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Fundo de Resolução paga mais 92 milhões em juros por resolução do BES. Estado recebe 78 milhões

Domingo, Janeiro 2nd, 2022

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Negócios

Em causa está o empréstimo de 3,9 mil milhões de euros concedido pelo Estado ao Fundo de Resolução e os 700 milhões de euros emprestados pela banca. Estado, que foi quem mais emprestou dinheiro ao Fundo de Resolução, recebe 78 milhões de euros em juros.

O Fundo de Resolução pagou esta sexta-feira mais 92 milhões de euros em juros ao Estado e a sete instituição de crédito devido aos empréstimos obtidos em 2014 para financiar a resolução do antigo Banco Espírito Santo (BES). Desse montante, 78 milhões de euros revertem para os cofres do Estado.

“O Fundo de Resolução efetuou hoje [sexta-feira] o pagamento dos juros devidos ao Estado e a um conjunto de instituições de crédito relativamente aos empréstimos obtidos, em 2014, para o financiamento da medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo”, indica o Fundo de Resolução, numa nota enviada à comunicação social.

Em causa está o empréstimo de 3,9 mil milhões de euros concedido pelo Estado ao Fundo de Resolução e os 700 milhões de euros emprestados por sete bancos (Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português, Banco BPI, Banco Santander Totta, Caixa Económica Montepio Geral, Banco BIC Português e Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo), para resgatar o antigo BES.

Segundo o Fundo de Resolução, o valor dos juros pagos ao Estado “foi de 78 milhões de euros” e à banca foram pagos 14 milhões de euros. Em 2021, a taxa de juro aplicável àqueles empréstimos “foi de 2%”.

Com os novos pagamentos efetuados esta sexta-feira, o Fundo de Resolução já pagou em juros, desde 2014 (ano da resolução do BES), 691 milhões de euros, incluindo os juros relativos ao empréstimo obtido em 2015 para o financiamento da resolução do Banif. Já o valor de juros pagos aos bancos totaliza 118 milhões de euros.

A partir do próximo ano, as taxas de juro associadas a esses empréstimos irão ser revistas e passarão a refletir o custo das obrigações do Tesouro a cinco anos registado no final do ano, que é atualmente negativo, ao qual acresce uma comissão de 0,15%. Ou seja, o Fundo de Resolução irá pagar menos.

Na prática, os juros são pagos na sua maioria pelo Estado, que foi quem mais emprestou dinheiro ao Fundo de Resolução.

Estado entra diretamente no Novo Banco e fica com 1,56% à custa da posição do Fundo de Resolução

Quinta-feira, Dezembro 16th, 2021

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Observador

Estado entra diretamente no Novo Banco e fica com 1,56% à custa da posição do Fundo de Resoluçãi

Fundo de Resolução reduz a sua posição no Novo Banco. E o Estado entra diretamente, ficando com 1,56%, por conversão de créditos fiscais de 2015 e pode reforçar até 16%, diz Tribunal de Contas.

O Estado vai entrar diretamente no capital do Novo Banco, através de um aumento de capital por conversão de créditos fiscais (ativos por impostos diferidos) de 2015. Ficará com 1,56%, reduzindo o Fundo de Resolução a sua participação para 23,44%. A Lone Star mantém-se com 75%.

De acordo com comunicado, o Novo Banco anunciou a aprovação deste aumento de capital em assembleia geral e em conselho de administração. O aumento de capital de 154,9 milhões decorre “da conversão dos direitos de conversão relativos ao ano fiscal de 2015, emitidos ao abrigo do regime especial aplicável aos ativos por impostos diferidos”. A atribuição das ações ao Estado é operada automaticamente nos termos do regime legal dos DTA (sigla inglesa para ativos por impostos diferidos).

O capital social ficará assim nos 6.054.907.314 euros. E será registado a 17 de dezembro.

Ainda esta quarta-feira, no parecer do Tribunal de Contas sobre a Conta Geral do Estado se revelava os valores relativos à conversão dos ativos por impostos diferidos em créditos tributários, com referência a 2015, 2016 e 2017. Totalizam, respetivamente, 154 milhões, 99 milhões e 128 milhões. É o ano de 2015 que agora é convertido. “Estão em apreciação pela Autoridade Tributária os processos com referência aos períodos de 2018 e 2019”, que atingem, respetivamente, 162 milhões e 119 milhões.

