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Cecília Meireles: “Auditoria não responde se Novo Banco está a vender ativos abaixo do seu real valor”

Quinta-feira, Setembro 3rd, 2020

Citamos

Eco

Cecília Meireles: “Auditoria não responde se Novo Banco está a vender ativos abaixo do seu real valor”

CDS é favorável à realização de uma comissão de inquérito ao Novo Banco. Cecília Meireles considera que não é só a administração do banco que tem de dar explicações.

Cecília Meireles já leu partes do relatório da auditoria ao Novo Banco. Diz que o documento da Deloitte não responde àquela que é a pergunta do momento: se o banco está ou não a vender ativos abaixo do seu valor real, contrariando a posição já manifestada por António Ramalho, que diz que esta avaliação veio comprovar a “forma transparente e competitiva” em que as alienações foram feitas.

Em conversa com o ECO, a deputada do CDS diz que o partido é favorável a uma comissão de inquérito ao Novo Banco, já proposta pelo Bloco de Esquerda. Mas deixa um lamento: “Se a ideia é perceber quanto dinheiro é o que Estado ia gastar, mais valia termos olhado para a venda que se fez em 2017 e não agora que já lá vão 3.000 milhões de euros”.

Já teve oportunidade de olhar para o relatório da auditoria?

Dessa primeira leitura, quais os aspetos que mais lhe chamaram à atenção?

A auditoria faz um bom resumo do que se tem passado desde a venda [ao Lone Star, em 2017]. A venda previa que o Fundo de Resolução respondesse por perdas até 3,9 mil milhões de euros e o que se tem verificado, ano após ano, é que, de facto, tem sido preciso recorrer a isso. Ou seja, o Novo Banco tem recorrido a esse mecanismo. A auditoria faz um bom resumo do dinheiro que tem sido transferido do Estado, por via do Fundo de Resolução, para o Novo Banco.

Em segundo lugar, também veio lembrar algumas coisas. Por exemplo, o Fundo de Resolução tem o poder de tomar decisão em relação à gestão dos ativos, estes ativos que tanto discutimos nas últimas semanas. Há um departamento de resolução no Banco de Portugal que tem uma equipa especificamente dedicada ao acompanhamento deste mecanismo de capital contingente. Vale a pena, numa altura em que parece que todas as questões relacionadas com a alienação de ativos, o que não é bem assim do meu ponto de vista, pois tem muito mais a ver com o mecanismo de capital contingente criado com a venda, perceber que não é apenas a administração do Novo Banco que deve explicações. O Fundo de Resolução e o Banco de Portugal também devem muitas explicações.

Depois, há muita informação que é nova. Mas depende do pressuposto de quem está a analisar. Quem, como eu, olhou para a venda e viu que havia basicamente uma garantia de 3,9 mil milhões de euros, pareceu-me que alguém esteve a avaliar os ativos e concluiu que as perdas iriam ser mais ou menos deste montante. E é o que realmente tem acontecido. Mas para quem acreditou no Governo e no primeiro-ministro que disse que era improvável que este montante não ia ser utilizado, que não era uma garantia, deve estar agora muito surpreendido.

A auditoria não comprava as declarações do Governo aquando da venda?

A auditoria vem detalhar onde é que essas perdas estão a surgir, mas que é evidente que estava lá aquela garantia e estava lá aquele valor, sendo expectável, ou pelo menos provável, que se fosse materializar.

Não é apenas a administração do Novo Banco que deve explicações. O Fundo de Resolução e o Banco de Portugal também devem muitas explicações.

Cecília Meireles

Deputada do CDS

O que ficou por saber e a auditoria não revela?

Há uma pergunta que a auditoria não responde: se há ativos que estão a ser vendidos abaixo do seu real valor. Não responde embora a dúvida tenha sido expressamente colocada. Li o capítulo mais genérico e ainda não li o capítulo relacionado com estes ativos em particular. Mas é uma pergunta que tem sido feita em várias áreas da opinião pública e que não vejo ainda respondida.

Fica mais descansada quando o Novo Banco diz que 95% das perdas de 4.000 milhões que a auditoria encontrou tiveram origem no BES?

Descansada não fico. Não é possível ficar descansada. Há uma coisa que para mim é evidente desde 2017: se a venda foi feita com uma condição e a condição era haver uma entidade externa, neste caso, indiretamente, o Estado, a responsabilizar-se por perdas até 3,9 mil milhões de euros, é porque nesse momento havia indícios de que muitos ativos não estavam bem avaliados e iam originar perdas. Não foi uma coisa que tenha passado mais ou menos despercebida. Era uma coisa que era evidente.

