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Fundo Apollo quer vender Tranquilidade

Domingo, Maio 13th, 2018

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Ionline

O fundo de investimento concretizou a compra com o Novo Banco em 2015. Mas o seu objetivo foi adquirir a seguradora em dificuldades, promover a sua reestruturação e vendê-la por um montante mais elevado.

A Apollo Global Management quer vender a seguradora Tranquilidade, apurou o SOL. Um negócio que foi concretizado em janeiro de 2015 depois de a gestora norte-americana de ‘private equity’ ter comprado a companhia que pertencia ao Grupo Espírito Santo (GES). Uma venda que não parece surpreender: vários responsáveis do mercado contactados pelo SOL lembram que vai ao encontro da estratégia deste tipo de fundos de investimento. A fórmula é simples: investem em empresas em dificuldades, promovem a sua reestruturação e vendem-nas posteriormente a montantes mais elevados.
Aliás, Portugal tem sido um dos mercados onde estes fundos têm feito mais negócios. Um dos exemplos é a venda da Tranquilidade e, mais tarde, da Açoreana ao fundo Apollo.

Com a compra da Tranquilidade, o Novo Banco encaixou cerca de 40 milhões de euros. Além disso, a Apollo comprometeu-se a injetar cerca de 150 milhões na seguradora, um aumento de capital destinado a compensar o facto de parte das reservas técnicas da companhia estarem representadas por créditos sobre o GES que, com o colapso do grupo, apresentavam um valor nulo.

O processo de negociação com o Novo Banco demorou cerca de quatro meses e só foi possível depois depois de a Centerbridge, investidor em dívida do Espírito Santo Financial Group (ESFG), ter desistido da ação judicial em que contestava o penhor financeiro da Tranquilidade a favor do Novo Banco. Mal o processo caiu, o banco liderado, na altura, por Eduardo Stock da Cunha e a Apollo fecharam o negócio.

Negócios fracassados

Antes de adquirir a Tranquilidade, a Apollo falhou a compra da Fidelidade (para a Fosun) e da Axa Portugal. Ainda assim, em 2016, conseguiu adquirir a Açoreana, seguradora que pertencia ao Banif e que passou para os ativos da Oitante – veículo criado no seguimento da resolução do Banif.

A aquisição da Açoreana exigiu por parte da Apollo um aumento de capital de 22,7 milhões de euros, passando a ser esse valor do capital social da seguradora no momento da compra. Isto porque o comprador utilizou o capital anteriormente existente para absorver os prejuízos acumulados: 135,6 milhões de euros. É a chamada operação harmónio (uma redução de capital seguida de um aumento), que fez com que a seguradora que pertencia ao Banif e aos herdeiros de Horácio Roque passasse para o novo acionista, sem perdas herdadas e com capital. Com esta aquisição surgiu o nome do novo grupo: Seguradoras Unidas SA (resultado da fusão entre Açoreana, Logo, T-Vida e Tranquilidade).
A gestora norte-americana de ‘private equity’ esteve também na corrida para a compra do Novo Banco perdendo para o fundo de investimento norte-americano Lone Star. Depois de um processo em que esteve praticamente parado, o consórcio Apollo/Centerbridge fez, à última hora, novos contactos junto do governador Carlos Costa e de Sérgio Monteiro para voltar a entrar na corrida, mas não conseguiu terminar a due diligence a tempo.

Seguradoras em mudança

A Tranquilidade investiu recentemente seis milhões de euros na mudança da marca – ficando a Tranquilidade no mercado de Portugal Continental e da Madeira e a marca Açoreana nos Açores – e à boleia dessas alterações prevê aumentar o volume de negócios em 5%.

A Tranquilidade é a segunda maior seguradora em seguros não vida, com uma quota de mercado de cerca de 15%. Conta com 1,4 milhões de clientes (entre particulares e empresas) e trabalha com uma rede de distribuição de mais de 2.500 pontos de venda – 80 corretores, 2.100 agentes multimarca e 400 agentes exclusivos. Neste momento tem 1.150 trabalhadores.

No entanto, o grupo continua em marcha com um programa de redimensionamento que tem vindo a implementar que deverá terminar no final do ano. A seguradora garante que o trabalho está a ser feito «de forma planeada», com vista à «adequação dos postos de trabalho às reais necessidades da empresa».

