa conta bancária em nome do mandatário financeiro Vasco Valdez Matias. A conta foi exclusivamente criada para esse efeito e só podiam ser efetuados depósitos com origem em donativos ou angariações de fundos para a campanha. Porém, o Tribunal Constitucional comunicou ao MP, em 2014 algumas irregularidades nas cinco candidaturas a estas eleições de 2011. No caso concreto da campanha, a conclusão foi apenas da existência de “deficiências de suporte documental” e de “despesas de campanha faturadas após a data do ato eleitoral”, decidido em 2016.

A acusação elenca ainda o processo de devolução dos dinheiros aos administradores:

  • No dia 3 de dezembro 2010, Ricardo Salgado determinou a reposição do valor entregue à campanha no seu património. Deu ordem de transferência da conta da Enterprises concretizada no dia 22.12.2010, no valor de 25.560 euros, em benefício da conta bancária titulada pela Parwick, no ESBP;
  • No mesmo dia, Ricardo Salgado deu ordem de transferência de 25 mil euros concretizada no dia 20.12.2010, a partir da conta bancária da Enterprises em benefício da conta do BPES 225´523, titulada por Pedro Homem;
  • No mesmo dia, RICARDO SALGADO deu ordem de transferência de 25 mil euros concretizada no dia 20.12.2010, a partir da conta bancária da Enterprises em benefício da conta do BPES 104´176, titulada pela FUNDAÇÃO DOS CEDROS, no interesse de Manuel Fernando Espírito Santo;
  • No dia 31.01.2011, José Manuel Espírito Santo assinou um post it com os dizeres “Caro Zé, com um abraço amigo”, colocado em cima do recibo de 25.560 euros referente ao pagamento por cheque emitido pela candidatura política em causa.
  • No dia 01.02.2011, Ricardo Salgado deu instrução de transferência de 1.525.000 euros em benefício da Allanite LTD, com conta aberta no Credit Suisse 5179 3164. Este valor, transferido a 03.02.2011, decompõe o relativo a um prémio de 1.500.000 euros, determinado por RICARDO SALGADO, e o reembolso do cheque de 25 mil euros;
  • No dia 17.03.2011, José Castella enviou a Jean-Luc Schneider correio eletrónico com o assunto “compensation”, confirmou que havia reembolsado, em Lisboa, 2 x 25 mil euros relativos a transferências feitas por Rui Silveira e Joaquim Goes, de acordo com instruções recebidas, e solicitando a realização de transferência da conta ESI BVI, junto do BPES.
  • No 22.06.2011, José Manuel Espírito Santo deu ordem de transferência da conta da Enterprises concretizada a 24.06.2011, do valor de 25.560 euros, em benefício da Egremont Holding, com conta aberta no BPES 106´362. Esta sociedade funciona no interesse de António Souto.

O despacho de acusação dedicou pouco espaço a este assunto mas não deixou de dar conhecimento ao diretor do DCIAP, Albano Pinto, e à procuradora-geral da República, Lucília Gago. José Ranito admitiu suspeitas de financiamento da campanha do ex-Presidente da República, mesmo sendo indícios colaterais aos crimes do universo do processo do BES. Certo é que daqui sairá uma investigação que tentará identificar todos aqueles que, dentro e fora do BES/GES, participaram no alegado esquema de financiamento ilegal das Presidenciais de 2011. O DCIAP já terá inclusive identificado mais de uma dezena de suspeitos, segundo avançou a Sábado.

Segundo o despacho do DCIAP, Ricardo Salgado terá sido o cérebro de uma rede criminosa, dentro Grupo Espírito Santo (GES) e do Banco Espírito Santo (BES), de forma a cometer sucessivos crimes “de forma organizada”. No total, são 65 crimes que o Ministério Público imputa a Ricardo Salgado, entre eles um crime de associação criminosa. São 29 crimes de burla qualificada e 12 crimes de corrupção ativa no setor privado com mais páginas que a acusação da Operação Marquês (ambas mais de quatro mil). E ainda branqueamento de capitais, falsificação de documentos, fraude no comércio internacional e desvio de fundos.

