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Grandes investidores do BES acusam Banco de Portugal de discriminação. Regulador vê lei de forma diferente

Terça-feira, Junho 19th, 2018

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Eco

Os grandes investidores lesados pela decisão do BdP de transferir dívida do Novo Banco para o BES “mau” acusam o regulador de discriminação pela nacionalidade. Mas Carlos Costa nega as acusações.

s grandes investidores lesados pela decisão do Banco de Portugal (BdP) de transferir, em dezembro de 2015, dívida do Novo Banco para o BES “mau” acusam a entidade liderada por Carlos Costa de “discriminação em razão da nacionalidade”. Isto porque, dizem os fundos, os investidores nacionais não foram sujeitos a esta transferência realizada após a resolução da instituição financeira. Acusações que são totalmente rejeitadas pelo regulador por considerar que esta “discriminação” apenas se aplica a Estados-membros. Os fundos são norte-americanos.

“Os queixosos [os grandes fundos] afirmam que a decisão de retransferir dívida [tomada pelo Banco de Portugal] é considerada discriminação em razão da nacionalidade, o que é proibido pela lei da União Europeia, uma vez que visa sobretudo investidores institucionais estrangeiros”, referem os sete fundos numa nota sobre as implicações da decisão do BdP a que o ECO teve acesso, entre os quais está a Attestor Capital, BlackRock, CQS e Pimco.

“Os queixosos [os grandes fundos] afirmam que a decisão de retransferir dívida [tomada pelo Banco de Portugal] é considerada discriminação por nacionalidade, o que é proibido pela lei da União Europeia, uma vez que visa sobretudo investidores institucionais estrangeiros.”

Fundos lesados do BES

Estes investidores alegam que a decisão do banco central viola a liberdade de circulação de capital ao estar a discriminá-los com base na sua origem. Contudo, esta não é a opinião do regulador, que interpreta a legislação de outra forma. Para a entidade liderada por Carlos Costa, o que a lei da UE diz é que estes casos de “discriminação” apenas se aplicam a outros Estados-membros e não a países terceiros, como é o caso.

“Nenhum dos queixosos tem sede na União Europeia. Estão todos sediados nos EUA ou nas ilhas Cayman”, refere o BdP num documento enviado ao Tribunal Administrativo de Lisboa, a que o ECO teve acesso, no âmbito deste processo. O regulador do setor financeiro exclui assim um dos argumentos usado pelos fundos para tentarem recuperar as perdas sofridas pelos seus clientes no seguimento da decisão do banco central de transferir 2,2 mil milhões de euros em títulos de dívida sénior do Novo Banco para a massa insolvente do BES.

“Nenhum dos queixosos tem sede na União Europeia. Estão todos sediados nos EUA ou nas ilhas Cayman.”

Banco de Portugal

“O Tribunal Europeu de Justiça não usa a expressão ‘investidores estrangeiros’ como se estivesse a incluir investidores da Coreia do Norte, EUA ou das ilhas Cayman. Usa a expressão que delineia rigorosamente o âmbito subjetivo da proibição de discriminação: cidadãos ou empresas de “outro Estado-membro da UE”, relembra o BdP.

Para estes investidores, esta posição do regulador sinaliza que há um “membro do Eurossistema que está abertamente a reivindicar o direito de discriminar investidores de países fora da UE”. E, enquanto banco central da região, “tem a capacidade de influenciar a política monetária e um conjunto abrangente de questões de supervisão e regulação. É, por isso, relevante perceber se a posição adotada pelo BdP representa a política da UE quanto ao tratamento de investidores estrangeiros na UE”.

E deixam um alerta: “O resultado destas discussões poderá ter implicações profundas a nível financeiro e político na UE. Caso a posição do BdP sobre a lei da UE prevaleça, os investidores norte-americanos (ou seja, investidores de qualquer país fora da UE)poderão ver as suas reivindicações subordinadas ao capricho de qualquer legislador, tribunal ou autoridade de resolução bancária sem direito a compensação no âmbito da lei da UE”.

