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Novo Banco. Anatomia das operações que geraram mais perdas cobertas com fundos públicos

Quarta-feira, Setembro 9th, 2020

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Observador

Novo Banco. Anatomia das operações que geraram mais perdas cobertas com fundos públicos

Não foram os imóveis. As alienações com mais perdas que obrigaram o Fundo de Resolução a meter capital no Novo Banco resultaram da venda de participações e de créditos maus. É o que revela auditoria.

O número impressiona. Até ao final de 2018, o Novo Banco acumulou perdas líquidas de 2.310 milhões de euros em ativos cobertos pelo mecanismo de capital contingente – através do qual a entidade pública Fundo de Resolução compensa o banco por perdas de capital em ativos herdados do BES. Mas esta fatura – que indiretamente vai parar ao contribuinte português – inclui operações concretas, com valores e histórias próprias que o relatório de auditoria da Deloitte ao BES/Novo Banco, divulgada com rasuras esta terça-feira, vem agora revelar. Ainda que, em alguns momentos, apenas parcialmente.

E nem sempre os maiores prejuízos resultaram das operações mais polémicas, como a venda da carteira de imóveis conhecida como ‘Projeto Viriato’, que segundo alguns políticos foi vendida ao “desbarato”. Pelo menos quando estamos a falar de perdas com direito a cobertura por parte do Fundo de Resolução, e indiretamente, a financiamento concedido pelo Estado a esta entidade para capitalizar o Novo Banco (como estipulado nos termos do contrato de venda).

Destes 2.310 milhões de euros em perdas acumuladas até ao final de 2018, a maior fatia – 1.602 milhões de euros – teve origem em operações de crédito, “sendo de realçar que os 20 maiores grupos económicos representam cerca de 63% desse impacto”, indica a Deloitte. Contudo, os nomes destes grupos não são visíveis no documento que foi divulgado no site do parlamento. Alguns – contudo – são conhecidos, até por causa do rasto de perdas que deixaram em outros bancos: a Ongoing, Joe Berardo ou a Sogema, holding ligada ao empresário Moniz da Maia.

Há no entanto três operações de venda de ativos, realizadas já pela gestão privada do Novo Banco – portanto cobertas pelo mecanismo de capital contingente – e que passaram nos vários níveis de fiscalização e autorização por parte de entidades externas e supervisores, que se destacam pela dimensão das perdas. Sendo que estamos a falar das perdas que se materializaram em impactos negativos nos rácios do Novo Banco e que por isso justificaram pedidos de capital ao Fundo de Resolução. No total, representam cerca de 472 milhões de euros dos mais de 2.300 milhões de euros de perdas que foram contabilizados neste mecanismo até ao final de 2018.

A Deloitte sinaliza ainda que nem todos os prejuízos do Novo Banco dão origem ao direito de serem compensados com fundos públicos. As perdas nos ativos abrangidos pelo mecanismo de capitalização contingente totalizaram 2.661 milhões de euros até ao final de 2018. Mas no mesmo período, o Novo Banco recebeu do Fundo de Resolução 1.941 milhões de euros, relativos aos prejuízos reportados em 2017 e 2018. A diferença explica-se pelo impacto que as perdas nestes ativos têm nos rácios de solidez financeira do banco, o que também depende das exigências regulatórias que mudam todos os anos.

Já este ano houve uma tranche de 1.035 milhões de euros relativa aos resultados de 2019, ano que já não é coberto por esta auditoria, mas que será também alvo de escrutínio.

Sem identificar falhas ou insuficiências, a auditoria aponta para a inexistência de normativos para a avaliação dos conflitos de interesses nas operações, desde o tempo do BES, mas que abrange o tempo de gestão do Novo Banco.

A venda da GNB Vida e uma análise que parou no final de 2018

O ativo individual que mais perdas gerou foi a seguradora GNB Vida, vendida em 2019. A participação do Novo Banco na GNB Vida gerou, entre 4 de agosto de 2014 e 31 de dezembro de 2018, uma perda global de 380 milhões de euros. Mas a consultora realça especificamente um impacto de 287 milhões de euros para o Fundo de Resolução “resultantes das imparidades com a participação na GNB Vida”.

O processo que levou à venda da GNB Vida foi longo, conturbado e, sobretudo, polémico. A Deloitte conta parte(s) da história e vai somando os prejuízos. A seguradora – então BES Vida – “passou a integrar o Grupo BES desde 2006, com a aquisição por parte do BES de 50% do seu capital social ao Crédit Agricole, S.A. (acionista do BES) por um montante de 475 milhões de euros”.