O Fundo de Resolução tem um prazo de três anos para exercer a opção de adquirir os direitos de conversão atribuídos ao Estado. Se não exercer, o Estado tornar-se-á acionista do NB, o que aconteceu agora, uma participação que poderá aumentar nos próximos anos com a conversão dos DTA já reconhecidos e os valores que estão ainda a ser avaliados

Segundo contabiliza o Tribunal de Contas, pelos anos de 2015 a 2017 o Estado poderá ficar com 5,7%, a que acrescerá, após confirmação da Autoridade Tributária, uma diluição adicional do Fundo de Redução de 10,6 pontos referente a 2018, 2019 e 2020.

A diluição é, pelo contrato de venda à Lone Star, sempre feita à participação do Fundo de Resolução no Novo Bano. E quanto mais reduzida for essa participação, menor será o retorno que este enquanto acionista terá com a venda da posição no banco. O encaixe nesta operação tem como principal objetivo o reembolso dos empréstimos contraídos pelo Fundo junto do Estado e da banca para financiar medidas de resolução bancária e suas implicações, nomeadamente as adotadas em relação ao BES/Novo Banco.

Novo Banco. Fundo de Resolução confirma que Estado pode ficar com 5,69% do capital

Quarta-feira, Novembro 17th, 2021

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Observador

Novo Banco. Fundo de Resolução confirma que Estado pode ficar com 5,69% do capital

Caso o Fundo de Resolução não exerça o direito potestativo, o Estado poderá ficar acionista do banco, tal como já tinha sido avançado em agosto, passando a deter uma percentagem acumulada de 5,69%.

O Fundo de Resolução (FdR) confirmou esta terça-feira, no seu Relatório e Contas, que o Estado poderá ficar acionista de 5,69% do Novo Banco ao abrigo do regime de ativos por impostos diferidos.

“Caso não seja exercido o direito potestativo por parte do Fundo de Resolução, perspetiva-se que o Estado se tornará acionista do Novo Banco”, pode ler-se no Relatório e Contas do FdR, referindo-se ao Regime Especial aplicável aos Ativos por Impostos Diferidos (REAID).

Nesse caso, o Estado passaria a deter, “no que respeita aos créditos tributários relativos aos períodos de 2015, 2016 e 2017 — um número de ações ordinárias representativas de uma percentagem acumulada de 5,69% do capital social do Novo Banco”.

Esta informação já tinha sido avançada pelo Relatório e Contas do Novo Banco referente ao primeiro semestre, e noticiada pelo Expresso em agosto.

De acordo com o REAID, “o Fundo de Resolução dispõe do prazo de três anos para se pronunciar quanto ao exercício do direito potestativo de adquirir os direitos de conversão atribuídos ao Estado, contados a partir da confirmação da conversão dos ativos por impostos diferidos em crédito tributário pela AT [Autoridade Tributária]”.

“De acordo com a informação prestada pelo sujeito passivo (o Novo Banco), o termo do prazo do período de exercício ocorre em 2022 (para os direitos de conversão com referência aos períodos de tributação de 2015 e 2016) e em 2023 (para os direitos de conversão com referência ao período de tributação de 2017)”, pode ler-se no documento divulgado esta terça-feira.

O Fundo de Resolução, a Nani Holdings (acionista de 75% do Novo Banco) e o Novo Banco celebraram um acordo em 27 de maio de 2021, que clarifica que a participação detida pelo acionista “não é reduzida por efeito do aumento de capital resultante da conversão dos direitos de conversão detidos pelo Estado nos termos do REAID”.

Assim, verificar-se-á uma “diluição da percentagem de participação detida pelo Fundo de Resolução”, estimada em 1,4 pontos percentuais.

Adicionalmente, perspetiva-se “que ocorra um efeito adicional de diluição”, que corresponde “a 4,3 pontos percentuais”.

“Acrescenta-se que estão também em curso os processos de conversão dos ativos por impostos diferidos em créditos tributários, com referência aos períodos de 2018, 2019 e 2020”, refere também a entidade presidida por Luís Máximo dos Santos.

No entanto, à data do relatório e contas (26 de julho), “o Novo Banco, não foi ainda notificado da confirmação desses processos, nos termos previstos no REAID”.

