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Novo Banco. “Foi melhor ter resolvido por fases” em vez de meter mais dinheiro no início, diz Ulrich – como aconteceu

Quarta-feira, Junho 9th, 2021

Citamos

Observador

 

Ex-CEO do BPI diz que por mais dinheiro inicialmente no Novo Banco poderia causar crise sistémica. De manhã, Byron Haynes defendeu a política de remunerações do banco. Siga aqui.

 

Ulrich lamenta que supervisão obrigue bancos a vender crédito malparado a fundos

O deputado do PSD coloca perguntas concretas sobre a execução do contrato de venda e a gestão do Novo Banco, mas Ulrich desculpa-se com a falta de informação. Tenho respeito pelo presidente do Novo Banco e do Fundo de Resolução e parto do princípio que o trabalho tem sido bem feito”, sublinhando o muito controlo feito pelo Parlamento.
Sobre a a gestão do banco está a potenciar o recurso ao mecanismo de capital contingente, o banqueiro afirma que não tem como criticar o que foi feito até porque, assinala, defendia que seria necessário mais dinheiro. “Parece razoável”.
O presidente do BPI aproveita a deixa para fazer um reparo ao modelo de regulação europeia que dá muita importância à redução dos rácios de crédito malparado (NPL), levando à venda de carteiras de crédito.
São negócios de alto risco e elevada rentabilidade. E assume que não gosta de uma regulação que obriga os a bancos a vender ativos para baixar NPL. Quem ganha são que os fundos que compram com desconto os ativos quando podiam ser os bancos a ficar com a rentabilidade se pudessem ficar com os ativos e recuperá-los.
Duarte Pacheco pergunta ainda sobre as perspetivas de financiamento do Fundo de Resolução via contribuições bancárias para pagar os empréstimos que contraiu para o Novo Banco. Fernando Ulrich admite que o prazo dos reembolsos poderá ser estendido até 2050, mas considera isso preferível a mais contribuições por parte da banca.
“Prolongar mais tempo é um custo histórico de uma situação grave que temos de ultrapassar.”

Ulrich não recorda, mas defendeu nacionalização (e também a liquidação). Hoje diz que resolução defendeu interesse público

Duarte Pacheco confronta Fernando Ulrich com uma entrevista sua de 2017 em que este defende que a nacionalização do BES teria sido a melhor opção.

“Custa-me a acreditar que tenha defendido a nacionalização do BES [em 2014]. Uma liquidação sim. Na defesa dos interesses do BPI, estava convencido que o BPI ia ganhar com isso. Não contribuía para o fundo e poderia poderia ganhar muitos clientes com o fim do BES. O trabalho da Deloitte apontou para perdas de 20 mil milhões de euros dos credores com a liquidação. Ulrich reconhece que era uma opinião relativamente minoritária. Os bancos e o BdP não gostavam de me ouvir a dizer isto.

Mas Duarte Pacheco cita entrevista em que Ulrich aparece a defender a solução do PCP — a nacionalização. O que o banqueiro não recorda.

Sobre a decisão que foi tomada, reafirma: “Foi uma decisão que defendeu o interesse público e se há uma falha que lhe aponto hoje é que deveria ter havido uma contribuição maior dos credores do banco”.

Duarte Pacheco (PSD) pergunta a Ulrich que melhorias há a fazer na regulação e supervisão devido ao que aconteceu no BES e no Novo Banco.

“A melhoria possível é não deixarem gastar a totalidade dos 3,9 mil milhões de euros [do mecanismo de capitalização contingente]. Em tudo o resto o trabalho de casa foi feito”, diz Fernando Ulrich.

Já antes, o ex-CEO do BPI tinha dito que a regulação e a supervisão bancárias em Portugal e na Zona Euro “são fortes, intrusivas e competentes”. “Se houve atuações menos boas no passado, são coisas do passado e foram resolvidas”, completou.

“Nunca percebi por que razão o BES nunca recorreu às linhas de apoio à banca da troika”

“Nunca percebi por que razão o BES nunca recorreu às ajudas europeias destinadas aos bancos. E durante muito tempo fizeram disso grande motivo de orgulho não terem aderido
às linhas de apoio da troika”, diz Fernando Ulrich, em resposta a João Paulo Correia (PS).

