Arquivo para a categoria ‘Fundo Fosun’

Os novos “donos disto tudo” estão a prazo

Segunda-feira, Abril 10th, 2017

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Negócios opinião Bruno Faria Lopes

O Novo Banco é o maior símbolo da mudança na estrutura de poderes da economia portuguesa – o banco nasceu, afinal, das cinzas daquele que era o maior centro de poder económico privado em Portugal, o império Espírito Santo.

O Novo Banco é o maior símbolo da mudança na estrutura de poderes da economia portuguesa – o banco nasceu, afinal, das cinzas daquele que era o maior centro de poder económico privado em Portugal, o império Espírito Santo. A sua provável venda a um fundo abutre norte-americano é, também, um símbolo de uma nova mudança no futuro: a maioria dos novos “donos dito tudo” – na banca, nos seguros ou nas telecomunicações – pode estar a prazo em Portugal.

No caso do Lone Star – vamos assumir que o negócio vai ser feito – a venda futura do Novo Banco é mesmo uma certeza. É assim que um fundo desta natureza funciona. O acordo de venda prevê um mínimo de três anos à frente do banco e no Lone Star fala-se para fora, em termos muito genéricos, em cerca de seis anos – o tempo que estimam precisar para maximizarem o retorno do investimento.

No restante sector financeiro não há vendas tão certas como esta, mas não corremos um risco demasiado alto se dissermos que são prováveis. A Apollo – que dos despojos da era Espírito Santo ficou com a seguradora Tranquilidade e ao Banif foi buscar a Açoreana -, não é muito diferente do rival Lone Star. No BCP, o novo accionista de referência é um conglomerado chinês que tem crescido meteoricamente, mas que não tem conseguido tirar lucros operacionais dos negócios que acumula – a Fosun, com a sua enorme dívida e dependência da opaca política de Pequim, é candidata a encontrar turbulência mais à frente. Nesse contexto, a sua permanência no BCP e na Fidelidade – seguradora que comprou à Caixa e que logo a seguir pôs a financiar o conglomerado – não estará garantida.

Nas telecomunicações, a dona da PT levanta sobrancelhas no mercado à conta do seu endividamento: para financiar a ambiciosa e rápida expansão global, a Altice fez disparar a sua dívida de 1,7 mil milhões de euros em 2012 para cerca de 48 mil milhões no final do ano passado. Em 2015, o agora candidato presidencial Emmanuel Macron, então ministro francês da Economia, afirmou que o fundador da empresa estava a dar um passo maior do que a perna. Um aperto futuro nas condições de financiamento da dívida fará a Altice passar um mau bocado e será, como no caso da Fosun, um teste ao grau de compromisso que tem com os seus investimentos.

Estes compradores estrangeiros foram quem apareceu num cenário crise, quando o Estado sob resgate se viu forçado a vender os anéis que ainda tinha e o Grupo Espírito Santo sucumbiu. Foi assim que EDP, REN, ANA, PT, Novo Banco ou BCP, para dar exemplos mais sonantes, passaram para controlo estrangeiro (uma lista a que se juntam muitas outras empresas). A entrada destes investidores foi importante para encaixar receita pública e para assegurar a vida dos negócios em que entraram (e da maioria dos empregos).

Mas em vários casos – porque são conglomerados ou grupos sobreendividados, porque a sua viabilidade depende da política opaca do seu país de origem, porque são investidores estritamente financeiros – estes compradores não ideais parecem configurar uma fase transitória. Por outras palavras: as mudanças nestes sectores estratégicos para a economia portuguesa estão longe de ter chegado ao fim. Resta saber quem, em Portugal ou lá fora, estará em posição de agarrar o ceptro quando os “novos donos disto tudo” quiserem entregá-lo.

 

“Novo Banco vai ser comprado por um investidor chinês”

Terça-feira, Maio 10th, 2016

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Observador

O presidente do ShanShan Group, Zheng Yonggang, afirmou esta terça-feira estar confiante que o Novo Banco vai ser adquirido por um investidor chinês.

O presidente do ShanShan Group, Zheng Yonggang, que está em Lisboa em representação da Associação de Novos Empreendedores de Xangai, afirmou esta terça-feira estar confiante que o Novo Banco vai ser adquirido por um investidor chinês.

“O Novo Banco vai ser comprado por um investidor chinês”, lançou o responsável durante um encontro com jornalistas num hotel da capital portuguesa, apontando para o “apoio” do Governo e do povo português à operação que é sentido na China.

