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Lesados do BES e do Banif levam caso até autoridades europeias

Quarta-feira, Março 24th, 2021

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Negócios

As associações dos lesados do Banif e das sucursais externas do BES vão reunir-se com a direção-geral de mercados de capitais da Comissão Europeia e com eurodeputados.

Sem solução à vista e há vários meses sem conseguirem contactar com representantes do Governo, os lesados do Banif e das sucursais exteriores do Banco Espírito Santo (BES) preparam-se para levar o caso ao Parlamento Europeu e à Comissão Europeia, através da DG Fisma (direção competente pela estabilidade financeira, serviços financeiros e união dos mercados de capitais).

Os investidores não qualificados do Banif, do Banque Privée e das sucursais do BES na Venezuela e na África do Sul aguardam por uma solução para recuperar parte das perdas desde a falência destes bancos. O seu caso conheceu avanços quando, em 2018, foi criado um fundo de recuperação de créditos para um outro grupo de lesados do BES (os do papel comercial), que contou com garantias estatais.

Os lesados do Banif e das sucursais externas do BES exigiram a criação de um veículo semelhante. Ainda em 2018, a Assembleia da República recomendou que fosse desenhada uma solução para estes lesados. Em dezembro de 2019, duas comissões de peritos independentes concluíram que houve práticas de vendas ilícitas nos bancos falidos e que perto de 3 mil pequenos investidores seriam elegíveis para integrar um fundo de recuperação de créditos.

Estavam reunidas as condições exigidas pelo Governo para que a solução avançasse. Os lesados do Banif e do BES esperavam reunir-se com o Executivo em janeiro de 2020, mas as reuniões nunca chegaram a acontecer, os lesados deixaram de receber resposta e, no final do 2020, o Governo veio dizer que, afinal, poderá não conceder qualquer garantia, por uma questão de “prudência” e da necessidade de “proteção do erário público”.

É neste contexto que a Associação de Lesados Emigrantes da Venezuela e África do Sul (ALEV) e a Associação de Defesa dos Clientes Bancários (ABESD) se preparam para pedir ajuda a nível internacional. As duas associações serão recebidas por eurodeputados dos vários grupos parlamentares, bem como por Bruxelas, entre abril e maio, segundo adianta ao Negócios Nuno da Silva Vieira, advogado que representa as associações.

Os lesados esperam que algum grupo parlamentar recomende ao Governo que avance com uma solução. Se não acontecer, está já pronta uma petição para o mesmo fim, que será entregue no Parlamento Europeu. “Estamos em contacto com altas instâncias internacionais habituadas a resolver litígios globais”, diz o advogado.

 

Estamos em contacto com altas instâncias habituadas a resolver litígios globais.NUNO DA SILVA VIEIRA
Advogado

Novo Banco “poupa” 150 milhões em imparidades com aval de Bruxelas

Segunda-feira, Março 15th, 2021

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Económico

Novo Banco obteve autorização da DG Comp para não constituir as imparidades adicionais previstas no plano de restruturação de 2017.

O Novo Banco conseguiu autorização da Direção Geral da Concorrência Europeia (DG Comp) – que é responsável pela política europeia em matéria de concorrência – para não cumprir um dos compromissos do Plano de Restruturação que foi acordado em 2017, e com isto abate o nível de imparidades a registar nas contas de 2020, apurou o Jornal Económico.

Novo Banco. Bruxelas lembra que está a “monitorizar o cumprimento dos compromissos” assumidos pelo Governo

Terça-feira, Dezembro 1st, 2020

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Observador

 

A Comissão recorda que está “a monitorizar o cumprimento dos compromissos” assumidos pelo Governo no processo de venda do Novo Banco. Esta quinta-feira, o Parlamento impediu novas transferências.

A Comissão Europeia não comenta a decisão do Parlamento de impedir a transferência de dinheiro para o Novo Banco no âmbito do Orçamento do Estado, nem a situação do próprio banco, mas, em resposta ao Observador, um porta-voz do executivo europeu deixa claro que Bruxelas está a “monitorizar o cumprimento” dos compromissos assumidos no processo de venda do Novo Banco à Lone Star. Sobre o andamento desse processo, a Comissão diz também não poder fazer declarações.