“Caso essa confirmação se venha a concretizar, e dependendo da verificação de outros pressupostos, o efeito dessa diluição adicional poderá corresponder a 10,6 pontos percentuais, em acréscimo à redução agregada de 5,7 pontos percentuais já referida”, esclarece o FdR.

O FdR afirmava também que à data não se encontravam “ainda reunidas as condições para ser tomada a decisão quando ao exercício do direito potestativo, nem existe informação que permita estimar, de forma fiável, o efeito financeiro decorrente da responsabilidade contratual assumida pelo Fundo de Resolução, no quadro da operação de venda do Novo Banco, em outubro de 2017, para assegurar a manutenção da percentagem de participação da Lone Star no Novo Banco”.

Lone Star e Fundo de Resolução preparam-se para entrada do Estado no Novo Banco

Terça-feira, Setembro 7th, 2021

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Expresso

Ministério das Finanças tem de tomar uma decisão até ao final deste ano sobre posse de quase 6% do Novo Banco. Participação pode até subir aos 17%

ALone Star, o Fundo de Resolução e o Novo Banco estão a preparar-se para a eventual entrada do Estado como acionista da instituição financeira. Essa possibilidade, a concretizar-se, terá de ser posta em prática pelo ministro das Finanças, João Leão, até ao final do ano.

O ponto de partida é um: o Tesouro português tem direito a entrar, até ao fim deste ano, no capital do Novo Banco, inicialmente com uma participação de 5,69%. Essa posição vai “comer” parte dos 25% que estão na posse do Fundo de Resolução, sem nunca beliscar os 75% da Lone Star.

Estado pode ficar com quase 6% (ou mais) do capital do Novo Banco

Segunda-feira, Agosto 30th, 2021

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Eco

Estado pode ficar com quase 6% (ou mais) do capital do Novo Banco

Estado pode ficar com quase 6% (ou mais) do capital do Novo Banco

OEstado poderá ficar com 5,69% do capital do Novo Banco por causa de créditos tributários que foram concedidos nos últimos anos e que deverão ser convertidos em capital até ao final do ano. O valor final poderá chegar até aos 16,63%, de acordo com o relatório e contas do banco do primeiro semestre de 2021 divulgado esta sexta-feira, mas apenas afetará a posição do Fundo de Resolução (25%) e nunca a do fundo de investimento norte-americano Lone Star (75%), cuja parte ficou protegida no contrato de compra do Novo Banco em 2014.

Mas o banco também usou o regime especial dos ativos por impostos diferidos criado em 2014 pelo Governo PSD/CDS em 2018, 2019 e 2020. Face aos resultados líquidos negativos desse período, a posição do Estado no Novo Banco pode ir até cerca de 16,63%. Caso o Governo decida converter todos os direitos que tem, a posição do Fundo de Resolução (que é detido pelos bancos do sistema) ficará diluída a menos de 9%, o que significa que receberá menos numa eventual futura venda do Novo Banco para compensar o dinheiro já injetado.

Segundo o Expresso, que avançou inicialmente com esta informação, o Governo PS e o PSD estão alinhados para que o Estado não converta já a sua posição, apesar de ainda não se saber como. O jornal recorda que o Ministério das Finanças tinha dito que essa conversão poderia acontecer só em 2022, mas o banco deixa claro que tal terá de acontecer até ao final deste ano. Até lá poderá chegar a tal “clarificação” que o Novo Banco refere no seu relatório e contas.

Novo Banco: Centeno apela a que Estado cumpra obrigações que assumiu

Quarta-feira, Outubro 7th, 2020

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Público

“Todas as decisões que coloquem em causa a estabilidade do sistema financeiro são de evitar”, afirmou o governador do Banco de Portugal no momento em que se discute se as injecções de capital no Novo Banco devem continuar.

Agora como governador, tal como antes como ministro das Finanças, Mário Centeno apresentou a necessidade de manter a estabilidade do sistema financeiro como o argumento fundamental para que o Estado, relativamente ao Novo Banco, cumpra os compromissos assumidos.

Na conferência de imprensa do boletim económico de Outubro do Banco de Portugal realizada esta terça-feira, quando questionado sobre a discussão, nas negociações do OE, das injecções a realizar no Novo Banco, Mário Centeno afirmou que “todas as decisões que coloquem em causa a estabilidade do sistema financeiro são de evitar”, defendendo que, por isso, deve ser acautelado “o cumprimento das obrigações que o Estado português assumiu em nome da estabilidade financeira”.

