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Há mais 112 milhões em dúvida na injeção do Novo Banco

Domingo, Junho 6th, 2021

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Negócios

O Governo autorizou o Fundo de Resolução a injetar 429 milhões de euros no Novo Banco. Mas o montante a transferir poderá ser inferior. Além das divergências com o fundo, que reduziram o valor a receber, há mais 112 milhões a serem avaliados.

A presidente da ASF, Margarida Corrêa de Aguiar, afirmou no Parlamento que o Novo Banco parece ter-se desinteressado da GNB Vida a partir do momento em que lhe pôs a placa “para venda”.

 

Valor da BES Vida (depois GNB Vida) estava “empolado” nas contas do BES, diz ex-CEO da GNB Vida

Domingo, Maio 30th, 2021

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Observador

Valor da BES Vida (depois GNB Vida) estava “empolado” nas contas do BES, diz ex-CEO da GNB Vida

Paulo Vasconcelos, que liderou a GNB Vida (cuja venda causou perdas de 287 milhões ao Fundo de Resolução), diz que o BES tinha o valor da seguradora “empolado” nas suas contas.

Banco Espírito Santo (BES) tinha nas suas contas um valor “empolado” para a BES Vida até 2014, seguradora que depois da resolução do banco se passou a chamar GNB Vida e que acabou por ser vendida a uma fração desse valor, impondo perdas de 268 milhões compensadas pelo Fundo de Resolução. Quem o diz é Paulo Vasconcelos, que a convite de Eduardo Stock da Cunha liderou a seguradora GNB Vida até à sua venda – o responsável lembra que quem fazia a avaliação da BES Vida para o BES era o banco de investimento do grupo, ou seja, essa avaliação “vale o que vale“.

A reflexão foi feita durante a audição de Paulo Vasconcelos na comissão parlamentar de inquérito às perdas do Novo Banco. Esta é uma seguradora que acabou por ser vendida por 123 milhões de euros mais uma componente variável que pode ir até 125 milhões de euros adicionais (mas também pode vir a ser zero, dependendo do volume de vendas de produtos de seguro, como o responsável também admitiu nesta sessão parlamentar).

Nesta sessão foi também revelado, pelo deputado do PSD Hugo Carneiro, que o comprador fez uma reclamação e pediu 14,3 milhões de volta ao Novo Banco por considerar que houve “informações erradas” dadas no momento da venda. Segundo o deputado, terá pedido ao Fundo de Resolução para ressarcir os compradores pelo valor em causa, que assim subtraiu aos 123 milhões já pagos.

A esse respeito, Paulo Vasconcelos comentou que folgava “em saber que só ajustaram 14 milhões” porque estavam em causa até 28 milhões em ativos por impostos diferidos (DTA, na sigla anglosaxónica por que estes ativos são mais conhecidos) que geraram um diferendo que o gestor considerava “injusto”. Sendo esse ressarcimento já posterior à saída de Vasconcelos, que abandonou a empresa no momento da venda, o gestor garantiu, porém, que nunca houve “intenção” de prestar informações erradas ao comprador.

O dividendo de 600 milhões pago ao BES de Ricardo Salgado, em 2013

Seja como for, o valor final da venda contrasta com mais de 600 milhões de euros a que a seguradora estava avaliada nas contas do BES, valor que se manteve inalterado com a resolução. E só no momento da venda se gerou a imparidade que teve de ser compensada pelo Fundo de Resolução, organismo público que é alimentado por contribuições dos bancos mas tem vivido nos últimos anos sobretudo com empréstimos anuais dos contribuintes, a longo prazo.

Para Paulo Vasconcelos, essa discrepância tem de ser vista à luz de vários fatores de mercado, como a evolução das taxas de juro, mas também um fator crucial que é o pagamento de dividendos à casa-mãe. E, aí, recordou que em 2013 a se seguradora desfez de uma grande quantidade de títulos de dívida pública (recorde-se que foi a era do regresso aos mercados, em que a dívida pública portuguesa passou a gozar de melhor perceção de risco). Eram títulos que rendiam 6% ou mesmo 7% anualmente, à seguradora.

Essa venda foi como uma “antecipação” de resultados dos anos seguintes, porque os títulos, uma vez vendidos, deixavam de dar rentabilidade à companhia nos anos seguintes. E o que se fez com essa mais-valia que terá ascendido a 600 milhões de euros, em 2013? Pagou-se um dividendo à casa-mãe, ao BES, recordou Paulo Vasconcelos, sustentando que há que olhar para a evolução do valor da companhia à luz desse facto.