Zheng Yonggang lidera uma associação de empresários chineses que conta, entre muitos outros, com Guo Guangchang, presidente da Fosun, grupo que já participou no primeiro concurso de venda do Novo Banco que foi interrompido pelo Banco de Portugal em setembro do ano passado.

“Guo Guangchang é um dos membros da nossa associação e já está envolvido neste negócio. Sei que ainda não saíram deste projeto”, realçou o responsável, destacando que o ShanShan Group “também tem uma empresa grande de seguros que também tem interesse” na compra do Novo Banco.

Porém, Yonggang vincou que “dentro da associação não vai haver competição de uns contra os outros” neste negócio.

“Mas podemos reunir esforços para o mesmo projeto”, assinalou.

Questionado pelos jornalistas se vai aproveitar o almoço com o primeiro-ministro, António Costa, na quarta-feira, para abordar esta operação, o empresário disse que sim.

“A nossa atitude vai no sentido de mostrar o interesse” no Novo Banco, admitiu.

Mendes Mendes dispara para todos os lados no Banif: “Há muitíssimo por explicar”

Domingo, Dezembro 27th, 2015

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Observador

Há cinco dúvidas por explicar, segundo Marques Mendes, que têm que ser dissipadas por este Governo e pelo anterior. Críticas duras ao PSD, “aprendizes de política”, e a Maria Luís Albuquerque.

“Há muitíssimo por explicar no Banif”. Foi assim que Luís Marques Mendes começou por se referir ao caso Banif no seu comentário na SIC, esta noite de sábado. São cinco dúvidas ao todo que merecem explicações, insistiu. Três devem ser explicadas pelo anterior Governo do PSD/CDS e duas são da responsabilidade de António Costa.

Dúvida 1

“Como se entende que em 2013 o Governo [PSD/CDS] tenha metido 1,1 milhões de euros no Banif sem que tivesse um administrador executivo na administração? É o único caso em que o dono da empresa não manda!”.

Dúvida 2

“Houve oito processos de reestruturação do banco entregues em Bruxelas e nenhum foi aprovado. Ninguém vem dar uma explicação?

Dúvida 3

“O Governo [PSD/CDS] fez um concurso em cima da hora, em estado de necessidade, para vender o banco. Por que razão não o fez em fevereiro ou março, a tempo e horas? Dá a sensação que quis adiar isto para depois das eleições”.

Dúvida 4

“Este Governo excluiu do concurso de venda quatro fundos por não terem licença bancária. Se foram admitidos a concorrer, como é que são excluídos depois disso? Um deles foi o Apollo que concorreu à compra do Novo Banco. Isto é tudo pouco ortodoxo”.

Dúvida 5

“Na resolução do BES os encargos foram suportados pelos bancos e não pelos contribuintes. Agora, já não é o sistema financeiro que suporta os riscos mas os contribuintes. Duas resoluções, dois bancos, dois critérios opostos. Esta questão tem que ser esclarecida”.

Marques Mendes foi especialmente duro para o PSD. Classificou a entrevista da ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, à TVI sobre o caso Banif “um desastre” e disse que o PSD, ao lado de António Costa, parecem “aprendizes de política”.

“Surpreende-me a passividade do PSD. Parece estar com medo”, disse ainda, considerando que devia ser feita uma auditoria externa independente ao Banif, como sugeriu Horta Osório.

Guo Guangchang diz que futuro da Fosun será mais centrado na China

Segunda-feira, Dezembro 14th, 2015

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Negócios

Guo Guangchang, que tinha sido detido para investigações judiciais, apareceu em público esta segunda-feira para participar na reunião anual da empresa. Ainda assim as acções estão em forte queda.

O presidente da Fosun, detentora de várias empresas em Portugal e que esteve nos últimos dias incontactável, disse esta segunda-feira, em Xangai, que o futuro do grupo chinês vai passar por uma maior aposta na China.

“Apesar dos investimentos em todo o mundo, o crescimento do Fosun está enraizado na China”, afirmou Guo Guangchang, que participou na reunião anual da empresa, citado pelo jornal oficial China Daily.

“A estrutura futura do grupo deve ser capaz de demonstrar as vantagens em estar enraizada na China”, frisou.

O milionário, que esteve nos últimos dias “a cooperar com as autoridades chinesas numa investigação judicial”, segundo um comunicado da empresa, disse ainda que o grupo Fosun se quer converter numa estrutura mundial mais organizada.

De acordo com a Bloomberg, que cita fonte conhecedora do processo, Guo Guangchang regressou esta segunda-feira ao trabalho (na foto ao lado, publicada na rede social Weibo, Guo surge na reunião anual da empresa que decorreu hoje).