O ex-CEO do BPI diz ainda que nunca lhe passou pela cabeça “que a dimensão dos problemas do banco fosse tão grande”.

“É muito difícil reconhecer que se falhou, que se tem problemas e que se é responsável por esses problemas. Há pessoas que têm muitos problemas em reconhecer isso”, concluiu.

João Paulo Correia insiste. “Se o BES tivesse aderido às linhas de apoio à banca seria sujeitado a um escrutínio mais apertado…” Na resposta, Fernando Ulrich sugere que há coisas que não pode dizer por ainda ser chairman (não executivo) do BPI e ter um cargo de administração no Caixabank.

Fernando Ulrich aproveita a intervenção para apresentar as suas conclusões antecipadas dos vários pontos que fazem parte do objeto desta comissão de inquérito, ainda que refira não ter informação sobre o que se passou após a venda à Lone Star.

Defende que depois da “tragédia causada pela gestão do BES, seguiu-se uma história de sucesso”, apesar do esforço de capitalização do Novo Banco ter sido mal e injustamente distribuído.

Depois de terminar a sua intervenção, os deputados do PCP, Duarte Alves, e do CDS, Cecília Meireles, comunicaram não ter perguntas a colocar ao banqueiro que foi chamado por ser um grande conhecedor do setor e não por estar envolvido em decisões do Novo Banco.

O presidente do BPI defende ainda que a regulação e supervisão bancárias são “fortíssimas competentes, independentes e muito intrusivas.” E o que não correu bem no passado é assunto resolvido.
Fernando Ulrich lembra que a legislação europeia de resolução bancária prevê perdas para os credores quando há dinheiro público envolvido. E considera que a situação encontrada para o Novo Banco — em que os credores meteram 2,5 mil milhões e o Fundo de Resolução mais de oito mil milhões — parece à data de hoje uma situação muito injusta e que não cumpre as obrigações da lei. Os credores do BES foram claramente beneficiados em comparação com acionistas dos outros bancos bancos e, eventualmente os contribuintes. O banqueiro admite contudo que a situação de fragilidade de Portugal em 2014 não terá permitido fazer mais.
O presidente do BPI diz ainda que não só concordou com a retransmissão das obrigações para o banco mau em 2015, como considerou que se deveria ter ido mais longe para poupar o esforço do Fundo de Resolução (que é financiado pelos bancos). Apesar disso, a retransmissão de 2.000 milhões de euros de dívida sénior que tanto irritou na altura Mário Centeno, ministro das Finanças, “defendeu o interesse público”.

Ter imposto mais dinheiro poderia causar crise sistémica. “Foi melhor ter resolvido o problema do Novo Banco por fases”

Fernando Ulrich testemunha também que em 2014 teve logo a sensação de que os 4,9 mil milhões não seriam suficiente da recapitalização. Mas não havia consciência em 2014 que o NB ia precisar dos 12,3 mil milhões.
O que teria acontecido naquela altura com Portugal muito fragilizado?
“Não quero pensar nas consequências e no choque se tivéssemos acordado com a noticia de que eram 10 mil milhões. Ter imposto ao Fundo de Resolução meter mais dinheiro poderia provocar uma crise sistémica. Exigir mais aos credores poderia ser delicado dada a dependência de Portugal dos mercados de dívida. Impostos era muito difícil”.
Mesmo sem saber se os responsáveis da altura tinham consciência ou não das necessidades, Fernando Ulrich assume: “penso claramente que foi melhor o problema ter sido resolvido por fases. Se foi estratégia ou não, não é relevante.

“Globalmente acho que foi bem vendido à Lone Star”. O BPI não teria comprado naquelas condições, era mais exigente

Em 2016, o BPI estudou o assunto, tendo em vista a compra do Novo Banco, afirmou Fernando Ulrich. “Não chegámos a apresentar uma proposta. O nosso desenho não era igual ao da Lone Star, por isso não é diretamente comparável”.

“Mas globalmente, a ideia com que fiquei é que o BPI era mais exigente do que a Lone Star. Ou seja, nós não teríamos comprado o Novo Banco naquela altura com aquelas condições”, revelou.