Os fundos têm vindo a exercer pressão sobre o BdP,contestando a decisão tomada em dezembro de 2015 e pedindo abertura do regulador para que se chegue a uma solução. Foi no final do ano passado que enviaram mais uma carta ao regulador alertando para os custos desta decisão para o país — algo que voltaram a reforçar nesta exposição. “Os bancos portugueses pagam juros significativamente mais elevados do que os seus pares.” E, até que seja alcançada uma solução, “as instituições financeiras vão continuar a suportar os custos desta decisão sem precedentes”, referiram então os investidores.

Além da carta, criaram um site onde disponibilizam vários documentos relativos a esta transferência. Entre estes, é possível aceder-se à cronologia dos eventos, às contas do Fundo de Resolução referentes a 2016, a decisão sobre a resolução do BES até à transferência de dívida que este grupo contesta.

Apesar da pressão, o processo, que começou em março de 2016, ainda será longo. Esta exposição de ambos os lados é apenas um dos primeiros passos, ficando ainda a faltar toda a fase das alegações e, por fim, a decisão do tribunal.

Site grandes fundos Novo Banco e Banco de Portugal

Sexta-feira, Janeiro 19th, 2018

Veja aqui

Site grandes fundos Novo Banco e Banco de Portugal

Investidores lesados do BES criam site para manter pressão sobre BdP

Sexta-feira, Janeiro 19th, 2018

Citamos

Eco

O Novo Note Group, constituído por investidores como a Pimco, decidiu criar um site onde disponibiliza vários documentos sobre a decisão do BdP de transferir, em 2015, dívida do Novo Banco para o BES.

“Um grupo de detentores de dívida que representa mais de 20 instituições financeiras com aproximadamente 1,4 mil milhões de euros das obrigações do Novo Banco a tomar medidas contra a transferência ilegal do Novo Banco [para o BES].” Este é o mote deste grupo de investidores lesados pela decisão do BdP para a criação de uma página onde é possível aceder a “documentos importantes sobre a decisão do BdP de transferir a dívida em dezembro de 2015 e o processo de venda do Novo Banco”.

Entre estes documentos, é possível aceder-se à cronologia dos eventos, às contas do Fundo de Resolução referentes a 2016, a decisão sobre a resolução do BES até à transferência de dívida que este grupo contesta. “A 29 de dezembro de 2015, o BdPtransferiu ilegalmente 2,2 mil milhões de euros (que representam cinco séries de obrigações de um total de 52) do Novo Banco para o BES ‘mau’, usando poderes que nunca foram criados para esse fim para preencher um buraco no balanço do Novo Banco. Para os investidores nestas obrigações, esta decisão impôs perdas significativas“, afirma.

Este grupo, constituído pela Attestor Capital, BlackRock, CQS e Pimco, explica ainda que medidas legais foram tomadas e ainda o impacto que esta decisão tem em Portugal. “A ação do BdP penalizou a posição financeira de Portugal, com o apoio de investidores de institucionais de longo prazo a ficar em dúvida. Isto colocou o acesso do país ao mercado de capital e a recuperação económica em risco”, afirmam.

The Novo Note Group has created a bank of key documents regarding the December 2015 Retransfer decision and the sale process of Novo Banco, available to read here: https://www.novonotegroup.com/content-hub/ 

Content Hub | The Novo Note Group

novonotegroup.com

O Novo Note Group tem vindo a pressionar o BdP, tendo enviado uma nova carta ao BdP onde alertam para os custos que a decisão de transferir dívida do Novo Banco para o BES tem para o país. Estes investidores defendem que a “decisão continua a penalizar a credibilidade do setor financeiro português enquanto destino de investimento estrangeiro”.

Grandes fundos boicotam emissão do BCP por causa do BES

Quarta-feira, Dezembro 6th, 2017

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Negócios

A Pimco e a BlackRock, entre outras, anunciam que não vão participar na emissão de obrigações do BCP que irá decorrer amanhã. Em causa a retransmissão de obrigações do Novo Banco para o BES “mau”.