José Manuel Espírito Santo e Manuel Fernando Espírito Santo são acusados dos crimes de burla qualificada mas não do de associação criminosa de Salgado. Alexander Cadosch, líder da Eurofin, Jean-Luc Schneider, ex-administrador da Espírito Santo Financiére, Amílcar Morais Pires, administrador financeiro do BES, Isabel Almeida, administradora do BES são acusados de fazer parte da associação criminosa liderada por Ricardo Salgado.

Os magistrados concluíram que Ricardo Salgado instruiu José Castella e Francisco Machado da Cruz para que cedessem a informação financeira da ESI forjada, contaminado a decisão dos órgãos de governo e operacionais do banco com decisões que expunham ilegalmente os clientes do banco à ESI, insolvente, segundo a acusação.

Saco azul do BES também financiou Cavaco Silva

Sexta-feira, Julho 5th, 2019

Citamos

Sábado

Nas Presidenciais de 2011, Ricardo Salgado e outros elementos do Espírito Santo fizeram donativos para Cavaco Silva, num total de 253 mil euros. Mas acabaram reembolsados pela ES Enterprises

Dez altos responsáveis do Grupo Espírito Santo são suspeitos de terem combinado um esquema de financiamento ilegal à candidatura de Cavaco Silva, nas Presidenciais de 2011. Cruzando o valor dos donativos – através de cheques – com as transferências feitas pelo chamado saco azul do BES, a ES Enterprises diretamentete para antigos administradores ou para offshores por si controladas, a SÁBADO identificou vários casos em que o valor do donativo coincide ao cêntimo com o reembolsado pela sociedade já referenciada nos processos Operação Marquês e no caso EDP como tendo sido a origem do dinheiro que Zeinal Bava, José Sócrates e Manuel Pinho terão recebido de Ricardo Salgado.

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Novo Banco: PR diz que decisão do Banco de Portugal será a que melhor serve o futuro

Sábado, Setembro 12th, 2015

Citamos

“Devemos deixar o Banco de Portugal fazer o seu trabalho (…) não tenho dúvidas que a decisão do Banco de Portugal será aquela que melhor defende os interesses nacionais”, diz Cavaco Silva.

O Presidente da República escusou-se hoje a comentar as dificuldades no processo de venda do Novo Banco, mas disse não ter dúvidas de que a decisão do Banco de Portugal será a que melhor defende os interesses nacionais.

“Devemos deixar o Banco de Portugal fazer o seu trabalho, o Banco de Portugal tem todas as informações que nós não conhecemos e não tenho dúvidas que a decisão do Banco de Portugal será aquela que melhor defende os interesses nacionais”, afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, quando questionado sobre as notícias de que a Fosun abandonou as negociações.

Recordando que o processo de venda do Novo Banco é uma competência do Banco de Portugal e que só esta instituição “está em condições de decidir nessa matéria”, Cavaco Silva insistiu que se deve deixar o Banco de Portugal “fazer a escolha que considera ser mais certa para a estabilidade do nosso sistema financeiro e aquela que melhor serve ao futuro”.

“Só o Banco de Portugal é que está em condições de decidir nessa matéria, até porque depende também daquilo que é a decisão que compete ao Banco Central Europeu”, referiu o Presidente da República, em declarações aos jornalistas no final de uma visita ao Serviço de Formação Profissional de Setúbal.

Interrogado se não seria mais prudente realizar a venda do Novo Banco só depois das eleições legislativas de 04 de outubro, Cavaco Silva disse não estar em condições de responder, reiterando que se trata de uma competência do Banco de Portugal.

O chefe de Estado escusou igualmente exprimir uma opinião pessoal sobre se não seria aconselhável que a venda do Novo Banco se concretizasse pelo menos até ao final do ano, argumentando não ter elementos para isso.

“E não vou interferir e penso que o Governo também não deve interferir naquilo que é uma competência exclusiva do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu”, sustentou.