Em 2014, uma análise de imparidade quando foi criado o Novo Banco apontava para 100 milhões de euros, valor que passou para 134,6 milhões de euros em 2016. A última avaliação externa à GNB Vida de 2015 apontava para um intervalo entre 632 e 711 milhões de euros, mas quando foi posta à venda, em 2017, o assessor financeiro avaliou a seguradora em 440 milhões de euros. A venda acabou por ser feita por 190 milhões de euros, com a possibilidade de receber uma componente variável até 125 milhões de euros.

No trabalho divulgado esta terça-feira, a Deloitte identifica problemas logo nesta fase. Para começar, a consultora não encontrou documentos “ou parecer técnico para suporte ao processo de tomada de decisão por parte do órgão superior” logo na compra inicial, em 2006. Pior: não encontrou um documento sobre a valorização da BES Vida nesta altura.

Se o processo nasceu torto logo em 2006 – quando foram comprados 50% ao Crédit Agricole, então acionistas de referência do BES – seis anos depois, em 2012, continuou a entortar. O BES adquiriu o remanescente da BES Vida por um montante de 225 milhões de euros, “passando a ser detentor de 100% do seu capital”.

Também relativamente ao momento desta compra dos restantes 50% ao grupo francês, a Deloitte não encontrou nenhuma evidência da valorização que o BES de Ricardo Salgado dava então a esta participação e que o levou a pagar 225 milhões de euros, ainda que com base em avaliação independente.

Em 2014, uma análise de imparidade quando foi criado o Novo Banco apontava para 100 milhões de euros, valor que passou para 134,6 milhões de euros em 2016. A última avaliação externa à GNB Vida de 2015 apontava para um intervalo entre 632 e 711 milhões de euros, mas quando foi posta à venda, em 2017, o assessor financeiro avaliou a seguradora em 440 milhões de euros. A venda acabou por ser feita por 190 milhões de euros, com a possibilidade de receber uma componente variável até 125 milhões de euros. O Novo Banco tinha como prazo limite para a venda da seguradora o final do ano passado.

A Deloitte foi parte desta operação, ao assegurar a assessoria financeira via Espanha. Os potenciais conflitos de interesses estão identificado num capítulo específico. Mas a auditora considerou que os trabalhos feitos para o Novo Banco não impediam ou desaconselhavam “a realização deste trabalho, tendo-se concluído que não foi identificada nenhuma situação que impedisse ou aconselhasse a não aceitação do trabalho.”

Sobre a polémica suscitada entretanto em relação ao comprador desta participação, a Deloitte assinala que a sua análise termina no final de 2018 quando o capital da GBI (Global Bankers Insurance) era controlado pela Apax Partners LLP. “Os factos e atos de gestão ocorridos em 2019 não se encontram incluídos no âmbito de análise do presente relatório”.

E que factos são estes? No início de 2019, a seguradora GNB Vida esteve para ser vendida ao conglomerado norte-americano dos seguros que é controlado por um controverso magnata californiano chamado Greg Lindberg. No entanto, perante as notícias de que o californiano estava a ter problemas com a justiça, o supervisor português dos seguros – a ASF, ainda no tempo de José Almaça – bloqueou o negócio.

A venda acabou por se fazer, mas a uma empresa liderada por um executivo – Matteo Castelvetri – que fora próximo de Greg Lindberg (liderou fundos europeus do magnata californiano durante dois anos). A proximidade entre os dois levantou dúvidas sobre se Castelvetri não seria um testa de ferro de Lindberg, mas os vários reguladores e o Fundo de Resolução aprovaram a venda. Venda essa que – também devido ao atraso no processo – se ficou por 123 milhões de euros à cabeça (um valor 70% abaixo do valor contabilístico da seguradora nas contas semestrais do banco em 2019), a que se poderão somar outros 125 milhões da componente variável (mediante objetivos).

A alienação do BES V em França

O BES V, conhecido como o BES Vénétie, resultou da entrada do antigo BES com uma participação numa sociedade bancária com sede em Paris. Até 2014, o banco português realizou vários investimentos, nomeadamente aumentos de capital. E ainda na primeira metade de 2014, portanto pouco tempo antes da resolução, o BES comprou a uma sociedade do Grupo Espírito Santo, a Esfil, 44,8% do BES V, pagando 55 milhões de euros. Com a resolução, este ativo foi logo considerado não central e colocado à venda, tendo chegado a ser recebida uma proposta indicativa de 79 milhões de euros em 2015, mas o comprador potencial desistiu no ano seguinte.