Ou seja, no momento da venda e da criação desse mecanismo, quando se disse que seria improvável utilizar todo o montante, não se estava a ser verdadeiro?

Não gosto de ser juiz. Mas é evidente que quando se faz um mecanismo destes, não se sabendo se se vai esgotar até ao fim, a esmagadora maioria é para ser utilizado, como, aliás, já foi utilizado. Mais de metade desse dinheiro já está gasto.

Parece inevitável que uma comissão de inquérito. Resta saber: qual o âmbito e o objeto da comissão?

No que toca a comissões de inquérito sobre a banca, o CDS foi sempre favorável a que fosse possível chegar ao fundo da questão, do apuramento dos factos. Continuamos a ser igualmente favoráveis ao apuramento dos factos neste caso, designadamente aqueles que têm a ver com a aplicação do dinheiro dos contribuintes. Sobre o âmbito, nunca fomos o partido que luta para retirar estrategicamente isto ou aquilo do âmbito. Agora, há uma coisa que eu tenho de dizer: se ideia é perceber que dinheiro é que o Estado ia gastar, atendendo a que a venda foi feita em 2017, então mais valia termos olhado com cuidado para a venda que se fez em 2017 e não agora quando já lá vão 3.000 milhões de euros.

“Se a ideia é perceber que dinheiro é que o Estado ia gastar, atendendo a que a venda foi feita em 2017, então mais valia termos olhado com cuidado para a venda que se fez em 2017 e não agora quando já lá vão 3.000 milhões de euros.”

Cecília Meireles

Deputada do CDS

A auditoria diz alguma coisa em relação à venda do banco e ao mecanismo que foi criado?

A auditoria explica qual é o mecanismo, apresenta um excelente resumo, mas não traz grande novidade.

Voltando à comissão de inquérito, o Bloco de Esquerda vai avançar com um pedido para a realização de uma comissão parlamentar de inquérito. Deduzo que o CDS irá aprovar ou, pelo menos, não irá opor-se?

Sempre fomos favoráveis a inquéritos e apuramentos de factos e mantemos esta posição. Somos favoráveis.

PCP e CDS dizem que falha na supervisão da CMVM é o mais relevante

Segunda-feira, Julho 20th, 2020

Citamos

Público

A acusação do Ministério Público sobre o caso BES/GES não pára de fazer estilhaços. O PÚBLICO noticiou este sábado com base numa informação revelada pelo despacho da acusação que o ex-presidente da Comissão de Mercado e Valores Mobiliários (CMVM) terá afinal sabido da crise do GES antes do aumento de capital do BES. A ser assim que explicações tem de dar Carlos e Tavares e o que podia ter feito? O PÚBLICO falou com dois deputados que participaram na comissão de inquérito à gestão no BES para perceber como vêem estas novidades.

Primeiro: os factos novos. Segundo o despacho de acusação, a KPMG terá tido em Fevereiro de 2014 uma reunião com Carlos Tavares onde terá dado informações sobre problemas nas contas da Espírito Santo Internacional (ESI) e o risco de contaminação ao BES. No Parlamento, em Novembro, Carlos Tavares disse aos deputados que teve conhecimento deste quadro financeiro em Junho.

Miguel Tiago foi o homem do PCP naquela comissão de inquérito, que durou de Outubro de 2014 a Maio de 2015. O comunista começa por salientar que “não é muito comum ir em pessoa” ter reuniões para alertar para problemas desta ordem de grandeza. “A reunião pode ser verdade mas não significa informação oficial à CMVM”, diz, remetendo depois para o esclarecimento entretanto enviado ao PÚBLICO pelo actual chairman do Banco Montepio, onde Carlos Tavares argumenta que o que afirmou na Assembleia da República “é exacto, dizendo respeito à recepção do relatório de auditoria especial feito pela KPMG a ESI onde foram identificados os problemas nas contas desta entidade. Esse relatório foi enviado à CMVM (pela KPMG e pelo BdP) a meu pedido”.

 

CDS insiste em relatório secreto sobre atuação de BdP, após nova recusa na entrega ao Parlamento

Segunda-feira, Abril 1st, 2019

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Económico

CDS-PP volta a pedir relatório secreto sobre atuação de governador no caso BES, depois de entidade supervisora liderada por Carlos Costa ter recusado, pela terceira vez, a sua entrega ao Parlamento agora no âmbito da nova comissão de inquérito à Caixa que hoje retoma os trabalhos com a audição ao governador do Banco de Portugal

João Almeida, deputado do CDS-PP e relator da nova comissão de inquérito à Caixa, requereu nesta quarta-feira, 27 de março, que seja entregue ao Parlamento o relatório secreto que avaliou a actuação do Banco de Portugal (BdP) no caso BES, cuja entrega voltou a ser recusada pelo supervisor alegando “segredo profissional” e que o documento não se pretende com o objeto da nova comissão: inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à Gestão do Banco.