 

O grupo chinês, dono da Fidelidade e da Luz Saúde, confirmou esta sexta-feira que o seu presidente e co-fundador foi detido para “investigações judiciais”. “A empresa tem informação que o sr. Guo está a colaborar com certas investigações judiciais levadas a cabo pelas autoridades” da República Popular da China, revela a Fosun, adiantando que o presidente “pode continuar a participar nas decisões mais importantes da companhia através dos meios apropriados”.

A empresa esclareceu este domingo que Guo está a colaborar em nome pessoal. “Até agora, a investigação foca-se em Guo Guangchang”, afirmou Wang Qunbin, não dando qualquer detalhe sobre a investigação. “Percebam que é um tema sensível e que o nosso conhecimento sobre a investigação é limitado”, adiantou.

De acordo com os dados compilados pela agência Bloomberg até Julho, o consórcio privado chinês, dono do Club Mediterranee, anunciou 10 aquisições num total de 6,4 mil milhões de dólares (5,6 mil milhões de euros), grande parte fora da China.

Em Portugal, além da Fidelidade e da Espírito Santo Saúde, reconvertida em Luz Saúde, o Fosun detém uma participação de 5,3% na REN (Redes Energéticas Nacionais) e foi um dos candidatos à compra do Novo Banco, até as negociações terem sido suspensas pelo Banco de Portugal.

Guo foi, alegadamente, detido na quinta-feira à chegada a Xangai num voo proveniente de Hong Kong, segundo escreveu a agência oficial chinesa Xinhua, que não confirmou se o empresário está a ser investigado ou a prestar assistência numa investigação.

Acções afundam

As acções da empresa, que estiveram suspensas na sexta-feira na sequência do desaparecimento de Guo, seguem na bolsa de Hong Kong a recuar 9,15% para 12,12 dólares de Hong Kong. Atingiram uma desvalorização máxima de 13,49% para 11,54 dólares de Hong Kong, o que representa a maior queda em cinco meses.

As obrigações da Fosun estão em forte alta, com os títulos que têm maturidade em 2020 a subirem 6,3% para 98,7, recuperando parte da queda recorde registada na véspera.

“As preocupações dos investidores não vão ser totalmente dissipadas” até a empresa prestar mais esclarecimentos, afirmou um analista à Bloomberg, que ainda assim classificou de “bom sinal” o facto de Guo ter sido visto em público.

Com uma fortuna pessoal de 6,61 mil milhões de euros, Guo Guangchang é o 11.º homem mais rico da China, segundo dados publicados pela revista norte-americana Forbes.

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Fosun admite investir na área da banca privada em Portugal

Terça-feira, Outubro 13th, 2015

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RTP

A chinesa Fosun, dona da Fidelidade, quer continuar a crescer no mercado português e está a estudar oportunidades na área da banca privada, revelou hoje em Lisboa o responsável pela comunicação do grupo chinês, Chen Bo.

“Ainda estamos à procura de boas oportunidades no `private banking` [banca privada]. As oportunidades estão em todo o lado, há muitas, mas têm que ir ao encontro da nossa estratégia”, afirmou o diretor-geral de comunicação da Fosun, num encontro com jornalistas na capital portuguesa.

uestionado pela Lusa sobre se a Fosun tentou comprar o BES Investimento (BESI), que foi recentemente adquirido pela chinesa Haitong ao Novo Banco por 379 milhões de euros, Chen Bo não abriu o jogo.

“Quando as oportunidades são boas, muita gente gosta e a concorrência também está atenta”, atirou, sem aprofundar mais a matéria.

Certo é que a Fosun foi uma das três entidades (a par da chinesa Anbang e da norte-americana Apollo) que esteve na corrida à compra do Novo Banco até ao Banco de Portugal ter decidido interromper o processo de venda do banco de transição resultante da intervenção no antigo Banco Espírito Santo (BES), em meados de setembro.

Confrontado sobre a abertura da Fosun em vir a participar no novo procedimento de venda do Novo Banco já anunciado pelo Banco de Portugal, Chen Bo jogou à defesa.

“Não comentamos nenhuma operação específica”, afirmou, acrescentando que “a Fosun respeita inteiramente a decisão do regulador português e reitera o seu compromisso de longo prazo com Portugal”.

Depois de ter adquirido com sucesso a Fidelidade – a maior seguradora portuguesa que era detida pelo banco público, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) – e a Luz Saúde (antiga Espírito Santo Saúde), o mercado português continua a constar no radar de investimento da Fosun.