Assim, e comparando a proposta da Lone Star com “a hipótese de proposta” do BPI “acho que foi bem vendido” nas condições em que foi. “Coisa diferente é saber se deveria ter sido vendido na altura em que foi”, ressalvou Ulrich.

Sobre o controlo que é exercido sobre a atividade bancária, Ulrich diz que a regulação e a supervisão bancárias em portugal e na Zona Euro “são intrusivas e competentes”.

“Se houve atuações menos boas no passado, são coisas do passado e foram resolvidas”, completa.

Fernando Ulrich diz que até hoje o Novo Banco gastou 16,4 mil milhões de euros em capital, entre os capitais próprios que existiam no BES, o empréstimo inicial de 4.900 milhões, uma injeção de 1.000 milhões da Lone Star, os 2,5 mil milhões dos credores e os 3,9 mil milhões que o Fundo de Resolução tem vindo a injetar.

“A questão é a de saber se todas as estas perdas se deveram a decisões tomadas até agosto de 2014 ou se foram já tomadas com o Novo Banco”, afirmou.

“E a minha opinião é que uma parte muito significativa destes 16,4 mil milhões devem-se a decisões tomadas antes”.

Arranca a audição de Fernando Ulrich, ex-CEO do BPI e que atualmente é presidente do conselho de administração do banco. Ulrich faz uma declaração inicial.

A cobertura do Observador dos trabalhos da Comissão Parlamentar de inquérito às perdas do Novo Banco será retomada perto das 15h30, com a audição de Fernando Ulrich, antigo CEO do BPI. Até já.

Participação indireta na Nani Holdings “são ações de classe B”, mas “não sei exatamente qual é a ligação”

Byron Haynes é forçado a dar explicações adicionais sobre a posição indireta que detém na Nani Holdings (através da qual a Lone Star controla 75% do Novo Banco). “Afinal são ações ou não”, pergunta Duarte Alves (PCP), que continua a referir que se trata de uma forma de remuneração acertada com vários responsáveis do banco, incluindo o CEO António Ramalho.

“São ações de classe B de uma entidade que está controlada pela LSF Nani Investments”. A luxemburguesa LSF Nani Investments é detida por fundos que pertencem ao grupo Lone Star e também é a holding financeira da Nani Holdings, a entidade da Lone Star que é a acionista de 75% do Novo Banco.

Mas a partir daqui, Byron Haynes alegou desconhecimento. “Não sei como está ligada indiretamente, mas não está ligada directamente à Nani Holdings. Não sei exatamente como essa entidade jurídica está ligada indiretamente”.

Foi mais claro a dizer que não se trata de uma remuneração, como disse Duarte Alves, insistindo que foi um “investimento indireto”, que fez com o seu dinheiro e com risco, mas porque “acredita no Novo Banco”.

“É um investimento indireto de longo prazo”, acrescentou Byron Haynes, salientando que não se trata de dinheiro que saia do bolso de alguém.

A resposta de Byron Haynes: estes CPP, poupança programada, são um produto que foi criado antes de 2017 e a maioria vence antes de 2023. “O que fizemos é evitar que os depositantes continuassem a fazer depósitos todos os anos e temos direito legal de o fazer – têm uma taxa de juro extremamente elevada e era isso precisamente que queríamos dizer aos depositantes: nós honramos o depósito mas não vamos permitir depositar mais dinheiro para terem taxas de 5% ou 6% à custa do Novo Banco e à custa do CCA”.

“Essa foi a abordagem que seguimos, observando todos os processos jurídicos, os clientes compreenderam a abordagem do banco”.

O PSD sublinha que Byron Haynes não respondeu à pergunta, porque não foi só impedir novas subscrições mas, também, antecipar reembolsos.

Não sei todos os detalhes“, diz Haynes, não fazemos uma destrinça entre ativos CCA e não CCA — e “este não é um passivo CCA”, diz Byron Haynes, garantindo que não é feita diferença entre os dois tipos de passivos.