“Quando o Estado português assume compromissos, assume com diversas partes”, disse, nomeando, para além do Novo Banco, as autoridades europeias. Centeno, que como ministro das Finanças desempenhou um papel crucial no desenrolar do processo que conduziu às sucessivas injecções de capital no Novo Banco ao longo dos últimos anos, assinalou que este foi um “processo complexo iniciado em 2014” e defendeu que “colocá-lo agora em causa traria um retrocesso muito significativo que devemos evitar”.

Nas negociações para a aprovação do OE 2021, os partidos à esquerda do Governo têm posto como condição para um voto favorável do documento não haver mais injecções de capital no Novo Banco. O Governo, por seu lado, assumiu apenas que não irá realizar mais empréstimos ao Fundo de Resolução para que este injecte dinheiro no Novo Banco.

Bloco quer Estado à luta com Lone Star. É para perder?

Terça-feira, Outubro 6th, 2020

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Negócios

As negociações do OE2021 estão presas pelo dossier do Novo Banco. Os bloquistas apresentaram uma solução técnica que passa por desafiar o Lone Star. Os socialistas dramatizam e garantem que a ideia é perigosa.

O Novo Banco e as suas necessidades de capital continuam a pressionar as negociações do Orçamento do Estado para 2021. Com ou sem avanços noutras áreas, o debate está extremado neste ponto: o que fazer quando a instituição liderada por António Ramalho formalizar mais uma chamada de capital, que acabará por aumentar o défice?

De um lado, o Bloco de Esquerda pede ao Governo que dê luta: que abra negociações com o Lone Star e que encontre uma forma de cobrir perdas que não implique dinheiro dos contribuintes. Do outro, levantam-se vozes de alerta: a solução técnica proposta pelos bloquistas pode pôr em causa o banco e concretizá-la implicaria furar o acordo da venda.

No final da semana passada a deputada Mariana Mortágua apresentou a proposta do BE : primeiro, há que fazer uma auditoria às contas do banco para perceber se as perdas que têm sido registadas – e usadas como argumento para as sucessivas chamadas de capital – têm razão de ser. E depois, mesmo que se verifique que é preciso injetar mais dinheiro na instituição financeira, quem deve fazê-lo são os bancos.

“É preciso garantir que qualquer injeção [no Novo Banco] é feita pelos bancos, não através de um empréstimo ao Fundo de Resolução, que é uma entidade pública, mas diretamente, através de uma capitalização do Novo Banco”, defendeu a bloquista.

A exigência do BE vai mais longe do que a resposta do Governo. O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares confirmou que o Executivo está a trabalhar numa solução em que o Estado não precisa de emprestar dinheiro ao Fundo de Resolução para meter no Novo Banco – quem empresta são os outros bancos do sistema.

Mas a ideia do Governo não convence o BE já que, venha de onde vier o financiamento, se o Fundo de Resolução, uma entidade pública, colocar mais verbas no Novo Banco estas são registadas como despesa pública, fazendo subir o défice e representando um custo para os contribuintes.

A solução do BE

O que o BE propõe, na prática, é que os outros bancos coloquem dinheiro no Novo Banco, ficando em troca com uma participação no capital da instituição. Em contrapartida, o Lone Star, e eventualmente o Fundo de Resolução, veriam a sua participação diluída pelos novos acionistas. Nesta hipótese, o Fundo de Resolução não faz parte da equação e a troca do capital por participação diminui o peso da operação para as instituições financeiras que injetam o dinheiro. Na prática, não estariam a emprestar dinheiro ao Novo Banco, estariam a comprar uma fatia dele.

Os obstáculos

A proposta do BE está longe de ser simples de adotar. Partindo do princípio em que os bancos aceitavam fazer a tal injeção de capital, o expectável seria a oposição por parte da Lone Star. O fundo de investimento tem na sua posse um acordo que lhe permite ter exatamente o mesmo valor de injeção, mas sem perder um ponto que seja da sua participação na estrutura de capital do Novo Banco. Por que razão haveria de aceitar esta ideia?

“O Lone Star pode meter o Estado em tribunal”, diz uma fonte do mercado ao Negócios, lembrando que o acordo da venda prevê que os bancos sejam os pagadores últimos das perdas do Novo Banco, mas que estão, na prática e através do mecanismo de capital contingente, “subsidiados pelo Estado”.

