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“Faltou transparência” sobre o impacto do BES e Novo Banco nas contas públicas, diz o Tribunal de Contas

Terça-feira, Maio 4th, 2021

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“Faltou transparência” sobre o impacto do BES e Novo Banco nas contas públicas, diz o Tribunal de Contas

“Faltou transparência” sobre o impacto do BES e Novo Banco nas contas públicas, diz o Tribunal de Contas

Tribunal de Contas pede ao Governo que preste contas e comunique “periodicamente” esse impacto nas finanças públicas e impute responsabilidades face a eventuais perdas.

O impacto da resolução do Banco Espírito Santo (BES) e das injeções de capital no Novo Banco (NB) não tem sido comunicado de forma transparente, avisa o Tribunal de Contas na auditoria pública que foi pedida pelo Parlamento e divulgada esta segunda-feira. A instituição recomenda, por isso, ao Governo que não só faça essa avaliação de forma periódica como apure responsabilidades de eventuais custos para os contribuintes.

Faltou transparência na comunicação do impacto da Resolução do Banco Espírito Santo e da Venda do Novo Banco na sustentabilidade das finanças públicas“, diz o Tribunal de Contas no relatório da auditoria. “O foco da imputação das perdas verificadas no Banco Espírito Santo e no Novo Banco não deve ser desviado dos seus responsáveis (por ação ou por omissão) para onerar os contribuintes ou os clientes bancários (em regra também contribuintes)”, critica.

Desde a constituição do Novo Banco, o Fundo de Resolução já injetou 2.976 milhões de euros no banco, deixando ainda uma margem de 900 milhões. Este ano, Novo Banco vai pedir 598,3 milhões de euros ao Fundo de Resolução (acima do que o Governo antecipava no Orçamento do Estado). Este financiamento está relacionado com o compromisso do Executivo junto da Comissão Europeia de assegurar a viabilidade do Novo Banco a longo prazo em troca de as autoridades europeias não se oporem à venda do banco (e consequentemente impedir a liquidação).

“O financiamento público do NB concorreu para a estabilidade do sistema financeiro, sobretudo por ter sido evitada a liquidação do banco e reduzido o risco sistémico. Porém, não foi minimizado o impacto na sustentabilidade das finanças públicas, nem reduzido o risco moral, com 2.976 milhões de euros de despesa pública, que acresce à dos 4.900 milhões de euros de capitalização inicial do NB, sendo ainda possível o dispêndio de mais 914 milhões de euros, ao abrigo do ACC, e do montante necessário à viabilidade do NB, nos termos do compromisso assumido com a CE (até 1,6 mil milhões de euros)”, concluiu.

Quanto à contabilização deste dinheiro nas contas públicas, o Tribunal de Contas reitera que o apoio público constitui despesa efetiva (ou seja, não reembolsável) das Administrações Públicas em contabilidade nacional, “sendo incorreto que não o seja em contabilidade pública”, refere. Nesse sentido, o TdC recomenda ao Ministério das Finanças que providencie “a correção do registo” do financiamento público do Novo Banco em contabilidade pública e na Conta Geral do Estado, em contas nacionais e na contabilidade patrimonial do Fundo de Resolução.

Além do impacto para as contas públicas, a forma como têm sido feitas as injeções é alvo de críticas da auditoria já que não foi apresentado o cálculo do valor a financiar. O Tribunal de Contas concluiu que o dinheiro recebido correspondeu não só a perdas protegidas pelo acordo de capital contingente (ACC), a défice de capital resultante da atividade geral do banco. “Não tem sido devidamente cumprida a obrigação de o NB reportar a informação sobre a execução do ACC”.

A par da contabilização das injeções para as contas públicas, o TdC recomenda ao Fundo de Resolução que assegure que o valor a financiar é “apropriadamente demonstrado, verificado e validado, antes de ser pago”.

Acrescenta que, para o controlo público do cumprimento do acordo ser “eficaz”, importa “aplicar o princípio da segregação de funções e prevenir riscos de complacência ou de conflito de interesses“, assegurando a independência de ações entre a administração do Banco de Portugal e a Comissão Diretiva do Fundo de Resolução, bem como entre os auditores do Fundo de Resolução, do Novo Banco e da Nani Holdings. Quer ainda a separação entre a empresa contratada pelo Ministério das Finanças para avaliar a venda do NB e a empresa contratada pelo NB e Fundo de Resolução como agente de verificação do ACC.

