Arquivo para a categoria ‘Dívidas’

Ajudas à banca custaram 1.500 euros a cada português

Sexta-feira, Outubro 23rd, 2015

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Notícias ao Minuto

Em seis anos, o Estado português investiu 15,85 milhões de euros na banca nacional. Entre 2008 e 2014, cada contribuinte foi indiretamente responsável por 1.500 euros emprestados ao sistema financeiro, através da compra de ativos e de recapitalizações.

As contas são do Eurostat e revelam uma realidade negativa para as contas públicas, que até agora não foi compensada pelos juros e dividendos pagos pelas instituições financeiras. No total, os cofres portugueses receberam apenas 1,17 mil milhões de euros da banca, agravando o peso do auxílio prestado no défice e dívida nacional.

De acordo com os dados de Bruxelas citados pelo Jornal de Negócios, os empréstimos à banca contribuíram com 10 mil milhões de euros para o saldo negativo do Estado entre 2008 e 2014. O Novo Banco foi responsável por quase metade do ‘buraco’, graças à ajuda de 4,9 mil milhões de euros recebida o ano passado através do Fundo de Resolução.

O ano de 2014 foi mesmo o pior dos últimos seis no que toca ao efeito negativo da banca para o Estado: Portugal teve, dentro da zona euro, o segundo maior impacto no défice provocado pelas ajudas ao sistema financeiro, ficando apenas atrás da Áustria.

Na dívida pública o cenário é ainda pior. Algumas operações não são contabilizadas no défice anual devido às regras europeias, mas fazem engordar o saldo negativo total dos cofres portugueses. Ao longo do ciclo de seis anos analisado pelo Eurostat, a banca acrescentou 19 mil milhões de euros à dívida nacional, um valor que equivale a cerca de 11% do PIB.

A situação poderá agravar-se nos próximos meses, caso se confirme a necessidade de recapitalizar o Novo Banco após os testes de stress do BCE e uma nova injeção de capital no Banif.

Novo Banco absorveu holding que controlava parte da EDP e PT

Segunda-feira, Setembro 21st, 2015

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Notícias ao Minuto

Instituição liderada por Stock da Cunha já completou um dos primeiros passos da reorganização estratégica. Integração da antiga empresa teve impacto positivo nas contas semestrais.

A Avistar, antiga holding que detinha as participações do BES na Portugal Telecom e EDP, foi integrada nas contas do Novo Banco. Olhando para os últimos resultados apresentados pelo banco de transição do antigo BES, é possível encontrar um saldo positivo de 13 milhões de euros referente à operação, conseguido graças à ponderação dos ativos e passivos.

De acordo com o Diário Económico, o Novo Banco confirmou assim a conclusão de um dos primeiros passos do plano de reestruturação financeira, desenhado para aumentar a probabilidade de sucesso no próximo processo de privatização da instituição liderada por Stock da Cunha.

Recorde-se que a Avistar foi criada pelo BES em 2009, para servir como sociedade gestora de participações em empresas. O capital detido na EDP foi vendido em 2013, enquanto a participação na PT acabou por ir perdendo valor após a venda da Vivo, até à queda final provocada pelo empréstimo multimilionário à Rioforte. No fim do ano passado, a Avistar acumulava perdas potenciais de 300 milhões de euros.

Foram também confirmados outros negócios de consolidação, como a liquidação do Espírito Santo Gest e da BESNAC, a constituição da Novo Banco Finance e a consolidação da presença no setor do imobiliário através do Fundes.

Plano de Bruxelas para a Caixa previa reembolso da ajuda do Estado a partir de 2014

Quinta-feira, Setembro 17th, 2015

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Observador

Plano de reestruturação inicial fechado em Bruxelas previa que a Caixa iniciasse reembolso das ajudas em 2014 e 2015. Isso não aconteceu. BES, mudanças na economia e regulação reviram planos.