“No processo de alienação do BES V, atento o valor implícito nas ofertas dos potenciais investidores em 2015 (5 ofertas não vinculativas recebidas) e 2016 (oferta subjacente ao acordo de exclusividade assinado), não foi obtida evidência da realização de uma análise de valorização e eventuais impactos no registo daquela participação financeira”, indica.

O processo foi relançado em 2017, tendo suscitado um número reduzido de ofertas vinculativas que “indicia um baixo nível de atratividade do BES V para investidores externos”. Das três propostas não vinculativas, o Novo Banco selecionou para negociação a da Promontoria MMB, parte do Grupo Cerberus, e acabou por vender em 2018 por 48 milhões de euros, o que resultou segundo a auditoria numa perda de cerca de 100 milhões de euros.

Em relação a esta operação de venda, a Deloitte destaca que não foi efetuada uma análise à compradora “de forma a concluir acerca de eventuais riscos de branqueamento de capitais e de conflitos de interesses”. Esta foi uma daquelas operações cuja aprovação pelo supervisor, neste caso o Banco Central Europeu, foi feita com base na informação prestada pelo potencial comprador.

Quanto ao acompanhamento desta participação pelos serviços do BES/Novo Banco, a Deloitte registou falhas atrás de falhas. Primeiro – no tempo de BES, até agosto de 2014 – a consultora não conseguiu encontrar documentação que mostre que houve esse mesmo acompanhamento. Nada. “Não foi ainda obtida documentação que evidencie ações de acompanhamento desta participação por parte do Conselho de Administração ou Comissão Executiva do BES entre 2000 e 3 de agosto de 2014”, sublinha.

E já no tempo do Novo Banco, também pouco mudou. Pelo menos a princípio. “Apesar da existência de membros do Conselho de Administração Executiva envolvidos na gestão não executiva do BES V, só a partir de 2015 se verifica evidência de acompanhamento formal”. E a partir daí tudo mudou? Não, escreve a Deloitte.

“No processo de alienação do BES V, atento o valor implícito nas ofertas dos potenciais investidores em 2015 (5 ofertas não vinculativas recebidas) e 2016 (oferta subjacente ao acordo de exclusividade assinado), não foi obtida evidência da realização de uma análise de valorização e eventuais impactos no registo daquela participação financeira”, indica.

Nata: os créditos de má qualidade e o comprador que só foi avaliado após o negócio feito

Na lista dos negócios mais “vermelhos” (ou mais geradores de perdas) do Novo Banco surge a primeira carteira de créditos de má qualidade (descrito como não produtivos) alienada em 2018, conhecida como o projeto Nata I, com a Deloite a sublinhar que no caso destes compradores um dos processos de diligência para avaliar eventuais conflitos de interesse e riscos de branqueamento de capitais só foi concluído já depois da venda ter sido fechada.

Foram colocados mercado e integrados no mesmo pacote mais de 100 mil exposições de crédito, a maioria eram empréstimos, com um valor bruto (sem reconhecer perdas) de 1.675 milhões de euros. O valor líquido destes créditos era da ordem dos 630 milhões de euros.

O comprador foi identificado como um fundo de investimento com sede nos Estados Unidos, mas tal como aconteceu na transação relativa aos imóveis Viriato também aqui foram detetadas estruturas de propriedade complexas com passagem por várias jurisdições offshore, como as ilhas Caimão, Guernsey e o estado norte-americano do Delaware.
O consórcio KKR/LX Partners foi escolhido para a fase de negociação, depois de ter proposto a oferta mais elevada de 505 milhões de euros. Com o fecho final desta transação, o Novo Banco registou perdas da ordem dos 110 milhões de euros, das quais uma parte substancial foi coberta pelo Fundo de Resolução, cerca de 85 milhões de euros.

O ativo à venda foi ainda alvo de alguns ajustes, antes da aprovação final pelo Fundo de Resolução que têm uma palavra final no destino dos ativos protegidos pelo mecanismo de capital contingente. A auditoria indica que o Novo Banco propôs financiar o comprador, com uma opção de financiamento de vendor finance, mas o detalhe desta parte surge rasurado. Esta operação também teve a assessoria financeira da Alantra, sociedade ligada a um antigo diretor do BES e que por isso tinha sido visada num parecer do compliance interno do Novo Banco.