(Notícia atualizada às 13h15)

Governo negoceia empréstimo de 400 milhões de euros para injeção no Novo Banco

Sábado, Abril 10th, 2021

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Expresso

Financiamento da banca ao Fundo de Resolução deverá rondar os €400 milhões

OGoverno abordou a banca no sentido de retomar as negociações para a concessão de um empréstimo ao Fundo de Resolução — que deverá rondar os €400 milhões — com vista à capitalização do Novo Banco. Fê-lo há uma semana, na Sexta-Feira Santa, apurou o Expresso junto de várias fontes. Isto numa altura em que o banco se colocou na corrida para comprar o EuroBic, o que não agrada aos concorrentes.

O montante do financiamento bancário é substancialmente superior ao que tinha sido falado em outubro (que rondava os €275 milhões), antes da aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2021. O Expresso sabe que os bancos vão ser chamados para uma reunião no Ministério das Finanças, mas não foi possível apurar o andamento do processo. O gabinete de João Leão, onde João Nuno Mendes é o responsável pela pasta da banca, não respondeu às nossas questões.

Novo Banco. Siza Vieira participou na venda da Tranquilidade

Quarta-feira, Março 24th, 2021

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Jornal I

Moreira Rato revelou que regulador foi avisado que capital do NB poderia não ser suficiente.

O ministro Pedro Siza Vieira, na altura advogado da sociedade Linklaters, participou “numa ou outra reunião do conselho de administração” do Novo Banco sobre a venda da seguradora Tranquilidade ao fundo Apollo, confirmou o ex-administrador financeiro do banco, João Moreira Rato, na comissão de inquérito ao Novo Banco. O responsável disse ainda que a equipa de gestão foi surpreendida com a resolução do BES, em agosto de 2014, e que alertou o Banco de Portugal para a insuficiência da capitalização do Novo Banco devido aos riscos futuros.

Recorde-se que a seguradora acabou por comprar a Tranquilidade por 40 milhões, tendo-se comprometido a injetar 150 milhões na seguradora. Em 2019, o fundo acabou por vender a seguradora por 600 milhões à Generali.

BdP foi avisado

O antigo administrador financeiro do Novo Banco disse também que, logo após a resolução do BES, a então administração da nova instituição informou o Banco de Portugal que o capital inicial “poderia não ser suficiente”.

Esta é a resposta do responsável à questão colocada pela deputada Cecília Meireles sobre se o capital inicial de 4,9 mil milhões de euros para o banco de transição que nasceu do colapso do BES era adequado, na perspetiva da primeira equipa de gestão do Novo Banco.

“Pouco tempo depois, ainda em agosto, lembro-me de, no Conselho de Administração, nós discutirmos que o capital que tínhamos poderia não ser suficiente para fazer face os problemas que poderiam ainda acontecer e ter algum impacto no balanço do banco”, disse.

Questionado sobre os motivos desta insuficiência pela deputada do CDS-PP, Moreira Rato explicou que o rácio de capital, depois de “corrigir o que se tinha passado em julho”, se fixava nos “7 e tal por cento”, sendo 7% “o valor alvo” que queriam “evitar passar abaixo”.

E acrescentou: “Tínhamos consciência de que a carteira de empresas do banco poderia a prazo apresentar problemas. Era provavelmente também um dos riscos possíveis que nós considerávamos na altura”.

“Situação é de grande desespero”. Emigrantes lesados do BES pedem reunião urgente com o Governo

Segunda-feira, Fevereiro 1st, 2021

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Económico

Em entrevista à plataforma multimédia JE TV, os presidentes de duas associações de lesados emigrantes do BES explicam como o Governo tem adiado encontrar uma solução.

Há quase sete anos que os emigrantes lesados do BES procuram uma solução para serem ressarcidos. Por iniciativa do Governo, a Ordem dos Advogados constituiu uma Comissão de Peritos Independentes que calculou o perímetro dos créditos reclamados, uma passo essencial na busca de uma solução para estas pessoas que “perderam a poupança de uma vida”, explicam, ao Jornal Económico, Sara Freitas, presidente da Associação de Lesados Emigrantes na Venezuela e África do Sul (ALEV) e Carlos Cardoso, presidente da Associação de Defesa dos Clientes Bancários (ABESD).

As duas associações já têm um fundo de recuperação de créditos planeados à espera de ser constituído junto da Comissão de Valores Mobiliários (CMVM), mas é necessária uma garantia do Estado, tal como sucedeu na solução encontrada para os lesados do papel comercial emitido pela ESI e pela Rio Forte.