Quando à possibilidade do tema do Novo Banco vir a entrar na campanha eleitoral, Cavaco Silva lembrou apenas que “qualquer que seja o Governo futuro, não pode deixar de sujeitar-se às competências que cabem ao Banco Central Europeu e ao Banco de Portugal”.

O Diário Económico noticia hoje que “a venda do Novo Banco deverá ser adiada para depois das eleições”, tendo em conta que “a oferta final da chinesa Fosun prevê um encaixe líquido de apenas 1,5 mil milhões de euros, metade da fasquia mínima pretendida pelo BdP” [Banco de Portugal].

O jornal diz ainda que “o objetivo será anular o atual processo de venda e relançar um novo concurso, com prazos mais curtos, depois das eleições legislativas de 04 de outubro”.

Noutro sentido, a estação de televisão SIC divulgou que a Fosun abandonou as negociações.

Contactado pela Lusa, o Banco de Portugal reiterou que iniciou negociações com os potenciais compradores que apresentaram propostas vinculativas na fase III do processo de venda do Novo Banco, remetendo para momento oportuno o resultado desse processo negocial que “está a desenvolver”.

Depois de as negociações entre o Banco de Portugal e a chinesa Anbang terem falhado, o supervisor iniciou negociações com a Fosun.

O fundo norte-americano Apollo foi um dos candidatos que também apresentou uma proposta vinculativa na fase III do processo de venda do Novo Banco.

 

12 meses, 50 frases

Domingo, Agosto 2nd, 2015

Citamos

Económico

“O Banco Espírito Santo tem vindo a ser supervisionado pelo Banco de Portugal e não nos merece, nesta altura, nenhuma apreensão.”

Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, 05-07-2014

“[O caso BES] É uma questão que terá implicações económicas, mas não compete ao Estado estar a resolver os problemas que os privados possam ter com os seus contratos, investidores, clientes. Essa não é a função do Estado.”

Pedro Passos Coelho, 05-07-2014

“Neste caso [BES], os esclarecimentos que obtive por parte do governador do Banco de Portugal são no sentido de diminuir as minhas preocupações.”

António José Seguro, 09-07-2014

“A situação de solvabilidade do BES é sólida, tendo sido significativamente reforçada com o recente aumento de capital.”

Comunicado do Banco de Portugal, 10-07-2014

“Os contribuintes portugueses não serão chamados a suportar perdas privadas.”

Pedro Passos Coelho, 11-07-2014

“O BES detém um montante de capital suficiente para acomodar eventuais impactos negativos.”

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, 11-07-2014

 

“Nesta fase, a minha prioridade no BES consiste em reconquistar a confiança dos mercados, redobrar os nossos esforços no sentido de nos aproximar das nossas equipas, clientes, investidores e reguladores, pondo fim à especulação e abrindo caminho a um novo capítulo.”

Vítor Bento, novo presidente da comissão executiva do BES, em mensagem enviada aos colaboradores do banco, 15-07-2014

 

“O BES está capitalizado, tem uma almofada de capital para fazer face aos riscos com que está confrontado, que tem a ver com a evolução da área não financeira da família. (…) Os depositantes no BES podem estar tranquilos.”

Carlos Costa, TVI, 15-07-2014

 

“[O Banco de Portugal], como autoridade de supervisão, tem vindo a actuar muito bem a preservar a estabilidade e a solidez [do sistema bancário português].”

Cavaco Silva, Presidente da República, 21-07-2014

 

“Se a justiça é igual para todos? Permita-me o desabafo. Às vezes tenho essa dúvida. (…) O sistema judicial permite que aqueles que têm mais poder económico consigam protelar no tempo as decisões.”

Carlos Tavares, 24-07-2014

“Não existem motivos que comprometam a segurança dos fundos confiados ao BES, pelo que os seus depositantes podem estar tranquilos.”

Comunicado do Banco de Portugal, 25-07-2014

“Factores de natureza excepcional ocorridos durante o corrente exercício determinaram a contabilização de prejuízos, de imparidades e de contingências que se reflectiram num prejuízo de 3.577,3 milhões de euros.”