“Estamos apostados na construção de duas plataformas fortes a nível internacional: uma na área financeira, na banca privada e nos seguros, e a outra na área da saúde, do bem-estar e do entretenimento”, salientou Chen Bo, apontando para as aquisições recentes de uma participação de 25% no Cirque du Soleil e do Club Med, que fizeram correr muita tinta na imprensa mundial.

O objetivo é acompanhar as necessidades da classe média chinesa que, segundo Chen Bo, “ainda tem bastante potencial de crescimento”.

E a crise nas bolsas chinesas não vai desviar a Fosun desta estratégia, assegurou.

“Nesta fase, a prioridade é a integração das empresas que já constam do nosso portefólio, potenciando as sinergias entre elas”, vincou o porta-voz do grupo chinês, assegurando que “isso não significa que se vai interromper o investimento”.

Chen Bo falava com os jornalistas à margem da sessão de apresentação do Programa Protechting, lançado pela Fidelidade e pela Fosun, que visa fomentar a criatividade e o empreendedorismo em Portugal.

A captação e aceleração de `start ups` (jovens empresas) é o objetivo deste projeto, que conta com o apoio da Beta-i.

 

 

Novo Banco: Faria de Oliveira classifica adiamento da venda como “correcto”

Quinta-feira, Setembro 24th, 2015

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Económico

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), considerou o adiamento da venda do Novo Banco por parte do Banco de Portugal como “correto”, dado as propostas não serem “satisfatórias”.

“A Autoridade de Resolução e o Fundo de Resolução é que têm o conhecimento exato das propostas apresentadas”, pelo que ao considerarem que estas “não eram satisfatórias”, a decisão do Banco de Portugal “em adiar o processo parece-me correta”, embora existam ainda “algumas incertezas”, afirmou Fernando Faria de Oliveira, em declarações à Lusa à margem da conferência ‘Corporate Governance: nomeação para os órgãos de gestão’, a decorrer em Lisboa.

Questionado se a suspensão da venda do Novo Banco poderia ter um forte impacto nos rácios de solvabilidade dos bancos portugueses, o presidente da APB frisou que, em matéria de solvabilidade, “existe essa preocupação desde o início”.

Faria de Oliveira relembrou que todos sabem “que o processo de resolução tem implicações, na medida em que o Fundo de Resolução, sendo público é financiado com contribuições dos bancos com impactos que podem ser de maior ou menor dimensão”.

Assim, do ponto de vista da associação, “importava que o processo decorresse de tal maneira que se minimizassem os custos para os bancos”, pelo que Faria de Oliveira continuará a considerar “extremamente importante” o impacto, da mesma maneira que será importante “preservar a instituição [Novo Banco] que é de relevância no sistema bancário português”.

No dia 15 de setembro, o Banco de Portugal interrompeu o procedimento de venda do Novo Banco e anunciou que vai começar a preparar uma nova operação de alienação do banco.

O Banco de Portugal recusou as três propostas vinculativas: a dos chineses da Anbang, a dos chineses da Fosun e a dos norte-americanos da Apollo.

“É intenção do Banco de Portugal retomar o processo de venda depois de serem removidos os principais fatores de incerteza relativos ao Novo Banco”, disse a instituição em comunicado, um procedimento que, segundo fontes próximas do processo, deverá ser lançado no final de 2015 ou início de 2016, embora os prazos da nova operação estejam em aberto.

Também o novo formato do modelo de venda não está definido e a única certeza que parece existir é que não seguirá o modelo anterior.

Segundo fontes próximas do processo, o novo procedimento de venda poderá ser feito em várias fases, poderá não passar por uma venda de 100% do capital, poderá passar por operações que combinem dispersão em bolsa com a entrada de acionistas qualificados, entre outras, podendo concorrer quem já participou no primeiro procedimento de venda, como novos interessados.

 

64 reuniões e 2.081 perguntas depois, não houve comprador para o Novo Banco

Terça-feira, Setembro 22nd, 2015

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Negócios

O Banco de Portugal disponibilizou dados sobre o processo de venda do Novo Banco. Anbang, Apollo, Cerberus, Fosun e Santander tiveram acesso a 34.119 documentos sobre a realidade da instituição financeira.

34.119. É este o número de documentos disponibilizados pelo Banco de Portugal aos cinco últimos potenciais compradores do Novo Banco no processo de venda. O acesso ao sistema virtual de consulta de informação sobre o banco não facilitou o sucesso da operação, que foi cancelada esta semana.

Além dos mais de 30 mil documentos disponibilizados, há mais dados sobre os processos de “due dilligence”, em que os cinco candidatos a compradores do Novo Banco puderam ter acesso a informação mais pormenorizadas sobre o banco, como indica uma síntese do procedimento divulgada pelo Banco de Portugal.