 

Governo teme não dar garantias a lesados do BES e do Banif

Segunda-feira, Janeiro 18th, 2021

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Dinheiro Vivo

Governo aguarda análise do Banco de Portugal para reaver perdas de cerca de 3000 lesados, que investiram, ao todo, perto de 600 milhões de euros.

OGoverno teme não poder dar uma garantia de Estado para os lesados de sucursais do BES e do Banif recuperarem os seus investimentos. Há mais de um ano que o executivo aguarda por uma análise do Banco de Portugal sobre as expetativas de recuperação destes créditos por vias legais, adianta a edição desta quinta-feira do Jornal de Negócios.

O fundo para recuperar este investimento a partir da comissão liquidatária do BES é diferente do veículo nascido em 2018 para compensar os investidores de papel comercial da Rioforte e da Espírito Santo Internacional.

O jornal cita uma resposta do Governo à deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua para lembrar que as falhas do fundo constituído para recuperar os créditos dos lesados da Rioforte e da Espírito Santo International, de 300 milhões de euros. A situação recomenda, por isso, “especial prudência do Estado na ponderação sobre a possibilidade de conceder novos apoios financeiros públicos”, entende o Governo no mesmo documento.

Este impasse põe em causa um universo de praticamente 3000 lesados não qualificados do Banif, do Banque Privée e das unidades do BES na Venezuela e na África do Sul. Estão em causa investimentos totais de cerca de 600 milhões de euros.

Governo alerta que pode não dar garantia a lesados do BES e Banif

Quinta-feira, Janeiro 14th, 2021

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Negócios

Quase três mil investidores não qualificados do Banif e das sucursais exteriores do BES continuam sem ter uma solução para reaver as perdas. Governo está à espera de análise do BdP.

Mais de um ano depois de terem sido detetados indícios de atos ilícitos na venda de produtos no Banif e nas sucursais exteriores do Banco Espírito Santo (BES), os pequenos investidores lesados por estas práticas continuam à espera de solução e sem perspetivas de que a mesma seja definida em breve. O Governo está à espera de uma análise do Banco de Portugal (BdP) sobre as expectativas de recuperação dos créditos em causa através das vias legais, antes de decidir se irá conceder uma garantia estatal para a constituição de um fundo que possa ressarcir estes lesados. A análise tarda em chegar e, mesmo que chegue, o gabinete de António Costa já assumiu que é preciso “prudência” na concessão de garantias públicas.

Foi em dezembro de 2019 que os lesados do Banif e das sucursais exteriores do BES viram desenvolvimentos nos seus processos. Nessa altura, duas comissões de peritos independentes, nomeadas pela Ordem dos Advogados para apurar se houve práticas de venda ilícitas nestes bancos, apresentaram as conclusões.

Os peritos analisaram os casos de lesados não qualificados do Banif, do Banque Privée e das sucursais do BES na Venezuela e na África do Sul. Receberam mais de três mil reclamações e concluíram que, destas, 2.723 reclamações, relativas à venda de 3.594 produtos financeiros, eram elegíveis para beneficiar de uma solução de ressarcimento, já que, nestes casos, foram detetados indícios de práticas de venda ilícitas.

Ficou, assim, definido o universo dos que poderiam vir a integrar um fundo de recuperação de créditos: perto de 3 mil lesados, com investimentos totais de cerca de 600 milhões de euros.

Esse fundo seria constituído junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), à semelhança do veículo criado em 2018 para ressarcir os investidores não qualificados de papel comercial da Rioforte e da Espírito Santo International (ESI).

Esse primeiro fundo, gerido pela Patris, reclamou os créditos em causa junto da comissão liquidatária do BES, no âmbito do processo de insolvência do banco, mas nunca chegou a ser reconhecido como credor. Assim, foi o Governo que, através da concessão de garantias estatais, assegurou que o fundo tinha capacidade para ressarcir os investidores, num total de quase 300 milhões de euros. Este montante foi pago em três tranches, a última das quais no ano passado, e permitiu que os lesados recuperassem entre 50% e 75% dos montantes investidos.