“Na qualidade de relator, faço o pedido que viesse para esta comissão o relatório de avaliação interna à atuação do supervisor no caso BES, na sequência da resposta do Banco de Portugal que este relatório mantém-se ao abrigo do segredo profissional e que não tem relação com o objecto desta comissão”, afirmou João Almeida antes do início da segunda audição ao governador do BdP, Carlos Costa,  na II Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à CGD, criada após a divulgação do relatório de auditoria da EY à gestão da Caixa entre 2000 e 2015, que concluiu por perdas de 1.647 milhões de euros em 186 operações de crédito que acabaram por se revelar ruinosas.

Segundo o deputado centrista, “a argumentação ao abrigo do segredo bancário não colhe”, dado que, recorda, ainda “ontem a EY confirmou que o Banco Espírito Santo (BES) é o grupo financeiro nacional  sinalizado na auditoria à gestão da Caixa entre 2000 e 2015, como o responsável pelos prejuízos de 519 milhões de euros do grupo CGD em 2014 e 2015 (348 milhões em 2014 e 171,5 milhões em 2015).

Esta é a terceira vez que a entidade liderada por Carlos Costa recusa a entrega do relatório que contou com o apoio técnico da consultora Boston Consulting Group (BCG) e tem mais de 600 páginas, e que aponta conclusões muito críticas à atuação de Carlos Costa que nunca foram reveladas. O que acontece depois de já ter sido recusado duas vezes ao Parlamento noutras comissões de inquérito.

No início de março, o JE noticiou que o PS juntou-se ao BE e no pedido do relatório interno que avaliou a actuação do Banco de Portugal no caso BES. Enquanto bloquistas pretendem analisar falhas do supervisor que poderão ser extensíveis à CGD, os socialistas exigem auditoria secreta para avaliar exposição da CGD ao BES.

Os partidos, tal como o CDS, querem ter acesso ao relatório interno que avaliou a actuação do supervisor no caso BES, para confrontarem o governador do Banco de Portugal (BdP) na nova CPI à gestão da Caixa que pretende ir mais longe do que a anterior no apuramento dos factos que provocaram perdas de milhões de euros no banco público.

Os socialistas incluíram  também este relatório secreto  na lista de documentos pedidos pelo partido que vai ser entregue no Parlamento no âmbito da na nova CPI à Caixa.

Recorde-se que, ainda antes da resolução do BES, a 3 de agosto de 2014, foi noticiado que a exposição da CGD a sociedades detidas pelo Grupo Espírito Santo rondava os 300 milhões de euros, mas todos os créditos tinham garantias reais como acções ou imobiliário. Entre as empresas que se foram financiar junto da CGD estava a Espírito Santo Internacional, que controlava o Espírito Santo Financial Group (ESFG), então maior accionista do BES, tendo, entretanto, sido declarada a insolvência a ambas as holdings.

O relatório secreto foi solicitado pela comissão parlamentar de inquérito ao BES que o supervisor não quis entregar em 2015. E foi novamente pedido, no ano seguinte, pelos deputados de esquerda na comissão de inquérito ao caso Banif. O documento foi elaborado pela Comissão de avaliação às decisões e à actuação do Banco de Portugal na supervisão do BES, com o apoio técnico da consultora BCG. E que nunca chegou a ver a luz do dia

O BdP defendeu, na altura, que não tem de disponibilizar “informações ou documentos cujo conteúdo não tenham conexão com a medida de resolução”, pelo que os considerou sujeitos a “segredo profissional”. Um argumento que será agora mais difícil de utilizar face à nova lei de transparência bancária que vai obrigar os bancos a enviarem informação sob sigilo bancário e profissional para as comissões de inquérito e deverá ser útil à nova comissão de inquérito à gestão da CGD.

Recorde-se que a lei que determina a divulgação de grandes devedores da banca e reforço do controlo parlamentar no acesso a informação bancária e de supervisão prevê o “acesso a informação por comissão parlamentar de inquérito”, sobre “transparência sobre operações de capitalização de instituições de crédito com recurso a fundos públicos” e “recolha e comunicação à Assembleia da República da informação relevante”.