A partir daí, vieram os prejuízos: a companhia passou a ter uma carteira de investimentos com rentabilidades cada vez menores, de 1% ou pouco mais (também uma fase em que as taxas de juro caíram muito, o que se mantém) e a ter de continuar a entregar aos clientes rentabilidades médias de 5% ou 6%. Esse fator contribuiu para que a empresa perdesse cada vez mais valor, à medida que o tempo passava – sendo que se trata de uma seguradora sem autonomia, que apenas vivia da distribuição de produtos através do canal bancário (BES e, depois, Novo Banco).

Por outro lado, explicou o responsável, “o valor que vinha do passado estava sobrevalorizado porque estava indexado a um volume de vendas que nunca se veio a concretizar” – caberia ao banco cumprir esses ambiciosos objetivos nomeadamente quando vendesse seguros associados aos créditos à habitação que concedesse aos clientes.

Paulo Vasconcelos, que falou por videoconferência a partir de Lima, Peru, acrescentou que estes fatores ajudam a explicar porque é que a empresa foi vendida a um preço tão abaixo daquele a que estava registado. Mas não foi o único: “Se a venda foi ou não mal feita, não sei dizer”, porque “era administrador, esse era um tema dos acionistas”.

Mas comentou: “Quando pomos um ativo à venda, quando temos uma data-limite para a venda e temos um mercado restrito isso coloca quem está a vender numa posição de desvantagem”, sobretudo quando se está a vender uma “companhia que trabalha em exclusivo para um canal bancário” e que, por essa razão, “nunca devia ser posta no mercado” porque “a companhia para o comprador vale sempre menos do que valia para o banco”.

A única alternativa seria não vender. Não havendo alternativa à venda, tinha de se vender àquele preço”, notou.

A seguradora esteve em 2018 para ser vendida a um magnata norte-americano, Greg Lindberg, por 190 milhões. Mas esse comprador acabou por ter problemas com a Justiça dos EUA, envolvendo suspeitas de corrupção, o que suspendeu o processo de venda que estava em curso.

Todos estes fatores empurravam o valor da empresa para baixo. Havia um comprador, depois desapareceu, os que sobram tentam sempre comprar mais barato. Quando há uma obrigação de fazer uma venda torna-se mais difícil. Cada candidato que sai, cada notícia que surge, vai-se desvalorizando o ativo”, afirmou.

Mas a venda acabaria por avançar, sendo o comprador o fundo Apax Partners. A venda terá, segundo o jornal Público, gerado uma queixa apresentada à ESMA (Autoridade Europeia de Mercados e Títulos) que lançava suspeitas pelo facto de ter sido inscrito no relatório do primeiro semestre de 2019 do Novo Banco um valor de 391,2 milhões de euros, um cálculo já ajustado às reavaliações do ativo que, na altura, cumpria os rácios de capital e de solidez.

Desmentindo a notícia do Público, o Novo Banco garantiu que “o preço final da transação foi o melhor e resultou de um processo organizado de venda, competitivo e transparente, com o acordo do Fundo de Resolução, em que o comprador obteve idoneidade por parte da ASF”.

Novo Banco. Fundo de Resolução rejeitou venda da GNB Vida por 81 milhões de euros

Domingo, Abril 11th, 2021

 

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Observador

Novo Banco. Fundo de Resolução rejeitou venda da GNB Vida por 81 milhões de euros

O Fundo de Resolução recusou vender a seguradora GNB Vida por 81 milhões de euros. O preço resultou de negociações mantidas entre o Novo Banco e a Apax Partners, acompanhadas pelo Fundo de Resolução.

O Fundo de Resolução não aceitou vender a seguradora GNB Vida por 81 milhões de euros, tendo depois o Novo Banco e a compradora Apax chegado aos 123 milhões, desconhecendo a auditora Deloitte “o racional” do valor final.

Tendo em consideração um preço de venda estimado de 81 milhões de euros para setembro de 2019, o banco negociou a definição de um preço final de venda de 123 milhões de euros (acrescido da componente variável de 125 milhões de euros)” para compra da seguradora GNB Vida, pode ler-se na auditoria da Deloitte ao Novo Banco a que a Lusa teve acesso.

O documento, que tem partes rasuradas devido a restrições de confidencialidade, refere que “de acordo com esclarecimentos obtidos, a definição deste preço resultou de negociações mantidas entre o Novo Banco e a Apax Partners, acompanhadas pelo Fundo de Resolução”.

O Fundo de Resolução transmitiu “que não consideraria aceitável que a conclusão da operação se fizesse pelo preço final estimado que resultaria da aplicação do mecanismo de ajustamento de preço”, os 81 milhões de euros, “e que, caso o preço não fosse revisto em alta, não autorizaria a operação“.

Não foi obtida documentação formal que explicite o racional e a base da fixação do valor final da operação”, refere a Deloitte.