Comunicado do Banco Espírito Santo enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, 30-07-2014

“Não eram estas as informações que eu tinha, nomeadamente do Governador do Banco de Portugal. Os portugueses não podem ter mais surpresas negativas provenientes do sistema financeiro e do sistema bancário português.”

António José Seguro, 30-07-2014

“Na medida em que a descrição de alguns dos contributos para esses resultados [relativos ao primeiro semestre] parece indiciar a existência de eventuais violações de normas legais, tais indícios irão ser devidamente investigados e, se for o caso, comunicados às autoridades competentes para os fins legalmente previstos.”

Vítor Bento, 30-07-2014

“O Banco de Portugal tomará todas as medidas que são necessárias [no âmbito da crise do Banco Espírito Santo], de modo a garantir a estabilidade financeira.”

Pedro Passos Coelho, 01-08-2014

“O Grupo Espírito Santo, através das entidades não financeiras não sujeitas a supervisão do Banco de Portugal, desenvolveu um esquema de financiamento fraudulento entre as empresas do grupo.”

Carlos Costa, durante a apresentação da solução para o Banco Espírito Santo, 03-08-2014

 

“Para os nossos clientes e colaboradores apenas uma coisa mudou – o seu banco está agora mais forte e seguro que antes. As incertezas que ameaçavam a instituição nos últimos tempos foram afastadas.”

Vítor Bento, presidente da comissão executiva do Banco Espírito Santo, em comunicado, 03-08-2014

 

“[A solução anunciada pelo Banco de Portugal para o Banco Espírito Santo] é aquela que oferece (…) maiores garantias de que os contribuintes portugueses não serão chamados a suportar as perdas que, neste caso, respeitam pelo menos a má gestão que foi exercida pelo BES.”

Pedro Passos Coelho, 04-08-2014

 

“O resultado da nacionalização do BPN foi que o contribuinte pagou milhares de milhões de euros. Eu acho que isso [nacionalizar o BES] seria uma tragédia. Nacionalizar é passar para o contribuinte a fatura do prejuízo.”

Paulo Portas, vice-primeiro-ministro, 05-08-2014

 

“Se o capital [do Novo Banco] resultou, essencialmente, de um empréstimo do Estado, para já, são os contribuintes que estão a suportar o investimento. A questão é a de saber se o recuperam ou não.”

António Costa, candidato às primárias do PS, Visão, 07-08-2014

 

“As autoridades portuguesas agiram rapidamente e de forma eficaz [no caso do BES]. Evitaram uma possível crise sistémica, estancaram os efeitos de contágio [no sector financeiro dentro e fora de Portugal].”

Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, 07-08-2014

“O banco hoje é mais seguro, mais forte do que era na sexta-feira. Os depositantes estão protegidos, podem continuar a confiar no Novo Banco.”

Vítor Bento, presidente executivo do Novo Banco, SIC, 07-08-2014

“Como é que [o Banco de Portugal] pode ser apanhado de surpresa quando acabámos de sair do caso BPN? Pensávamos que o regulador se tinha prevenido… mas, no fim de contas, entre os casos BES e BPN não parece ter havido evolução.”

Luís Natal Marques, presidente da Associação Portuguesa dos Utilizadores e Consumidores de Serviços e produtos Financeiros – Sefin, Lusa, 08-08-2014

“Vou lutar pela honra e dignidade, minha e da minha família.”

Ricardo Salgado, Diário Económico, 14-08-2014

“[O Presidente da República] espera que logo que o Governo tenha conhecimento de factos relevantes [sobre o BES] não deixe de [lhe] comunicar. Espero que tenha acontecido assim – porque é o que resulta da Constituição.”

Cavaco Silva, Presidente da República, 07-09-2014

“Tenho a certeza que o senhor Presidente da República teve plena ocasião para colocar todas as questões que entendia pertinentes para aclarar o que fosse necessário sobre estas matérias e que nenhuma informação relevante [sobre o BES] foi ocultada evidentemente ao senhor Presidente da República.”

Pedro Passos Coelho, 10-09-2014

 

“Não existe qualquer atrito entre o Presidente da República e o Governo, nem entre o Presidente da República e o Banco de Portugal [relativamente ao caso BES].”