Depósitos a prazo. PSD saca coelho da cartola e acusa Novo Banco de antecipar prejuízos

O deputado do PSD Hugo Carneiro tem, ainda, uma questão sobre “algo que nunca foi falado até hoje mas que é muito significativo e que demonstra o modo como o banco é gerido”: “em dezembro de 2018 o Novo Banco tinha 885,9 milhões em depósitos chamados Contas Poupança Programada, que garantiam aos clientes um determinado juro. Estes depósitos deveriam vencer-se entre 2023 e 2025, o Novo Banco celebrou acordos com os clientes para pagar antecipadamente compensações no montante desses juros acordados para antecipar os prejuízos relacionados com esses depósitos”.

“Eu gostava que me explicasse como é que esta gestão é sã e prudente e o objetivo não foi levar isto ao mecanismo CCA?”, pergunta Hugo Carneiro

PSD pergunta, agora, porque é que, a julgar pelo que disse José Almaça, ex-responsável da ASF na semana passada, o banco se “desinteressou” da gestão da GNB Vida, contribuindo para a perda de valor da seguradora.

“Foi uma venda complicada, mas tinha de ser feita nos termos do acordo com as autoridades europeias”, diz Byron Haynes, garantindo que o processo de venda foi transparente apesar de complexo.

Mais uma vez, o deputado diz que Byron Haynes não responde à questão. Haynes diz que só pode repetir o que disse: a GNB Vida fazia parte da família Novo Banco, continua a ser parceira [GamaLife] e os comentários dos responsáveis da supervisora dos seguros, na semana passada, apenas dizem respeito ao valor que o mercado acabou por pagar pelo ativo.

Terceira insistência do PSD, que continua a acusar Byron Haynes de não responder à questão de o Novo Banco se ter (ou não) desinteressado da GNB Vida. “Tivemos uma gestão ativa e pro-ativa da GNB Vida”, garante.

Novo Banco já cumpre rácios regulamentares mesmo sem os 112 milhões retidos

Também do PSD, Hugo Carneiro, começa por dizer que 13% do CCA está em litígio, o que indica que houve tentativas de “abuso” por parte do Novo Banco do mecanismo de capital contingente.

“O CCA contribuiu para a estabilidade financeira”, sublinha Byron Haynes.

O deputado pergunta, também, se mesmo sem os polémicos 112 milhões de euros o Novo Banco não está a cumprir os rácios de capital regulatórios tendo em conta as tolerâncias relacionadas com a pandemia. “Os 112 milhões retidos significa que os rácios de capital caem para 10,9%”, diz Byron Haynes, não respondendo se chega ou não.

Perante a insistência de Hugo Carneiro, Byron Haynes diz que o banco, assim, “está a cumprir“.

O responsável tinha voltado a relembrar “a necessidade de proteger a integridade do CCA“.

O PSD, pela deputada Filipa Roseta, questiona Byron Haynes sobre a carteira imobiliária que o Novo Banco tinha e que estava avaliada em 2,5 mil milhões. Hoje, a carteira vale menos de mil milhões, mas Byron Haynes diz que os valores não são comparáveis porque houve vendas de ativos, não se pode dizer que a carteira se tenha desvalorizado.

Números mais concretos Byron Haynes diz que não tem presente e, portanto, pede para enviar depois ao parlamento uma vez que se reunida a informação (pública) sobre a evolução dos valores das carteiras imobiliárias. A deputada diz não compreender como é que podia ter dito que não teve surpresas quando em 2017 ninguém podia prever a valorização do mercado imobiliário nos anos que viriam depois – e mesmo assim não foi possível vender aos valores que estavam registados no balanço.

“Todas as vendas excederam as expectativas do banco”

“Todas as vendas excederam as expectativas do banco”, garante Byron Haynes, referindo-se ao valor a que foram feitas as vendas de carteiras de malparado – a todas. Ainda assim, os reguladores não estão satisfeitos e querem que o rácio de malparado é muito elevado, o mais elevado do mercado português e um dos mais elevados no mercado europeu.

“Progredimos bastante mas temos de continuar” na redução dos ativos tóxicos no banco.

 

Fernando Ulrich enviou carta a Carlos Costa para repor “a verdade dos factos”

Segunda-feira, Março 13th, 2017

Citamos

Eco

Fernando Ulrich enviou carta a Carlos Costa para repor “a verdade dos factos”

 

 

O presidente do BPI enviou uma carta ao governador do Banco de Portugal onde contestou afirmações que Carlos Costa fez, em entrevista ao Público, sobre os alertas de Ulrich para a situação do GES.