No dia 10 de agosto do ano passado, o jornal Público noticiou que o Novo Banco vendeu em outubro de 2019 a GNB Vida com desconto de quase 70% a fundos geridos pela Apax, operação que gerou uma perda de 268,2 milhões de euros.

O jornal assinalava que não era “apenas a variação acentuada de valores a suscitar controvérsia, são os sinais de que as autoridades nacionais e europeias desvalorizaram os indícios de ligação do comprador” ao magnata do setor segurador Greg Lindberg, acusado pela justiça dos Estados Unidos por corrupção e fraude fiscal.

O Novo Banco disse então que o comprador da seguradora GNB “teve a idoneidade verificada pelo regulador de seguros” e que a venda foi feita com acordo com Fundo de Resolução.

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) afirmou sobre o caso que não observou nenhuma ligação entre os compradores da GNB Vida, seguradora do Novo Banco, e Greg Lindberg, gestor acusado de corrupção nos Estados Unidos.

O supervisor dos seguros afirma que Greg Lindberg e a sociedade GBIG [Global Bankers Insurance Group] Portugal informaram que “um fundo gerido pela Apax Partners LLP pretendia adquirir a GBIG Portugal S.A. e, consequentemente, Greg Evan Lindberg não seria o beneficiário último da operação“, bem como a estrutura acionista prevista para a GNB Vida não “seria aquela que tinha sido apresentada no processo inicial”.

O Fundo de Resolução, que detém 25% do Novo Banco, afirmou então que o montante da venda da seguradora GNB Vida refletiu “o valor de mercado” da empresa, à data.

A seguradora GamaLife, anteriormente designada por GNB Vida, rejeitou também ter “qualquer relação” com o gestor acusado de corrupção Greg Lindberg, segundo um comunicado enviado ao mercado.

Como o Novo Banco vendeu a seguradora GNB Vida com perda de 250 milhões

Sábado, Abril 10th, 2021

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Eco

Como o Novo Banco vendeu a seguradora GNB Vida com perda de 250 milhões

Foi um dos negócios mais polémicos realizados pelo Novo Banco: a venda da seguradora GNB Vida ao fundo Apax Partners, por 123 milhões. Eis a cronologia de uma operação que gerou perda de 250 milhões.

O processo de venda da seguradora GNB Vida foi um dos negócios mais polémicos realizados pelo Novo Banco nos últimos anos. Não só pela perda de 250 milhões de euros que gerou ao banco, mas também pelas dúvidas quanto ao beneficiário final. Isto porque o primeiro comprador viu o seu CEO acusado de subornos nos EUA, situação que veio a atrasar a operação. A perda podia ter sido maior, já que o Fundo de Resolução rejeitou que o negócio se fizesse pelo preço estimado a setembro de 2019 de 81 milhões de euros. Eis a cronologia dos eventos relatada pela Deloitte na auditoria.

12 de setembro de 2018: o Novo Banco assinou o contrato de compra e venda da GNB Vida com a Global Bankers Insurance pelo montante de 190 milhões de euros — sujeito a um mecanismo de ajustamento de preço, em função de variáveis nos capitais próprios –, acrescido de uma componente variável de até 125 milhões de euros.

O acordo estabelecia, adicionalmente, a aquisição pelo Novo Banco das unidades de participação de cinco fundos de investimento imobiliário detidos pela GNB Vida pelo respetivo valor contabilístico.

Final de 2018: a transação aguardava autorização da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) para a sua concretização.

Início de 2019: o banco teve conhecimento de que o CEO da holding, que detinha a Global Insurance Bankers, Greg Lindberg, havia sido indiciado pela prática de crimes de suborno nos EUA.

Abril de 2019: o conselho de administração do Novo Banco aprovou prosseguir com a transação depois da Global Bankers Insurance ter sido comprada pelo fundo Apax Partners.

De acordo com a ata da reunião onde se decidiu continuar com a operação, a equipa de António Ramalho teve em consideração sobretudo três aspetos: i) o risco de execução de não serem obtidas condições mais favoráveis do que aquelas negociadas com a Global Bankers Insurance; ii) por norma, qualquer segunda tentativa de alienar um ativo, no contexto de processos organizados de venda, resultaria numa situação com uma dinâmica mais difícil; iii) que o desinvestimento na GNB Vida até 31 de dezembro de 2019 representava um compromisso do Estado português com a Comissão Europeia.

A referida alteração implicou a submissão de novos pedidos de autorização às entidades reguladoras e ao Fundo de Resolução, o que levou à prorrogação da long stop date de 12 de junho de 2019 para 30 de setembro de 2019.

setembro de 2019: com a deterioração do capital próprio, efeito esse que impactou também o NAV (indicador relevante para o apuramento do preço), o preço estimado da seguradora baixou para os 81 milhões de euros (face aos 190 milhões de dezembro de 2017).