Cavaco Silva, 12-09-2014

 

“Quando ele [Ricardo Salgado] falar, e vai falar, as coisas vão ficar de outra maneira. A princípio era tudo banditismo, mas agora os portugueses já perceberam que não é assim.”

Mário Soares, antigo Presidente da República, RTP, 13-09-2014

 

“Entendemos ser agora oportuno passar o testemunho a uma outra equipa de gestão mais alinhada com o projecto escolhido pelo accionista.”

Vítor Bento, numa comunicação interna aos colaboradores e clientes do Novo Banco a anunciar a saída do Novo Banco, 15-09-2014

 

“O nosso mandato é claro: estamos aqui para recuperar e criar valor para a nossa instituição e assegurar que voltamos a ocupar a posição de liderança que o mercado nos reconhece.”

Eduardo Stock da Cunha, novo presidente do Novo Banco, 18-09-2014

“Não vou negar que o que se passou [no BES] foi um verdadeiro terramoto. Agora temos de olhar para a frente.”

José Maria Ricciardi, membro da família Espírito Santo, 05-10-2014

“Nunca dei instruções a ninguém para ocultar passivos do grupo [BES].”

Ricardo Salgado, 09-12-2014

“O leopardo quando morre deixa a sua pele. E um homem quando morre deixa a sua reputação.”

Ricardo Salgado, 09-12-2014

“Nunca fui, nunca pensei ser o dono disto tudo. Foi uma designação para me prejudicar.”

Ricardo Salgado, 09-12-2014

“Houve uma decisão atempada do Banco de Portugal [sobre o BES], que contou com todo o apoio do Governo. Estou convencido, desde essa altura, que foi a melhor decisão para o país.”

Pedro Passos Coelho, 10-12-2014

“Quem é que em Portugal não confiava no dr. Ricardo Salgado?”

José Manuel Espírito Santo Silva, antigo administrador executivo do BES, 16-12-2014

“[Ricardo Salgado] Estava muito alarmado com a situação no banco. Deu-me a entender que queria pedir ajuda ao Governo, queria mais tempo e um programa especial do Governo português. Encorajei-o a falar com o Governo e ele disse que ia falar com o primeiro-ministro.”

Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia, 17-12-2014

 

“Reparei que alguns dos senhores [jornalistas] e também alguns políticos disseram e escreveram que o Presidente da República fez alguma declaração sobre o BES. É mentira, é mentira. Na Coreia fiz três afirmações sobre o Banco de Portugal e mais nada.”

Cavaco Silva, 30-01-2015

 

“Não sei quanto vale o Novo Banco, mas como se diz lá em casa, vale aquilo que derem por ele.”

Stock da Cunha, presidente do Novo Banco, 09-03-2015

 

“[O maior obstáculo da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES são] às vezes faltas à verdade por vezes notórias (…), essas pequenas, ou médias ou grandes mentiras.”

Fernando Negrão, presidente da comissão de inquérito à gestão do BES e do GES, Antena 1/Diário Económico, 09-03-2015

 

“Ouvi falar de dificuldades financeiras idiossincráticas no GES [Grupo Espírito Santo] no final de 2013. Em termos concretos, soube, mais tarde, das implicações da exposição do BES [Banco Espírito Santo] ao GES pela imprensa especializada internacional.”

Vítor Gaspar, ex-ministro das Finanças, nas suas respostas por escrito à comissão de inquérito ao caso BES/GES, 10-03-2015

“É verdadeiramente inadmissível que uma parte interessada, o Banco de Portugal, ande a revelar, gota a gota, elementos para que haja um julgamento (sobre mim).”

Ricardo Salgado 19-03-2015

“Volatilidade de ações e fuga de depósitos. Foram estas circunstâncias que ditaram o fim do BES.”

Ricardo Salgado,19-03-2015

“Apesar de todos os erros que possa ter cometido ao longo de uma vida de trabalho, de uma coisa tenho a certeza: nunca, em momento algum, tive intenção de prejudicar os interesses do BES, dos seus clientes, colaboradores e acionistas.”