O tema veio à baila quando o primeiro-ministro admitiu preocupação em relação ao facto da Caixa Geral de Depósitos ainda não ter devolvido as ajudas ao Estado, ao contrário do que sucedeu com outros bancos. A resposta de Pedro Passos Coelho a uma pergunta feita pelo Jornal de Negócios, provocou um pequeno terramoto nas relações com a gestão do banco público, que no dia a seguir apresentou resultados. Ainda que as declarações tenham sido “retiradas de contexto” e o termo preocupação estivesse na pergunta e não na resposta.

Em causa está o reembolso do apoio de 900 milhões de euros concedido em 2012 sob a forma de CoCos (instrumentos de capital contingentes). O BPI já devolveu tudo e o BCP, a maior parte parte – recentemente Nuno Amado afastou um aumento de capital para reembolsar o resto. A Caixa ainda não devolveu nada, isto não obstante o plano de reestruturação, acordado com a Comissão Europeia, prever que esse reembolso começasse em 2014 e continuasse em 2015.

A decisão que aprovou as ajudas de Estado ao banco público, no valor total de 1650 milhões de euros, incluindo aumento de capital, estabelece:

A CGD compromete-se a reembolsar os 900 milhões de euros em instrumentos financeiros convertíveis (CoCos) por frações da seguinte forma: Para o exercício de 2014 (50-60)% do excedente de capital acima do requisito mínimo de capital aplicável nos termos da legislação portuguesa, majorado de uma reserva de capital (buffer) de (100 a 150 pontos base). Para o exercício de 2015 e seguintes (90-100%) do excedente de capital acima do requisito mínimo de capital (…), majorado de uma reserva de capital de 100 a 150 pontos base”.

A direcção da Concorrência europeia (DG Com) admitia que este reembolso pudesse ser “total ou parcialmente suspenso se, com base num pedido fundamentado da CGD, aprovado pelo administrador responsável pela supervisão, caso se considere que tal poria em risco a solvabilidade do banco nos anos seguintes”.

Questionada pelo Observador, fonte oficial da Caixa sublinha que desde que o plano aprovado (em julho de 2013), “têm-se verificado alterações substanciais na situação económica e financeira, doméstica e internacional, e nas exigências regulatórias e de capital”. Estas alterações passam, nomeadamente pelos resultados e consequências compreensive assessment realizado em 2014 para o conjunto da banca europeia e também para os maiores bancos nacionais, o que elevou as exigências de capital.

Os planos da Caixa têm vindo a acompanhar essas alterações, estando a instituição a cumprir o programado”, acrescenta ainda a mesma fonte sem contudo esclarecer se o tal administrador (na verdade um auditor independente contratado pela Caixa para supervisionar o cumprimento do plano) pediu ou não a tal suspensão do reembolso.

Caixa devolve ajudas até 2017. Até lá não há dividendos

O reembolso dos CoCos terá de ficar concluído até 2017, o último ano de execução do plano de reestruturação do banco público. Um prazo que se mantém, o que significa que a Caixa tem pouco mais de dois anos para realizar essa devolução. E até o fazer, não pode distribuir dividendos ao Estado.

A devolução dos 900 milhões de euros é descrita na decisão da DG Com, que foi publicada já em novembro de 2014, como “um elemento essencial do plano de reestruturação” durante o período da sua execução, e que tem como “objetivo reduzir os custos de financiamento médios da CGD”. Aliás foi essa razão (aliada à vontade de correr com os representantes do Estado e acabar com limites à remuneração), que levou os bancos privados a acelerarem essa devolução. O BCP fez mesmo um aumento de capital para reembolsar a parte de leão.

No caso da Caixa, os custo dos juros (uma taxa média anual de 9,2% ) é um argumento ambivalente. Se do lado do banco, a fatura custa cerca de 100 milhões de euros por ano. Do lado do acionista, o Estado, esta remuneração é bem vinda porque entra diretamente nas contas da execução orçamental numa altura em que a Caixa está proibida de pagar dividendos. Daí que o lamento de Passos Coelho tenha sido recebido com alguma estupefacção dentro do banco do Estado, e terá levado mesmo a gestão de José de Matos a escrever uma carta ao primeiro-ministro a explicar porque é que os CoCos ainda não foram devolvidos.