Foram colocadas 2.081 perguntas por parte dos cinco concorrentes (Anbang, Apollo, Cerberus, Fosun e Santander), sendo que o Negócios já tinha noticiado que o grupo segurador chinês Anbang e o banco espanhol foram os quemais questões colocaram.

Os candidatos tiveram cinco reuniões com o conselho de administração do Novo Banco e 59 encontros com directores e com os quadros de topo da instituição financeira durante este processo de auditoria específica, segundo a mesma fonte.

Dos cinco candidatos, apenas três entregaram propostas vinculativas: Anbang, Apollo e Fosun. “Concluiu-se que todas incorporavam níveis de incerteza elevados quanto ao efectivo valor a receber pelo Fundo de Resolução aquando da conclusão do negócio e na sequência da venda. Nenhuma permitiria ao Fundo de Resolução proceder ao reembolso imediato dos empréstimos que recebeu. Pelo nível de preço oferecido e pelo risco que comportavam para o Fundo de Resolução, considerou-se que as propostas não podiam ainda considerar-se satisfatórias”, indica o documento.

Foi por esse motivo que o Banco de Portugal convidou as entidades a melhorarem as suas propostas: “Foi entregue no Fundo de Resolução uma proposta vinculativa revista. Um potencial comprador apenas reiterou formalmente a sua proposta vinculativa e o terceiro não apresentou qualquer comunicação formal”. A Apollo foi a única que melhorou a oferta, ainda que insuficiente para apresentar uma proposta que fosse considerada pelo regulador como mais atractiva financeiramente. A Anbang foi a primeira com que a equipa de Carlos Costa quis negociar, seguindo-se a Fosun e, só depois, a Apollo.

Esse último procedimento de negociações exclusivas não foi suficiente para agradar o regulador do sector financeiro. Sem melhorias adicionais das propostas, o procedimento foi cancelado esta semana.

O Banco de Portugal cancelou o concurso, onde trabalhou com o BNP Paribas, pelas incertezas advindas, entre outros, pelo facto de não se conhecerem os resultados dos testes de stress e da análise individual (SREP) a serem concluídos pelo Banco Central Europeu. Depois disso, é intenção retomar o processo, embora já sem que seja obrigatório vender a totalidade do capital.

 

 

Livrai-nos do Bom

Domingo, Setembro 20th, 2015

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Negócios Opinião João Quadros

Comunicado do Banco de Portugal: “No seguimento do convite do Fundo de Resolução, publicado a 4 de dezembro de 2014, 17 entidades manifestaram interesse no procedimento de alienação do Novo Banco dentro do prazo fixado (até às 17h00 de 31 de dezembro de 2014)”.
Eram 17 interessados e, no fim, não houve casamento. O melhor é o Novo Banco ir para um convento. Parece-me a ideia mais sensata, não vale a pena insistir e vai-lhe saber bem o silêncio depois das manifestações dos lesados do BES. Em princípio. Porque a verdade é que o Novo Banco esteve, recentemente, quase um ano numas termas, a limpar todo o bicho que tinha e, no final, saiu de lá com mais 200 milhões de prejuízo em seis meses.
Não sei se o Novo Banco não está a ganhar características de casa assombrada. Alguém disse aos chineses que ainda se ouve o espírito santo, à noite (quando o tempo está mais húmido e escorregadio), a rondar os balcões dos depósitos, e eles fugiram. Também podem ter fugido porque fizeram contas, pois é sabido que os chineses são muito supersticiosos com dinheiro. Os chineses da Fosun não tinham coragem de voltar à China e ser gozados pelos da Three Gorges.

TG – Então, também foste às compras em Portugal?

FS – Sim, comprei o Novo Banco por 3,5 mil milhões de euros.

TG – AHAHHAHAHA, devias ter ido aos saldos, eu saquei a EDP por 2,7 mil milhões.

FS – … mas tens de dar de comer ao Catroga.

TG – Diz que hoje vai chover

– Nota: se eu trocasse os R por L, na fala dos chineses, isto ficaria giríssimo.

Na verdade, parece-me que o maior problema foi o vendedor. Carlos Costa começou por aldrabar os chineses da Angbang – e os jornalistas deste jornal e de outros – fazendo crer que os americanos estavam em segundo e não os outros chineses da Fosun, o que deve ter dado uma enorme credibilidade ao negócio que, já de si, era manhoso. Com um vendedor como este, não admira que os clientes se tenham pirado: Carlos Costa é o indivíduo que vende louro prensado no Chiado.