“Em 2017, a Comissão aprovou, ao abrigo das regras da UE referentes aos auxílios estatais, uma notificação de Portugal para a venda do Novo Banco com base em determinados compromissos assumidos por Portugal”, refere o porta-voz da Comissão. “A Comissão está a monitorizar o cumprimento desses compromissos”.

A resposta da Comissão ao Observador é dada no contexto da decisão do Parlamento desta quinta-feira, em que a proposta do Bloco de Esquerda para travar a transferência de um máximo de 476 milhões de euros para o Novo Banco gerou um terramoto político. A medida foi aprovada à revelia do PS, com votos a favor de BE, PSD, PCP e Joacine Katar Moreira. CDS e PAN abstiveram-se.

Horas depois de ter sido confirmada a votação, que ameaça a capitalização do Novo Banco, o primeiro-ministro revelou ter telefonado à presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, para assegurar o que já tinha afirmado após a votação do Orçamento do Estado — que o Estado português pretende garantir o escrupuloso cumprimento dos compromissos assumidos no quadro da venda do Novo Banco.

Um eventual incumprimento deste contrato colocaria em causa as obrigações que Portugal assumiu junto do BCE, que tem a supervisão do Novo Banco, mas também perante a DG Comp, o regulador da concorrência europeu.

O acordo de venda de 2017 teve de ser autorizado por Bruxelas porque envolvia ajudas de Estado, precisamente a almofada de 3,89 mil milhões de euros do mecanismo de capital contingente a cujo recurso o Parlamento português impôs um travão, até ser conhecida uma auditoria do Tribunal de Contas. Nos termos do acordo com Bruxelas, se os rácios de capital do Novo Banco baixarem para um determinado limite num cenário adverso, e o acionista privado não disponibilizar os fundos necessários, cabe ao Estado português assegurar o capital considerado necessário.

Financeiramente, a decisão do Parlamento até parece ter um efeito positivo nas contas públicas. Isto porque — ao contrário de outras alterações que tiram receita ao Estado ou aumentam a despesa pública — esta medida anula a saída de dinheiro de uma entidade que está inserida no perímetro das contas públicas para outra que está fora.

As injeções no Novo Banco têm impacto no défice público — apesar de não contarem para o défice estrutural — e mesmo o recurso a um empréstimo da banca para financiar a injeção no Novo Banco teria efeito na dívida pública, como aliás clarificou a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) no parecer que fez à proposta orçamental.

Se a despesa for eliminada, o Fundo de Resolução não precisará de financiá-la com um empréstimo da banca. E não deverá penalizar o défice, ao contrário do que sucedeu nos anos após a celebração do contrato de venda do banco com a Lone Star.

No entanto, se o compromisso existir, de facto, no contrato, como garantem as Finanças, mais cedo ou mais tarde o Estado terá de cumprir, e essa obrigação do Fundo de Resolução terá de ser financiada e refletida nas contas públicas — ainda que seja necessário o Novo Banco, ou outras partes do acordo, fazerem valer os seus interesses em tribunal (que pode ser arbitral).

Os partidos que votaram a favor da proposta bloquista, e também os que se abstiveram, sublinharam no Parlamento que não pretendem o incumprimento do contrato. Pretendem apenas que qualquer nova injeção de capital só aconteça depois de uma nova auditoria — já houve uma da Deloitte cujos resultados não foram considerados suficientes, mas desta vez será feita pelo Tribunal de Contas, o órgão de controlo externo do Estado.

Governo pediu ao Novo Banco para só requerer 400 milhões ao Fundo de Resolução em 2021

Domingo, Outubro 4th, 2020

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Económico

A revelação foi feita por Francisco Louçã, fundador do Bloco de Esquerda, no habitual comentário da SIC. Louçã diz que “a solução de não entregar agora ao Estado mas pedir uma autorização orçamental para o Fundo de Resolução fazer este pagamento com empréstimo dos bancos, não passa no Parlamento”. Mas não acredita que o Novo Banco faça cair o Governo e abra uma crise política.