Ainda de acordo com o plano original aprovado por Bruxelas, a desalavancagem do balanço, em especial a venda do ramo dos seguros (concretizada em 2013) “deverão permitir à CGD libertar capitais” e “resgatar os CoCos”. Mas afinal o que é que não correu como o previsto?

A crise do BES e os sobressaltos do Novo Banco

Para além das maiores exigências de capital por parte das autoridades europeias, uma situação que pode voltar a repetir-se num horizonte próximo, a CGD não especifica as alterações da situação económica e financeira, dentro e fora de Portugal. No entanto, um dos temas que pressionou, e pressiona, a recuperação do banco do Estado, foi o colapso do BES e do Grupo Espírito Santo.

A Caixa é um grande credor da área não financeira do BES, tendo assumido perdas da ordem dos 300 milhões de euros resultantes de empréstimos a empresas, algumas das quais declaradas insolventes. O BES também penaliza a CGD pelos custos que a resolução do Banco Espírito Santo provocou e poderá provocar na banca. E quanto maior é o banco, mais pesada será a fatura.

Mas para já, o adiamento da venda do Novo Banco, que passou para 2016, adia também este problema. Só depois de concretizada a alienação é que poderão ser fechadas as contas. Com base nas propostas que estariam em cima da mesa no concurso que foi cancelado, a Société Générale estimou que o prejuízo para o banco público poderia atingir os 850 milhões de euros, na qualidade de maior contribuinte do Fundo de Resolução.

As perdas pesadas para a banca, e em particular para a Caixa, terão pesado na decisão, anunciada esta terça-feira, de protelar a venda do Novo Banco. Mas este não é o único problema para a banca e para a CGD que em outubro terão de enfrentar novos testes de stress europeus que podem voltar a exigir capital.

Ainda do lado da economia portuguesa, o crédito malparado nas empresas e famílias continua a níveis muito elevadso, obrigando a provisões e imparidades. No ambiente internacional são as taxas de juro historicamente baixas que penalizam a margem financeira da banca e destroem os ganhos do negócio tradicional da banca de retalho.

Foi o governo que notificou Bruxelas dos apoios à Caixa Geral de Depósitos. O recurso aos CoCos, utilizados pelos bancos privados e financiados pela linha de recapitalização da banca, incluída no empréstimo internacional a Portugal, levou a que esta operação fosse tratada como uma ajuda de Estado, o que implica um plano de reestruturação.

Bruxelas exigiu que a Caixa aumentasse as comissões

Para além do impedimento de pagar dividendos, até que seja devolvida a ajuda, o plano da Caixa envolveu mais um vasto conjunto de medidas que passaram pela redução de custos – menos agências e menos trabalhadores – mas também alterações à política comercial do banco do Estado. E uma das condições impostas passou pelo aumento das comissões cobradas aos clientes, com base na introdução de um novo preçário.

A fraca rentabilidade da operação doméstica foi uma das fragilidades apontadas por Bruxelas à performance da CGD até 2012. E uma das situações que poderia inverter este quadro seria o aumento das receitas provenientes de serviços e comissões cobrados aos clientes que em 2012 contribuíram com cerca de 25% para o total dos resultados de exploração. A média praticada no setor bancário português era então de 29%.

Do menu de medidas a aplicar pela Caixa, faziam ainda parte a redução de 70 a 80 agências, para uma rede entre 750 a 800, e a diminuição do número de colaboradores para 8500 a 9000. Os dados mais recentes divulgados pela Caixa mostram que se está a caminhar nessa direção.

Em junho, a Caixa tinha 721 unidades de negócio, dos quais 695 eram agências. No final do ano passado, o banco tinha 8858 colaboradores, mas tem em marcha um plano de pré-reformas ao qual mais de mil trabalhadores terão manifestado interesse em aderir.