Fazendo um ponto de situação, na ponta final da gestão deste Governo, perdemos a TAP, mas ficámos com mais um banco. Eu preferia variar, estou um bocado farto de ter bancos. A vantagem de ter bancos é que, como todos sabemos, é muito raro terem custos para o contribuinte e, ao contrário dos aviões, nunca caem.

Estava a ficar um bocado nervoso – já com ideias paranóicas, que nós ainda íamos pagar isto, etc. –, mas fiquei mais calmo quando vi a ministra das Finanças. Maria Luís veio à televisão dizer que não há custos para o contribuinte mas importa salvaguardar o sistema financeiro. Por acaso, ficava mais descansado se tivesse dito ao contrário.

Para afastar de vez os meus fantasmas sobre o futuro, ligo a televisão e vejo, na TVI, o João Rendeiro, que nos vem tranquilizar quanto à gestão do Novo Banco. Pareceres bancários de Rendeiro são a excelência de informação. Falta o Bibi para vir dizer para que lado as crianças devem dormir e o Palito para vir falar sobre felicidade no casamento. Estou convencido de que se Salazar não tivesse morrido, tinha um programa sobre a União Europeia.

Conclusão, bem sei que o BES (ainda) não é o BPN, mas será que o Mira Amaral não quer mais um banco por 40M?

Ligação da KPMG à Anbang e Fosun gera polémica no Banco de Portugal

Quinta-feira, Setembro 17th, 2015

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Público

Contornos do processo de venda do Novo Banco, cancelado por Carlos Costa, levantou dúvidas dentro do regulador.

O aparecimento da KPMG a dar assessoria financeira a dois concorrentes, o Anbang e a Fosun, no quadro das negociações com vista à compra do Novo Banco gerou (e está ainda a gerar) controvérsia no meio financeiro e em certos círculos ligados ao Banco de Portugal (BdP), que tutela o Fundo de Resolução, o vendedor.

Para além de poder haver um potencial conflito de interesses, a KPMG, enquanto auditora do BES (e do BES Angola e de outras sociedades problemáticas do GES), de 2002 até ao colapso em 2014, tem sido alvo de críticas por parte de Carlos Costa, nomeadamente, por não ter “identificado atempadamente” as deficiências financeiras que justificaram a intervenção de 3 de Agosto de 2014.

O PÚBLICO apurou que a KPMG esteve activamente a apoiar dois dos candidatos, ambos chineses, o Anbang (com a oferta mais elevada em numerário) e a Fosun (a segunda melhor proposta), seleccionados pelo Fundo de Resolução para disputar o Novo Banco na fase final das negociações com o BdP. O terceiro concorrente que entrou na última etapa do concurso público, mas com o envelope financeiro menos atractivo, o fundo norte-americano Apollo, foi assessorado pela PwC, que actualmente audita as contas do Novo Banco.

As três propostas acabaram a revelar-se insuficientes e longe da fasquia de 4900 milhões pretendidos pelo vendedor (equivalente ao valor injectado pelo Fundo de Resolução). Perante a recusa do Anbang em melhor as condições da sua oferta, o BdP cancelou esta terça-feira a operação e anunciou novo concurso público, agora em novos moldes, para arrancar no final de 2015 ou em 2016.

“Não há qualquer conflito de interesse. A KPMG Portugal esteve a apoiar a Fosun e a KPMG Londres esteve do lado do Anbang e ambas as instituições tinham conhecimento do facto e não colocaram obstáculos.” Foi esta a declaração de fonte oficial da KPMG ao ser inquirida sobre a existência de um eventual conflito de interesses.

Apesar dos dois grupos chineses se terem posicionado aparentemente de forma autónoma nas negociações com o Fundo de Resolução, no meio das auditoras há quem admita que possam ter actuado de modo coordenada, o que fonte da KPMG não confirma.

O facto de a KPMG Portugal ter certificado as contas do BES entre 2002 e 2014 (e de outras sociedades financeiras problemáticas do grupo) dá-lhe um conhecimento detalhado da situação do Novo Banco e ainda do BES “tóxico”, onde se mantém como auditora. Já a KPMG Angola auditava o ex-BES Angola(agora Banco Económico). A KPMG Portugal e a KPMG Angola partilhavam então o mesmo presidente: Sikander Sattar.

No último ano, verificou-se um braço-de-ferro entre a KMPG e o BdP, com Carlos Costa a levantar dúvidas sobre as responsabilidades da auditora nas falhas de fiscalização ao ex-BES. Declarações que surgiram quando a 30 de Julho de 2014, o BES divulgou prejuízos semestrais históricos de 3600 milhões de euros, em resultado do reforço imprevisto de imparidades e contingências no valor de 4300 milhões. Três dias depois seria intervencionado, dando lugar a dois bancos: BES “tóxico” e Novo Banco, que recebeu fundos de 4900 milhões.