O fundador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, revelou esta sexta-feira, no seu habitual comentário da SIC, que o Governo propôs ao Novo Banco só pedir 400 milhões de euros ao Fundo de Resolução (FdR) em 2021 por conta das necessidades de capital apuradas em 2020. Desta forma, o Novo Banco pediria um montante mais baixo e portanto mais próximo do valor que o Fundo de Resolução tem disponível em recursos próprios. Os recursos do FdR provêm, essencialmente, das receitas provenientes da contribuição sobre o setor bancário, das contribuições iniciais e periódicas entregues pelas instituições participantes, bem como dos rendimentos da aplicação de recursos.

O Fundo recebeu 253,8 milhões de euros em contribuições “provenientes, direta ou indiretamente, do setor bancário” em 2019 e destes 185 milhões foram usados para injectar os 1.035 milhões na capitalização do Novo Banco ao abrigo do Acordo de Capitalização Contingente. Os restantes 850 milhões foram emprestados pelo Estado ao abrigo do acordo-quadro que foi aprovado em Conselho de Ministros, em outubro de 2017, numa resolução assinada diretamente pelo primeiro-ministro. Esse Conselho de Ministros autorizou o “Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, a celebrar, pelo Estado Português, enquanto garante último da estabilidade financeira, um acordo-quadro com o Fundo de Resolução, com vista à disponibilização de meios financeiros ao Fundo de Resolução, se e quando se afigurar necessário, para a satisfação de obrigações contratuais que venham eventualmente a decorrer da operação de venda da participação de 75 % do capital social do Novo Banco”.

No comentário da SIC, Louçã acrescentou que a outra solução do Governo, para ultrapassar o impasse criado pela posição do partido de esquerda radical,  no que toca ao financiamento do Novo Banco, consiste no convite a um sindicato bancário para financiar o Fundo de Resolução. O Jornal Económico avançou na edição desta sexta-feira que esse sindicato seria liderado pela CGD e composto pelo BCP, Santander Totta e BPI.

Francisco Louçã disse na SIC que “esta solução de não entregar agora ao Estado mas pedir uma autorização orçamental para o Fundo de Resolução fazer este pagamento com empréstimo dos bancos, não passa no Parlamento”.

O comentador revela assim que o Bloco de Esquerda não vai aprovar o Orçamento de Estado, o que Mariana Mortágua na conferência de imprensa desta sexta-feira nunca chegou a dizer perentoriamente.

Nessa antevisão de chumbo do OE caso o Fundo de Resolução financie o Novo Banco, Louçã conta também com o PSD e invoca que Rui Rio disse que não aprovava o empréstimo do Estado ao FdR no Orçamento se não houvesse uma nova auditoria até lá, coisa que não é possível já que a data de entrega ao Parlamento está prevista para dia 12.

Se o Orçamento de Estado não passar o Governo cai e haverá eleições antecipadas, o que dado o apertado calendário face às eleições presidenciais deixaria, por um longo período, o Governo em gestão corrente, numa altura crucial em que o Executivo tem de discutir com Bruxelas a chegada dos maiores fundos europeus da história.

Mas Louçã acha que o Governo não vai criar uma crise política para o FdR injetar 912 milhões no Novo Banco.

Francisco Louçã realçou que as receitas do Fundo de Resolução – entidade pública, detida pelos bancos e gerida pelo Banco de Portugal – “resultam da contribuição sobre o setor bancário, que é receita do Estado”.

Em 2019 o valor recebido pelo Estado “ascendeu a 179,2 milhões de euros, montante que foi integralmente
entregue ao Fundo de Resolução no decurso do segundo semestre de 2019”, segundo as contas da entidade liderada por Luís Máximo dos Santos.

O Bloco de Esquerda, em conferência de imprensa, nesta sexta-feira, propôs a capitalização direta do Novo Banco pelos bancos sem intervenção do Fundo de Resolução. A proposta do Bloco feita ao Governo no âmbito da negociação do Orçamento do Estado de 2021 e apresentada publicamente depois de não ter havido resposta por parte do Executivo de António Costa, consiste num aumento de capital do Novo Banco que os bancos subscrevessem, clarificou Louçã.