Ou seja, a nova lei passou a prever especificamente que o Banco de Portugal troque informações no âmbito de inquéritos parlamentares cujo objeto inclua especificamente a investigação ou exame das ações das autoridades responsáveis pela supervisão das instituições de crédito.

A auto-avaliação feita pelo BdP no caso BES deixa críticas à actuação do supervisor e aponta falhas no acompanhamento feito ao banco, revelou ao Jornal Económico fonte próxima ao processo, confirmando as dúvidas deixadas pela comissão de avaliação interna, noticiadas pelo Jornal de Negócios a 23 de março de 2016, data em que deu conta que o relatório conhecido como Costa Pinto, herdando o nome do presidente do conselho de auditoria do regulador que o liderou, vão até ao início da década passada.

 

 

Respostas Rápidas: Carlos Costa no ‘centro do furacão’. O que pedem BE e CDS?

Terça-feira, Fevereiro 12th, 2019

Citamos

Económico

“É indiscutível que a exoneração tem de se colocar”, diz o CDS. Bloquistas são mais peremptórios e pedem ao Governo que “exonere o Governador do Banco de Portugal”.

Que argumentos apresenta o CDS para pedir a exoneração do governador do Banco de Portugal?

O deputado e porta-voz do CDS-PP João Almeida considerou que a atividade anterior de administrador da CGD de Carlos Costa “está a arrastar o Banco de Portugal para o centro do debate”, o que considera ser prejudicial para o seu papel de supervisor.

Questionado se o CDS-PP pondera pedir a exoneração de Carlos Costa, como fez hoje o BE, João Almeida respondeu afirmativamente.

“Quando o supervisor tem um governador que pede escusa num dos processos mais importantes que o banco tem para apurar, é indiscutível que a exoneração tem de se colocar”, respondeu.

O que pede o Bloco de Esquerda no que diz respeito a Carlos Costa?

Os bloquistas pedem ao Executivo de António Costa a exoneração do governador do Banco de Portugal (BdP) face à impossibilidade de aferir a sua idoneidade, dado que Carlos Costa escapou à avaliação que o regulador está a fazer a ex-gestores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) que participaram em atos de decisão de créditos ruinosos do banco público, resultado em perdas de 1,6 mil milhões de euros, segundo o relatório de auditoria à gestão da Caixa entre 200 e 2015.

“Face ao comprovado envolvimento na Caixa Geral de Depósitos, Carlos Costa não cumpre as condições de escrutínio e isenção para o desempenho das funções de Governador do Banco de Portugal”, defende o BE no projecto de resolução que dará entrada Parlamento nesta segunda-feira, 11 de Fevereiro.

Como é que o BE justifica este pedido de exoneração do governador do Banco de Portugal?

Os bloquistas recomendam ao Governo que “exonere o Governador do Banco de Portugal, Carlos da Silva Costa” na sequência de notícias da revista Sábado que revelou que Carlos Costa esteve em reuniões do conselho de crédito da CGD que aprovaram “sem justificação”, créditos ruinosos da CGD como as operações de Vale do Lobo, e empréstimos a Manuel Fino e Joe Berardo. E também do Jornal Económico, na sexta-feira passada, que revelou que Carlos Costa, apesar de ter sido administrador no banco público entre 2004 e 2006, escapou à avaliação de idoneidade aos ex-gestores da Caixa, num exame que envolve menos de 10 antigos administradores, que está a ser levada a cabo pelo BdP.

BE pede exoneração de Carlos Costa do cargo de governador do Banco de Portugal

Terça-feira, Fevereiro 12th, 2019

Citamos

Público

Mariana Mortágua diz que Carlos Costa “não cumpre as condições de escrutínio e isenção”.

O Bloco de Esquerda pede ao Governo que “exonere” Carlos Costa do cargo de governador do Banco de Portugal por este não poder ser escrutinado, neste momento, pela sua actuação enquanto administrador da Caixa Geral de Depósitos durante um período em que foram concedidos créditos ruinosos.

“O governador do Banco de Portugal não pode estar acima de escrutínio. A suspeita quanto à sua idoneidade é, em si, incompatível com as funções que desempenha”, lê-se no projecto de resolução do partido que pede a saída de Carlos Costa do banco central.

Na apresentação do projecto, a deputada Mariana Mortágua observou que há “um único administrador que o Banco de Portugal disse que não ia avaliar” que era o próprio governador e que o que está em causa é saber se Carlos Costa é “idóneo” para ser governador. “Quem pode garantir que Carlos Costa tem idoneidade”, pergunta. “Essa garantia não existe, porque o Banco de Portugal não vai fazer uma avaliação do seu governador”, acrescenta a deputada.