O comprador foi identificado como um fundo de investimento com sede nos Estados Unidos, mas tal como aconteceu na transação relativa aos imóveis Viriato também aqui foram detetadas estruturas de propriedade complexas com passagem por várias jurisdições offshore, como as ilhas Caimão, Guernsey e o estado norte-americano do Delaware. Para apurar quem eram os detentores da propriedade, foi considerada a informação dada pelo próprio comprador, segundo a qual nenhum dos investidores associados aos fundos compradores detinha mais de 25%, percentagem a partir do qual seriam considerados beneficiários últimos.

Novo Banco põe à venda maior carteira de malparado de sempre em Portugal. Bain, Cerberus e KKR na corrida pelos 3,3 mil milhões de NPL

Sábado, Maio 18th, 2019

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Eco

Novo Banco põe à venda maior carteira de malparado de sempre em Portugal. Bain, Cerberus e KKR na corrida pelos 3,3 mil milhões de NPL

Novo Banco arrancou com venda do “Projeto Nata 2”, uma carteira de crédito malparado no valor de 3,3 mil milhões. E já atraiu vários interessados na primeira fase. Venda fechada no terceiro trimestre.

Debaixo de fortes críticas e muitas dúvidas em relação aos processos de venda de ativos problemáticos herdados do BES, oNovo Banco já pôs em marcha o “Projeto Nata 2”. A maior carteira de crédito malparado que alguma vez esteve à venda no mercado nacional, avaliada em 3.300 mil milhões de euros, já atraiu vários investidores, entre os quais se destacam grandes investidores internacionais como os fundos Bain, a Cerberus e a KKR, adiantou ao ECO uma fonte do mercado.

Em causa está um portefólio de 1.000 créditos empresariais que estão em incumprimento junto do banco. Cerca de 30% destes contratos têm uma garantia associada (secured), enquanto os restantes financiamentos não apresentam quaisquer garantias (unsecured).

O Novo Banco está sob pressão para baixar o rácio de malparado, à semelhança dos restantes bancos nacionais que são dos que apresentam maior volume de ativos tóxicos no seus balanços em comparação com a realidade europeia.

ECO Insider (newsletter semanal reservada exclusivamente a assinantes) tinha dado conta do início do “Projeto Nata 2” há duas semanas, numa operação com a qual António Ramalho quer reduzir o rácio de Non Performing Exposure (NPE) para um valor em torno dos 12% no final do ano.

O processo de venda do “Nata 2” encontra-se ainda numa fase inicial. O Novo Banco espera fechar o negócio “algures no terceiro trimestre do ano”, disse a mesma fonte. Nesta fase, o banco está a receber propostas não vinculativas (non bidding offers) da parte dos investidores até final deste mês. Os interessados têm acesso a um ficheiro com informação mais ou menos detalhada sobre a carteira de malparado, o chamado “data tape“, apresentando junto do banco uma oferta de compra sem compromisso.

Nos próximos meses, o banco avançará para negociações exclusivas com uma lista mais reduzida de investidores. Estes terão de apresentar uma proposta firme de aquisição até junho, isto antes de o banco fechar o contrato de compra e venda com o comprador, o qual se espera que seja assinado entre julho e setembro. Contactado, o Novo Banco não respondeu às questões colocadas pelo ECO até à publicação do artigo.

O Novo Banco vendeu em por 398M em cash uma carteira de imóveis granulares (terrenos,comércios, residências). Em 11 operações na Ibéria foi a segunda melhor para o vendedor. Quem saberá que 2/3 desse património estava há mais de 5 anos parado no Banco. Parabéns para toda a equipe

Depois de Helena Roseta se ter insurgido contra a venda de ativos “ao desbarato e com grandes perdas, ao primeiro que se apresente”, razão pela qual, segundo a deputada, o Novo Banco tem apresentado prejuízos volumosos, o banco veio a público rejeitar as críticas, garantindo que “não vende, nem pretende vir a vender, quaisquer imóveis a preços desajustados de valores do mercado.

O próprio António Ramalho foi à rede social Twitter defender o seu trabalho à frente do banco, nomeadamente em relação à forma como tem vendido ativos não estratégicos do Novo Banco. Deu como exemplo a alienação de uma carteira de imóveis avaliado em cerca de 700 milhões de euros (o Projeto Viriato), no final do ano passado, por cerca de 400 milhões.