Contudo, relata a Deloitte, o Fundo de Resolução, que acompanhou as negociações entre o Novo Banco e a Apax Partners, transmitiu a informação de que “não consideraria aceitável que a conclusão da operação se fizesse pelo preço final estimado que resultaria da aplicação do mecanismo de ajustamento de preço”. E decidiu que caso o preço não fosse revisto em alta não autorizaria a operação.

23 de setembro de 2019: após realização de análise de contrapartes e obtido o parecer positivo do departamento de compliance do banco, bem como a autorização da ASF, foi assinada uma adenda ao contrato de compra e venda com uma entidade do grupo Apax Partners estipulando o preço de venda de 123 milhões de euros, acrescido de componente variável de até 125 milhões.

“Não foi obtida documentação formal que explicite o racional de fixação do valor final da operação”, refere a Deloitte.

1 de outubro de 2019: o Fundo de Resolução emitiu a declaração de não oposição ao negócio.

14 de outubro de 2019: concretização da transação de venda da GNB Vida ao fundo Apax Partners.

De acordo com a Deloitte, a operação de compra da GNB Vida foi financiada em 50% pelo Novo Banco, tendo a possibilidade de concessão deste financiamento sido introduzida na fase de negociação exclusiva com a Global Bankers Insurance.

 

 

 

 

 

João Leão defende mais esclarecimentos do Novo Banco sobre compradores de ativos

Sexta-feira, Setembro 11th, 2020

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Observador

 

O ministro das Finanças diz que não ficaram dissipadas as dúvidas sobre o envolvimento ou não da Lone Star na compra de ativos do Novo Banco. E defende aumento do salário mínimo “com significado”.

O ministro das Finanças entende que a questão do último beneficiário das compras de imóveis e outros ativos do Novo Banco, que tem gerado polémica, “é um assunto que merece toda a atenção” e que “tem de ser mais bem esclarecido“.

“O contrato [de venda do banco à Lone Star] previa que o Novo Banco não vendesse os ativos a partes relacionadas, e não resulta claro que isso não tenha acontecido”, diz João Leão, embora reconheça que “também não resulta claro o oposto”.

Em causa está saber se a Lone Star, que comprou o Novo Banco ao Estado em 2017, está ligada de alguma forma à compra dos ativos que o banco liderado por António Ramalho herdou do BES e que tem vendido com preço abaixo da sua avaliação. A auditoria da Deloitte não deixou este aspeto claro, embora a administração do banco garanta que conhece o último beneficiário desses negócios.

A verificar-se seria uma quebra contratual. “Poderia ser evidência de não cumprimento de um aspeto do contrato”, refere João Leão, que, cauteloso, sublinha que “teria de falar com o Fundo de Resolução e com o Banco de Portugal, que são as entidades que acompanham a execução do contrato”.

E vai o Governo emprestar mais dinheiro para cobrir perdas do Novo Banco? João Leão considera que “seria extemporâneo dizer se será necessária uma nova transferência” de verbas para o Fundo de Resolução bancária, no âmbito do Orçamento do Estado para 2021. O ministro lembra que o ano ainda vai a meio e sublinha que é necessária uma análise muito cuidadosa da auditoria feita pela Deloitte às contas do Novo Banco e do BES até 2018.

 

 

Novo Banco: PSD vai propor auditoria da Inspeção-Geral das Finanças à venda da GNB Vida

Sexta-feira, Setembro 11th, 2020

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Económico

Parlamento determina a cada ano quatro auditorias. Grupo parlamentar do PSD vai formalizar em janeiro a proposta de avaliação da IGF à alienação da GNB Vida pelo Novo Banco.

O PSD vai propor que uma das quatro auditorias recomendadas no próximo ano pelo Parlamento seja à alienação da GNB Vida pelo Novo Banco. A intenção, manifestada pelo deputado social-democrata Duarte Pacheco esta semana aos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças (COF), apenas será formalizada em janeiro do próximo ano, mas o parlamentar vincou ao Jornal Económico que o grupo parlamentar vai avançar com a decisão.

A Assembleia da República determina a cada ano ao Governo duas auditorias da Inspecção-Geral das Finanças (IGF), a par de duas outras auditorias que são solicitadas ao Tribunal de Contas. Há vários anos que os partidos dividem entre si, a fim de evitar votações prolongadas, a escolha das auditorias, com dois dos temas a recair sobre a sugestão dos partidos à esquerda e outros dois à direita.