Ricardo Salgado, 19-03-2015

“O Estado português estava falido, o GES ajudou e muito. O GES ajudou vários grupos privados portugueses. O ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar agradeceu-me duas vezes por chamadas telefónicas o apoio que o GES estava a dar ao país.”

Ricardo Salgado, 19-03-2015

“No fim de semana fui chamado de gatuno. Não roubei nada a ninguém. O Banco de Portugal não roubou nada a ninguém.”

Carlos Costa, 24-03-2015

 

“Se se abre uma caixa de Pandora, isto não tem limites, porque ninguém sabe qual o valor do papel comercial que anda por aí fora. Vão ser os contribuintes a salvar a família Espírito Santo.”

Carlos Costa, 24-03-2015

 

“É fundamental que qualquer decisão tomada seja com o total respeito pela legalidade. Senão ainda acabamos a ter de indemnizar Ricardo Salgado e a Goldman Sachs.”

Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, 25-03-2015

 

“[É] provável [que Ricardo Salgado tenha] estado envolvido na ocultação de contas da Espírito Santo International desde 2008.”

Pedro Saraiva, deputado do PSD, na apresentação do relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo, 16-04-2015

 

“Uma atitude porventura mais assertiva do Banco de Portugal, ainda que com outro tipo de riscos, poderia ter conduzido à antecipação e eventual diminuição dos impactos [da crise do BES].”

Pedro Saraiva, no relatório preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BES/GES, 16-04-2015

 

“A intervenção do Banco de Portugal revelou-se porventura tardia, nomeadamente quanto à eliminação das fontes de potenciais conflitos de interesse, e pouco eficaz ao nível da determinação e garantia de cumprimento das medidas de blindagem impostas ao BES.”

Relatório final da comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo,29-04-2015

“A ocorrência sistemática e recorrente de práticas de ocultação de passivo (…) dificilmente se conforma com a eventual ocorrência de meros erros contabilísticos, que seriam por definição pontuais e prontamente corrigidos.”

Relatório final da comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo,29-04-2015

“Temos de reconhecer que a resolução do BES foi bem-sucedida. Não houve quebra de depósitos, não houve quebra do financiamento da economia.”

Carlos Costa, 04-05-2015

“O BES era como um campo de minas, rebentavam por todo o lado.”

Vítor Bento, ex-presidente do BES, Expresso, 09-05-2015

“No caso do BES o país lhe deve [a Carlos Costa] o facto de ele não ter fingido que não via o que se estava a passar e de ter intervindo de forma a salvaguardar a estabilidade financeira.”

Pedro Passos Coelho, Sol, 15-04-2015

“Como é notório, o Banco de Portugal não reúne condições de imparcialidade e isenção para fazer qualquer julgamento sobre o caso BES.”

Ricardo Salgado, em comunicado, 23-05-2015

 

“É importante que o comprador do banco [Novo Banco] não se deixe cair na cantiga do Banco de Portugal, porque infelizmente já fomos várias vezes enganados pelo Banco de Portugal.

Ricardo Ângelo, presidente da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial do BES], 05-06-2015

 

“Não é na rua que se resolve um problema [como o dos lesados do papel comercial do BES].”

Carlos Costa, 12-06-2015

 

“O Banco de Portugal agiu, neste caso, como uma espécie de COPCON dos tempos modernos, declarando tóxico um apelido e tudo mais que lhe apeteceu, apagando das fachadas dos prédios uma marca com mais de 140 anos de existência.”

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, na sua contestação ao primeiro processo de contraordenação do Banco de Portugal, 16-07-2015

Cavaco diz que nunca falou sobre o BES

Sexta-feira, Junho 19th, 2015

Citamos

SIC

“Nunca fiz declaração sobre o BES”, afirma Cavaco Silva
O Presidente da República afirmou hoje nunca ter feito qualquer declaração sobre o BES, mas sim sobre o Banco de Portugal. Em delcarações aos jornalistas, Cavaco Silva disse que o Presidente da República “nunca revela o que se passa com ele”. .