O presidente do conselho de administração do BPI, Fernando Ulrich, enviou uma carta ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, para repor “a verdade dos factos” sobre os alertas que fez, em 2013, em relação ao Grupo Espírito Santo (GES), revela este sábado o Público. A ação de Ulrich foi provocada por afirmações de Carlos Costa ao jornal, desvalorizando os alertas que o banqueiro lhe terá feito sobre a fragilidade do GES.

Em entrevista ao Público, o governador do Banco de Portugal desvalorizou o papel de Fernando Ulrich nas chamadas de atenção para o problema do GES. Reconhece que o presidente do BPI lhe entregou um documento, tal como tinha sido revelado pela reportagem da Sic, mas garante que “nesse momento, o Grupo GES já tinha sido identificado como uma das grandes entidades devedoras do sistema.” E diz mesmo: “O BPI entregou um documento que foi devidamente tido em conta, embora não acrescentasse ao que já conhecíamos.”

Foi esta última afirmação que Ulrich contestou na carta enviada agora ao governador. “Esta afirmação não é correta, por isso enviei uma carta ao sr. governador do Banco de Portugal, na qual reponho a verdade dos factos”, conta o presidente do BPI, num email enviado ao Público.

Conforme recorda o jornal, Fernando Ulrich disse na comissão parlamentar de inquérito ao BES que enviou uma carta ao então ministro das Finanças, Vítor Gaspar, alertando para a concentração de dívidas de entidades do GES no Fundo ES Liquidez. Contudo, nesta comissão Ulrich não referiu a carta que terá enviado em agosto a Carlos Costa, com os mesmos avisos. A Sic noticiou que os dados referidos nesta carta ao governador terão sido fundamentados por uma análise de uma equipa de técnicos do BPI, feita com dados do conhecimento público.

 

 

Ulrich: Estado ‘só’ gastou no máximo €6,4 mil milhões com a banca em 16 anos

Sexta-feira, Janeiro 20th, 2017

Citamos

Expresso

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, defende que “o Estado protegeu os contribuintes”, para concluir que quem mais perdeu “foram os bancos e os seus acionistas: €35 mil milhões em capital”.

Fernando Ulrich, tirou esta quarta-feira duas conclusões sobre o estado da banca em Portugal nos últimos 16 anos (2001 a 17 de janeiro de 2017): “Houve uma destruição verdadeiramente brutal de capital na banca”, e ao contrário do que se diz, “o esforço suportado pelo Estado e pelos contribuintes foi muito baixo quando comparado com o dos acionistas. O Estado protegeu bem o interesse dos contribuintes”.

E socorre-se das contas feitas pelo banco a que preside: entre 2001 e 2017 a destruição de capital na banca “é brutal”.

Exemplifica, apontando a história de cinco bancos do sistema – CGD, BCP, BES/Novo Banco, Banif e BPN. Estes bancos, diz, “destruíram €35 mil milhões em capital injetado pelos seus acionistas” em 16 anos. Ou seja, “o equivalente a 19% do do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016.”

Isto para concluir que, afinal, o Estado “protegeu bem os contribuintes” e, ao contrário do que se diz, perdeu nestes bancos muito menos do que os acionistas perderam durante o mesmo período. “Até agora o esforço efetivamente suportado pelo Estado e pelos contribuintes foi muito baixo quando comparado com o dos acionistas e o que foi suportado pelos outros países”, afirma Ulrich.

Segundo as contas feitas pelo BPI, as perdas com estes bancos pode variar entre os €4,4 mil milhões e os €6,4 mil milhões, ou seja, o equivalente a 2,4% a 3,5% do PIB, respetivamente. Isto porque, com base nas contas feitas pelo BPI, as perdas com o BPN atingiram €5441 milhões, as perdas do Banif ascenderam a €2591 milhões e o valor dos resultados retidos pela CGD no período em análise chegou aos €2369 milhões. Todas estas parcelas somam €10.401 milhões.

Considerando, como faz o BPI, que as perdas de resultados na Caixa são recuperáveis, a soma do BPN e Banif até agora atinge €8032 milhões.