Louçã disse, na sua análise, que o Governo apressou-se a dizer que “essa proposta era ilegal e depois admitiu que era legal mediante uma autorização prévia do Banco Central Europeu”. Recorde-se BCE tem de autorizar todas as aquisições de participações qualificadas nos bancos da zona euro.

O Governo já fez saber que está disponível para aceitar a exigência do Bloco de que não haja mais empréstimos do Orçamento ao Fundo de Resolução. Mas está a trabalhar numa via alternativa que respeite os contratos assinados, o que também não agrada ao partido de esquerda radical.

Louçã defendeu também que se conteste em tribunal, no futuro, os contratos assinados no âmbito da venda do Novo Banco ao Lone Star.

Esta operação proposta pelo Bloco é inviável, segundo fontes do sector financeiro. Para além de que não faz caducar o Acordo de Capitalização Contingente que continuaria em vigor, O que significa que o Novo Banco continuaria a poder acionar o capital acordado até ao limite dos 3,89 mil milhões de euros, ou seja, os 912 milhões de euros.

Esta proposta é inviável porque está estabelecido por acordo que o Lone Star não pode nunca ter menos de 75%. Portanto um aumento de capital em que os bancos entrassem como acionistas do Novo Banco diluiria o Fundo de Resolução que tem 25%, e deixaria a entidade pública de fora das futuras mais valias que venham a ocorrer na venda do banco.

Depois há ainda o direito do Estado de converter os créditos fiscais (dos ativos por impostos diferidos elegíveis) do Novo Banco em capital, o que poderia levar o Tesouro a ficar com 13% do banco, fatia que seria retirada ao Fundo de Resolução. Aliás, fontes do setor questionam porque é que o Estado não converte os créditos fiscais e se torna acionista do Novo Banco, o que, em teoria, poderia dar direito a nomear um administrador.

Os contratos assinados no âmbito da venda do Novo Banco ao Lone Star, em 2017, incluem compromissos com Bruxelas, para além do Acordo Quadro em que o Governo de António Costa se comprometeu em financiar o FdR até 850 milhões por ano, para que o Fundo cumpra o Acordo de Capitalização Contingente.

Os bancos capitalizarem os concorrentes implicaria uma autorização prévia do BCE, uma vez que o supervisor que tem de autorizar todas as participações qualificadas no Novo Banco, mas também implicaria uma análise da autoridade da Concorrência, uma vez que se trata de concentração no setor.

As nossas fontes avançam que a proposta do Bloco de Esquerda não teria acolhimento nas instituições europeias.

O Bloco de Esquerda defendeu hoje em conferência de imprensa que “se este é um problema entre bancos como nos têm dito, então ele tem de ser resolvido entre bancos, sem colocar o Fundo de Resolução, os contribuintes a intermediar e a garantir esta capitalização”, segundo Mariana Mortágua

O Bloco quer que sejam os bancos a assegurar diretamente as necessidades de capitalização do Novo Banco, sem passar pelo Fundo de Resolução, e sem “sobrecarregar” os contribuintes com novos empréstimos do Estado ou dos bancos à entidade que tem feito as intervenções na banca.

A gestão financeira do FdR é cabe à Comissão Diretiva do Fundo e os recursos financeiros disponíveis são aplicados com base num plano de aplicações financeiras acordado entre o FdR e o Banco de Portugal.

Fundo de Resolução: Bruxelas duvidou que Novo Banco só precisasse de €9 mil milhões

Quinta-feira, Setembro 17th, 2020

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Expresso

Presidente do Fundo de Resolução que é vice-governador do Banco de Portugal considera que limitações de Bruxelas determinaram vida do Novo Banco

Ainda não começou a comissão de inquérito ao Novo Banco (é ainda uma possibilidade discutida pelos partidos), mas já várias trocas de responsabilidades entre os protagonistas. Se a atual administração do banco atira as culpas para a difícil situação que encontrou, o Fundo de Resolução considera que as limitações que foram colocadas pela Comissão Europeia é que ditaram a vida do Novo Banco.

E, nessa avaliação, Luís Máximo dos Santos lembra que Bruxelas duvidou da viabilidade do banco, e que o montante a injetar deveria ser maior àquele que foi efetivamente acordado.