No ano passado, o Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros e Afins (SINAPSA) acusou a Apollo de querer despedir «de forma ilegal» 380 trabalhadores da Seguradoras Unidas após ter integrado a Açoreana na Tranquilidade.

Setor em mãos estrangeiras

A necessidade de os bancos se reestruturarem e capitalizarem ditou um afastamento da atividade seguradora, promovendo-se parcerias com investidores estrangeiros. As duas maiores seguradoras, a Fidelidade, que era detida pela CGD, e a Tranquilidade, que pertencia ao Grupo Espírito Santo, foram vendidas a grupos não europeus. Entre as seguradoras que ainda estão em mãos nacionais restam apenas duas: a Crédito Agrícola Seguros, detida a 100% pelas Caixas Agrícolas, e o Montepio Seguros (detida pela Associação Mutualista Montepio Geral). No entanto, este último terá os dias contados, já que está prevista a venda de 60% do negócio segurador por 160 milhões ao grupo chinês CEFC Energy, esperando o negócio apenas luz verde por parte do regulador

Vender depressa não é vender bem

Terça-feira, Maio 30th, 2017

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Observador Opinião Rui Rio

Vender depressa não é vender bem

 

No caso do Novo Banco só parece haver uma posição ética e moralmente aceitável: anular esta espécie de concurso e abrir um novo, onde a concorrência e a igualdade de oportunidades sejam salvaguardadas

Há dois meses, dei nota pública da minha revolta pela forma como se resolveu o Banif. Uma humilhação que Portugal pagou, curvado, não só perante a arrogância, como principalmente perante uma insuportável hipocrisia de Bruxelas — que, em nome da propalada concorrência, não permitiu que o Banif fosse capitalizado com dinheiro do Estado português, nem integrado na CGD … mas que, em paralelo, obrigou a que este fosse devidamente acolchoado em dinheiro público para, depois, ser entregue a um dos gigantes do mercado bancário europeu.

O que se passou com o Banif é, aliás, um excelente indicador para se perceber os caminhos que a UE tem vindo a trilhar e o quanto eles podem fazer perigar a sua própria sustentabilidade futura.

Sempre julguei que este triste exemplo, tivesse despertado em todos nós a necessidade de passarmos a defender o interesse nacional com outra garra e outra firmeza. Compreendi a dificuldade do atual Governo ter, na altura, conseguido fazer de forma diferente, uma vez que o caso lhe desabou em cima, logo no momento em que tinha acabado de tomar posse. Mas, no que concerne ao Novo Banco, a situação já é bem diferente e o Governo não pode fugir a nenhuma responsabilidade.

As regras para a venda do Novo Banco determinavam que o comprador deveria adquirir 100% do capital, não podendo também solicitar quaisquer garantias ao Estado português. Dentro destas condições, o Banco de Portugal (BdP), através do Fundo de Resolução, acordou com os dois candidatos finais, o grupo Apollo e o Lone Star, que o prazo para a obtenção de dados terminava a 24 de fevereiro de 2017. Estranhamente, a 17 de fevereiro, o BdP, com a concordância do Governo, interrompeu este processo e passou a negociar apenas com o Lone Star.

Esta decisão de dificílima compreensão, fragilizou de forma evidente o interesse público, sendo certo, que o que se lhe seguiu ainda se revelou bem pior.

Primeiro, porque em vez de negociar em paralelo com os dois candidatos, maximizando o valor de venda, o BdP passou a dialogar apenas com um candidato, o que o colocou numa posição de inferioridade.

Em segundo, porque o vendedor aceitou, subitamente, oferecer 3,9 mil milhões de euros em garantias ao Lone Star sobre possíveis imparidades adicionais existentes no Novo Banco (ou seja, no BES bom, lembram-se?…), quando o discurso do próprio Governo foi sempre bem claro dizendo que tal não seria concedido e o candidato Apollo também não o havia solicitado.

Em terceiro, porque, ao arrepio do que tinha sido inscrito nas regras de alienação, o Estado por via do Fundo de Resolução vai ficar com 25% do capital, aceitando a humilhação de esses 25% não terem direito a voto, nem sequer direito a representantes na administração.

Em quarto, porque não se estabeleceu o “princípio de preferência múltipla”, que daria aos 25% detidos pelo Estado, o direito de preferência quando o Lone Star vender os seus 75%, se considerar que o futuro accionista não é desejável para o sistema bancário português, ou porque o preço de venda é demasiadamente baixo.