Nos ganhos do Estado estão contabililizados €3969 milhões, correspondentes a €820 milhões do pagamento de juros das obrigações convertíveis em capital, os CoCos, €23 milhões de juros do empréstimo ao Fundo de Resolução, €643 milhões com as comissões conbradas por garantias estatais em 2008 e €2483 milhões de dividendos atribuídos pela Caixa.

Se aos €10.401 milhões se subtrair os €3969 milhões de ganhos do Estado, as perdas ascendem a €6,4 mil milhões. Mas se tivermos em conta os €8032 milhões, então as perdas do Estado serão inferiores, de €4,4 mil milhões. Um número manifestamente pequeno face aos €35 mil milhões destruídos em capital pela banca e suportados pelos seus acionistas.

É a partir deste universo que Fernando Ulrich contesta a ideia de que “os custos dos bancos têm sido suportados pelos contribuintes. É mentira”.

Assim como faz questão de dizer que “o Estado hoje tem mais espaço de manobra para fazer mais coisas”, do que “tinha há alguns anos”. E justifica dizendo que o Estado deixou de ter risco face aos bancos a quem emprestou dinheiro em 2012, os chamdos CoCos, porque “estão pagos e o Estado ganhou dinheiro com os bancos por via destes empréstimos”.

No final das contas do BPI, Ulrich conclui que o BPI deu a ganhar €167 milhões de juros dos Cocos pagos aos Estado.

“Razoável era ter zero perdas na venda do Novo Banco”

Domingo, Setembro 6th, 2015

Citamos

Expresso

Como vê a hipótese de as perdas com a venda do Novo Banco serem superiores ao previsto, o que terá de ser assumido pelos restantes bancos, entre os quais o BPI?

Não sei o que estava previsto… O BPI foi candidato à compra do Novo Banco, estamos sujeitos a um compromisso de confidencialidade. E não tenho informação para poder comentar. Não sei porque não se chegou a acordo com a Anbang nem qual é a proposta da Fosun, nem a da Apollo, não sei qual a perda prevista para o Fundo de Resolução nem como vai ser contabilizada. Não sei nada, nem quando é que se vai saber alguma coisa.

Seria prudente adiar a venda do banco?

Não tenho elementos para me pronunciar.

Se o Novo Banco não for vendido agora, aceita participar no aumento de capital que será necessário?

Não vou comentar, não tenho informação.

Mas que perdas considera que seriam razoáveis ter nesta operação? Ou pelo menos, que seriam aceitáveis?

O razoável era ter zero perdas.

Um dos muitos cenários em cima da mesa seria, caso a Apollo comprasse o Novo Banco, tentar uma fusão com o BPI. Como classifica essa hipótese?

Também ouvi dizer, mas não sei de nada.

Assumiu que a compra do Novo Banco era uma oportunidade única. Porque foram excluídos? Este é um campeonato que não era para o BPI?

Tenho dificuldade em responder. Apresentámos uma oferta não vinculativa e o Banco de Portugal (BdP) não a aprovou e, pelo que nos foi dito, o critério principal foi o preço. Por esse motivo, o nosso preço seria o sexto, pois os outros cinco passaram e nós não. Na fase seguinte, houve acesso a informação confidencial mas nós não estávamos lá. É preciso esperar pelo desfecho do processo para comparar a nossa proposta com a que vencer.

Quem deve pagar afinal aos lesados do papel comercial?

É público que esse assunto se transformou numa matéria de grande divergência de opiniões entre a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e o BdP. Não vou pronunciar-me porque não estudei o assunto de forma suficientemente cuidada. E também sou parte interessada porque o tema pode ter a ver com o Fundo de Resolução.

Estão a ser definidos diferentes rácios de capital pelo BCE para cada banco. Quais são os fixados para o BPI?

O BCE estabelece conversas bilaterais com cada banco supervisionado em que é comunicado o rácio que tem de cumprir em 2016 e é fornecida uma explicação. Isso já foi feito em 2015, mas pelo BdP, agora é feito por uma equipa conjunta do BCE e do BdP. As reuniões já começaram e estão a correr normalmente. É feita uma análise do que se considera serem os riscos a que o banco está sujeito e depois calcula-se o rácio que o banco deve ter.