Mas para os bloquistas, se o problema é o contrato, então há que lutar por alterá-lo, em vez de o Estado se submeter a perdas sucessivas. “O Lone Star está a fazer uma utilização abusiva do contrato”, argumentou Mariana Mortágua, na conferência de imprensa, colocando em cima da mesa a hipótese de fraude. “Não podemos permitir que o contrato se mantenha a custa do dinheiro dos contribuintes”, frisou.

Ou seja, há que enfrentar a Lone Star e procurar melhorar os termos do acordo. Se o Governo abrir uma luta com o fundo de investimento poderá agarrar-se aos escândalos que têm vindo a público sobre as perdas declaradas pelo banco, ou até mesmo à situação de pandemia, que pode servir de justificação para mudar as regras estabelecidas. Poderá argumentar que o mecanismo de capital contingente tinha uma validade de oito anos, mas que se prepara para ser esgotado em quatro. E pode pedir contas disso.

A dramatização

Perante a sugestão dos bloquistas, João Paulo Correia, vice-presidente da bancada socialista, deitou as mãos à cabeça: “Estas são soluções perigosas e que destroem o banco”, disse, em declarações ao Negócios, depois da conferência de imprensa do BE.

O socialista argumenta que chamar novos acionistas para o capital do banco seria o mesmo que assumir, perante o Mecanismo Único de Supervisão (MUS), que o plano estratégico da instituição, na base do qual são estabelecidos os rácios de capital, falhou. E nesse caso, garante, o MUS não teria outra opção se não aumentar os rácios de capital, criando ainda mais dificuldades ao banco.

 

Estamos a trabalhar no sentido de não haver um empréstimo público do Estado para o Novo Banco.
DUARTE CORDEIRO
Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares

 

 

É preciso garantir que qualquer injeção [no Novo Banco] é feita pelos bancos, diretamente, através de uma capitalização.
MARIANA MORTÁGUA
Deputada do BE

 

 

Estas são soluções perigosas e que destroem o banco. Esta trajetória do BE é perigosa porque é mais uma linha vermelha.
JOÃO PAULO CORREIA
Deputado do PS

 

O acionista silencioso que protege o Estado

Quinta-feira, Julho 30th, 2020

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Negócios

A entidade liderada por Máximo dos Santos tem 25% do capital do Novo Banco, mas não tem administradores na instituição ou exerce direito de voto. Tem, sim, uma palavra a dizer na venda dos ativos abrangidos pelo mecanismo de capitalização contingente.

O Fundo de Resolução ficou com 25% do capital do Novo Banco, no âmbito do acordo de venda assinado com os norte-americanos da Lone Star. Esta posição na instituição financeira não dá poder de decisão na administração do banco, nem permite exercer direito de voto. O fundo liderado por Máximo dos Santos tem um poder, o de escolher os ativos que são vendidos pela entidade que resultou da resolução do BES, e que estão novamente no centro da polémica.

“Por força dos compromissos acordados com a Comissão Europeia, o Fundo de Resolução não exerce o direito de voto nas assembleias gerais do Novo Banco, nem nomeia elementos para os órgãos de administração”. Esta é a explicação que consta dos relatórios e contas do Fundo de Resolução.

Mas o acordo assinado há seis anos para a venda do Novo Banco definiu ainda a existência do chamado mecanismo de capitalização contingente, que abrange um conjunto de ativos para venda. Este mecanismo, refere o fundo no relatório, “prevê um conjunto de instrumentos de alinhamento de incentivos e de monitorização, os quais mitigam parcialmente o facto de o Fundo de Resolução não ter possibilidade de indicar elementos para os órgãos de administração”.

Mas, afinal, que instrumentos são estes? Fica nas mãos da entidade liderada por Máximo dos Santos tomar as decisões relativas aos ativos abrangidos pelo mecanismo. Já o Novo Banco fica obrigado a cumprir as instruções dadas pelo fundo enquanto o mecanismo durar. Ou seja, até se esgotar o máximo de 3,89 mil milhões que o Fundo de Resolução pode injetar.