Em quinto, porque não se procura dar a possibilidade de essa participação no capital poder vir a ser adquirida por investidores portugueses, quando o Apollo já tinha anunciado que iria trazer consigo um parceiro nacional.

Em sexto, porque ao alterar completamente as regras de jogo não permitiu que outros potenciais concorrentes o pudessem ser, já que agora teriam direito a receber este novo bónus de 3,9 mil milhões de euros.

Perante tudo isto, só parece haver uma posição ética e moralmente aceitável: anular esta espécie de concurso com regras em constante mutação e abrir um novo, em que a concorrência e a igualdade de oportunidades sejam devidamente salvaguardadas; ou, no mínimo, dar um prazo para que outros potenciais interessados se possam candidatar nas condições presentemente oferecidas.

É mais do que justo e eticamente imperioso, que, por exemplo, os bancos que operam em Portugal, designadamente os que ainda têm algum capital português, possam também apresentar uma proposta. Até porque, são eles que, ao contribuírem obrigatoriamente para o Fundo de Resolução, vão ter de, a longo prazo, pagar esta nova garantia de quase 4 mil milhões de euros que o governo e o BdP estão agora a oferecer ao candidato único que pretendem escolher.

É por demais evidente que seguir este caminho só poderia ter um efeito positivo nas nossas finanças públicas e no nosso sistema bancário. E, se assim é, se qualquer pessoa de bom senso o entende, porque razão o Governo e o Banco de Portugal não o fazem? Que razões haverá para que não se proceda da forma mais equilibrada e mais transparente? Qual a lógica para não se querer dar oportunidade a uma proposta melhor?

Em face da dimensão do que estamos a falar, da brutalidade com que o sistema bancário tem penalizado os portugueses e, fundamentalmente, em nome da transparência democrática, o Governo só pode tomar uma de duas atitudes: ou dá oportunidade a outros potenciais concorrentes, ou explica transparentemente porque não o faz.

Porque, acima de tudo, uma palavra se impõe que seja dita perante tudo o que os portugueses têm sido obrigados a suportar no sistema financeiro: BASTA!

Economista, partner da Boyden

Apollo mostra disponibilidade para voltar à venda do Novo Banco

Quinta-feira, Março 30th, 2017

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Negócios

Não eram as condições que estavam a concurso por isso a Apollo diz-se surpreendida com o acordo de venda do Novo Banco com a Lone Star. E, por isso, diz estar disponível para voltar ao processo.

O acordo para a venda do Novo Banco deverá ser fechado esta semana com a Lone Star. Mas o outro concorrente, o fundo norte-americano Apollo, diz-se surpreendido por este desfecho. É que, segundo fonte da Apollo, em declarações ao Negócios, a surpresa prende-se com “as condições de venda, porque não eram estas que estavam a concurso”.

A Lone Star ficará com 75% do Novo Banco, segundo tem sido noticiado, ficando o Fundo de Resolução com 25%.

A mesma fonte da Apollo diz ainda que o fundo norte-americano “está disponível para voltar ao processo, completar um novo acordo e entrar no processo de negócio como ele estava previsto”.

A Apollo, liderada por Leon Black (na foto), foi preterida nas negociações exclusivas pelo Banco de Portugal que optou por encetar essas conversações com a Lone Star.

Venda do Novo Banco gera 100 questões só em 2017

Segunda-feira, Março 6th, 2017

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Negócios

Nos últimos 11 meses, o Novo Banco dedicou 266 horas de trabalho à sua própria venda. São mais de 5 horas semanais. Só este ano, a instituição já respondeu a quase 100 dúvidas da Lone Star e da Apollo/Centerbridge.

 

Melhor cenário na venda é vender por zero

Quinta-feira, Janeiro 26th, 2017

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Sábado

Seguem as negociações para levar os fundos norte-americanos a desistirem das garantias públicas. Finanças preparam trabalho para minimizar impacto para o Estado. Nacionalização é hipótese remota

Vender o Novo Banco por zero euros é o cenário mais favorável em cima da mesa caso o Governo decida avançar com a venda. Nesta fase o Banco de Portugal – responsável por eleger uma proposta final e submete-la à consideração da Governo – está a tentar levar os fundos norte-americanos Lone Star e Apollo/Centerbridge a abandonarem as exigências de garantias públicas sobre parte dos activos do Novo Banco. Caso tenha sucesso – um desfecho neste momento muito incerto – a queda das garantias significa, entre outras contrapartidas, vender o Novo Banco por zero, apurou a SÁBADO.