Os pontos mais visíveis da dieta imposta à CGD passaram pelo programa de alienação de participações e negócios não bancários, que envolveu as atividades de seguros e saúde, para além das posições na Zon, Portugal Telecom, Galp e REN, e pela reestruturação da operação espanhola.

Mas há outras exigências mais curiosas como a proibição de publicitar a concessão das medidas de auxílio ou as vantagens daí emergentes para efeitos publicitários.

O cumprimento do plano de reestruturação será avaliado pelo tal auditor independente nomeado pela Caixa, mas a quem compete monitorizar a aplicação das medidas, e que irá entregar um relatório em Bruxelas depois de concluído o processo em 2017.

Empresa de Duarte Lima deve 5,8 milhões ao Novo Banco

Quinta-feira, Agosto 20th, 2015

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Negócios

O Novo Banco é o maior credor da sociedade onde o antigo líder parlamentar do PSD pertence ao conselho de administração. A notícia integra o Correio da Manhã desta quinta-feira, 20 de Agosto.

A Dulivira Investimentos Imobiliários deu entrada com um pedido de Programa Especial de Revitalização (PER), escreve o Correio da Manhã desta quinta-feira, 20 de Agosto.

A empresa sediada no Porto está ligada aos antigos deputados do PSD Domingos Duarte Lima e Vítor Raposo, condenados a penas de prisão efectiva no final de 2014 no âmbito do caso Homeland.

Segundo a publicação, a sociedade tem uma dívida que ultrapassa os 5,9 milhões de euros. O maior credor é o Novo Banco, com um crédito superior a 5,8 milhões. O segundo maior credor é o próprio Vítor Raposo.

Duarte Lima e Vítor Raposo foram julgados e condenados por burla qualificada no caso da aquisição de terrenos em Oeiras através do fundo imobiliário Homeland e com crédito do BPN.

Sede do Grupo Espírito Santo à venda pela Remax

Segunda-feira, Julho 13th, 2015

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Económico

A casa da Rua São Bernardo, que foi o Estado-Maior do GES, está à venda na Remax do Lumiar. Mas o arresto decretado pelo Ministério Público é um obstáculo à venda.

A casa de São Bernardo à Estrela, sede da ES Resources (detida a 100% pela Rioforte Investments, sedeada no Luxemburgo) está à venda por 3,4 milhões de euros na Remax do Lumiar. A imobiliária tem a casa anunciada no seu site, mas, entretanto, há um arresto que é preciso levantar antes da venda. 

Foi dentro das suas quatro paredes que se tomaram as grandes decisões do Grupo da família Espírito Santo, e foi lá também que, em reunião de Conselho Superior, Ricardo Salgado comunicou à família que a ES International – ‘holding’ de todo o universo empresarial e financeiro da família – tinha mais de seis mil milhões de euros de dívida e que estava falida. A casa da Rua São Bernardo, que foi de Mary Cohen, chegou a ser a morada de infância e adolescência de Ricardo Salgado e nela viveu também o primo José Maria Ricciardi. Mais tarde, quando a família voltou do exílio para reconstruir o grupo, na segunda metade dos anos 80, foi transformada na sede do Conselho Superior e na sede do Grupo não financeiro. 

A casa na Rua São Bernardo à Estrela, nº 62, é ainda a sede da ES Resources, que aglutinava as empresas não financeiras do Grupo Espírito Santo, mas era também a sede do Conselho Superior do Grupo. Este era composto pelos membros da família, no qual estavam representados os cinco ramos Espírito Santo: Maria do Carmo Moniz Galvão Espírito Santo; José Manuel Espírito Santo; Ricardo Salgado; Comandante António Ricciardi e Mário Mosqueira do Amaral.