Carlos Tavares escapou a Ricardo Salgado mas não a Fernando Ulrich

Terça-feira, Março 24th, 2015

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Negócios

O presidente da CMVM foi alvo de duras críticas da parte de Fernando Ulrich durante a sua audição, nomeadamente no tratamento dado ao fundo ES Liquidez. Já Ricardo Salgado poupou censura Carlos Tavares, ouvido hoje na comissão de inquérito.

Ricardo Salgado deixou claro um alvo de ataque: Carlos Costa. O presidente do regulador do mercado de capitais escapou: mesmo a “volatilidade” das acções do BES foi atribuída à indefinição do governador e …

Dinheiro do BESA foi transferido para sociedades de “responsáveis do BES e do BESA

Terça-feira, Março 17th, 2015

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Negócios

Da conta que o BES Angola tinha no BES saiu dinheiro para “entidades mencionadas nos meios de comunicação social como tendo ligação a responsáveis do BES e/ou do BESA”, conclui a segunda parte da auditoria forense que o Banco de Portugal pediu ao banco, a que o Negócios teve acesso.

Houve “entidades mencionadas nos meios de comunicação social como tendo ligação a responsáveis do BES e/ou do BESA” que receberam fundos com origem na conta que o BES Angola tinha no BES, e que chegou a ter um descoberto bancário superior a 3.000 milhões de euros, conclui a segunda parte da auditoria forense ao BES pedida pelo Banco de Portugal, a cujo sumário executivo o Negócios teve acesso.

O documento não faz qualquer referência à identidade dos responsáveis do BES e do BESA cujas sociedades terão recebido esses fundos. De acordo com informações já referidas na imprensa, terá havido transferências de dinheiro para a Savoices, sociedade “offshore” de Ricardo Salgado, e para a NewBrook, entidade “offshore” de Álvaro Sobrinho.

Segundo o sumário executivo do segundo bloco da auditoria realizada pela Deloitte, houve ainda transferências da conta do BESA no BES para “para entidades relacionadas com o BES”, cuja identidade também não é identificada.

 

O documento refere que estas transferências decorreram entre 1 de Janeiro de 2009 e 30 de Junho de 2014.

Fernando Ulrich desmente Vítor Gaspar

Terça-feira, Março 17th, 2015

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Negócios

Audição de Fernando Ulrich com som

O presidente do BPI desmentiu Vítor Gaspar, revelando aos deputados que avisou o ex-ministro das Finanças sobre os problemas do GES e do BES “entre o final de Maio e o início de Junho de 2013”. Ulrich diz que revelou a Gaspar a sua “preocupação com a situação no GES e no BES”. O antigo governante disse à CPI que, enquanto foi ministro, nos contactos com agentes do sector financeiro, nunca teve alertas sobre a situação do GES e do BES.

“Falei com Vítor Gaspar, não consigo precisar o dia, mas ele era ministro das Finanças. Foi em finais de Maio, princípios de Junho de 2013. Nessa conversa, um dos assuntos que referi foi a minha preocupação com a situação no GES e no BES”, afirmou o presidente do Banco BPI no início da sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.

Fernando Ulrich fez questão de dizer que estava a esclarecer as declarações do ex-ministro das Finanças a CPI, em que Vítor Gaspar afirmou que, entre Junho de 2011 e Julho de 2013, nos contactos que teve com agentes do sector financeiro, não lhe foi transmitida qualquer preocupação com o BES ou o GES. “Eu considero-me agente do sector financeiro”, esclareceu Ulrich.

 “Vítor Gaspar actuou de imediato porque em menos de 24 horas fui contactado por um alto funcionário do Banco de Portugal, que me disse que o ministro levantou este assunto junto do governador e o governador instruiu-me para falar consigo. Fui ao BdP e nessa conversa expliquei mais em detalhe as razões de ser das minhas preocupações em relação ao BES e ao GES”, esclareceu Ulrich.

 “O que aconteceu depois não sei. Mas todas as partes envolvidas fizeram o que tinham a fazer. O ministro actuou porque contactou o BdP e o BdP actuou imediatamente”.

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