“Em 11 operações na Ibéria, foi a segunda melhor para o vendedor”, disse. “Quem saberá que 2/3 desse patrimónios estava há mais de cinco anos parado no banco?”, questionou ainda.

Novo Banco acelera venda de crédito malparado

Terça-feira, Janeiro 22nd, 2019

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Diário de Notícias

Depois da operação, a instituição reduz os ativos tóxicos para menos de metade do que existia em 2015.

O Novo Banco colocou à venda uma carteira de mil milhões de euros de crédito malparado (NPL) e 500 milhões em imóveis.

Para aproveitar o momento favorável do mercado, o banco acelerou o processo de limpeza dos ativos não produtivos, escreve o Jornal de Negócios, esta terça-feira. A operação deverá estar concluído no final do primeiro semestre e na corrida para assessorar a venda estão a Alantra, Deloitte e PwC, entre outras.

A carteira de imóveis no valor de 500 milhões de euros, denominada Project Viriato 2, é composta por imobiliário comercial e ativos industriais, localizados na região de Lisboa.

Além dos imóveis, o banco vai avançar com a venda de uma carteira de mil milhões de euros de NPL, denominada Nata 2. Depois da concretização desta operação, a instituição reduz os ativos tóxicos para menos de metade do que existia em 2015.

Novo Banco vende maior carteira de malparado ao fundo KKR

Quarta-feira, Dezembro 19th, 2018

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Negócios

Vale 1.750 milhões de euros, é a carteira de malparado posta à venda e passará para as mãos dos americanos da KKR, avançam o Jornal Económico e o ECO.

O consórcio composto pela KKR, pela Hipoges e a LX Partners venceram o concurso lançado pelo Novo Banco para a venda de uma carteira de 1.750 milhões de euros em crédito malparado.

O banco liderado por António Ramalho tinha seleccionado em Outubro três candidatos: o Deutsche Bank, a Cerberus Capital Management e a KKR. Acabou por ser o consórcio desta última a ficar com a carteira.

Esta carteira é identificada como “Project Nata” e é uma das componentes da estratégia do Novo Banco de venda de activos classificados como problemáticos.

O “Projet Nata” é composto por duas parcelas. Uma de 550 milhões de euros, que engloba o crédito concedido a 54 empresas. A segunda de 1,2 mil milhões de euros, é uma carteira granular de créditos em risco devidos por 62.600 tomadores de empréstimos corporativos e de retalho, com exposições garantidas e não garantidas.

 

Segundo o Jornal Económico, a LX Partners ficará com o crédito em risco não garantido. O consórcio do Deustche Bank incluia ainda a CarVal Investores e a Arrow Global, enquanto o Cerberus concorreu com a Finsolutia.

 

O Negócios contactou o Novo Banco, que não quis fazer comentários sobre o desfecho da operação.

 

Em Outubro deste ano o Novo Banco fechou a venda de uma carteira de malparado de 716 milhões de euros, constituída por nove mil imóveis. O comprador foi a Anchorange Capital Group, o qual pagou 390 milhões de euros pela mesma.

De acordo com as últimas contas do banco da Lone Star (75%) e do Fundo de Resolução (25%), referentes a Setembro, o malparado totalizava 8,45 mil milhões de euros. Só com esta operação o montante baixará para 6,7 milhões de euros.

Novo Banco põe à venda 1,75 mil milhões de euros em malparado

Segunda-feira, Setembro 17th, 2018

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Eco

O banco liderado por António Ramalho deu início ao processo de venda uma grande carteira de crédito em incumprimento. O valor total ascende a 1,75 mil milhões de euros.

Novo Banco está no mercado a vender malparado. A instituição liderada por António Ramalho deu início ao processo de venda de uma carteira de ativos em incumprimento avaliada em 1,75 mil milhões de euros, de acordo com fontes citadas pela Debtwire. Os interessados vão poder colocar ofertas em outubro.

A Debtwire refere que a carteira que será colocada à venda, a maior de sempre em comercialização no mercado nacional, consiste em duas tranches de títulos de empresas. A primeira totaliza um montante de 550 milhões de euros com empréstimos de 54 grandes empresas, enquanto a segunda tranche, de 1,2 mil milhões, refere-se a malparado de mais de 62 mil empresas.

O banco, que contactado não faz comentários, contratou a Alantra, a KPMG e o Morgan Stanley para comercializarem estes créditos em incumprimento. A instituição liderada por António Ramalho já estará, dizem fontes próximas do processo, a contactar potenciais investidores, aguardando que as propostas comecem a ser apresentadas em outubro.