O objetivo dos lesados do Banif e das sucursais exteriores do BES era beneficiarem de uma solução idêntica. As associações que representam estes lesados pretendiam começar a reunir-se com o Governo em janeiro do ano passado, para, depois, iniciar a constituição do fundo de recuperação junto da CMVM. Em abril do ano passado, a Associação de Lesados do Banif (ALBOA) dizia ao Negócios que mantinha “contactos com a representante nomeada pelo Governo” para tratar desta matéria, mas sem avanços. Sem resposta do lado do Governo, as conversações com a CMVM também ficaram pelo caminho.

Este cenário prolongou-se durante 2020 e foi só em novembro que uma declaração do secretário de Estado das Finanças, durante uma audição parlamentar, trouxe uma nova informação: “Recentemente, pedimos ao BdP que fizesse uma avaliação de quais são as possibilidades de recuperação de créditos, por parte desses lesados, pelas vias legais. Ainda não temos resposta a essa solicitação”, disse então João Nuno Mendes.

Governo à espera do BdP

É esta análise que, segundo o Governo, impede agora o processo de avançar. “O relatório dos peritos designados pela Ordem dos Advogados circunscreveu-se à verificação da existência de práticas ilícitas na comercialização, tendo considerado elegíveis reclamações que não fizeram prova de os créditos terem sido reclamados no processo judicial de insolvência do BES e do Banque Privée, o que põe em causa a possibilidade de recuperação desses créditos. Decidiu, por isso, o Governo solicitar ao BdP uma análise sobre as expectativas de recuperação dos créditos em causa”, pode ler-se numa resposta do Governo, datada de 17 de dezembro, a perguntas da deputada Mariana Mortágua.

O gabinete do primeiro-ministro continua a resposta lembrando que o fundo constituído para recuperar os créditos dos lesados da Rioforte e da ESI não tem sido bem-sucedido nesta tarefa, um cenário que poderá prejudicar as pretensões dos restantes lesados.

“O fundo não logrou ainda recuperar quaisquer créditos no âmbito dos processos em curso, não tendo, inclusivamente, a comissão liquidatária do BES reconhecido os créditos dos lesados do papel comercial. Tudo isto recomenda a especial prudência do Estado na ponderação sobre a possibilidade de conceder novos apoios financeiros públicos, atendendo à recomendação parlamentar de proteção do erário público. Salientamos ainda que, nos termos da lei, a concessão de garantia por parte do Estado assume natureza extraordinária”, refere a mesma resposta.

Para já, conclui o Governo, “aguarda-se a análise por parte do BdP”. E, do lado da instituição agora liderada por Mário Centeno, não há quaisquer novidades.

No final de outubro, fonte oficial afirmou ao Expresso que o BdP “não foi consultado sobre a hipotética constituição de um fundo de recuperação dirigido aos investidores referidos na questão, nem dispõe de informações sobre essa eventual iniciativa”.

Questionado agora pelo Negócios sobre se a análise pedida pelo Governo já está concluída, ou se há perspetivas de quando irá estar, o BdP não deu qualquer resposta.

 

2.723

LESADOS
Peritos que analisaram vendas do Banif e do BES consideraram que 2.723 lesados eram elegíveis para integrar fundo de recuperação.

 

 

600

INVESTIMENTOS
Os lesados investiram cerca de 600 milhões de euros. Em causa estão 3.594 produtos financeiros vendidos pelo BES e pelo Banif.

 

 

300

RECUPERAÇÃO
Os lesados do papel comercial da Rioforte e da ESI recuperaram até 75% dos investimentos, num total de quase 300 milhões de euros.

 

Governo assume que injeção no Novo Banco terá impacto de 0,1% no défice

Terça-feira, Outubro 20th, 2020

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Eco

Governo assume que injeção no Novo Banco terá impacto de 0,1% no défice

Governo diz que Orçamento não prevê dinheiro para o Novo Banco, ainda assim assume que a recapitalização do banco terá um impacto de 0,1% no défice do próximo ano.

A injeção no Novo Banco através do Fundo de Resolução vai ter um impacto de 0,1% do PIB no défice do próximo ano, assume agora o Governo, que já corrigiu a informação sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2021 que entregou ao Parlamento na semana passada.

Inicialmente, o Ministério das Finanças não deixou qualquer informação sobre o impacto do Novo Banco nas contas públicas. Entretanto, depois de informar que o banco precisará de 476,6 milhões de euros do Fundo de Resolução no próximo ano, dos quais 275 milhões correspondem a uma despesa que este fundo, entidade que se encontra dentro do perímetro público, terá de assumir por via de um empréstimo bancário, vem agora assumir que o dinheiro deste empréstimo da banca terá um impacto líquido de 0,1% do PIB. O Governo aponta para um défice de 4,3% no próximo ano.