Attestor Capital, BlackRock, CQS, Pimco, River Birch Capital e York Capital: todas estas gestoras de fundos de investimento vão boicotar a emissão de 300 milhões de euros que o Banco Comercial Português (BCP) vai realizar esta quarta-feira.

“Não vamos participar nesta emissão. Todos decidimos que os riscos associados a investir activamente em dívida pública ou privada de Portugal são proibitivos, já que o Banco de Portugal ainda não resolveu a retransmissão ilegal e discriminatória das obrigações do Novo Banco para o BES em 2015”, indica o porta-voz de todas essas entidades em e-mail enviado às redacções.

A emissão do BCP foi noticiada na semana, quando anunciado que a instituição financeira iria realizar um “roadshow” no início desta semana. Segundo o que está previsto, a emissão está agendada para quarta-feira, 29 de Novembro. Em causa está a emissão de 300 milhões de euros em obrigações a 10 anos, passíveis de serem reembolsadas ao fim de cinco anos.

“Temos vontade de retomar as discussões com as autoridades portuguesas de forma a resolver rapidamente esta situação e de reestabelecer Portugal como um destino credível para investimento estrangeiro”, continua a mesma fonte, que ressalva que a decisão de não investimento na emissão é individual de cada instituição, apesar da nota conjunta. O BCP não faz comentários ao Negócios sobre este comunicado.

Em causa está a retransmissão de dívida sénior do Novo Banco para o BES “mau” a 29 de Dezembro de 2015. Na resolução de 3 de Agosto de 2014, a dívida sénior passou para o Novo Banco, mas mais de um ano após a resolução, o Banco de Portugal decidiu enviar cinco linhas de obrigações seniores para o BES “mau”, avaliadas em torno de 2 mil milhões de euros, por considerá-las ligadas ao Goldman Sachs, que tinha sido accionista do banco. Desde aí, estas entidades têm vindo a combater, até judicialmente, a decisão da autoridade presidida por Carlos Costa. Aliás, segundo o Financial Times, estas entidades boicotaram, igualmente, a emissão de dívida feita pela Caixa Geral de Depósitos no âmbito da sua capitalização.

Não é claro se, nas últimas operações, estas gestoras de fundos de investimentos participaram em operações de mercado protagonizadas pelo BCP ou outras empresas nacionais, pelo que não é possível calcular o eventual impacto que uma decisão deste género poderia ter. Certo é que a BlackRock é accionista do banco presidido por Nuno Amado: tinha 2,63% do capital do banco em Outubro.

 

Novo Banco oferece cash para comprar três mil milhões de dívida

Domingo, Setembro 10th, 2017

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Eco

Novo Banco oferece cash para comprar três mil milhões de dívida

É o passo que faltava para completar a venda do Novo Banco. A instituição vai avançar com uma oferta em dinheiro para comprar obrigações seniores. Quer poupar 500 milhões de euros.

O Novo Banco já apresentou aos obrigacionistas seniores a proposta de troca de dívida para que o banco possa conseguir uma almofada adicional de capital, de 500 milhões de euros.

Ao contrário do que chegou a ser aventado, não haverá uma troca de obrigações por outras (de menor valor, ou menor cupão), mas sim por dinheiro. Ou seja, os obrigacionistas vão receber cash em troca da dívida detida, sendo que as obrigações serão avaliadas ao preço a que estão no mercado.

“A oferta prevê a compra de todas as obrigações referentes a 36 emissões do Novo Banco, é uma oferta com contrapartida em cash, proporcionará aos seus detentores um preço alinhado com o mercado e é acompanhada por uma operação de solicitação de consentimento de reembolso antecipado (consent solicitation)“, diz o banco em comunicado.

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Esta ‘consent solicitation’ deverá implicar a convocação de uma assembleia geral de obrigacionista em que é necessária a aprovação de 75% dos obrigacionistas. Neste cenário, a oferta será válida para 100% dos credores. Se houver um nível de aceitação inferior aos 75%, a oferta não será geral, mas o banco terá de fazer contas para aferir se consegue amealhar a poupança pretendida de 500 milhões de euros.