Duarte Pacheco afirma que o grupo parlamentar do PSD já decidiu que a determinação de auditoria pelo partido em 2021 vai ser uma avaliação da IGF à alienação da GNB Vida, concretizada pelo Novo Banco em 2019 a fundos geridos pela Apax. O negócio tem estado sob polémica devido às perdas associadas à alienação, mas também depois de ter vindo a público que a Deloitte, responsável pela auditoria ao Novo Banco/BES foi a entidade responsável por assessorar o negócio da alienação.

A Deloitte Espanha assessorou o Novo Banco na venda GNB Vida, num processo que foi desencadeado em 2017 e concluído em 2019, tal como noticiado pelo Jornal Económico, na sexta-feira passada, apesar da Deloitte & Associados, SROC – a entidade independente escolhida para fazer a avaliação determinada pelo Governo em fevereiro de 2019 e que abrange os atos de gestão do BES/Novo Banco entre 2000 e 2018 – num comunicado enviado às redações, ter afastado qualquer impedimento de realizar a auditoria independente.

No relatório de auditoria, tornado público esta semana no site do Parlamento depois de expurgado das matérias consideradas confidenciais, a Deloitte refere que assessorou a venda da GNB Vida, no capítulo referente à dependência e conflito de interesses, onde concluiu que “não foi identificada nenhuma situação que impedisse ou aconselhasse a não aceitação do trabalho” de análise aos atos de gestão do BES/Novo Banco entre 2000 e 2018.

O tema esteve em discussão na COF, esta terça-feira, depois dos deputados rejeitaram a proposta do PAN para uma interpelação ao Banco de Portugal (BdP) para que este avançasse com “carácter de urgência” para uma “nova avaliação independente a operação de alienação da seguradora GNB Vida pela Novo Banco” – por essencialmente discordarem do pedido “interpelação” – e numa altura em que o Parlamento se prepara para votar a constituição de uma nova comissão de inquérito.

A conferência de líderes da Assembleia da República agendou na quarta-feira para dia 25 de setembro o debate e votação das propostas de constituição de comissões de inquérito sobre o Novo Banco, que já conta com o projeto do Bloco de Esquerda e do Chega!, mas a que ainda se poderão juntar projetos de outros partidos.

BE defende nulidade da auditoria da Deloitte ao NB. Vê conflito de interesses

Sexta-feira, Setembro 4th, 2020

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Dinheiro Vivo

Segundo o partido, há um “conflito de interesses” uma vez que a Deloitte Espanha assessorou o banco na venda do GNB Vida concluída em 2019.

O Bloco de Esquerda defende que a auditoria da Deloitte aos atos de gestão do Novo Banco deve ser considerada nula devido a um possível conflito de interesses da consultora. Em causa a auditoria pedida pelo Governo para avaliar os atos de gestão do BES e do Novo Banco entre 2000 e 2018, sobretudo na venda de ativos, tendo em conta a injeção de dinheiros públicos através do Fundo de Resolução. O BE aponta uma denúncia, também noticiada pelo Jornal Económico (acesso pago), indicando que a Deloitte Espanha assessorou o Novo Banco na venda da GNB Vida que foi desencadeada em 2017 e concluída em outubro do ano passado, com perdas avultadas de 250 milhões de euros.

“O que a auditoria da Deloitte não refere é que a própria Deloitte foi assessora do Novo Banco para a venda da GNB, e isso coloca em causa a auditoria”, sublinha a deputada do BE, Mariana Mortágua. “Como pode um consultor de uma venda auditar de forma independente essa venda? E a resposta é não pode. Que credibilidade tem essa auditoria? Não tem”, conclui a deputada. Esta auditoria não garante seriedade, rigor, independência, nem a defesa do interesse público. A auditoria não refere a desvalorização na GNB Vida, não refere as ligações entre o comprador e um corrupto condenado [Greg Lindberg] e também não refere que a própria Deloitte foi assessora financeira do Novo Banco na venda do GNB Vida e, portanto, tem uma responsabilidade partilhada. Pressão sobre Costa e Marcelo A auditoria especial pedida pelo Governo e que a Deloitte entregou esta semana, foi defendida pelo primeiro-ministro, Presidente da República e Assembleia da República e agora o Bloco quer que sejam retiradas conclusões.

“Achamos que é importante que o Presidente da República e o Governo também tirem as suas conclusões sobre esta auditoria”, frisou Mariana Mortágua. “Da mesma forma que foi entendido pelo Presidente da República e pelo Governo que esta auditoria era importante para analisar as próximas injeções no Novo Banco, é preciso agora considerar nula a auditoria e os seus resultados”, defendeu a parlamentar, lembrando que os contribuintes ainda podem ser chamados a injetar 950 milhões de euros ao abrigo do mecanismo de capital contingente previsto no acordo de venda à Lone Star em 2017. O partido apresentou uma proposta para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão no Novo Banco depois da resolução do BES e espera que os restantes partidos com assento parlamentar a aprovem.