Até agora o Lone Star já reduziu muito o perímetro de activos do Novo Banco (carteiras de crédito, fundos de reestruturação, etc.) sujeitos a garantia, de oito mil milhões para dois mil milhões de euros. Também o consórcio Apollo/Centerbridge prepara uma oferta com um perímetro muito mais pequeno de garantias. Não é claro, contudo, que o Banco de Portugal consiga eliminar totalmente as garantias, que são um aspecto central das propostas para os compradores.

O Governo traçou uma linha vermelha na venda: não pode ter custos para o erário público. Mas a SÁBADO sabe que o Ministério das Finanças está preparado para estudar do ponto de vista técnico formas de minimizar o envolvimento do Estado após a venda, num sinal de que poderá ponderar uma venda com garantias muito limitadas.

Num processo com muito por decidir é possível traçar o caminho a seguir pelas autoridades: tentar eliminar as garantias e vender a zero (o que seria uma solução politicamente aceitável); tentar minimizar o impacto das garantias; ou procurar adiar a venda, buscando tempo para a solução sistémica para o malparado da banca (que serviria para limpar o Novo Banco). Esta última enfrentará resistência por parte de Bruxelas, já que o Novo Banco precisa de ser recapitalizado este ano. Resistência maior só mesmo face à hipótese de nacionalizar – caminho que mais remoto nos planos do Governo.

Apollo entregou proposta melhorada a 4 de Janeiro

Terça-feira, Janeiro 10th, 2017

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Negócios

O Banco de Portugal já iniciou a nova ronda de negociações com a Lone Star e o consórcio Apollo/Centerbridge. No primeiro caso, a prioridade é deixar cair a garantia pública exigida pelo candidato. No segundo, o objectivo é tornar a oferta melhorada vinculativa.

A nova ronda de negociações entre o Banco de Portugal e os dois candidatos que ainda estão na corrida à compra do Novo Banco já começou. Nas conversações com a Lone Star, a prioridade do supervisor é fazer com que o investidor norte-americano deixe cair a garantia pública exigida.

Nas negociações com o consórcio Apollo/Centerbridge, que entregou uma proposta melhorada a 4 de Janeiro, o principal objectivo é tornar vinculativas todas as componentes da oferta.

São estas as linhas de negociação definidas pela equipa do Banco de Portugal, liderada por Sérgio Monteiro, para as próximas semanas, sabe o Negócios. Dentro do supervisor há a convicção de que os dois tabuleiros em que, neste momento, se joga o processo de venda do Novo Banco, vai permitir encontrar uma solução privada para a instituição.

Na oferta da Lone Star, neste momento, o único obstáculo é o facto de prever uma garantia do Estado para activos não rentáveis, uma exigência que o Governo já disse que não aceita para não por em causa as contas públicas. Pelas condições financeiras em cima da mesa, a proposta podia já ter dado lugar a um contrato de venda.

Aliás, ao que o Negócios apurou, este investidor já tem uma proposta de contrato de compra e venda. Ou seja, logo que a Lone Star prescinda da garantia de Estado há condições para fechar um negócio com o candidato mais bem posicionado.

Já no caso da aliança Apollo/Centerbidge não é neste momento claro se a última versão da sua proposta inclui ou não as garantias públicas previstas na primeira oferta firme. Certo é que ainda não há uma proposta de contrato de compra e venda acordada.

As próximas semanas vão ser de negociações intensas. Até porque o Governo já avisou que quer uma solução célere para o Novo Banco.

 

Novo Banco. A decisão do Banco de Portugal, ponto por ponto

Sexta-feira, Janeiro 6th, 2017

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Eco

O Banco de Portugal colocou o Lone Star na frente da corrida pelo Novo Banco. Mas o processo de venda do banco que resultou do BES está longe de estar fechado.