O banco comprometeu-se com o Banco de Portugal em ir “limpando” o balanço, processo que passa não só pelo reconhecimento de perdas, que explicam os resultados negativos que tem registado, mas também pela venda desses créditos para tentar recuperar algum valor. Os últimos dados apontam para um rácio de cobertura do malparado de 63%.

Na primeira metade deste ano, o Novo Banco registou prejuízos de 231 milhões de euros. No final do ano passado, o resultado líquido foi negativo em 1.395 milhões, um valor que obrigou o Fundo de Resolução à injeção de cerca de 800 milhões no capital do banco, com o Estado a emprestar cerca de 400 milhões ao Fundo.

Recorde-se que o Novo Banco conta com uma espécie de almofada de capital do Estado, que se comprometeu a amparar os maus resultados da instituição aquando da alienação de 75% do capital ao fundo americano Lone Star. Assim, sempre que os rácios de capital do Novo Banco baixarem da fasquia de 12,5%, é ativado o Mecanismo de Capital Contingente, através do qual o Estado garante, sempre que necessário, empréstimos para o Fundo de Resolução se financiar.

Para 2018, ficou estipulado com o Governo que o empréstimo do Estado não pode exceder 850 milhões de euros. E prevê-se que o Fundo de Resolução venha a ser chamado novamente em 2019, mas com uma intervenção mais reduzida face a uma expectativa mais positiva em relação àquilo que serão os resultados do Novo Banco este ano.

 

Novo Banco. Lone Star prevê aceleração da redução do malparado

Sábado, Maio 13th, 2017

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Dinheiro Vivo

Aceleração da redução do malparado e da estabilização do financiamento permite retorno mais rápido à concessão de crédito

O plano de negócios do Lone Star para o Novo Banco prevê uma aceleração da redução do crédito malparado e da carteira de imóveis do banco de transição. Além disso, o fundo norte-americano antecipou o calendário previsto para a estabilização do financiamento do banco, o que permite mais rapidez no aumento da concessão de novo crédito, noticia a edição desta quarta-feira do Jornal de Negócios.

O Lone Star foi o escolhido para ficar com 75% do Novo Banco (25% fica no Fundo de Resolução), prevendo uma injeção de capital de mil milhões de euros mas o negócio está dependente de várias aprovações: de Bruxelas (onde o plano de negócios já foi entregue), do BCE e ainda de uma troca de obrigações que terá de gerar um ganho de 500 milhões de euros e que é voluntária – se os obrigacionistas não aceitarem a troca a operação cai por terra. O Fundo de Resolução terá sempre uma palavra a dizer sobre os ativos vendidos porque estes estão sob alçada do mecanismo de partilha de risco acordado na venda (em que o Fundo de Resolução tem poder de veto sobre determinados ativos que o Lone Star queira vender). A venda de ativos e a estabilização e aceleração do financiamento permitirá ao Novo Banco libertar capital e reforçar a aposta na concessão de crédito mais cedo do que o previsto. O novo dono do Novo Banco vai ainda reduzir pessoal e fechar balcões mas os valores de redução ainda não foram divulgados.

O que se passa nas “três peças” da banca de que fala Marcelo?

Sábado, Março 18th, 2017

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Público

O Presidente da República falou da estabilidade do sistema financeiro e disse que o Novo Banco, o malparado e a supervisão são as “três peças” que quer ver solucionadas. Afinal, em que pé estão estes dossiers?

Novo Banco, malparado e supervisão são estes os três dossiers que o Presidente da República disse que queria ver resolvidos e que teriam desenvolvimentos nos próximos meses.

O Governo tem acenado com vitórias no sector financeiro, lembrando que assim que entrou em funções resolveu o problema do Banif e conseguiu aprovar uma recapitalização da Caixa Geral de Depósitos com Bruxelas, sem que esta fosse considerada ajuda de Estado. Mas, além disso, ainda há pelo menos mais três nós a desatar no sistema financeiro, e o Presidente faz questão de os salientar.

A venda do Novo Banco (banco bom do BES) já andou para trás e para a frente. As últimas informações que vieram a público são as de que o Governo está a finalizar as negociações com a Lone Star e já só espera pela decisão do Banco Central Europeu (BCE). As partes queriam um acordo até esta sexta-feira e, nas últimas semanas, o Governo e o Banco de Portugal (BdP) têm intensificado as negociações com a Direcção Geral de Concorrência (DGComp) da União Europeia para assegurarem que o Estado (directamente), um veículo por ele indicado ou o Fundo de Resolução sejam autorizados a deter 25% do Novo Banco.