Deloitte não conseguiu identificar últimos donos dos fundos que compraram activos ao NB

Sexta-feira, Setembro 4th, 2020

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Público

Auditores concluíram que Novo Banco não dispunha de “informação adicional” para fazer o escrutínio sobre os compradores dos activos. António Ramalho garante ter respondido à Deloitte nos termos da lei.

A auditoria especial da Deloitte ao Novo Banco não conseguiu identificar o nome dos últimos proprietários dos fundos institucionais que adquiriram os activos da instituição com descontos que chegaram, nalguns casos, a 80%.

Após passar para a esfera do fundo de private equity norte-americano Lone Star, em Outubro de 2017, o Novo Banco desenvolveu um padrão de negócio sustentado na venda das carteiras de activos (imóveis e empresas) a fundos de investimento, muitos deles de origem anglo-saxónica, de que se desconhecem os últimos beneficiários, ou seja, os seus verdadeiros proprietários.

Em linguagem de auditor, a Deloitte explica que, embora as operações tenham cumprido as regras de mercado, identificou que os fundos envolvidos na aquisição das carteiras de activos do Novo Banco, já depois de 2017, possuíam “estruturas complexas” e que solicitou esclarecimentos às áreas de compliance da instituição chefiada por António Ramalho. E foi elucidada de que o banco tinha uma declaração das sociedades gestoras dos fundos (os adquirentes dos activos) a confirmar que os seus participantes não possuíam posições superiores a 25%.

Em regra, as sociedades gestoras só são obrigadas a revelar detalhes sobre os seus investidores (como os nomes), caso estes controlem participações acima de 25%. Uma situação que abre a porta a que, no topo da pirâmide, possam ocorrer movimentações e concertações que escapam à malha pública.

Na prática, ao não conseguir determinar os últimos proprietários dos activos vendidos, a Deloitte inferiu que o Novo Banco não dispunha na sua posse de “informação adicional” para poder fazer o escrutínio sobre as relações que se estabelecem entre diferentes partes. Ou seja, em termos teóricos, embora os participantes de um fundo não tenham mais de 25%, todos podem estar, ou não, a operar de forma relacionada, sem que se saiba.

Uma fonte do PÚBLICO deu outro exemplo, para justificar o modus operandi das sociedades de private equity: “Um fundo com sede em Londres tem investidores que operam através do Luxemburgo, e estes, por sua vez, são detidos por veículos do Panamá e das Bahamas, que são controlados por sociedades de Delaware.”

O Novo Banco garante que “prestou todos os esclarecimento pedidos pela Deloitte sobre este tema”. E assegura que “cumpriu os procedimentos estabelecidos na legislação em vigor para este efeito, designadamente na Lei 83/2017, de 18 de Agosto”. A instituição afirma que o relatório da Deloitte “confirma expressamente” esses procedimentos.

Venda da GNB Vida na mira da Deloitte

Um dos negócios destacados no documento da Deloitte, por ter gerado perdas para o Novo Banco, que resultaram em chamadas de capital público ao Fundo de Resolução, prende-se com a venda da GNB Vida, agora designada Gama Life.

Como o PÚBLICO já noticiou, a 18 de Setembro de 2018, o Novo Banco anunciou a alienação da GNB Vida por 190 milhões de euros ao Bankers Insurance Holdings, controlado pelo Global Bankers Insurance Group, do investidor Greg Lindberg. Na altura, Lindberg estava já a ser alvo de averiguações por fraude fiscal e pagamentos indevidos ao Partido Republicano nos Estados Unidos. Investigações do domínio público.

Em Novembro do mesmo ano, a título pessoal, Greg Lindberg submeteu a sua oferta à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), e a operação não se pôde concretizar. O regulador exigiu que o investidor “desaparecesse” da fotografia.

Contrariamente a outras situações idênticas, que ocorreram noutras geografias no mesmo período e envolvendo o investidor, em que se optou por anular os acordos e lançar novo concurso de venda, o Novo Banco prosseguiu. E a meio de 2019, o norte-americano foi substituído por fundos geridos por outro fundo norte-americano, o Apax.

O habitual é que os acordos contemplem uma cláusula a prever que, até à sua execução, haja a possibilidade de o preço do negócio ser ajustado. E foi o que se verificou no caso da GNB Vida e gerou perdas para o Novo Banco. Em Outubro de 2019, “no seguimento do comunicado de 12 de Setembro de 2018, o Novo Banco concretizou a venda da GNB Vida à GBIG Portugal, sociedade totalmente detida por fundos geridos pela Apax.” E o preço caiu para 123 milhões, ou seja, menos 67 milhões de euros do que o comunicado um ano antes.