Qual é o preço de recompra?

“A opção pela solução em ‘cash’ torna mais simples e percetível a contrapartida e mais ajustada aos investidores institucionais e de retalho”, afirma o banco liderado por António Ramalho, acrescentando que “para os clientes do banco que optem pela venda ou que sejam reembolsados serão disponibilizados depósitos a prazo com condições específicas”.

O Novo Banco diz que a operação “segue os preços de mercado, ligeiramente acima do valor médio verificado no ultimo ano”. Ou seja, quem comprou e ainda detém obrigações ao par poderá perder dinheiro, perda que poderá ser menor para os que adquiriram os títulos em mercado já que estavam a negociar na generalidade com desconto.

A oferta arranca esta terça-feira e termina a 2 de outubro de 2017, com liquidação prevista a 4 de outubro de 2017.

Num comunicado publicado no site da CMVM, o banco elenca as 36 series de obrigações e a respetiva contrapartida ou valor de reembolso antecipado. Clique aqui para consultar o preço que será oferecido por cada uma das séries.

E a condição de sucesso da oferta?

Para assegurar o sucesso da operação, o Novo Banco revela que “deverá obter a participação de obrigacionistas que permitirá o reforço dos capitais próprios em, pelo menos, 500 milhões de euros, quer por poupança de juros quer por ganhos de capital”.

Esta é umas das condições que têm de ser preenchidas para que o Lone Star possa concretizar a compra da instituição bancária. Os norte-americanos acordaram a compra de 75% do capital do Novo Banco e comprometeram-se a injetar mil milhões de euros para reforçar os capitais. Capital que será reforçado em mais 500 milhões de euros caso os obrigacionistas do Novo Banco aceitem a proposta agora posta em cima da mesa.

Isso mesmo confirma o banco em comunicado à CMVM: “Esta operação é uma das condições precedentes para a concretização da venda à Lone Star que, nos termos do acordo de compra e venda, irá realizar injeções de capital no Novo Banco no montante total de 1.000 milhões de euros (incluindo 750 milhões de euros no momento da conclusão da operação e 250 milhões de euros no prazo de até três anos) e adquirir 75% do capital social do, mantendo o Fundo de Resolução 25% do capital”

A operação abrange 36 séries de obrigações, com maturidades entre 2019 e 2052, “no valor nominal global de 8,3 mil milhões de euros, correspondente a cerca de 3 mil milhões de euros de passivo contabilístico”.

O banco recorda ainda que “em 2016, enquanto a dívida do grupo relativa a obrigações seniores representava menos de 10% do total do passivo do Novo Banco, a mesma representava cerca de 40% dos juros e custos do passivo financeiro”.

Novo Banco não convence. Credor espanhol também critica “baixo preço” da oferta

Domingo, Setembro 10th, 2017

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Eco

Novo Banco não convence. Credor espanhol também critica “baixo preço” da oferta

 

 

“Estas ofertas deviam encorajar os investidores a participar com preços mais elevados do que o mercado… não é este o caso”, critica a Ever Capital, que investiu cinco milhões no Novo Banco.

Duas semanas após o lançamento da oferta de troca de obrigações, os credores do Novo Banco continuam a manifestar muitas reservas quanto ao preço que o banco se propõe a pagar para absorver os cerca de 2,7 mil milhões de euros de títulos de dívida. Ao fundo alemão Xaia junta-se agora a sociedade espanhola Ever Capital Investments, que vem criticar aquilo que considera ser um “preço baixo” que não convence qualquer investidor a participar na operação.

“O preço é baixo”, sublinhou, ao ECO, Eva Rodríguez Roselló, que ajudou a fundar o Ever Capital Investment, com sede em Madrid. “Normalmente, estas ofertas de aquisição deviam encorajar os investidores a participarem e os preços têm ser mais elevados do que os níveis secundários anteriores à oferta. E este não é o caso com a oferta do Novo Banco”, acrescentou a responsável.