A propriedade do edifício é da ES Property que é da ES Resources, por sua vez controlada a 100% pela Rioforte, que está em liquidação no Luxemburgo. Esta decisão de venda, segundo fontes ligadas à empresa, resulta de uma decisão do Tribunal do Luxemburgo de pôr à venda todos os activos das empresas do ex-GES, sediadas naquele país, e que estão em liquidação, nomeadamente a Rioforte e ESI, de forma a obter fundos para poder pagar aos credores que se registaram naquele Tribunal. Entre os credores estão os clientes dos bancos do Grupo detentores de papel comercial.
Mas apesar do processo de venda ter sido desencadeado pelo liquidatário judicial administrador de insolvência da Rioforte no Luxemburgo, em Portugal ocorreu, entretanto, um arresto do imóvel, ordenado pelo Tribunal Criminal a pedido do Ministério Público. Pelo que a venda exigirá que, antes, seja levantado o arresto. 

Como não está garantido à partida o levantamento desse arresto, a venda ficará sempre dependente de um recurso jurídico para o Tribunal da Relação de Lisboa a pedir para libertar o imóvel desse ónus. Segundo o Diário Económico sabe, a Rioforte vai mesmo recorrer desse arresto, mas apenas o poderá fazer agora, porque só agora foi citada do arresto. O Ministério Público arrestou imóveis como medida cautelar para futuras indemnizações a pagar no âmbito de um processo criminal respeitante ao caso BES/GES.

O problema pode agravar-se se a massa falida for afectada pelo arresto criminal, pois nesse caso os advogados podem pedir indemnizações ao Estado português.

Entretanto, a casa já está no mercado. O Diário Económico contactou Diogo Lampreia, o mediador, que disse não poder revelar muitas informações sobre o vendedor. Mas confirmou a venda do casarão que foi o quartel-general do Grupo Espírito Santo.

Arresto de bens impede ES Property de pagar papel comercial

Segunda-feira, Julho 13th, 2015

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Económico

Entre os credores da empresa estão 370 clientes do BES e do Novo Banco.

A Espírito Santo Property (ESP) falhou o pagamento da primeira tranche do reembolso de dívida previsto no Plano Especial de Revitalização (PER) aprovado pelos credores. A empresa enviou uma carta aos credores onde justifica o incumprimento com o facto de as suas contas bancárias terem sido arrestadas pelas autoridades, juntamente com outro património pertencente às empresas do antigo Grupo Espírito Santo (GES).

Entre os credores da empresa de promoção imobiliária encontram-se cerca de 370 clientes do BES e do Novo Banco, que fizeram aplicações em papel comercial da empresa, no valor de 30 milhões de euros. No âmbito do PER, a ESP prometeu reembolsar integralmente os investidores em papel comercial, até 2020, ao contrário de outras ‘holdings’ do GES, como a Rioforte e a Espírito Santo International (ESI), que estão em liquidação. Estas ‘holdings’ devem cerca de 527 milhões de euros a 2500 clientes do Novo Banco.

O PER da ES Property previa que o primeiro pagamento, no valor de 7,3 milhões de euros e correspondente a 20% da dívida da empresa, tivesse lugar a 8 de Julho. 

“Jamais equacionamos a possibilidade de não o cumprir”, refere a carta enviada aos credores, noticiada pelo Expresso e a que o Diário Económico teve acesso. “Na verdade, a ES Property estava e está preparada para proceder a este pagamento, tendo depositado nos bancos os fundos necessários para o efeito”, refere, acrescentando que dispõe de oito milhões de euros depositados em contas no BIC e no Santander. A carta enviada aos credores é acompanhada de comprovativos bancários que atestam a existência dos fundos em questão.

“No dia 6 de Julho, foram dadas as devidas instruções de pagamento aos Bancos. Contudo, foi-nos comunicado que a instrução do pagamento não poderia ser executada”, refere o mesmo documento, adiantando que “ambas as contas da ES Property foram submetidas a providências judiciais que impedem a sua livre movimentação”, nomeadamente medidas de suspensão provisória de movimentação a débito e arresto preventivo. “Não obstante os vários requerimentos apresentados, até à presente data ainda não foi possível conseguir autorização para a libertação dos fundos destinados ao pagamento aos credores”, adianta a firma, prometendo fazer “tudo o que estiver ao seu alcance a fim de honrar o cumprimento do plano aprovado em sede de PER”.