Em defesa do BdP, acusado de não ter antecipado os problemas no BES, que culminaram numa situação de pré-falência, Carlos Costa tem evocado que a 11 de Julho de 2014, e tendo em conta a informação reportada pelo BES e pelo seu auditor externo, a KPMG, o banco “detinha um montante de fundos próprios suficiente para acomodar eventuais impactos negativos decorrentes da exposição assumida perante o ramo não financeiro do GES sem pôr em causa o cumprimento dos rácios mínimos em vigor”.

Ao mesmo tempo, argumenta que, até 25 de Julho, “em nenhuma situação (reunião ou contacto por correio electrónico)” foi identificada “pela KPMG a existência de um risco material de os resultados poderem colocar em causa o cumprimento dos rácios, o mesmo é dizer que tornassem insuficiente o bufferde capital existente à data.”

Sikander Sattar já veio garantir que cumpriu com as suas obrigações de auditor e tudo fez para alertar o BdP quando detectou os problemas. Carlos Costa manteve até hoje a idoneidade da KPMG para continuar a certificar as contas dos bancos por si supervisionados.

Venda do Novo Banco derrapa para o próximo ano. E pode ser só parcial

Quarta-feira, Setembro 16th, 2015

Citamos

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Banco de Portugal vai relançar concurso depois dos testes de stress europeus. Venda do Novo Banco só ficará fechada em 2016 e pode ultrapassar prazo inicial de dois anos. Venda pode ser parcial.

O processo de venda do Novo Banco será relançado do zero, aberto a todos os potenciais interessados, depois de conhecidos os resultados dos testes de stress europeus à banca, no final de novembro. A alienação vai, assim, derrapar para o próximo ano e o Banco de Portugal, sabe o Observador, admite até pedir que a operação possa ir além do prazo de agosto de 2016, o que tem de ser autorizado pela Comissão Europeia.

Em comunicado, o Banco de Portugal sublinha que se tal se revelar necessário, “existem argumentos que justificam a extensão do prazo de dois anos junto da Comissão Europeia, o que é compatível com o regime (…) de recuperação e resolução de instituições de crédito”.

 A venda será retomada, “quando estiverem reunidas condições que melhor propiciem a obtenção de propostas mais condizentes com os objectivos fixados pelo Banco de Portugal”. O órgão liderado por Carlos Costa defende que o trabalho realizado neste processo de venda e os “progressos importantes e evidentes na atividade do Novo Banco alcançados no decurso deste período, irão facilitar os passos seguintes e permitir encontrar uma estrututura acionista de base privada num prazo relativamente curto após o relançamento do processo”.

O Banco de Portugal confirmou esta terça-feira que “interrompeu o processo” da venda do Novo Banco (ver comunicado aqui), sem aceitar nenhuma das três propostas vinculativas — Anbang, Fosun e Apollo — que chegaram à fase final.

As incertezas que tramaram o negócio

Entre os fatores que levaram a esta decisão estão “importantes factores de incerteza” que resultam dos novos testes de stress à banca europeia, e de mais necessidade de capital, mas também da conjuntura externa (crise na China, também a crise na Grécia), levando tudo a que as ofertas recebidas pelo Banco de Portugal ficassem abaixo do preço mínimo definido pela instituição.

Esse preço mínimo, assim como as propostas, não foram tornadas públicas, alegando o BdP o sigilo do processo. Apesar das propostas não serem satisfatórias, uma análise da Société Générale admitia um encaixe de 2.000 milhões de euros, o que implicaria uma perda de 2900 milhões, o Banco de Portugal sublinha que o processo “comprovou a atratividade do Novo Banco”.

O novo modelo de venda será contudo diferente. Mais flexivel nos prazos, nos ativos a vender e até na percentagem do capital, sabe o Observador. No limite, até se admite vender menos de 100% do capital, pelo menos numa primeira operação. Este processo será acompanhado da elaboração de um plano estratégico por parte da administração liderada por Eduardo Stock da Cunha que tem como missão valorizar o banco.

O cancelamento deste concurso, que tinha sido lançado há dez meses, ficou só decidido depois de alguns contactos exploratórios com a Apollo não terem chegado para o Banco de Portugal começar uma negociação exclusiva. Nenhum dos três concorrentes aceitou melhorar as respetivas ofertas.