Esta negociação acontece numa altura em que Sérgio Monteiro, que liderava no Fundo de Resolução a venda do Novo Banco, saiu de funções passando a consultor externo.

Supervisão bancária

No que toca à supervisão bancária, há várias mudanças quer em termos legislativos, quer ao nível das nomeações.

A nível legislativo, o Governo prometeu que durante os próximos meses vai apresentar uma alteração à “arquitectura institucional” da supervisão. Na prática, Mário Centeno quer retirar ao Banco de Portugal as competências enquanto autoridade de resolução bancária (deixando de decidir sozinho pela resolução de um banco) e enquanto autoridade de supervisão macroprudencial (que supervisiona os riscos económicos e financeiros para a estabilidade do sistema como um todo).

O processo ainda vai ser demorado uma vez que antes da apresentação de qualquer proposta de lei, o Governo vai lançar o relatório pedido a Carlos Tavares, ex-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), e deixá-lo em debate por pelo menos três meses. Entretanto, no Parlamento, CDS e BE apresentaram propostas sobre a supervisão, e o PS prepara um pacote legislativo centrado na relação entre a banca e os clientes. O processo demorará meses e foram até já levantados algumas problemas para a transição de modelo.

Quanto às nomeações, o processo continua embrulhado entre o que é sugerido pelo governador do Banco de Portugal e o que é a vontade do Ministério das Finanças. O braço-de-ferro tem acontecido nas últimas semanas com vários nomes propostos pelo governador chumbados pelo executivo. Na primeira volta, o Governo manifestou dúvidas sobre um dos três nomes propostos por Carlos Costa para o Conselho de Administração do banco central. Mas não ficaria por aqui: a segunda volta da polémica centrou-se nas características dos administradores. Na última semana, o assunto chegou a Belém. Marcelo está a tentar moderar o processo e aliviar a tensão entre Governo e Banco de Portugal.

Crédito malparado

A solução para o crédito malparado na banca está mais atrasada. O Governo chegou a falar numa solução até ao final de 2016, mas o chamado banco mau para o malparado ainda não existe. A intenção é limpar do balanço dos bancos o crédito em incumprimento, mas a solução não é tecnicamente fácil e implica uma longa negociação com as entidades europeias. Devido aos atrasos, o executivo prometeu uma solução durante este primeiro semestre do ano

Lone Star? “Seria um accionista forte para o Novo Banco”

Quinta-feira, Março 9th, 2017

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Público

Carlos Costa traça um retrato mais optimista do xadrez da banca que supervisiona, depois de solucionados os casos da Caixa, BPI e BCP. E fala de “mochilas” para enquadrar o “bad bank”.

Duas questões sobre o Novo Banco: espera ter uma conclusão da venda agora? O Governo alguma vez lhe pediu para estudar a nacionalização?
O mandato do BdP é muito claro, é estudar a operação de venda do banco de transição. Cabendo sempre ao agente político saber se a proposta e a recomendação que fazemos é aceitável ou não. E mais não comento.

Se soubesse como estamos hoje, teria vendido o banco na primeira tentativa (em 2014)?
Nessa fase de venda não havia condições, porque não havia um comprador firme. É preciso perceber que a primeira fase de venda coincidiu com a crise da bolsa de Xangai e que os compradores potenciais, à última hora, afastaram-se. Porque não tinham condições para, eu diria, concretizar a operação. Aliás, eu diria, com alguma surpresa, coincidiu com um facto quase idêntico nesta fase com um dos interessados.

Acha que é desta?
Estou confiante que sim, o primeiro-ministro também disse que sim. Seria muito bom para a estabilidade do sistema financeiro que a operação se concretizasse. Por três razões: não é possível manter um banco de transição indefinidamente – há prazos; porque é um banco crítico para o financiamento de pequenas e médias empresas; e porque seria uma pedra muito importante para a estabilização do sistema financeiro.

Aí é muito importante perceber três ou quatro pontos. A estabilização do sistema financeiro depende da robustez de cada uma das suas instituições. Nós temos hoje a Caixa em vias de ser recapitalizada, o que é um facto muito positivo, temos o Millennium recapitalizado e com capacidade para limpar o seu balanço, o que é muito positivo. Temos o BPI endossado a um accionista que tem capacidade para lhe dar todo o suporte, o que é muito positivo. Se tivermos a seguir o Novo Banco com um accionista forte, que além disso assegura diversidade do ponto de vista de origem dos capitais, que assume um plano de negócios consistente com o financiamento da economia e com a estabilidade financeira. E se depois, em cima disso, conseguirmos (como estamos a conseguir) que a Caixa Económica se revele uma entidade forte, estamos com um plano de estabilização do sistema financeiro em plena marcha.