Banco Portugal diz que BES distribuiu dívida da ESI superior à declarada

Quarta-feira, Maio 27th, 2015

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Económico

Apenas a direcção sob responsabilidade de Amílcar Morais Pires, que reportava a Ricardo Salgado, conhecia o montante total da dívida comercializada, diz a acusação do supervisor.

Todos os instrumentos de dívida da ES International (ESI), que o BES comercializou junto de clientes entre 31 de Dezembro de 2011 e 31 de Dezembro de 2013 superavam a dívida titulada declarada no prospecto da ESI. Esta é uma das conclusões da acusação do Banco de Portugal (BdP) ao BES e aos seus gestores, a que o Diário Económico teve acesso.

Em 31 de Dezembro de 2012, os títulos de dívida emitida que constavam das demonstrações financeiras enviadas por José Castella (‘controller’ da ESI) a Carlos Calvário (director de Risco Global) e a Francisco Machado da Cruz (‘commissaire aux comptes’ da ESI) somavam 1.569,063 milhões de euros, ao passo que a dívida da ESI em títulos distribuída a clientes somava já os 1.676,07 milhões. E ainda nesta altura não tinha havido a alteração legislativa que forçou os fundos de investimento da ESAF a reduzirem a sua exposição a empresas do Grupo Espírito Santo (GES) para 20%, o que só aconteceu em Setembro de 2013. No final desse ano a dívida da ESI títulada e distribuída a clientes somava 3.187 milhões.

O Banco de Portugal diz que o montante total de dívida da ESI que estava a ser comercializado junto de clientes do BES apenas “era efectivamente conhecido e acompanhado por um departamento do banco, o Departamento Financeiro de Mercados e Estudos, sob a responsabilidade de Amílcar Morais Pires, que reportava a Ricardo Salgado, não existindo qualquer reporte desta informação, de forma integrada, completa e transparente, aos demais membros do conselho de administração ou da comissão executiva do BES”. Esta é aliás uma das âncoras de defesa dos acusados a título de negligencia, soube o Económico.

O mesmo relatório adianta que Salgado conhecia os montantes de dívida da ESI que estavam a ser comercializados pelo BES junto dos seus clientes, através de diversos canais (notes; ECP; DCP; e através dos SPV Top Renda, Euroaforro e Poupança Plus) e pelo Grupo BES (nomeadamente através dos fundos comercializados pela ESAF FIM), bem como “que as demonstrações financeiras da ESI não reflectiam a verdadeira situação financeira daquela entidade”.

Uma das descobertas da auditoria forense, feita pela Deloitte, a pedido do regulador bancário, foi que a dívida da ESI, que foi subscrita pelos clientes, esteve maioritariamente depositada (custodiada) no BES e subsidiárias (sucursais Madeira, Luxemburgo e Espanha) e que somada ultrapassava a dívida da ESI que constava das contas.

O BdP diz mesmo que “o BES dispunha de informação que lhe permitiria verificar a falsidade da informação disponibilizada pela ESI nas notas informativas e prospectos (designadamente por confronto entre os montantes de dívida reflectidos nos relatórios e contas da ESI e os montantes de dívida colocados junto de clientes que se encontravam custodiados junto do BES), e não obstante o BES reforçou a colocação de dívida da ESI através da sua rede comercial ao longo de 2013”.

Falsificação na ESI

O BdP diz que a situação financeira e patrimonial da ESI era directamente acompanhada por Ricardo Salgado, José Castella e Machado da Cruz, os quais reuniam para tal mensalmente. Nessas reuniões era facultada a informação transmitida por Pierre Butty (da ES Services) a Ricardo Salgado. A partir de 2009, Salgado solicitou a José Castella e a Machado da Cruz que por sua vez, solicitaram a Pierre Butty, a introdução de um conjunto de alterações ao projecto de demonstrações financeiras elaborado pela ES Services que reduziam artificialmente o valor do passivo da ESI. Começou em 180 milhões (fim de 2008) e acabou em 1.331 milhões no final de 2012. Sendo que em 2011 Ricardo Salgado pediu alterações ao projecto de demonstrações financeiras que permitiu pagar dividendos de 18,2 milhões de euros.