Stock da Cunha: ordem para valorizar e capitalizar

A estratégia passa agora por tentar valorizar o Novo Banco no quadro de uma nova fase de venda, um procedimento aberto a todos os potenciais interessados, entre atuais – Anbang, Fosun e Apollo – e outros. O Banco de Portugal acredita que os candidatos vão aparecer, e que os resultados dos testes à solidez financeira do banco podem ajudar a valorizar a instituição, uma vez ultrapassada a incerteza sobre o seu impacto no valor da instituição.

Uma coisa é certa: com esta “interrupção” no processo, a venda só estará concretizada no próximo ano, uma vez que o lançamento do novo concurso terá de aguardar pelos resultados dos testes de stress do Banco Central Europeu, previstos para novembro. O novo processo demorará sempre tempo, visto que terá de ser definido novo perímetro de venda (ou seja, se o banco é vendido na totalidade ou apenas parcialmente), sendo depois analisadas as novas candidaturas. Mas o regulador admite que o processo seja agora mais rápido, por ter já a informação consolidada e menos fatores de risco em cima da mesa.

O prazo limite para a venda do banco que resultou da resolução do BES é agosto de 2016, mas é possível prolongar este deadline com a autorização da Comissão Europeia, após o pedido do ministro das Finanças. Banco de Portugal admite publicamente esta hipótese, pela primeira vez.  Neste cenário, o Estado poderia ter também de renovar o empréstimo de 3.900 milhões de euros ao Fundo de Resolução, que tem o mesmo prazo de vencimento.

Fundo não mete mais capital. NB pode vender ativos

A necessidade de mais capital é uma consequência esperada dos testes de stress, mas está para já afastado o cenário de ser o Fundo da Resolução a injetar mais recursos no Novo Banco (NB), de acordo com informação obtida pelo Observador. O plano alternativo passa por medidas de gestão que reduzam os requisitos de fundos próprios, embora o Banco de Portugal admita que “também é possível que requeira novas entradas de capital”.

A resposta a essas necessidades deverá ser conseguida através de medidas de gestão de capital e de soluções de mercado e de capitais privados. Essas medidas podem passar por venda de ativos. Entre os ativos para alienação estão o imobiliário, carteiras de crédito, mas também participações acionistas na concessionária Ascendi e na antiga PT SGPS (Pharol), embora esta posição esteja muito desvalorizada. Poderá haver investidores disponíveis para financiar outras soluções que permitam reforçar os rácios – mas ninguém, nesta fase, ousa dizer quais.

Além de um plano de recapitalização para responder a necessidades de capital imediatas, a gestão liderada por Stock da Cunha tem luz verde para avançar com um plano estratégico.Por esclarecer, para já, fica o eventual impacto na redução do número de trabalhadores do antigo BES, já que essa é uma constante nos planos de reestruturação de toda a banca.

Tudo indica que o modelo do novo concurso vai ser muito mais aberto e flexível, ao nível dos ativos a vender, mas também da participação e do calendário. Tudo o que ajudar a obter um resultado mais favorável. Até se admite fazer uma venda faseada, e não alienar 100% do capital numa só operação. Esta abordagem permitiria aliviar a pressão financeira do lado do comprador, dando margem para melhorar o preço. Neste cenário, o Fundo de Resolução ficaria como acionista minoritário.

O adiamento da venda não terá consequências negativas para a banca, uma vez que só depois do processo ficar fechado é que se farão as contas às perdas e à forma como serão reconhecidas no balanço dos bancos. A notícia do adiamento trouxe ganhos às ações dos bancos cotados, com destaque para o BPI que valorizou quase 5%.

Não se espera que os processos judiciais contra a resolução do Banco Espírito Santo perturbem o processo de venda. Eventuais responsabilidades que vierem a ser apuradas por via judicial cairão em cima do Fundo de Resolução e não no Novo Banco, acredita o Banco de Portugal. No entanto, o Novo Banco quando passar para acionistas privados também terá de contribuir para este fundo.

Fosun continua empenhada em investir em Portugal

A Fosun, o último dos candidatos a negociar em exclusivo com o Banco de Portugal, compreende e aceita “sem reservas a decisão do Banco de Portugal”, elogiando o profissionalismo e rigor das equipas que conduziram o processo.

Sem confirmar o interesse num novo processo de venda do Novo Banco, o conglomerado chinês, que é dono da Fidelidade, garante que mantém o empenho, “não só em desenvolver e apoiar os investimentos já existentes, como também na procura de novas oportunidades de investimento em Portugal”. Um mercado que, diz, continua a apresentar perspetivas de crescimento e investimento muito interessantes e que, como tal, “constitui um elemento chave da nossa estratégia e expansão.”