Os detalhes do peso do Novo Banco nas contas públicas constam de uma tabela sobre com o impacto orçamental das medidas discricionárias que foi agora incluída no documento “Elementos informativos e complementares ao relatório do Orçamento do Estado“.

O tema Novo Banco tem gerado contestação nas últimas semanas, com o Governo a garantir que não está a colocar mais dinheiro para o Fundo de Resolução injetar no Novo Banco — isto apesar de ter inscrito cerca de 468 milhões de euros na primeira versão da proposta orçamental que deu aos deputados, algo que veio a revelar-se um erro dado que o montante tinha como destino a CP, segundo esclareceu logo a seguir.

Esta é uma das linhas vermelhas para o Bloco de Esquerda para aprovar a proposta do Orçamento do Estado para 2021, depois de os anteriores orçamentos terem “emprestado” mais de 2.000 milhões ao Fundo de Resolução para o Novo Banco. Porém, se desta vez não há transferência do Orçamento do Estado, os bloquistas continuam intransigentes neste ponto por entenderem que o banco vai continuar a pesar nos bolsos dos contribuintes no próximo ano. As negociações do Executivo com os partidos prosseguem ao longo desta semana.

A nova informação prestada pelo Governo esclarece ainda qual será o impacto dos apoios públicos de, pelo menos, 500 milhões de euros para a TAP, cujo controlo acionista passou para o Estado recentemente. A transportadora aérea representa um impacto de 0,2% no PIB no próximo ano, depois do impacto de 0,6% este ano.

Já a garantia concedida pelo Governo Regional dos Açores à companhia SATA para um empréstimo de 113 milhões de euros representará um impacto de 0,1% em 2020.

Governo pediu ao Novo Banco para só requerer 400 milhões ao Fundo de Resolução em 2021

Domingo, Outubro 4th, 2020

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Económico

A revelação foi feita por Francisco Louçã, fundador do Bloco de Esquerda, no habitual comentário da SIC. Louçã diz que “a solução de não entregar agora ao Estado mas pedir uma autorização orçamental para o Fundo de Resolução fazer este pagamento com empréstimo dos bancos, não passa no Parlamento”. Mas não acredita que o Novo Banco faça cair o Governo e abra uma crise política.

O fundador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, revelou esta sexta-feira, no seu habitual comentário da SIC, que o Governo propôs ao Novo Banco só pedir 400 milhões de euros ao Fundo de Resolução (FdR) em 2021 por conta das necessidades de capital apuradas em 2020. Desta forma, o Novo Banco pediria um montante mais baixo e portanto mais próximo do valor que o Fundo de Resolução tem disponível em recursos próprios. Os recursos do FdR provêm, essencialmente, das receitas provenientes da contribuição sobre o setor bancário, das contribuições iniciais e periódicas entregues pelas instituições participantes, bem como dos rendimentos da aplicação de recursos.

O Fundo recebeu 253,8 milhões de euros em contribuições “provenientes, direta ou indiretamente, do setor bancário” em 2019 e destes 185 milhões foram usados para injectar os 1.035 milhões na capitalização do Novo Banco ao abrigo do Acordo de Capitalização Contingente. Os restantes 850 milhões foram emprestados pelo Estado ao abrigo do acordo-quadro que foi aprovado em Conselho de Ministros, em outubro de 2017, numa resolução assinada diretamente pelo primeiro-ministro. Esse Conselho de Ministros autorizou o “Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, a celebrar, pelo Estado Português, enquanto garante último da estabilidade financeira, um acordo-quadro com o Fundo de Resolução, com vista à disponibilização de meios financeiros ao Fundo de Resolução, se e quando se afigurar necessário, para a satisfação de obrigações contratuais que venham eventualmente a decorrer da operação de venda da participação de 75 % do capital social do Novo Banco”.

No comentário da SIC, Louçã acrescentou que a outra solução do Governo, para ultrapassar o impasse criado pela posição do partido de esquerda radical,  no que toca ao financiamento do Novo Banco, consiste no convite a um sindicato bancário para financiar o Fundo de Resolução. O Jornal Económico avançou na edição desta sexta-feira que esse sindicato seria liderado pela CGD e composto pelo BCP, Santander Totta e BPI.