Empresas da Venezuela exigem 81 milhões ao Novo Banco

Quarta-feira, Maio 20th, 2015

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Negócios

Tradequip e Incenter pediram, em Tribunal, o arresto do crédito da Petróleos da Venezuela ao Novo Banco.

Duas empresas venezuelanas, fabricantes de equipamento para a extracção de petróleo, exigem que o Novo Banco lhes pague 81 milhões de euros de dívidas da Petróleos de Venezuela (PDVSA), porque houve “cumprimento defeituoso das cartas de crédito” por parte do BES. O banco, então liderado por Ricardo Salgado, pagou parte da dívida da PDVSA a estas suas fornecedoras com dívida da ES International (ESI) e da Rioforte. Mas, a Incenter reclama ao Novo Banco 9,35 milhões de euros e a Tradequip 71,4 milhões.

GES deixa rasto de 1.300 milhões de dívidas em Portugal. Caixa é o maior credor

Sábado, Maio 9th, 2015

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Observador

Banco do Estado reclama créditos superiores a 400 milhões de euros em três empresas do Grupo Espírito Santo (GES) em Portugal. Sete empresas devem quase 1300 milhões, excluindo dívidas ao GES.

Há pelo menos sete empresas do Grupo Espírito Santo (GES) com processos de recuperação ou insolvência a decorrerem nos tribunais portugueses. Os credores destas empresas não financeiras reclamaram já quase 1.300 milhões de euros (1.276 milhões) de dívidas. A Caixa, o maior banco português, é para já o maior credor com valores reclamados da ordem dos 400 milhões de euros (410 milhões), segundo as listas divulgadas no quadro dos processos judiciais, algumas ainda provisórias. Estes números excluem os valores reivindicados pelo universo Espírito Santo que é o principal credor. Sociedades ligadas ao empresário Américo Amorim, que surgem a seguir à Caixa, tem reclamações da ordem dos 179 milhões de euros numa só empresa.

No total e considerando o Banco Espírito Santo e as empresas do GES, em particular as holdings com sede no Luxemburgo, a soma das dívidas reclamadas ascende a mais de 3.800 milhões de euros. Este valor inclui os créditos reclamados na Espírito Santo Irmãos, Espírito Santo Financial, ES Property, Espírito Santo Hotéis, Tivoli Hotéis, Opway SGPS e Opway Engenharia, cuja lista de credores foi conhecida esta semana. De fora ficam os processos de insolvência das holdings principais do GES, a Rioforte e a Espírito Santo Interncional, que estão a decorrer no Luxemburgo, mas podem existir créditos comuns.

Caixa terá perdido 114 milhões, mas tem garantias para 263 milhões

O banco do Estado, incluindo Caixa e Caixa BI, reclama valores em dívida junto de três empresas: a Espírito Santo Irmãos, no montante de 114,2 milhões de euros, a Opway Engenharia, no montante de 272 milhões de euros e a Opway SGPS, da ordem dos 25 milhões de euros. No caso da construtora a exposição da Caixa está também associada a garantias dadas a financiamentos ou contratos. A adjudicação do Túnel do Marão é um exemplo.

Segundo a informação dos gestores judiciais, mais de metade destes créditos, que corresponde a cerca de 263 milhões de euros, estão garantidos. No entanto, o financiamento de 114 milhões de euros à Espírito Santo Irmãos já terá sido dado como perdido, uma vez que esta sociedade foi declarada insolvente e os colaterais que a Caixa teria, ações da Espírito Santo Financial Group e do próprio BES, pouco ou nenhum valor terão.

O Observador questionou a Caixa sobre o ponto da situação destes créditos e sobre a exposição total ao GES, informação que o banco público recusou dar à comissão parlamentar de inquérito ao BES/GES, mas não obteve para já respostas. A CGD tem invocado o sigilo bancário. E apesar de reconhecer que o colapso do BES/GES teve impacto nos resultados negativos de 2014, o banco não quantifica as provisões constituídas para esse efeito.