“O governador já devia ter chegado à conclusão de que não tem condições para se manter no seu cargo”, afirmou a deputada que espera que outros partidos acompanhem o projecto do BE, e que considera “estranho” que tenha de ser um partido a “pressionar” para que isto aconteça.

Isto, porque, para o BE, sem a possibilidade de “aferir a sua idoneidade face ao comprovado envolvimento na Caixa Geral de Depósitos, Carlos Costa não cumpre as condições de escrutínio e isenção para o desempenho das funções de governador do Banco de Portugal” em, por isso, pede que o Governo “exonere o governador do Banco de Portugal, Carlos da Silva Costa”.

Em causa está o facto de vários ex-administradores da CGD estarem a ser avaliados na sua idoneidade pelo BdP, e o Bloco não compreende o porquê de essa avaliação não ser extensível ao governador do Banco de Portugal, que foi administrador da CGD numa parte do período em análise (2004 e 2006) e que “pertenceu ao Conselho de Crédito que aprovou, sem justificação, várias operações de concessão e reestruturação de crédito que incumpriram as indicações da DGR” – circunstância que, após ter sido revelada pela Sábado, na semana passada, levou Carlos Costa a precisar que “durante todo o período em que exerceu funções de administrador na CGD, (…) não teve responsabilidades nas áreas de crédito, risco, acompanhamento de clientes ou de controlo e auditoria interna.

Nesta segunda-feira, Mariana Mortágua argumentou ainda que Carlos Costa pediu escusa da avaliação da idoneidade “de quem foi seu colega na administração da Caixa” e que essa escusa mostra que há “conflito de interesses”. “O reconhecimento do envolvimento de Carlos Costa no percurso da CGD no período em causa ficou claro no momento em que o governador pediu escusa no processo de averiguação associado à auditoria da Caixa”, lê-se no projecto.

Mas mais do que a escusa na avaliação da idoneidade dos colegas, é a própria avaliação dos actos “do ex-administrador Carlos Costa, e da sua idoneidade para exercer as funções de governador do Banco de Portugal, regulador e supervisor do sistema bancário” que está em causa, lê-se no projecto de resolução que o partido apresentou esta tarde.

Ainda esta segunda-feira, o Banco de Portugal enviou um comunicado às redacções no qual informa que Carlos Costa pediu “escusa” de todas as deliberações do regulador no que diz respeito às decisões que serão tomadas na sequência da auditoria da Ernst&Young à Caixa Geral de Depósitos. Refere o comunicado desta segunda-feira que o pedido de escusa “foi apresentado na ocasião da primeira deliberação tomada neste âmbito, em 6 de Novembro de 2018, e nessa data aceita pelo Conselho de Administração”.

 

CDS acusa Governo de ter dado garantias sobre Novo Banco que “não eram verdadeiras”

Sábado, Março 31st, 2018

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Observador

CDS acusa Governo de ter dado garantias sobre Novo Banco que “não eram verdadeiras”

 

O CDS-PP salientou esta quinta-feira que as garantias que o atual Governo deu de que a venda do Novo Banco não teria impacto nas contas públicas nem nos contribuintes “não eram verdadeiras”, depois de serem conhecidos os resultados deste banco.

“Tal como o CDS alertou na altura, o grande problema com a venda negociada pelo atual Governo do Novo Banco é que se estava a negociar uma garantia pública encapotada”, acusou a vice-presidente do CDS e deputada Cecília Meireles, em declarações aos jornalistas no parlamento. Para a deputada democrata-cristã, estes avisos tornaram-se “infelizmente realidade e os contribuintes vão ser chamados a receber pelas perdas”.

Cecília Meireles recordou que, quando foram conhecidos alertas da Comissão Europeia sobre a gestão do Novo Banco, o CDS-PP pediu audições parlamentares do ministro das Finanças, Mário Centeno, e do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, que teve o controlo indireto do banco.

“Estes requerimentos já foram aprovados e estas audições vão ser essenciais para se perceber o que aconteceu no Novo Banco”, frisou. Questionada sobre se não há também responsabilidades do anterior Governo PSD/CDS que optou pela recapitalização do Novo Banco através do fundo de resolução, Cecília Meireles salientou que é o atual Governo que decide dar uma garantia pública.