Francisco Louçã disse na SIC que “esta solução de não entregar agora ao Estado mas pedir uma autorização orçamental para o Fundo de Resolução fazer este pagamento com empréstimo dos bancos, não passa no Parlamento”.

O comentador revela assim que o Bloco de Esquerda não vai aprovar o Orçamento de Estado, o que Mariana Mortágua na conferência de imprensa desta sexta-feira nunca chegou a dizer perentoriamente.

Nessa antevisão de chumbo do OE caso o Fundo de Resolução financie o Novo Banco, Louçã conta também com o PSD e invoca que Rui Rio disse que não aprovava o empréstimo do Estado ao FdR no Orçamento se não houvesse uma nova auditoria até lá, coisa que não é possível já que a data de entrega ao Parlamento está prevista para dia 12.

Se o Orçamento de Estado não passar o Governo cai e haverá eleições antecipadas, o que dado o apertado calendário face às eleições presidenciais deixaria, por um longo período, o Governo em gestão corrente, numa altura crucial em que o Executivo tem de discutir com Bruxelas a chegada dos maiores fundos europeus da história.

Mas Louçã acha que o Governo não vai criar uma crise política para o FdR injetar 912 milhões no Novo Banco.

Francisco Louçã realçou que as receitas do Fundo de Resolução – entidade pública, detida pelos bancos e gerida pelo Banco de Portugal – “resultam da contribuição sobre o setor bancário, que é receita do Estado”.

Em 2019 o valor recebido pelo Estado “ascendeu a 179,2 milhões de euros, montante que foi integralmente
entregue ao Fundo de Resolução no decurso do segundo semestre de 2019”, segundo as contas da entidade liderada por Luís Máximo dos Santos.

O Bloco de Esquerda, em conferência de imprensa, nesta sexta-feira, propôs a capitalização direta do Novo Banco pelos bancos sem intervenção do Fundo de Resolução. A proposta do Bloco feita ao Governo no âmbito da negociação do Orçamento do Estado de 2021 e apresentada publicamente depois de não ter havido resposta por parte do Executivo de António Costa, consiste num aumento de capital do Novo Banco que os bancos subscrevessem, clarificou Louçã.

Louçã disse, na sua análise, que o Governo apressou-se a dizer que “essa proposta era ilegal e depois admitiu que era legal mediante uma autorização prévia do Banco Central Europeu”. Recorde-se BCE tem de autorizar todas as aquisições de participações qualificadas nos bancos da zona euro.

O Governo já fez saber que está disponível para aceitar a exigência do Bloco de que não haja mais empréstimos do Orçamento ao Fundo de Resolução. Mas está a trabalhar numa via alternativa que respeite os contratos assinados, o que também não agrada ao partido de esquerda radical.

Louçã defendeu também que se conteste em tribunal, no futuro, os contratos assinados no âmbito da venda do Novo Banco ao Lone Star.

Esta operação proposta pelo Bloco é inviável, segundo fontes do sector financeiro. Para além de que não faz caducar o Acordo de Capitalização Contingente que continuaria em vigor, O que significa que o Novo Banco continuaria a poder acionar o capital acordado até ao limite dos 3,89 mil milhões de euros, ou seja, os 912 milhões de euros.

Esta proposta é inviável porque está estabelecido por acordo que o Lone Star não pode nunca ter menos de 75%. Portanto um aumento de capital em que os bancos entrassem como acionistas do Novo Banco diluiria o Fundo de Resolução que tem 25%, e deixaria a entidade pública de fora das futuras mais valias que venham a ocorrer na venda do banco.

Depois há ainda o direito do Estado de converter os créditos fiscais (dos ativos por impostos diferidos elegíveis) do Novo Banco em capital, o que poderia levar o Tesouro a ficar com 13% do banco, fatia que seria retirada ao Fundo de Resolução. Aliás, fontes do setor questionam porque é que o Estado não converte os créditos fiscais e se torna acionista do Novo Banco, o que, em teoria, poderia dar direito a nomear um administrador.

Os contratos assinados no âmbito da venda do Novo Banco ao Lone Star, em 2017, incluem compromissos com Bruxelas, para além do Acordo Quadro em que o Governo de António Costa se comprometeu em financiar o FdR até 850 milhões por ano, para que o Fundo cumpra o Acordo de Capitalização Contingente.

Os bancos capitalizarem os concorrentes implicaria uma autorização prévia do BCE, uma vez que o supervisor que tem de autorizar todas as participações qualificadas no Novo Banco, mas também implicaria uma análise da autoridade da Concorrência, uma vez que se trata de concentração no setor.