O Banco de Portugal anunciou, ao final da noite de quarta-feira, que o fundo Lone Star “é a entidade mais bem colocada” para comprar o Novo Banco. O comunicado só tem três parágrafos, mas o regulador da banca diz muito sobre aquilo que tem sido o processo de venda do banco que resultou do Banco Espírito Santo (BES). Perceba o que está em causa.

O Banco de Portugal, no cumprimento do seu mandato relativamente ao processo de venda do Novo Banco, concluiu com base nos elementos disponíveis nesta data que o potencial investidor Lone Star é a entidade mais bem colocada para finalizar com sucesso o processo negocial tendente à aquisição das ações do Novo Banco e decidiu convidá-lo para um aprofundamento das negociações.

Banco de Portugal
  • Os elementos disponíveis

Seria mais certo falar nos elementos ainda não disponíveis. O Banco de Portugal viu-se pressionado a tomar a decisão até dia 4 de janeiro, quarta-feira, por ser esse o prazo dado pelo Lone Star para cancelar a oferta, caso não houvesse uma decisão. Contudo, se tivesse tido mais tempo, o Banco de Portugal poderia ter recebido outros “elementos”.

Desde logo, a prova dos fundos necessários para o China Minsheng Financial concretizar a oferta que fez pelo Novo Banco. A determinada altura, o grupo chinês era o principal candidato à compra do Novo Banco, com uma oferta que pressupunha um investimento de 750 milhões de euros, através de um aumento de capital, para ficar a controlar 55% do banco português. Além disso, previa, a prazo, a possibilidade de comprar uma parte da participação do Fundo de Resolução, com um teto de investimento de 150 milhões. E não exigia garantia pública. Contudo, não conseguiu apresentar a tempo a prova dos fundos e teria apenas 150 milhões de euros em caixa, o que deitou por terra a oferta.

Sobrava o consórcio Apollo/Centerbridge, que, à última hora, depois de um processo em que esteve praticamente parado, fez novos contactos junto do governador Carlos Costa e de Sérgio Monteiro para voltar a entrar na corrida. Mais uma vez, o prazo de 4 de janeiro complicou a vida do Banco de Portugal. O consórcio não conseguiu terminar a due diligence até esta data e pediu mais uma semana para o fazer. Só que o risco era demasiado: se o Banco de Portugal concedesse esta semana, arriscava perder o Lone Star e ficar sem nenhum candidato. Isto porque, da due diligence, poderia resultar o apuramento de problemas financeiros na proposta da Apollo — que, ainda que não seja conhecida, deverá também incluir uma garantia de Estado, embora de menor dimensão.

  • Lone Star é o mais bem colocado

O fundo texano está disponível para pagar ao Fundo de Resolução e para fazer um aumento de capital. As duas operações, autónomas, ascendem a 750 milhões de euros cada, segundo a informação divulgada pelo Jornal de Negócios e ainda não confirmada oficialmente. Em termos financeiros, a proposta supera as outras duas, daí o Lone Star ser “o mais bem colocado”, mas há um grande senão: o Lone Star exige uma garantia públicasobre os ativos que estão dentro do “side bank” do Novo Banco, justificando que, desta forma, as necessidades de capital do Novo Banco serão menos pesadas.

  • O aprofundamento as negociações

A instituição liderada por Carlos Costa vai agora tentar melhorar alguns aspetos da proposta apresentada pelo Lone Star, sobretudo a parte da garantia pública. Mas já lá vamos.

A estabilidade do sistema financeiro e o reforço da confiança no futuro do Novo Banco são objetivos do processo de venda que o Banco de Portugal está a conduzir. No momento atual da negociação, a proposta do potencial investidor Lone Star é a que mais assegura estes objetivos mas apresenta condicionantes, nomeadamente um potencial impacto nas contas públicas, que se procurarão minimizar ou remover no aprofundamento das negociações que agora se inicia.

Banco de Portugal
  • A estabilidade dos sistema financeiro

O dossier Novo Banco é, desde 2014, um dos principais entraves à consolidação do sistema bancário nacional. Não é de estranhar: o Novo Banco registava, no final do primeiro semestre de 2016, um nível de crédito malparado na ordem dos 36%, o maior nível entre os bancos portugueses. O próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que a venda do Novo Banco vai contribuir para o reforço da estabilidade financeira. “Finalizar o processo de venda do Novo Banco e os aumentos de capital a decorrerem nos bancos público e privados reforçariam a estabilidade financeira e melhorariam o ambiente operacional para todos os bancos”, referiu a instituição, na declaração feita após a quinta missão de monitorização pós-programa da troika.