“Neste momento, o Novo Banco é um banco privado, só acontece os contribuintes serem chamados a responder por prejuízos porque o atual Governo entendeu negociar uma venda com uma garantia pública, depois de ter dito, aliás, no parlamento que não haveria garantia pública, nem impacto nas contas públicas nem para os contribuintes”, afirmou Cecília Meireles.

A deputada do CDS alertou até que, se essa garantia pública tivesse aparecido no início do processo de venda, talvez pudessem ter aparecido outros interessados na compra do Novo Banco.

O Novo Banco anunciou na quarta-feira prejuízos recorde de 1.395,4 milhões de euros em 2017, acima dos 788,3 milhões de euros de 2016, num ano em que constituiu mais de 2.000 milhões de euros de imparidades (provisões para perdas potenciais).

O banco disse ainda que ativou em dezembro o mecanismo de capital contingente, pelo qual o Fundo de Resolução bancário ficou de capitalizar o Novo Banco em caso de necessidades de capital em determinadas circunstâncias, para receber deste um montante de 791,7 milhões de euros.

O Estado deve emprestar até 450 milhões de euros ao Fundo de Resolução para capitalizar o Novo Banco, sendo que o restante dos 791,7 milhões necessários são recursos já disponíveis e que resultam de contribuições pagas pelo setor bancário.

Num comunicado publicado na quarta-feira à noite, o Fundo de Resolução afirma que o pagamento será feito, em primeiro lugar, através dos recursos financeiros disponíveis, que resultam das contribuições pagas pelos bancos.

“Esses recursos serão complementados por um empréstimo a obter junto do Estado”, num montante que ainda não está fixado, mas que se estima que “não ultrapasse os 450 milhões de euros, ficando assim aquém do limite anual de 850 milhões de euros, inscrito no Orçamento do Estado”.

O mecanismo de capital contingente foi criado aquando da negociação da venda do Novo Banco à Lone Star e prevê que o Fundo de Resolução (gerido pelo Banco de Portugal e pelo Ministério das Finanças) possa capitalizar o Novo Banco até 3,89 mil milhões de euros durante oito anos por perdas num conjunto de ativos, caso essas perdas afetem os rácios de capital do banco.

O Novo Banco (criado em agosto de 2014 para ficar com os ativos considerados menos problemáticos do ex-BES) pertence desde outubro ao fundo de investimento Lone Star, que detém 75%, mantendo o Fundo de Resolução bancário os restantes 25%.

O Novo Banco fechou 2017 com rácio de capital CET de 12,8% com as regras do período de transição. Este valor, segundo disse neste dia o presidente do banco já inclui os 791,7 milhões de euros que virão do Fundo de Resolução Bancário.

Centeno e Carlos Costa vão ao Parlamento explicar possível injecção no Novo Banco

Quarta-feira, Março 14th, 2018

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Negócios

O PS absteve-se na votação do requerimento do CDS que pedia audições na sequência da publicação da decisão da Comissão Europeia que impõe remédios ao Novo Banco. Os restantes partidos aprovaram. A Febase quer reunir-se com António Ramalho.

Mário Centeno e Carlos Costa vão regressar ao Parlamento com o tema Novo Banco em cima da mesa. A divulgação da decisão da Comissão Europeia, que impõe medidas de corte de pessoal à instituição financeira, será o assunto.

Esta quarta-feira, 14 de Março, a comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa aprovou o requerimento do CDS-PP para as audições das duas autoridades nacionais, o ministro das Finanças e o governador do Banco de Portugal.

O requerimento do CDS deveu-se à decisão de Bruxelas relativamente ao processo de ajudas do Estado na venda de 75% do Novo Banco à Lone Star.

Há dois pontos que, para Cecília Meireles, precisam de ser “urgentemente esclarecidos”. Um deles é: “Porque é que estamos a falar de mais dinheiro para além do mecanismo de capitalização contingente?”, questiona-se. Além deste mecanismo, em que o Fundo de Resolução pode entrar com mais até 3,89 mil milhões de euros para cobrir perdas num conjunto, o Estado português assume uma exposição adicional. Essa injecção pode acontecer caso o rácio total do Novo Banco fique aquém das exigências do Banco Central Europeu no âmbito do “supervisory review and evaluation process” (SREP). Contudo, há limites, nomeadamente o facto de a entrada só poder acontecer se os privados não cobrirem essas necessidades.

O Negócios já colocou por várias vezes questões sobre este tema ao Ministério das Finanças, desde que foi divulgada a decisão da Comissão Europeia, mas nunca obteve resposta.