As nossas fontes avançam que a proposta do Bloco de Esquerda não teria acolhimento nas instituições europeias.

O Bloco de Esquerda defendeu hoje em conferência de imprensa que “se este é um problema entre bancos como nos têm dito, então ele tem de ser resolvido entre bancos, sem colocar o Fundo de Resolução, os contribuintes a intermediar e a garantir esta capitalização”, segundo Mariana Mortágua

O Bloco quer que sejam os bancos a assegurar diretamente as necessidades de capitalização do Novo Banco, sem passar pelo Fundo de Resolução, e sem “sobrecarregar” os contribuintes com novos empréstimos do Estado ou dos bancos à entidade que tem feito as intervenções na banca.

A gestão financeira do FdR é cabe à Comissão Diretiva do Fundo e os recursos financeiros disponíveis são aplicados com base num plano de aplicações financeiras acordado entre o FdR e o Banco de Portugal.

BES: Governo “não mudou de opinião” e quer conhecer relatório do BdP

Sexta-feira, Setembro 4th, 2020

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Notícias ao Minuto

O Governo afirmou hoje que “não mudou de opinião” sobre a necessidade de conhecer o relatório relativo à supervisão do Banco Espírito Santo, documento que o Banco de Portugal só entregará ao tribunal.

O Banco de Portugal (BdP) garantiu hoje que, se uma decisão judicial determinar a quebra do “dever legal de segredo” a que está obrigado, disponibilizará “desde logo” ao tribunal o relatório relativo à supervisão do Banco Espírito Santo (BES), um dia depois de o BE ter condenado que o governador Mário Centeno tenha recusado enviar ao parlamento a auditoria interna à atuação na resolução do banco.

Deixando claro que “não cabe ao Governo tomar essa decisão”, Mariana Vieira da Silva quis realçar que o executivo socialista “não mudou de opinião”.

“O senhor primeiro-ministro [António Costa] já tinha tornado clara a sua opinião e a opinião é a mesma”, assegurou a ministra.

Num debate quinzenal em 07 de março de 2019, António Costa assumiu que todos têm “curiosidade” em conhecer a auditoria interna do Banco de Portugal no quadro de resolução do BES, documento que o Governo solicitou e que não foi revelado.

“Ninguém escondeu nada. O Governo não desconhecia o contrato, o Banco de Portugal sempre disponibilizou ao Governo toda a informação sobre o contrato. O que eu disse há pouco era relativamente à auditoria interna que foi feita no Banco de Portugal sobre a gestão durante o quadro da resolução [do BES]”, respondeu o primeiro-ministro à líder do BE, Catarina Martins.

António Costa assumiu que “o Governo solicitou ao Banco de Portugal “o envio da auditoria interna” e este não “revelou a auditoria”.

“Claro que tenho curiosidade. Acho que todos temos curiosidade. Qualquer português tem curiosidade”, admitiu.

Pela parte do Governo, prosseguiu, não há nada “a esconder para contar e divulgar” em relação a “tudo aquilo que foi a intervenção”.

“Presumo que os outros também não têm. Se a Assembleia da República entender que esse é o mecanismo, creio que o senhor Presidente da República ficará satisfeito, milhões de portugueses ficarão satisfeitos, eu pessoalmente terei gosto em finalmente conhecer algumas coisas que não conheço”, insistiu então.

Mariana Mortágua revelou quarta-feira que o partido recebeu a resposta do Banco de Portugal e foi com “enorme surpresa” que viu esta recusa.

“O governador Mário Centeno recusa-se a enviar a auditoria à resolução do Banco Espírito à Assembleia da República, contrariando as posições do Governo, incluindo quando fazia parte do Governo enquanto ministro das Finanças”, condenou.

Em comunicado, o banco referiu hoje que “a respeito da entrega pelo Banco de Portugal do ‘Relatório da Comissão de Avaliação das Decisões e atuação do Banco de Portugal na Supervisão do Banco Espírito Santo’ [BES], observa-se que o Banco de Portugal aguarda […] decisão judicial que aprecie e decida acerca da eventual quebra do dever legal de segredo”.

Segundo garante, “a ser decidida essa quebra do dever legal de segredo, o Banco de Portugal colaborará, de imediato, com o Tribunal, ficando, nos exatos termos dessa decisão judicial, autorizado a disponibilizar, desde logo, esse documento ao Tribunal”.