“O preço é baixo. Normalmente, estas ofertas de aquisição deviam encorajar os investidores a participarem e os preços deviam ser mais elevados do que os níveis secundários anteriores à oferta. E este não é o caso com a oferta do Novo Banco.”

Eva Rodríguez-Roselló

Ever Capital Investments

Ainda que seja uma operação vital para o futuro do banco, dado que só assim o acordo de venda aos norte-americanos do Lone Star fica fechado, aquilo que está neste momento em cima da mesa não é do agrado de muitos investidores, mesmo perante a possibilidade de um falhanço na operação provocar a liquidação da instituição com perdas para todos.

De acordo com os termos da oferta, o Novo Banco pretende recomprar 36 linhas de dívida pelo seu valor de mercado com preços que cobrem entre 10% e 90% o valor nominal das obrigações. Que é como quem diz: há descontos implícitos entre 10% e 90%, que variam consoante a linha de obrigações.

Foi por causa deste “preçário” diferenciado que o fundo alemão Xaia Investments, que também está no grupo de grandes investidores que colocou Portugal em tribunal num outro caso relacionado com obrigações que foram transferidas para o “BES mau”, questionou a matemática por detrás da oferta logo após o seu anúncio.

“Parece-me que os preços não seguem uma fórmula justa num sentido económico.Parece-me mais uma decisão motivada politicamente“, disse ao ECO Jochen Felsenheimer, diretor daquele fundo alemão que tem cerca de 100 milhões de euros investidos em obrigações do BES/Novo Banco.

Na altura, Felsenheimer queixou-se ainda do tratamento preferencial que é dado aos clientes de retalho, considerando que essa diferenciação não é correta porque “por detrás dos todos investidores institucionais estão investidores de retalho, isto é, os clientes privados aplicaram investimentos que são geridos pelos gestores de ativos institucionais”.

A alternativa tanto para o Xaia Investment como para a Ever Capital Investment pode passar pela opção depósitos em vez do cash. Mas tanto um como o outro fundo ainda não conhecem as condições da oferta que visa trocar dívida por depósitos a três e cinco anos, adiantaram ao ECO. Segundo explicou Felsenheimer, o banco está a informar individualmente os credores acerca das condições após perceber qual o montante que detêm em obrigações do Novo Banco.

“Parece-me que os preços não seguem uma fórmula justa num sentido económico. Parece-me mais uma decisão motivada politicamente.”

Grandes investidores falham AG. Aumenta a pressão sobre o Novo Banco

Domingo, Setembro 10th, 2017

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Eco

Grandes investidores falham AG. Aumenta a pressão sobre o Novo Banco

 

O ECO sabe que o grupo de grandes credores, que detém mais de 30% da dívida, não vai estar presente hoje na AG, adiando para o dia 29 o desfecho. Não querem dar o benefício da dúvida ao Novo Banco.

Autointitulam-se de Comité de Credores e são sobretudo investidores institucionais estrangeiros e que controlam mais de 30% das obrigações que o Novo Banco quer recomprar a desconto para reforçar os seus capitais, uma condição essencial para a venda da instituição bancária ao Lone Star.

Mas o ECO apurou junto de uma fonte desse grupo que nenhum dos elementos do Comité estará presente nas assembleias gerais (AG) que estão a decorrer esta manhã. Estão a acontecer 36 assembleias gerais, correspondentes a 36 linhas de obrigações objeto de oferta.

E por que razão não vão estar presentes? Este grupo, segundo apurou o ECO, considera que os depósitos oferecidos pelo Novo Banco fazem parte material da oferta (ao contrário do Novo Banco, que continua a argumentar que é uma oferta comercial, independente da oferta em curso) e que não têm garantias nesta altura de que vão poder aceder a esses depósitos.

Querem ter um documento escrito que assegure que poderão aceder aos depósitos (ou a um instrumento financeiro equivalente), independentemente do perfil do investidor em causa. E não estão dispostos a dar o benefício da dúvida ao Novo Banco, recordando o que aconteceu em dezembro de 2015, quando parte desses credores perderam o seu investimento porque o Banco de Portugal decidiu transferir as suas obrigações para o bad bank.