Elogio a Cavaco Silva

Quarta-feira, Abril 29th, 2015

Citamos:

Jornal de Negócios

O Presidente da República assegurou a estabilidade do BES semanas antes da queda do banco. A afirmação não estava na versão inicial do relatório do inquérito, mas está agora na final.

As declarações que Cavaco Silva fez sobre o Banco Espírito Santo, assegurando a sua estabilidade com base nas garantias do Banco de Portugal, constam da versão final do relatório da comissão parlamentar de inquérito.

 

Não estando inscritas na versão inicial, elaborada pelo deputado social-democrata Pedro Saraiva, a variante final inscreve estas declarações, algo que tinha sido pedido pela oposição, nomeadamente o Bloco de Esquerda.

 

“O Banco de Portugal tem sido categórico a afirmar que os portugueses podem confiar no BES dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem na parte não-financeira, mesmo na situação mais adversa (…). Haverá´ sempre alguns efeitos, mas penso que não vêm da área do banco, mas sim da área não-financeira. Se alguns investidores vierem a suportar perdas significativas podem adiar decisões de investimento, ou mesmo encontrar-se em dificuldades muito fortes, por isso não podemos ignorar que algum efeito pode vir para a economia real”. A afirmação foi feita por Cavaco Silva a 21 de Julho de 2014, antes da resolução aplicada ao BES a 3 de Agosto.

 

Estas foram frases que levaram os deputados da oposição a pedir a audição, ou esclarecimentos por escrito, a Cavaco Silva, o que foi rejeitado pela maioria e pelo próprio Chefe de Estado. O depoimento foi pedido também porque as declarações foram feitas e sabe-se que o Presidente da República foi contactado por Ricardo Salgado quando este estava a tentar evitar a derrocada do grupo.

 

Além das declarações de Cavaco Silva, o relatório também conta agora com as garantias de solidez feitas por Maria Luís Albuquerque e Pedro Passos Coelho.

Inside Goldman Sachs’s Loan to Banco Espírito Santo

Segunda-feira, Janeiro 19th, 2015

201501

Deal Resulted From Effort by Senior Goldman Officials to Win Business With Portuguese Company

Citando

The Wall Street Journal

When Goldman Sachs Group Inc. arranged an $835 million loan to Banco Espírito Santo SA last summer, it was the result of a concerted, monthslong effort by senior Goldman officials to win business with the large Portuguese company, according to people familiar with the matter.

Today, Goldman’s embrace of Espírito Santo has come back to haunt the Wall Street giant. Weeks after Goldman arranged the loan, Banco Espírito Santo collapsed amid allegations of fraud. Goldman now is in an unusual public fight with Portugal’s central bank, which bailed out Espírito Santo, over whether the loan should be fully repaid. Anticipated losses linked to the loan took a bite out of Goldman’salready weak fourth-quarter results, the firm’s executives said last week.

And the Goldman loan is under review by Portuguese regulators, which are trying to untangle the web of financial arrangements surrounding Banco Espírito Santo at the time of its implosion, a person familiar with the inquiry said.

The situation highlights a series of missteps by the Wall Street bank.

The loan was approved by at least three Goldman committees, which are composed of senior bank executives and are designed to rigorously assess transactions for their credit risk and their potential to harm the bank’s reputation, according to people familiar with the matter. And the Bank of Portugal moved the loan toward the back of the line for repayment because Goldman last summer briefly amassed more than 2% of Banco Espírito Santo shares.

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Goldman’s involvement in the Espírito Santo saga, which The Wall Street Journal first reported in September, got under way last spring—just as the wheels were starting to come off the family-controlled business empire.

Banco Espírito Santo was looking for help in paying for a loan it had promised to Venezuela’s state oil company.

Jose Luis Arnaut, a former Portuguese government minister who Goldman had just appointed to its prestigious international-advisory board, contacted Banco Espírito Santo Chief Executive Ricardo Salgado, according to a person familiar with the approach. Mr. Arnaut offered Goldman’s help in raising money, this person said.