Luís Máximo dos Santos, o vice-governador do Banco de Portugal que preside ao Fundo de Resolução, parte de um prinícipio que poucos contestam e que a auditoria da Deloitte veio confirmar: os ativos do Novo Banco tinham “má qualidade”: “Diria que é uma evidência”.

LIMITES DE BRUXELAS DITARAM VIDA DO BANCO

“Mas claro que as limitações da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia foram muito importantes e marcam o destino do banco”, continuou o responsável, na audição da comissão de Orçamento e Finanças, esta quarta-feira, 16 de setembro.

Bruxelas teve de autorizar não só a constituição do banco de transição Novo Banco, em 2014, já que foram aí necessários 4,9 mil milhões do Fundo de Resolução, mas também em 2017, aquando da venda e do compromisso de injeção de outros 3,89 mil milhões do Fundo através do mecanismo de capital contingente (dos quais 3 mil milhões já foram colocados no banco). Ao todo, foram acordados quase 9 mil milhões de euros do Fundo.

Ora, para autorizar a entrada de dinheiros públicos (o Fundo é financiado pela banca, mas precisou de empréstimos do Estado, que serão devolvidos até 2046), Bruxelas impôs limites ao negócio, mas também à vida do banco.

Desde logo, lembrou Máximo dos Santos, “o prazo para a venda foi muito curto: dois anos, depois alargados para três; foi pouco”. E dentro do Mecanismo Único de Supervisão, onde o Banco Central Europeu assegura a supervisão direta dos grandes bancos europeus, a avaliação sobre a viabilidade do Novo Banco era “muito negativa”. Havia até algo que classificou como “má vontade”.

Aliás, a autorização dada pela Comissão Europeia obrigou, em 2017, que Portugal assumisse que, se tudo corresse mal no Novo Banco, haveria uma rede de segurança para o salvar. ” A própria Comissão Europeia teve dúvidas que os 3,89 mil milhões fossem suficientes”, concluiu Máximo dos Santos.

Esta rede de segurança é a possibilidade de o Estado português vir a ajudar o Novo Banco na eventualidade de nenhum privado (nem a atual dona, a Lone Star, nem outros investidores) vir a capitalizá-lo. As autoridades portuguesas, do Banco de Portugal ao Ministério das Finanças, têm dito que a utilização desta rede é improvável.

FUNDO QUERIA ESTAR NO BANCO, BRUXELAS NÃO DEIXOU

O Fundo de Resolução aponta mais fragilidades impostas por Bruxelas. “Gostaria que o Fundo de Resolução estivesse representado na administração do Novo Banco”, disse Máximo dos Santos na sua audição parlamentar. Só que a União Europeia atendeu que não podia ter essa presença, já que queria a parte pública afastada do banco.

A Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia já tinha sido apontada como intransigente para a resolução aplicada ao Banif. Já na capitalização recebida pela Caixa Geral de Depósitos em 2016, que escapou a essas amarras, já não houve essa consideração.

Novo Banco garante idoneidade de comprador e ameaça processar o jornal Público

Segunda-feira, Agosto 10th, 2020

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TSF

O banco garante que cumpriu todas as regras na venda da seguradora. Recorda ainda que esta venda estava prevista no acordo entre Portugal e a União Europeia.

Sobre as dúvidas levantadas pelo jornal, o Novo Banco esclarece que o negócio salvaguardou o património da instituição bancária, contrariando os dados apresentados pelo Público que revelam uma venda abaixo do valor em que a companhia estava avaliada.

“O preço final da transação foi o melhor e resultou de um processo organizado de venda, competitivo e transparente, com o acordo do Fundo de Resolução, em que o comprador obteve idoneidade por parte da ASF”, assegura o Novo Banco.

“O valor de venda ascendeu a um preço fixo inicial de 123 milhões de euros acrescido de uma componente variável de até 125 milhões de euros indexada a objetivos de distribuição constantes do contrato entre o NOVO BANCO e a GNB Vida para distribuição de produtos de seguros vida em Portugal por um período de 20 anos”, diz ainda o Novo Banco sobre a venda.