Este poder acaba por ter reflexo nas contas. Ao travar algumas das operações, reduz os prejuízos que o banco pode apresentar, o que, indiretamente, faz com que os pedidos de injeção de capital possam ser inferiores aos que aconteceriam se as vendas avançassem. Com isto, o fundo acaba por proteger os seus “donos” – os bancos que são quem contribui para a entidade -, mas também acaba por ser um parceiro “silencioso” do Ministério das Finanças ao reduzir potencialmente a fatura que pesa anualmente tanto à dívida como ao défice do Estado.

Créditos fiscais diluem posição do fundo

No contexto dos acordos assinados em 2017 ficou a cargo do Novo Banco a gestão corrente e o “serciving” dos ativos sob a alçada deste mecanismo, sem qualquer encargo por esse serviço. Foi, por isso, celebrado, já em 2018, o chamado acordo para a gestão dos créditos (“servicing”) para regular os procedimentos e as relações entre o Fundo de Resolução e o Novo Banco no relacionamento a propósito do mecanismo, definindo as obrigações do Novo Banco em termos de prestação de informação ao fundo e na gestão corrente dos ativos.

Este acordo de gestão de ativos é um dos documentos confidenciais que foi pedido pelo Bloco de Esquerda junto do Fundo de Resolução, em conjunto com o contrato de compra e venda do Novo Banco, o aditamento a esse contrato, o acordo de capitalização contingente e ainda o parassocial que rege as relações acionistas entre a Lone Star e o Fundo de Resolução.

Apesar de alguns destes contratos e acordos não serem do conhecimento público – os deputados têm de garantir a confidencialidade do seu conteúdo – Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, já declarou, em declarações à TSF, que serão desvantajosos para o Estado. E a deputada deu o exemplo de uma cláusula que diz prejudicar os interesses do Estado. “Há um mecanismo que tem que ver com DTA, que são ativos por impostos diferidos, que é um privilégio que o Novo Banco tem. O Estado pode converter estes ativos por impostos diferidos, que são um mecanismo fiscal, em propriedade, porque tem esse direito, e a verdade é que está escrito no contrato que, se o Estado converter esses ativos por impostos diferidos em capital, essa participação vai apenas diminuir a participação do fundo de resolução e não irá diminuir a participação do privado”, afirmou Mortágua, notando que, tal como o Económico tinha avançado, o “Estado irá ‘comer’ a participação do público mas sem nunca tocar nos direitos do privado”.

Em 2014 foi criado um regime que deu aos bancos a garantia de que os ativos por impostos diferidos acumulados (quando resultam de perdas por imparidades de créditos) podem ser convertidos em créditos sobre o fisco ou pode ser pedida a sua devolução em qualquer momento futuro, sem limite temporal.

Esse regime terminou em 2016, depois de a Comissão Europeia considerar que podia ser uma ajuda de Estado à banca. Mas os ativos acumulados até 31 de dezembro de 2015 podem continuar a ser usados. Esses ativos dão aos bancos um crédito sobre o fisco, que podem usar durante alguns anos para reduzir a fatura fiscal ou podem mesmo os bancos pedir a sua devolução ao Estado, dependendo das circunstâncias.

O recurso ao regime de ativos por impostos diferidos por parte de qualquer banco implica a constituição de um depósito em favor do Estado, em 110% do crédito tributário, que o Estado pode converter em ações, tornando-se acionista da instituição financeira que recorra a esse regime, diluindo a posição dos restantes acionistas. Em setembro do ano passado, o Novo Banco, liderado por António Ramalho, estimou que o Estado podia ficar com até 10% do seu capital, mas tal ainda não aconteceu.

Parlamento já recebeu documentos das Finanças sobre o Novo Banco, mas são confidenciais

Quinta-feira, Julho 16th, 2020

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Económico

O Parlamento já recebeu os documentos que tinha pedido com carácter de urgência ao Ministério das Finanças que vinculam e/ou orientem o Estado no processo de injeção de fundos públicos no Novo Banco, através do Fundo de Resolução (FdR). A informação foi dada pela deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, durante a audição do ministro da tutela, esta quarta-feira, na Comissão de Orçamento e Finanças (COF), tendo o Secretário de Estado das Finanças esclarecido que o levantamento da confidencialidade está ainda a aguardar ‘luz verde’ de Bruxelas.