  • As condicionantes da proposta do Lone Star

Na proposta do Lone Star vem incluído aquilo a que se chama de Asset Protection Scheme (APS), neste caso sobre os ativos que estão dentro do “side bank” do Novo Banco, a parte do banco que não integra a operação de retalho. Na prática, é uma garantia prestada pelo Estado que permite a um privado transferir o risco para os contribuintes, sob determinadas circunstâncias. E isso, claro, traz consigo o “potencial impacto nas contas públicas” mencionado pelo Banco de Portugal. Será essa garantia pública que o regulador vai procurar “minimizar ou remover no aprofundamento das negociações”. Até porque o Governo já deixou claro que não haverá garantias de Estado na venda do Novo Banco. “Uma garantia de Estado para suportar um negócio privado e que ponha em risco dinheiro dos contribuintes é obviamente algo que nós não estamos a perspetivar neste negócio”, disse Mário Centeno, em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF.

Esta nova fase de negociações com o potencial investidor Lone Star não exclui a melhoria das propostas dos restantes potenciais investidores que entregaram propostas no âmbito dos dois procedimentos de venda – Procedimento de Venda Estratégica e Procedimento de Venda em Mercado – e que já mostraram disponibilidade para o fazer.

Banco de Portugal
  • Não está excluída a melhoria das propostas dos outros interessados

Basicamente, nada está fechado. O Banco de Portugal acaba por determinar que a oferta do Lone Star é, para já, a melhor, cumprindo com o prazo dado pelo fundo texano para que este não retirasse a oferta. Mas, ao mesmo tempo, dá espaço aos outros dois concorrentes para melhorarem as ofertas, mantendo todos na corrida e pressionando o Lone Star para também melhorar a sua oferta. E poderá mesmo haver melhorias, sobretudo da parte do consórcio Apollo/Centerbridge, que, segundo várias fontes ouvidas pelo ECO, até admite deixar cair a exigência de uma garantia pública. Já o China Minsheng, que nunca exigiu qualquer garantia do Estado, ganha tempo para conseguir fazer a prova dos fundos.

Venda do Novo Banco joga-se em dois tabuleiros

Sexta-feira, Janeiro 6th, 2017

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Negócios

O Banco de Portugal mantém negociações paralelas com a Lone Star, que tem a proposta preferida, e o consórcio Apollo/Centerbridge. O candidato “mais bem colocado” posiciona-se como vencedor. Mas a sua oferta tem riscos para o défice, que o Governo não aceita.

Negociações aceleram na reta final da venda do Novo Banco

Quarta-feira, Janeiro 4th, 2017

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Diário de Notícias

Supervisor deve decidir esta quarta-feira que proposta vai recomendar na corrida ao Novo Banco. Lone Star salta fora se não houver já uma decisão, mas o fundo Apollo pediu mais tempo.

O Banco de Portugal (BdP) deverá comunicar ao governo de António Costa já na quinta-feira qual das propostas pelo Novo Banco considerou ser a mais vantajosa depois de vários meses de negociação.

Os administradores do banco central irão reunir-se esta quarta-feira de forma extraordinária precisamente para discutir os méritos de cada proposta e qual deve ser a decisão final a tomar pelo supervisor, mas, e até à hora de comunicar à tutela a preferência, as negociações ainda decorrem. Apesar desta abertura negocial, e a confirmar-se que a decisão é tomada ao longo do dia de hoje, as preferências recaem sobre a oferta do fundo norte-americano Lone Star, já que é o candidato com a proposta mais estabilizada e, logo, em melhor posição.

A outra oferta que chegou à reta final em condições de disputar o Novo Banco foi a apresentada pela Apollo e Centerbridge, já que os chineses da Minsheng, que chegaram a ser apontados como os grandes favoritos, ainda não conseguiram reunir as garantias bancárias exigidas – não terão conseguido superar as restrições à saída de capital da China. Mas este consórcio liderado pela Apollo já terá admitido ao Banco de Portugal e a Sérgio Monteiro, responsável pela venda, que precisava de mais uma semana para fechar os últimos detalhes da sua oferta – segundo escreveu o jornal online Eco, a Apollo terá pedido ao BdP mais tempo para terminar a due diligence ao Novo Banco, precisando de mais uma semana para o fazer.