O CDS tem também dúvidas em relação a outro ponto. “É muito preocupante considerar-se que as práticas de concessão de crédito do BES [alegadamente irregulares] se mantenham [no Novo Banco]”, diz. A Comissão Europeia confirma terem sido detectadas deficiências no reporte de crédito do Novo Banco detectadas após resolução do BES, já com o Fundo de Resolução, que funciona junto do Banco de Portugal, como accionista único.

“Há dúvidas que não podem permanecer”, considera Cecília Meireles ao Negócios relativamente à decisão de Bruxelas.

O PS foi o único partido a abster-se na votação da manhã desta quarta-feira.

Entretanto, a Febase, federação que junta sindicatos ligados à UGT, pediu uma reunião com a administração do Novo Banco, de que António Ramalho é o líder executivo, depois das notícias divulgadas terem indicado para processos de rescisão por mútuo acordo e de reforma antecipada, que podem afectar mais de 400 trabalhadores.

“Os sindicatos dos trabalhadores bancários integrados na Febase estranham que uma decisão, com contornos e consequências tão drásticas e perniciosas para os trabalhadores, não tenha sido precedida de contactos ou reuniões prévias com a Febase ou qualquer dos seus sindicatos”, sublinha em comunicado.

CDS-PP pede audição parlamentar de Centeno e Carlos Costa sobre Novo Banco

Quinta-feira, Março 8th, 2018

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Diário de Notícias

O CDS-PP requereu hoje a audição do ministro das Finanças e do Governador do Banco de Portugal para esclarecerem a possibilidade de o Estado entrar com mais capital no Novo Banco e as deficiências apontadas à gestão da instituição.

“Tendo sido conhecida a decisão da Comissão Europeia, em relação ao processo de venda do novo Banco, (…) entendemos que é necessário ouvir e ouvir com urgência quer o senhor ministro das Finanças, quer o senhor Governador do Banco de Portugal” na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, afirmou a deputada do CDS-PP Cecília Meireles, em declarações aos jornalistas no parlamento.

Segundo Cecília Meireles, os democratas-cristãos querem esclarecer a “necessidade de intervenção do Estado” e a “necessidade de o Estado português pôr dinheiro no banco, para além daquilo que já tinha sido conhecido e admitido pelo Governo”, ou seja, 3 mil e 900 milhões de euros.

“O que a Comissão Europeia vem dizer é que para além disso está autorizada outra medida de injeção de capital público no banco caso seja necessário que vai acrescer a estes 3 mil e 900 milhões de euros que já conhecíamos. Entendemos que é muito importante perceber em que moldes é que pode ser necessária essa ajuda e até que montante é que ela pode ir”, sublinhou a deputada do CDS-PP.

Por outro lado, continuou, a Comissão Europeia refere que, em 2016, quando o banco já estava “há mais de um ano sob controlo do fundo de resolução, que por sua vez é controlado pelo Banco de Portugal”, que continuavam a haver insuficiências graves na gestão e, sobretudo, na concessão de crédito.

“Estas afirmações não podem ficar sem esclarecimento e é fundamental ouvir governador de banco de Portugal e perceber que alterações é que foram feitas na gestão do Novo Banco”, acrescentou.

Novo Banco: Parlamento chumba projetos de nacionalização do BE e PCP

Sábado, Abril 22nd, 2017

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Observador

Novo Banco: Parlamento chumba projetos de nacionalização do BE e PCP

 

O parlamento chumbou dois projetos de lei de BE e PCP em defesa da nacionalização do Novo Banco, e rejeitou também um texto do PSD sobre as condições do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução.

O parlamento chumbou dois projetos de lei de BE e PCP em defesa da nacionalização do Novo Banco, e rejeitou também um texto do PSD sobre as condições do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução.

Os textos de BE e PCP mereceram o voto contra de PS, PSD e CDS-PP, com todas as demais bancadas – “Os Verdes” e PAN” – a acompanharem bloquistas e comunistas.

Já o projeto de resolução do PSD recomendando ao Governo a renegociação das condições do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução da banca teve votos positivos de sociais-democratas e do CDS-PP, abstenção do PAN e votos contra de PS, PCP, BE e “Os Verdes”.

Um outro projeto de resolução do BE, advogando “descontentamento pela decisão de venda do Novo Banco sem consulta” ao parlamento foi também chumbado com os votos contra de PS e PSD e a abstenção do CDS.

Antes das votações deu-se um novo debate em plenário sobre o Novo Banco, com a bloquista Mariana Mortágua a arrancar a discussão precisamente defendendo que o tema devia ter vindo à Assembleia da República.