Para CEO da Gama Life foi nomeado o homem de confiança de Lindberg na Europa, o italiano Matteo Castelvetri, que tem como número dois Alistair Wallace Bel, o director de estratégia e operações do norte-americano.

E ainda hoje não há conhecimento sobre os actuais donos da seguradora, não se sabendo os nomes dos últimos beneficiários dos tais fundos geridos pela Apax que investiram. A 15 de Agosto, o PÚBLICO avançou que as várias sociedades e veículos abrangidos na compra da seguradora partilham, ou partilharam no momento do fecho do acordo, a mesma morada de Londres das firmas participadas por Greg Lindberg.

A propósito das conclusões da auditoria especial encomendada à Deloitte, que aponta para uma perda potencial de 4042 milhões de euros (que inclui os 3,9 mil milhões de capital contingente), o Ministério das Finanças e o Banco de Portugal vieram defender que o recurso do Novo Banco ao auxilio público (negociado com o Lone Star) estava devidamente justificado.

Ontem, em nota divulgada no seu site oficial, o BdP sublinhou ainda: “A auditoria especial detectou também insuficiências nos actos de gestão praticados no período em análise [de 2000 até 2018], com especial incidência e gravidade no período de actividade do BES” e que essas situações “estão já a ser alvo de uma análise cuidada por parte do Banco de Portugal, incluindo no quadro do Mecanismo Único de Supervisão, ao qual foi remetido o relatório da auditoria especial.”

Esta quarta-feira o Novo Banco realizou uma conferência de imprensa para comentar o trabalho da Deloitte, antes da comunicação social ter tido acesso ao conteúdo do relatório (que continua por divulgar). António Ramalho, presidente do banco, comparou a equipa de gestão, que lidera, com bombeiros que foram chamados a apagar um fogo, elogiando-a, e afirmando que o incêndio foi “fogo posto”.

Novo Banco emprestou 60 milhões aos compradores da seguradora GNB Vida

Sexta-feira, Setembro 4th, 2020

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Eco

Novo Banco emprestou 60 milhões aos compradores da seguradora GNB Vida

Banco adianta que a operação de venda incluiu um “vendor loan” correspondente a 50% do preço final que a Apax pagou pela seguradora, cerca de 120 milhões de euros.

O Novo Banco emprestou cerca de 60 milhões de euros ao investidor que comprou a seguradora GNB Vida, por 123 milhões de euros, numa operação que gerou perdas de 250 milhões de euros para a instituição liderada por António Ramalho.

É o próprio banco que adianta, numa apresentação que foi distribuída esta quarta-feira pelos jornalistas, que a operação de venda da seguradora à GBIG Portugal, uma sociedade totalmente detida por fundos geridos pela Apax, “incluiu a concessão de um vendor loan correspondente a 50% do preço, à taxa de juro adequada às condições do mercado”.

Sublinha logo a seguir que a “transação foi realizada num processo organizado de venda, competitivo e transparente, seguido em permanência pelo Fundo de Resolução e pelo compliance do Novo Banco”.

Este vendor loan é um empréstimo que o banco faz ao comprador de determinado ativo ou conjunto de ativos. Embora seja um procedimento normal emprestar dinheiro ao investidor que lhe adquire um ativo, os bancos portugueses já referiram que não têm por hábito fazê-lo por cá. Por exemplo, Miguel Maya, presidente do BCP, esclareceu que: “A venda da carteiras de ativos o BCP não financiou. Mas numa situação específica, desde que bem protegido por capitais próprios adequados, de um cliente de relação, podíamos ter feito”.

A exceção parece ser o Novo Banco, que também tinha dado crédito ao fundo Anchorage para financiar a aquisição de uma carteira de imóveis designada Viriato, e que veio a ser uma das operações que suscitou polémica em torno banco, por vários motivos: não há certezas sobre quem serão os beneficiários finais de uma transação que gerou uma perda de 160 milhões.

No caso da GNB Vida, a alienação também gerou dúvidas. Segundo o Público, a venda da GNB Vida, agora designada GamaLife, à GBIG Portugal deu origem a uma queixa, apresentada a 13 de janeiro deste ano, junto da ESMA, Autoridade Europeia de Mercados e Títulos, e subscrita por quem tem envolvimento e interesse direto no Novo Banco.

A venda da seguradora ficou fechada em outubro de 2019, depois de contactados 65 investidores num processo que resultou, no final, em quatro propostas vinculativas. O valor final foi de 123 milhões de euros acrescido de uma componente variável até 125 milhões de euros, indexada a objetivos de distribuição de seguros vida em Portugal por um período de 20 anos.