“Espuma mediática” disfarça responsabilidades no modelo de venda do Novo Banco, diz Catroga

Sexta-feira, Julho 31st, 2020

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Observador

“Espuma mediática” disfarça responsabilidades no modelo de venda do Novo Banco, diz Catroga

Eduardo Catroga considerou existir muita “espuma mediática” em torno da venda dos ativos do Novo Banco e que isso disfarça as responsabilidades do Governo, Banco de Portugal e Comissão Europeia.

Eduardo Catroga considera existir “muita espuma mediática” em torno da venda dos ativos do Novo Banco, que está a ser usada “para iludir a perceção das pessoas e comentadores”.

Questionado sobre o que pensa sobre o caso, o economista defendeu, numa entrevista publicada na edição desta sexta-feira do Jornal Económico (com link disponível apenas para assinantes), que a polémica está a ser “provocada por forma a disfarçar eventuais responsabilidades do modelo da decisão tomada pelo Governo e Banco de Portugal e negociada com a Comissão Europeia em outubro de 2017”.

Esta negociação foi “talvez a negociação possível”, mas teve “consequências negativas face às expectativas vendidas à opinião pública em outubro de 2017” que foram evidenciadas pelos “desenvolvimentos posteriores da atual crise da Covid-19”.

Relativamente ao pedido para o Ministério Público investigar as transações, Catroca afirmou ser da sua opinião que “há que utilizar os mecanismos contratuais e legais para garantir a transparência de todo o processo. Logo, as análises técnicas e auditorias podem contribuir para esse desiderato e concluir”.

A 28 de julho, uma investigação do jornal Público revelou que o Novo Banco emprestou dinheiro ao fundo Anchorage para mais de 5 mil imóveis e 8 mil frações, um negócio que resultou em prejuízo para o banco.

Os partidos exigiram esclarecimentos, e Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que esperava os resultados de uma auditoria que tinha sido pedida há dois anos e que deveria chegar no final deste mês de julho. Soube-se agora que esta análise à gestão de 18 anos do antigo BES e Novo Banco está atrasada e que falhará o prazo de entrega indicado pelo Governo, 31 de julho. Apenas as conclusões preliminares estão disponíveis para serem apresentadas pela Deloitte ao comité de acompanhamento operacional.

Estas conclusões referem-se a apenas um “conjunto de secções integrantes do relatório de auditoria para efeitos do exercício de contraditório pela entidade auditada e solicitação de eventuais esclarecimentos adicionais por parte do Fundo de Resolução.”

 

 

Novo Banco. Cláusula do acordo com Bruxelas admite nacionalização se tudo correr mal

Domingo, Julho 12th, 2020

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Observador

Novo Banco. Cláusula do acordo com Bruxelas admite nacionalização se tudo correr mal

Caso o banco esgote o plafond do Fundo de Resolução e os problemas continuem — e se os donos não estiverem disponíveis para recapitalizar —, o Novo Banco pode voltar às mãos do Estado.

Se a garantia estatal de 3.890 milhões de euros for esgotada, se o Novo Banco ainda assim precisar de dinheiro para cumprir rácios de capital, e se a Lone Star não estiver então disponível para injetar dinheiro nessas circunstâncias, o Estado pode voltar a ter controlo sobre o banco, porque, de acordo com o Jornal Económico, uma cláusula no acordo com Bruxelas permite essa operação de último recurso.

Está em causa o chamado “mecanismo backstop”, uma almofada de último recurso prevista no acordo com Bruxelas — e que extravasa o acordo de venda do banco — mas que, afinal, prevê também a possibilidade de o Estado ficar com a maioria de capital se tiver de recapitalizar diretamente o banco, depois de esgotada a garantia de 3.890 milhões de euros.

O Jornal Económico, que cita fonte próxima ao processo, adianta que esta cláusula visa evitar a liquidação do Novo Banco, sendo usada apenas se a Lone Star, o fundo norte-americano que controla o Novo Banco com 75% do capital, não estiver disponível para reforçar o capital até aos níveis impostos pelo acordo de venda, em 2017. Já se sabia que o acordo com Bruxelas admitia um possível reforço do Estado (que detém atualmente 25%), mas neste caso, diz o Jornal Económico, pode mesmo haver nacionalização e o fundo norte-americano perde os mil milhões que injetou no Novo Banco.