“Os contratos de venda já aqui estão, têm dois problemas: a parte que diz respeito a responsabilidades futuras, veio como confidencial e o Parlamento precisa de poderes acrescidos para a poder libertar e a parte que está passível de ser verificada está tão intrincada no contrato que ninguém a consegue compreender. Isto faz-nos desconfiar sobre quais são as responsabilidades futuras do Estado quanto a novas injeções no Novo Banco”, disse Mariana Mortágua, na audição no Parlamento, quando questionava João Leão sobre as responsabilidades futuras do Estado relativamente ao Novo Banco.

A COF decidiu avançar, a 2 de julho, com o pedido com “carácter de urgência” ao Governo, através do Ministério das Finanças, o envio “a esta comissão todos os documentos que vinculem e/ou orientem o Estado no processo de injeção de fundos públicos no Novo Banco, através do Fundo de Resolução (FdR), incluindo os relativos ao processo de ajuda de Estado n. SA.49275”.

O requerimento do Bloco de Esquerda recorda que o FdR já enviou à Assembleia da República a pedido da COF, o contrato de compra e venda do Novo Banco e o acordo que instituiu o mecanismo de capital contingente, tendo posteriormente solicitado também que enviasse o acordo parassocial, assinado entre esta entidade e o fundo norte-americano, Lone Star, que controla 75% do Novo Banco, e o acordo de servicing, assinado entre o FdR e o Novo Banco, em 2018.

O Secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, esclareceu que as Finanças têm um conjunto de questões sobre o Novo Banco que estão sob análise, mas que o processo de levantamento da confidencialidade também depende de Bruxelas. “Existe da vossa parte a vontade de conhecer, a parte que é a decisão da Comissão Europeia que é confidencial. Da nossa parte, está muito bem fazer essa divulgação, mas temos que questionar as outras partes, relativamente ao levantamento dessa confidencialidade”, afirmou em resposta a Mariana Mortágua.

“Se as outras partes levantarem a confidencialidade, naturalmente entregamos essas partes confidenciais porque não temos nenhum interesse em que subsistam quaisquer dúvidas relativamente ao alcance de desses acordos”, vincou.

Relativamente ao acordo com a Comissão Europeia, João Leão explicou que num cenário extremo estão previstas um conjunto de intervenções, a responsabilidade primeira de capitalizar o Novo Banco pertence aos acionistas da entidade liderada por António Ramalho e que a intervenção do Estado apenas seria feita em última instância, “numa situação em que mais nenhum outro acionista intervém”.

“A intervenção que o Estado teria nesse caso extremo seria uma intervenção de natureza muito diferente da que tem feito no âmbito do mecanismo de capital contingente, no qual faz os empréstimos através do FdR. No cenário extremo, hipotético e futuro, a acontecer, a intervenção do Estado seria de natureza totalmente diferente, porque o Estado passaria a ter uma posição nesse banco enquanto acionista”, frisou, à semelhança do que o Governo já tinha explicado em outras intervenções.

Mariana Mortágua questionou ainda o ministro sobre a auditoria ao Novo Banco, prevista estar concluída em julho, esclarecendo João Leão que “houve aqui um atraso de alguns meses por causa do período do confinamento”, mas que o prazo estabelecido será até ao final deste mês, 31 de julho.

 

 

Estado protege grandes devedores do BES

Terça-feira, Junho 23rd, 2020

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Executive

O Estado deu ao Novo Banco (NB) um seguro de protecção contra os prejuízos registados nos créditos dos grandes devedores até ao montante de 3,89 mil milhões de euros, avança o “Correio da Manhã” (CM).

De acordo com o “CM”, o Acordo de Capitalização Contingente foi enviado pelo Fundo de Resolução à comissão parlamentar de Orçamento e Finanças. No entanto, devido ao sigilo bancário e à protecção de dados pessoais, o anexo com a lista dos nomes dos grandes devedores não deverá ser divulgado.

O “CM” escreve, contudo, que a divulgação da lista dos grandes devedores , permitirá avaliar «com profundidade» os termos em que o Banco Espírito Santo concedeu os créditos a esses clientes. Segundo o jornal, deverão contar na lista nomes como o do grupo empresarial de Joe Berardo e a antiga Ongoing, de Luís Vasconcelos.

Ainda de acordo com o jornal, o Estado poderá ter autorização da Comissão Europeia (CE) para proceder à nacionalização do NB, através da chamada cláusula de backstop, que consta do acordo celebrado entre o Estado e a CE no âmbito da venda do NB.