Como é óbvio, qualquer plano de estabilidade financeiro está sempre dependente de surpresas vindas da economia, do ambiente internacional, das taxas de juro – e ninguém pense que a estabilidade é um dado estático – é um dado dinâmico e um equilíbrio permanente.

Costa estima para breve solução para o crédito malparado

Quarta-feira, Março 8th, 2017

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Expresso

Governo e o Banco de Portugal estão já a concluir as negociações com as instituições europeias para a adoção de uma solução em relação aos elevados níveis de crédito malparado, assegura o primeiro-ministro

O primeiro-ministro afirmou hoje que o Governo e o Banco de Portugal estão já a concluir as negociações com as instituições europeias para a adoção de uma solução em relação aos elevados níveis de crédito malparado.

António Costa falava num almoço no âmbito de um seminário económico luso-francês, no qual também esteve presente o ministro das Finanças e da Economia de França, Michel Sapin, numa intervenção em que também defendeu a tese de que a venda do Novo Banco encerrará a fase de dificuldades com o setor financeiro nacional.

“Conjuntamente com o Banco de Portugal (Bdp), estamos a concluir a negociação com as instituições europeias de uma boa solução para o elevado nível de crédito malparado que importa resolver. Tal é essencial para criar melhores condições para as empresas poderem investir, mas também para que os bancos tenham melhores rácios para poderem financiar o desenvolvimento da economia”, sustentou António Costa.

Na sua intervenção, o líder do executivo disse que o seu Governo assumiu como prioridade a estabilização do sistema financeiro.

“Ao longo deste ano, temos conseguido ir vencendo, passo a passo, as diferentes ameaças que ainda há um ano se perfilavam em relação ao sistema financeiro. Hoje temos um BPI e o Millenium/BCP capitalizados”, começou por apontar.

Com o presidente do banco público, Paulo Macedo, presente na plateia, o primeiro-ministro adiantou que a Caixa Geral de Depósitos “está em vias de concluir o seu processo de capitalização”.

“E temos em fase final o processo de negociação do Novo Banco, com o que encerraremos os problemas existentes nas diferentes instituições financeiras”, acrescentou.

 

Governo vai desistir de criar o “banco mau”

Domingo, Fevereiro 19th, 2017

Citamos

Correio da Manhã

Executivo quer evitar que a venda do crédito malparado tenha efeito negativo nas contas públicas.

O Governo prepara-se para desistir da ideia de criar um ‘banco mau’ para concentrar o crédito malparado da Banca, cujo montante ascendia a 49 mil milhões de euros no final de 2015. O Executivo já está a trabalhar numa solução alternativa, que passa por cada banco resolver o seu problema de crédito malparado individualmente, sendo os grandes devedores merecedores de especial atenção do Governo.

A criação do ‘banco mau’ não deverá ser concretizada, como tem defendido o Banco de Portugal, por causa dos riscos elevados que essa solução poderá ter nas contas públicas e nos balanços dos próprios bancos. O interesse manifestado por vários investidores na compra do crédito malparado das instituições deixou claro que um negócio dessa natureza poderá implicar prejuízos para os bancos, por venderem os créditos por um preço inferior ao valor contabilizado, e para as contas públicas, já que o Estado tem de conceder garantias que assegurem os pagamentos de créditos que não sejam recuperados.

Sendo o risco considerado elevado, e havendo mesmo posições críticas sobre essa possibilidade no Governo e no próprio Banco de Portugal, a solução que está agora a ser ponderada passa por cada banco encontrar uma solução para o seu crédito malparado, que afeta sobretudo a CGD, o Millennium BCP e o Novo Banco. Ao Governo, caberá um papel de acompanhamento, em especial no que diz respeito aos grandes devedores.

A ideia, segundo fontes conhecedoras do processo, tem por base o princípio de que o Executivo ajudará os bancos a encontrarem soluções que impeçam os grandes devedores de deixarem de pagar os seus créditos bancários. Do lado do Executivo, esse acompanhamento será da responsabilidade do novo secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo, que é economista no Banco de Portugal.