A Goldman partner in London, Antonio Esteves, helped pull together a team in Goldman’s securities and financing divisions to create a complicated structure to arrange the loan, say people familiar with the deal. Mr. Esteves, a Portuguese native, was known inside Goldman as the salesman with the strongest connections to Iberian banks and state-owned companies, they said.

Officials at Goldman Sachs hoped the Espírito Santo deal would pave the way for future business with the Portuguese group, people familiar with the relationship said.ASSOCIATED PRESS

Goldman and Espírito Santo eventually settled on the creation of a company, Oak Finance Luxembourg SA, to raise $835 million for Espírito Santo from Goldman and outside investors. Goldman Sachs International co-heads in London, Michael Sherwoodand Richard Gnodde, were briefed on the large transaction, according to a person familiar with it.

Oak Finance’s purpose—providing vital funding for a project aimed at increasing Venezuela’s refined-oil output—also checked off a box for Goldman as it tried to expand its relationship with the Venezuelan government, people familiar with the matter said.

Before the money was raised, Espírito Santo’s problems started intensifying. Its parent company was struggling to repay billions of euros to its creditors, including the bank and its clients. Facing potential losses, the bank was having trouble raising money from traditional market sources.

But Goldman remained enthusiastic about both the deal and Espírito Santo’s prospects. In late June, barely a month before the bank’s collapse, Mr. Arnaut told a Portuguese radio station that “BES is a profoundly stable bank.” He added that Mr. Salgado, who had announced plans to resign, “was leaving a robust bank with capital and credibility.”

Messrs. Arnaut and Esteves didn’t respond to requests for comment.

Funds from the $835 million loan were released on July 3, providing the bank with vital financial help.

Goldman officials hoped the Oak Finance deal would pave the way for future business with Espírito Santo, people familiar with the relationship said. Following Mr. Salgado’s departure, Mr. Esteves and other Goldman’s bankers unsuccessfully sought work advising Espírito Santo on ways to stay afloat, these said.

Goldman, meanwhile, was buying Banco Espírito Santo shares. Regulatory filings show Goldman amassed 2.27% of the bank’s shares as of July 15. It looked like a vote of confidence in the Portuguese bank, whose shares rallied 20% on July 23, the day the holdings were disclosed.

When Banco Espírito Santo was bailed out and broken up in early August, Goldman wrote to the Bank of Portugal to confirm that the Oak Finance debts would be transferred to the surviving part of the bank, known as Novo Banco, where the loan stood a good chance of repayment. A Goldman spokeswoman said the central bank provided those assurances. A Bank of Portugal spokesman denied that.

Goldman said it had managed to sell some of its exposure to the Oak Finance loan to investors, including pension funds.

On Dec. 23, Novo Banco made a surprise announcement: The Bank of Portugal had informed it that Oak Finance would remain in the “bad bank” that the central bank is winding down, virtually guaranteeing the loan won’t be fully repaid. The reason: A Portuguese law passed in August said that anyone owning more than 2% of a bailed-out bank’s shares must go to the back of the line for any debt repayments. Goldman’s 2.27% shareholding in July triggered that provision retroactively, the Bank of Portugal concluded.

The decision stunned Goldman executives, who learned of it only when they read it in the Portuguese media on Christmas Eve, according to a person familiar with the matter. Goldman disputed the Bank of Portugal’s legal interpretation, noting that it was buying the shares for clients, not for the bank’s own account. In a statement, Goldman accused the Bank of Portugal of breaking its word and warned that the decision would hurt the pension funds that bought Oak Finance debt.

In any case, the decision meant Goldman was likely to absorb sizable losses and prompted the bank to lower the size of some employees’ bonuses.

Last week, discussing Goldman’s fourth-quarter results, Chief Financial Officer Harvey Schwartz said a loss from the Oak Finance securities made a small dent in its trading division’s results. He said Goldman remains in “active dialogue” with the Bank of Portugal.

—Justin Baer contributed to this article.

Write to Margot Patrick at margot.patrick@wsj.com and Patricia Kowsmann at patricia.kowsmann@wsj.com

(Fim de citação)