O pedido de novo adiamento, porém, dificilmente será aceite. Por um lado, o BdP já queria ter tomado uma decisão final na última semana de 2016 pelo que será difícil convencê-lo de um novo adiamento numa venda já marcada por sucessivos adiamentos. Por outro lado, e provavelmente como fator mais determinante, adiar a data para uma decisão implicará perder o candidato com a proposta mais estabilizada: o Lone Star só mantém a proposta até hoje, 60 dias após a entrega das propostas.

Garantias e empréstimos

Em relação à substância das ofertas que chegaram ao Banco de Portugal pouco se sabe oficiosamente e nada se sabe oficialmente.

De acordo com o que tem sido noticiado, o Lone Star oferecerá 750 milhões pelo antigo BES, propondo-se a avançar com um aumento de capital na instituição de até outros 750 milhões de euros. Mas além destes valores, o Lone Star exigirá em sentido contrário uma garantia ao Fundo de Resolução, contragarantida pelo Estado, sobre os ativos não-core do Novo Banco – ativos que no final de 2015 atingiam os 10,8 mil milhões de euros e que incluem vários créditos em risco ou já reestruturados.

Caso o governo acabe por aceitar esta proposta e a contragarantia exigida, acabará por estar a fazer pender mais riscos sobre os contribuintes além daqueles que já estão intrínsecos a todas as ofertas apresentadas pelo Novo Banco: a criação do banco após o colapso do BES exigiu 4,9 mil milhões de euros ao sistema financeiro, dos quais 3,9 mil milhões emprestados pelos contribuintes. Sendo já certo que o eventual encaixe conseguido com a venda ficará bastante aquém do valor emprestado pelos contribuintes, o grosso deste empréstimo terá de ser pago quase na íntegra pela banca. Mas este é um reembolso que vai demorar muito: o governo alterou recentemente as condições do empréstimo ao Fundo de Resolução, prolongando-o quase sine die, de forma a garantir que as prestações pagas por cada banco se mantêm sempre ao mesmo nível – evitando que o custo de salvação e entrega do Novo Banco a privados crie mais instabilidade a um setor ainda muito fragilizado.

Independentemente da escolha, certo é que o Novo Banco deverá estar vendido até agosto de 2017, estipulou a Comissão Europeia, caso contrário será provavelmente liquidado e vendido aos bocados, o que deixará muitos ativos sem qualquer interessado.

Apollo e Centerbridge em Lisboa para reforçar oferta pelo Novo Banco

Quarta-feira, Janeiro 4th, 2017

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Observador

O consórcio norte-americano está em Lisboa para igualar ou superar a oferta que o concorrente Lone Star fez pelo Novo Banco, avança a edição desta quarta-feira do Jornal de Negócios.

Os responsáveis do consórcio que envolve a Apollo e a Centerbridge estão em Lisboa para reforçar a oferta que visa a aquisição do Novo Banco, avança a edição desta quarta-feira do Jornal de Negócios. O objetivo é o de derrotar a rival Lone Star, que quer pagar 750 milhões de euros pelo banco, e que, segundo o que Marques Mendes afirmou no comentário que faz ao domingo na SIC, deverá ser a vencedora da corrida pela compra do banco.

Fora da corrida ficou a proposta chinesa do Minsheng que, segundo Marques Mendes, não apresentou as garantias necessárias para o negócio ficar concluído, o que acabou por dar um empurrão ao consórcio norte-americano. Além dos 750 milhões que constam na oferta da Lone Star, o fundo norte-americano pretende investir quantia semelhante para reforçar a solidez da instituição, criar um veículo para parquear ativos que sejam considerados de difícil cobrança, gerir o risco e uma eventual recuperação do capital com o Estado – que exige aval do Governo e da Comissão Europeia -, diz o Negócios.

De acordo com o que o mesmo jornal noticiou na terça-feira, a portuguesa Holding Violas Ferreira pretende associar-se à Apollo e à Centerbridge para assegurar, no futuro, a transição entre o consórcio e os novos acionistas, mas tal terá, ainda, de ser autorizado pelo Banco de Portugal. A instituição liderada por Carlos Costa deverá pronunciar-se esta quarta-feira sobre o processo que envolve a venda do Novo Banco.