Há, no entanto, informação de que a maioria destes empréstimos é anterior à crise financeira de 2008. Também já foi noticiada a venda dos créditos da CGD sobre a Herdade da Comporta, que é um dos ativos da ES Property, a subsidiária para o negócio imobiliário em Portugal, que, por sua vez, é controlada pela Rioforte no Luxemburgo.

A falência da Espírito Santo Irmãos também terá deixado mais pobre o homem mais rico de Portugal.

A Topbreach holding e a Oil Investments, sociedades com a mesma morada na Holanda e associadas ao empresário Américo Amorim, aplicaram 179,4 milhões de euros em instrumentos de dívida. A ES Irmãos tinha uma dívida de quase 2,3 mil milhões de euros, mas o maior credor era a Rioforte Investments, com sede no Luxemburgo, que reclamava quase dois mil milhões de euros.

Para além da ES Irmãos, também a Espírito Santo Financial, com dívidas de 330 milhões de euros, foi já declarada insolvente. As empresas do GES eram as maiores credoras, mas neste caso há dezenas de investidores individuais, portugueses e estrangeiros, para além de entidades internacionais, que eram detentoras de obrigações.

A lista inclui o Barclays, Goldman Sachs, Morgan Stanley, o Crédit Suisse e o Crédit Agricole, vários fundos de investimento e sociedades financeiras internacionais, algumas sedeadas em offshores, mas também instituições ligadas à igreja Católica como as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, com aplicações de quase um milhão de euros.

Há cinco empresas cujos processos, entregues ao abrigo do PER (Plano Especial de Revitalização) ainda estão a ser avaliados, incluindo a Tivoli Hotéis e a Espírito Santo Hotéis e as duas empresas da Opway. Nenhum plano de recuperação foi, por enquanto, aprovado.

A banca nacional é a principal credora das sete empresas do GES, sendo que muitos destas operações correspondem a garantias a financiamentos que podem ou terão sido executadas O BPI surge a seguir à Caixa na lista das reclamações, com cerca de 142 milhões de euros. Este valor está muito inflacionado pelo acordo de garantias concedidas no quadro da concessão do Pinhal Interior onde a Opway era um dos acionistas e que representa cerca de 114 milhões de euros.

O BCP surge com dívidas reclamadas de 122 milhões de euros.

Montepio sem garantias

A Caixa Económica Montepio reclama 60 milhões de euros, de um financiamento via papel comercial, a duas empresas do GES. No entanto, o tribunal recusou reconhecer este crédito reivindicado na Tivoli Hotéis. O Montepio alegava que teria direito a uma participação nesta sociedade, na sequência da execução de uma garantia, mas isto não foi reconhecido. O crédito do Montepio de 60 milhões de euros sobre, a Espírito Santo Hotéis, que é acionista da Tivoli Hotéis, foi aceite, mas classificado como não garantido.

O BIC, que absorveu o Banco Português de Negócios (BPN), reclama créditos de 17,8 milhões de euros a quatro sociedades, dos quais o valor mais alto se refere à ES Property. O Novo Banco, que ficou com os ativos bons do BES, também aparece com um crédito de quase 17 milhões de euros sobre a Opway, que estará associado ao contrato do Túnel do Marão. Os espanhóis Santander e Popular reclamam pouco mais de 20 milhões, com este último a ter a maior fatia dos empréstimos.

Sendo estas empresas maioritariamente gestoras de participações sociais, o Fisco e a Segurança Social praticamente não aparecem. No entanto, o Estado, que é um credor preferencial, reclama 15,7 milhões de euros, através do Ministério Público, relativo a pagamentos de impostos vários, sobretudo ao nível da Opway. 

Empresa de Passos deve 400 mil ao BES

Terça-feira, Abril 14th, 2015

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Correio da Manhã

Dívida de 400 mil euros da Tecnoforma ao BES passou para o Novo Banco. Por Cristina Rita