“O BE nunca se colocaria de fora de uma solução que preservasse o controlo público do novo banco. O Governo fez mal em não trazer o assunto à Assembleia”, declarou, acusando ainda PSD e CDS-PP de não terem “alternativa real” face à decisão de venda do Governo aos norte-americanos da Lone Star.

PSD e CDS, disse por seu turno o comunista Miguel Tiago, “comprometeram-se perante as instituições europeias com a venda do Novo Banco” e “durante anos esconderam as reais contas desta instituição”

“O atual Governo prosseguiu esse compromisso de PSD e CDS em relação a Bruxelas, de vender o Novo Banco. Não estamos a propor a nacionalização com integração na esfera pública de forma transitória unicamente para limpar a instituição dos prejuízos e entregar a uma entidade privada”, continuou o comunista, defendendo a integração da entidade no setor público bancário.

Pelo PSD, o deputado António Leitão Amaro ironizou com o “tempo novo das esquerdas”, que considerou representar “negócios ruinosos para os contribuintes mas generosos para a banca”.

A governação socialista, continuou, passa por “estoirar sem dó o dinheiro dos contribuintes”, com Cecília Meireles, do CDS-PP, a colar PCP e BE ao executivo: “O Governo existe com a legitimidade que os senhores lhe dão”, disse a centrista, dirigindo-se aos partidos à esquerda.

Eurico Brilhante Dias, do PS, criticou o PSD por ter “de forma absolutamente irresponsável” empurrado para a frente “um problema com impacto nas contas públicas”, vindo hoje pedir a “renegociação de um empréstimo contraído pelo Fundo de Resolução ao tempo” que o deputado Leitão Amaro fazia, inclusive, parte do governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho.

O negócio de venda do Novo Banco à Lone Star prevê a alienação de 75% do banco ao fundo norte-americano, ficando o Fundo de Resolução com 25% (posição que poderá alienar a qualquer momento a um privado).

Contudo, a concretização do negócio ainda está a sujeita a três condições.

Uma delas passa por uma troca de obrigações com vista a melhorar o capital do Novo Banco em 500 milhões de euros, o que implicará penalizações para os seus detentores.

É esperado que seja brevemente apresentada a oferta de troca de obrigações aos seus detentores – sejam clientes institucionais ou de retalho -, desconhecendo-se ainda pormenores da operação.

Por exemplo, poderá ser proposto um corte de juros ou aumento de maturidades dos títulos ou até uma solução que implique as duas modalidades. Também poderá ser proposto uma alteração no preço da obrigação.

Os obrigacionistas serão confrontados com o dilema de, caso não aceitem a solução proposta, o Novo Banco poder ser liquidado, com implicações também para os seus investimentos.

Para já, com o contrato de promessa de compra e venda que foi assinado foi conseguido que desaparecesse o prazo de 02 de agosto de 2017 para o banco ser vendido ou liquidado, existindo o prazo indicativo da venda ser concretizada até ao final do ano, que pode ser dilatado.

 

Novo Banco: PCP “cola” PS a PSD/CDS na solução de venda a “fundo especulativo”

Quarta-feira, Abril 12th, 2017

Citamos

Expresso

“Esta entrega do Novo Banco que o Governo PS quer agora concretizar é a opção defendida desde o início por PSD e CDS. É uma opção que prejudica o país e o povo e é, por isso, uma opção que o PCP rejeita”, afirmou Jerónimo de Sousa

O líder do PCP associou hoje a opção do executivo socialista sobre a venda do Novo Banco às intenções de PSD e CDS-PP, numa intervenção na abertura das jornadas parlamentares, que decorrem até terça-feira, em Coimbra.

“Esta entrega do Novo Banco que o Governo PS quer agora concretizar é a opção defendida desde o início por PSD e CDS. É uma opção que prejudica o país e o povo e é, por isso, uma opção que o PCP rejeita”, afirmou Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral comunista condenou a “entrega a um fundo especulativo americano, com o afastamento do capital público de qualquer papel decisório e com a imposição feita pelo Banco Central Europeu de adiamento do prazo de pagamento pelos bancos ao Estado, por 30 anos, do dinheiro do Fundo de Resolução do BES”.

“Para integrar o Novo Banco no setor público contam com a nossa força e a nossa iniciativa. Para entregar o banco a grupos privados e passar a fatura ao povo, sabem que contarão com a nossa oposição”, sublinhou.

Em 31 de março, foi assinado o contrato de promessa de compra e venda entre o Fundo de Resolução e o fundo de investimento norte-americano Lone Star, para a alienação de 75% do Novo Banco, mantendo o Fundo de Resolução 25%.