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Económico
O banco em Moçambique detido em 49% pelo Novo Banco está à procura de comprador. Os restantes 51% pertencem à Moçambique Capitais.
O Novo Banco quer vender 49% do Moza Banco e procura comprador, soube o Económico. Isto é, se houver uma proposta o Novo Banco está disposto a vender, segundo fontes ligadas ao processo. Esta decisão é uma novidade face ao que estava previsto no fim do ano passado.
No projecto de reestruturação que o presidente, Eduardo Stock da Cunha, apresentou ao Fundo de Resolução e depois à Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia que traçou um plano de reestruturação a discutir com o Ministério das Finanças, estava previsto o Novo Banco vender as operações internacionais de Cabo Verde, França, Macau e os escritórios em Londres, deixando de fora Espanha e Moçambique.
Em Moçambique a decisão de não vender a operação prendia-se com a impossibilidade de alienação por um valor considerado justo.
Uma notícia na agência noticiosa moçambicana Zitamar News associa a nova decisão de venda do Moza, conhecido por Moza Banco antes da alteração para Moza em 2015, às novas fragilidades do Novo Banco que teve prejuízos de mais de 900 milhões em 2015. “Entrou recentemente em problemas adicionais o que poderá ter precipitado a decisão de venda dos 49% do Moza”, dizia a notícia.
A manifestação da decisão da venda surge em resposta à questão sobre uma notícia da agência moçambicana Zitamar News, que noticiou que o Atlas Mara, do ex-CEO do Barclays Bob Diamond, aguarda uma aprovação oficial do Banco de Moçambique para poder incorporar o banco BancABC – que a sociedade financeira Atlas Mara adquiriu em 2014 – no quarto maior banco de Moçambique: o Moza Banco.
Diz a agência que o acordo passará pela sociedade financeira pan-africana Atlas Mara comprar os 49% do Moza ao “complicado banco português Novo Banco”.
A notícia faz assim referência ao facto de existirem direitos de preferência definidos num acordo entre os dois accionistas que tornam a venda dos 49% complicada sem o acordo dos accionistas maioritários, a Moçambique Capitais. Esta sociedade de accionistas moçambicanos começou por considerar que a passagem automática da participação do BES África (49% do capital) para as mãos do Novo Banco, aquando da Resolução do BES, violou o acordo de preferência entre accionistas do Moza Banco.
A sociedade que controla 51% do Moza considerou na altura que esta substituição era uma violação do contrato, já que não tinha sido dada preferência à Moçambique Capitais. Mas a administração do Novo Banco na altura argumentou que não se tratava de uma real mudança accionista mas sim de uma cisão, imposta pelo Banco de Portugal, do anterior accionista.
O interesse da sociedade de Bob Diamond no Moza Banco começou por ser notícia na Bloomberg, em 2015, mas na altura o processo de venda do Novo Banco com o respectivo perímetro já definido, não permitiu que a operação evoluísse. O processo de venda do Novo Banco foi adiado, e está previsto para Julho deste ano. Mas desta vez já não há nenhum compromisso para que faça parte do perímetro de venda.
Após a aprovação do acordo, o Moza vai assumir a operação do BancABC em Moçambique, mas a Atlas Mara será a accionista maioritária no banco maior (pós fusão) diz a Zitamar. Não está claro se uma nova injecção de capital será necessária para Atlas Mara garantir uma participação maioritária numa joint-venture.
O acordo para unir o Moza com o BancABC é a reminiscência de um acordo que o Atlas Mara fez no Ruanda em 2015, quando comprou uma posição minoritária no Banque Populaire du Rwanda e o fundiu com um banco pequeno que já tinha comprado, resultando na maioria de uma sociedade dona de um banco maior.
O problema com o Moza, é que o maior accionista, a Moçambique Capitais não quer vender, essa era pelo menos a posição antes da actual crise de dívida soberana que assola o país.
A Zitamar News revela na sua notícia que negociações de última hora tiveram lugar na semana passada entre a gestão do Atlas Mara e Paulo Ratilal, Presidente executivo do Moza e filho do seu maior accionista, o governador Prakash Ratilal entende negociações de última hora estavam ocorrendo na semana passada entre a gestão da Atlas Mara.
A fusão irá cimentar a posição do Moza como quarto maior banco de Moçambique, afastando-o do 5º que é o Barclays e aproximando-o do terceiro, o Standard Bank. Os dois maiores bancos são o Millennium Bim e o BCI.
O Moza, que tem sede na capital Maputo, é a quarta maior instituição financeira de Moçambique com uma quota de mercado de 5,4% e 54 agências, de acordo com seu website. Tem activos de cerca de 62 milhões de dólares (57 milhões de euros), de acordo com seu relatório anual mais recente.
O BancABC também opera na Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
A holding de investimento em instituições bancárias em África, Atlas Mara, anunciou, num comunicado publicado a 20 de Outubro de 2015 pela agência Reuters, a sua intenção de fazer três novas aquisições naquele continente.