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“A percepção do risco soberano de Portugal estará a degradar-se”, diz João Queiroz, notando o comportamento díspar entre a dívida nacional e a da Alemanha. O prémio de risco disparou 18 pontos para 217,3 pontos base. “Na sala de negociação começámos a receber muitas chamadas de clientes a perguntarem pelo risco da dívida soberana, o que não terá sido mera coincidência”, nota o director de negociação da GoBulling.
“A incerteza sobre a capacidade de permanência de um executivo no Governo de Portugal aumenta a incerteza e baixa a complacência dos investidores no actual enquadramento”, acrescenta. A “actual instabilidade política no país, com uma possível queda do governo esta semana, está a aumentar a incerteza dos investidores em relação às propostas de governo para os próximos quatro anos”, diz a equipa de “research” do BiG
Banca como termómetro
“A expectativa de um abandono completo das medidas de austeridade, aumenta a probabilidade de algumas agências de ‘rating’ reverem em baixa a qualidade da nossa dívida, com possíveis impactos no dinheiro que mensalmente o BCE injecta na nossa economia”, recorda o gestor da XTB Portugal. Essa perspectiva catapultou as taxas da dívida, levando a “cotação dos principais bancos portugueses a afundar”, nota.
BCP, BPI e Banif registaram todos perdas expressivas, de 9,49%, 8,91% e 10,71%, respectivamente, levando a bolsa a cair 4,05%. E será o “sector financeiro o mais penalizado pelo impacto directo que a instabilidade política tem na evolução das ‘yields’ de dívida portuguesa e o impacto indirecto na alienação do Novo Banco, isto para além da perspectiva de uma maior nível de taxação sobre a banca e rendimentos de capital, traduzindo uma certa ideologia de esquerda (mais ou menos radical) que poderá estar imbuída numa solução de Governo que contemple PS-PCP-BE”, diz a equipa de “research” do BiG.
Tensão elevada
Se o Programa do Governo “não for aprovado, como é esperado pelos mercados, a atenção irá concentrar-se na decisão do Presidente da República. Se for solicitado ao Partido Socialista a formação de um governo, a incerteza irá provavelmente continuar até que seja conhecido o programa do novo governo e a proposta de Orçamento de Estado para 2016”, diz Albino Oliveiro. Por isso, “no curto prazo, a incerteza irá provavelmente continuar”, nota o analista da Patris Investimentos.