Mais de 90% dos ativos do NB são legado do BES

Quarta-feira, Setembro 2nd, 2020

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Negócios

O relatório confidencial mostra, segundo o Ministério das Finanças, que as perdas de mais de quatro mil milhões registadas no Novo Banco nos últimos anos tiveram origem no BES. Isto porque, conforme apurou o Negócios, mais de 90% dos ativos em causa foram herdados pela instituição que nasceu com a resolução no verão de 2014.

 

| Auditoria é confidencial, mas versão “censurada” vai ser divulgada

A auditoria da Deloitte aos atos de gestão do Novo Banco chegou ao Governo, que, por sua vez, a enviou à Assembleia da República. O documento é, no entanto, confidencial, sendo que os deputados terão acesso integral, mas através de computadores que tenham um “software” específico, que rastreia a consulta. Ainda assim, há informação que será divulgada. Os serviços jurídicos ficaram responsáveis por identificar as partes protegidas pelo sigilo bancário ou outro que justifiquem a confidencialidade para que o resto do relatório seja divulgado no site do Parlamento.

O relatório será disponibilizado e remetido pelo auditor ao Banco Central Europeu, ao Banco de Portugal, ao Fundo de Resolução, à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. O Governo acabou de remeter o relatório à Assembleia da República.

| Análise da Deloitte será usada em processos judiciais em curso

O Governo refere, no comunicado enviado durante a madrugada, que o relatório da Deloitte será enviado à Procuradoria-Geral da República, “atendendo às matérias analisadas, à abrangência temporal da análise da auditoria especial, que incide sobre um período muito alargado da atividade do Banco Espírito Santo até 2014 relativamente ao qual estão em curso processos criminais, e à necessidade de salvaguarda dos interesses financeiros do Estado”.

O relatório será remetido pelo Governo à Procuradoria-Geral da República considerando as competências constitucionais e legais do Ministério Público.

| Novo Banco “empenhado” em cumprir indicações da deloitte

A análise da Deloitte aos atos de gestão no BES e Novo Banco, entre 2000 e 2018, detetou “insuficiências e deficiências graves de controlo interno” no BES. Esta terça-feira, já depois de a auditoria ter chegado ao Governo, o banco liderado por António Ramalho disse, num comunicado, estar “totalmente empenhado em continuar o caminho traçado” para “cumprir na íntegra as indicações” referidas no relatório. O Novo Banco refere ainda que a auditoria “evidencia a importância dos processos de alienação de ativos para a recuperação do balanço do Novo Banco”.

O Governo considera imprescindível que sejam desenvolvidas, por todos os intervenientes, todas as ações necessárias para assegurar a rápida e integral correção das questões identificadas no relatório da auditoria especial.

| Perdas de mais de 4 mil milhões em 283 operações

A análise da Deloitte revelou perdas de 4.042 milhões de euros entre 2014 e 2018. Estas foram registadas num total de 283 operações, sobretudo operações de crédito (201), mas também relacionadas com subsidiárias e ainda outros ativos que não são especificados. A “resolução foi deficiente e a doença do BES passou para o Novo Banco”, afirmou o deputado socialista João Paulo Correia. Já Rui Rio, presidente do PSD, disse que a auditoria devia focar-se nas perdas verificadas já depois da venda à Lone Star.

O relatório evidencia que as perdas incorridas pelo Novo Banco decorreram fundamentalmente de exposições a ativos que tiveram origem no período de atividade do Banco Espírito Santo e que foram transferidos para o Novo Banco no âmbito da resolução.

| “Deficiências graves” durante a gestão do bes

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou no Parlamento, em maio, que se a Deloitte detetasse que houve má gestão por parte do Novo Banco nas operações de venda de ativos, o Fundo de Resolução poderia pedir a devolução do dinheiro injetado para repor os rácios de capital. Na auditoria, que analisou a forma como foram concedidos e acompanhados os créditos problemáticos entre 2000 e 2018, a conclusão, divulgada pelas Finanças, é clara para a Deloitte: as perdas que têm levado o banco a pedir capital todos os anos foram provocadas por um “conjunto de insuficiências e deficiências graves de controlo interno” no BES.

O relatório descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves de controlo interno no período de atividade até 2014 do Banco Espírito Santo no processo de concessão e acompanhamento do crédito, bem como ao investimento noutros ativos financeiros e imobiliários.