O banco explica que a deterioração do valor da companhia seguradora é, em grande parte, atribuível a fatores independentes do processo de venda. “Não tivesse ocorrido a venda, a que o banco estava obrigado, teriam de ser reconhecidas elevadas imparidades ao valor da participação no capital” da GNB Vida, diz o Novo Banco.

Empresário Greg Lindberg condenado a sete anos e três meses de prisão nos EUA

Terça-feira, Agosto 25th, 2020

Citamos

Económico

Greg Lindberg, antigo dono da Bankers Insurance Holdings, que foi vendida à Apax Partners e que comprou a GNB Vida ao Novo Banco em 2019, foi considerado culpado por um tribunal da Carolina do Norte, em março deste ano, e condenado a uma pena de prisão de sete anos e três meses.

O magnata norte-americano do setor segurador, Greg Lindberg, foi condenado a uma pena de prisão de sete anos e três meses por tentativa de suborno um comissário dos seguros do estado da Carolina do Norte, Mike Causey, a troco de benefícios regulatórios para a Global Bankers Insurance Group (GBIG), noticiou o “The Wall Street Journal“.

Gred Lindberg foi considerado culpado por um tribunal da Carolina do Norte, em março deste ano, tendo sido agora condenado a uma pena de prisão de sete anos e três meses. A publicação dá conta de que a equipa de advogados de defesa de Greg Lindberg pretende interpor recurso da decisão.

Em cada um dos 50 estados norte-americanos existe um comissário do setor segurador e, embora as suas funções variem de estado para estado, regra geral, prendem-se com a proteção dos consumidores e regular a atividade.

O empresário norte-americano era o detentor da holding Bankers Insurance Holdings que, por sua vez, é dona da subsidiária GBIG que, em setembro de 2018, selou um acordo para comprar a seguradora GNB Vida ao Novo Banco — hoje, GamaLife — por 190 milhões de euros.

No entanto, este acordo entrou em compasso de espera porque a GBIG desistiu de comprar a italiana Pramerica Life Itália devido às reticências que o regulador italiano tinha em relação à capacidade financeira e à idoneidade da entidade compradora, tal como noticiou o Jornal Económico, em março de 2019.

Entretanto, a Bankers Insurance Holdings é vendida a fundos geridos pela Apax Partners, que é uma firma de private equity, com sede em Inglaterra e presença internacional.

Em outubro de 2019, o Novo Banco comunicou ao mercado a venda da GNB Vida por 168 milhões à Bankers Insurance Holdings, agora detida pela Apax Partners. Na nota dirigida ao mercado, a instituição financeira referiu que o negócio se fez por 168 milhões de euros, justificando que o novo preço equivalia “para a base comparável de ativos subjacentes ao preço de 190 milhões de euros anteriormente comunicado, dado o decurso de tempo e a venda de imóveis da seguradora verificados entretanto”.

Esta operação teve luz-verde da Comissão Europeia e da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), em junho e agosto de 2019, respectivamente.

O jornal “Público“, em agosto deste ano, avançou não apenas que a venda da GNB Vida, em outubro de 2019, resultou em perdas de 268,2 milhões de euros para o Novo Banco, justificando nova chamada de capital ao Fundo de Resolução (FdR), ao abrigo do mecanismo de capital contingente, como também que existirão indícios de relações entre a Apax Partners e Greg Lindberg, levantando dúvidas sobre a idoneidade do comprador da seguradora.

O FdR já reagiu ao preço da operação e a ASF e a GamaLife já desmentiram quaisquer ligações com Greg Lindberg. Por um lado, o FdR, em comunicado, esclareceu que a venda da GNB Vida à Apax Partners “se mostrava, face aos cenários possíveis, como a solução que minimizava as perdas para o mecanismo de capitalização contingente, ao mesmo tempo que permitia dar cumprimento ao compromisso assumido pelo Estado junto da Comissão Europeia” e garantiu que “o valor da venda correspondeu ao valor da melhor oferta recebida na sequência de um processo de venda aberto e competitivo”.

Por outro lado, a ASF, em comunicado, explicou que “em momento algum se pronunciou sobre a operação de venda, mas apenas sobre a idoneidade e a capacidade dos novos acionistas para assegurar a gestão sã e prudente da GNB – Companhia de Seguros de Vida” e que efetuou “múltiplas diligências”, não tendo apurado “qualquer ligação entre Greg Evan Lindberg e o grupo adquirente da GNB Vida”.

Por sua vez, a GamaLife garantiu que não tem “qualquer relação” com Greg Lindberg.