Antes que se coloquem esses cenários extremos, o Fundo de Resolução ainda poderá injetar mais 900 milhões de euros. E o presidente do Novo Banco, António Ramalho já avisou que a pandemia vai obrigá-lo a pedir uma fatia maior dessa verba ainda disponível. Se for toda usada, o “plafond” de 3.890 milhões de euros previstos no mecanismo de capital contingente será esgotado, abrindo portas potencialmente a um cenário de nacionalização.

Novo Banco: Bloco de Esquerda considera “opaco” acordo com Bruxelas

Domingo, Julho 12th, 2020

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Económico

BE já pediu documentos sobre cláusula em que Estado aceitou ser responsável por tudo aquilo que correr mal associado ao Novo Banco.

A possibilidade de uso desta almofada de segurança ou de capital de último recurso (designada como capital backstop) está prevista no acordo com a Comissão Europeia que deu luz verde à venda da instituição ao fundo Lone Star, caso se verifique um cenário adverso. BE quer saber as condições deste mecanismo e quais serão as perdas previstas no contrato do Novo Banco.

Para aprovar a venda do Novo Banco ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, em 2017, Bruxelas exigiu que o Estado português garantisse a sua viabilidade, abrindo a porta a uma intervenção pública direta. Um mecanismo que não está no acordo de venda, mas que está ao dispor do Estado para proteger o banco num cenário extremo, podendo levar a uma injeção de capital direta dos contribuintes no Novo Banco, que acresça aos 3,89 mil milhões de euros previstos pelo Fundo de Resolução (FdR). Bloco de Esquerda questionou o Governo sobre este mecanismo que poderá levar a mais injeções. Deputada bloquista, Mariana Mortágua, considera cláusula backstop é “opaca” e teme outros custos do Novo banco além da garantia.

Cláusula secreta no acordo. Novo Banco pode ficar sob controlo do Estado

Domingo, Julho 12th, 2020

Citamos

TSF

Cláusula secreta tem um mecanismo último recurso, acordado com Bruxelas no momento da venda, pode levar a que o banco fique sob controlo público.

OEstado pode vir a controlar o Novo Banco numa nacionalização indireta, segundo avança o Jornal Económico. A cláusula secreta de venda à Lone Star determina que a instituição possa receber dinheiro público de forma direta e ficar com o controlo do banco.

A existência de uma cláusula secreta já se sabia, que a cláusula permitia a injeção direta de dinheiro público no Novo Banco além dos 3900 milhões por empréstimo ao Fundo de Resolução também, mas agora sabe-se que o mecanismo de último recurso, acordado com Bruxelas no momento da venda, pode levar a que o banco fique sob controlo público.

O documento em causa determina que o Novo Banco não pode ser liquidado e admite que, num cenário adverso, o Estado injete capital de forma direta na instituição.

Assim, nesta situação o Novo Banco pode mesmo passar a ser controlado pela administração pública.

Fonte próxima do processo, citada pelo Jornal Económico, revela que se o chamado ‘backstop’, o mecanismo de último recurso for utilizado e a Lone Star, que é dona de 75% do banco, não quiser ou não conseguir acompanhar esse aumento de capital, então verá a sua posição diluída, o que pode significar que perde a maioria do capital, que passa para as mãos do Estado.

Com este cenário em cima da mesa, o fundo norte-americano perde os mil milhões de euros que gastou para comprar a instituição.

Não é ainda conhecido nem o valor da possível injeção direta de dinheiro dos contribuintes, nem aquilo que pode ser considerado um cenário adverso. O ministro das Finanças e o Presidente da República confessaram perplexidade com as declarações do presidente do Novo Banco, que disse que a pandemia pode levar a mais necessidades de capital.

Depois disto, o Parlamento pediu ao Fundo de Resolução os documentos da venda e o Bloco de Esquerda revelou que faltavam partes.

O conselho das Finanças Públicas já alertou que o Estado poderá ter de disponibilizar fundos adicionais de montante desconhecido no Novo Banco.