Além disso, argumentam, há investidores que fazem parte deste Comité e que não podem ter o dinheiro investido em ativos que não sejam passíveis de ser transacionáveis em mercado, como é o caso dos depósitos.

Para tal, querem sentar-se à mesa com o Novo Banco e o Banco de Portugal para estudarem uma solução técnica que permita ultrapassar estas questões. Já não se trata tanto de uma questão de preço, mas mais da possibilidade de os credores institucionais poderem ou não aceder à remuneração que está a ser oferecida nos depósitos e que vai permitir aos credores amenizar ou recuperar as perdas impostas pela oferta de recompra.

O problema é que até agora ainda não se sentaram formalmente nem com as autoridades portuguesas, nem com a instituição liderada por António Ramalho. O Jornal Económico já tinha noticiado esta sexta-feira que a Pimco, que faz parte deste Comité, não iria votar na primeira convocatória da assembleia. O ECO também contactou outros investidores, — como o fundo Xaia Investments, que detém cerca de 100 milhões, — que confirmaram igualmente que não vão estar presentes. “Não vamos participar e não acreditamos que haja o quórum necessário”, disse o diretor do fundo Xaia ao ECO.

O Novo Banco lançou uma oferta no dia 24 de julho, propondo-se a recomprar as 36 linhas de obrigações vivas, com um saldo de três mil milhões de euros, e com um desconto real que pode ultrapassar os 30%, correspondente a um haircut de 10% a 90% do valor nominal dos títulos.

Não participando na oferta hoje, muitas linhas vão ficar sem quórum para votações, e outras não vão conseguir atingir a fasquia dos 75% de votos que o Novo Banco pretende que seja alcançada para aprovação da cláusula do “solicitação de consentimento de reembolso antecipado”.

Ou seja, a decisão deverá ficar adiada para o dia 29 de setembro, altura em que está marcada a segunda convocatória das AG que estão a decorrer hoje, ou para o dia 2 de outubro, altura em que esgota o prazo de aceitação ou não da oferta.

Novo Banco espera falta de quórum no dia 8 de setembro

Terça-feira, Setembro 5th, 2017

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Novo Banco espera falta de quórum no dia 8 de setembro

Já está previsto pelo Novo Banco e pelo Fundo de Resolução que só em segunda convocatória, já marcada, os obrigacionistas decidam a troca.

O Novo Banco e o Fundo de Resolução não esperam que a decisão dos obrigacionistas de aceitação da oferta lançada no fim de julho seja tomada já no próximo dia 8 de setembro, na primeira convocatória da assembleia de obrigacionistas. O banco está já a contar com a falta de quórum na primeira convocatória das assembleias.

Estas assembleias vão votar a solicitação de consentimento para o reembolso antecipado das emissões de obrigações que são alvo do LME (Liability Managment Exercise).

Segundo disse ao Jornal Económico uma fonte ligada ao processo, está previsto que os investidores institucionais, sobretudo, só votem na segunda convocatória, que por causa disso já foi convocada para 29 de setembro.

Tal como definido a 24 de julho no calendário para a operação de troca de dívida sénior do Novo Banco, a oferta é acompanhada por uma operação de solicitação de consentimento de reembolso antecipado das 36 emissões de obrigações alvo do LME.

A partir das 9 horas (hora de Lisboa) da próxima sexta-feira, dia 8 de setembro, realizam-se as primeiras assembleias de obrigacionistas, que se realizam no escritório de advogados (Linklaters em Londres). Estas são precedidas (48 horas antes) de declaração de aceitação da oferta.

Logo de seguida, o mais depressa possível, é anunciado o resultado das ofertas e é feita a segunda convocatória de assembleias de obrigacionistas (que é o que previsivelmente vai acontecer).

Mais uma vez, 48 horas antes (até 27 de setembro) terão de chegar as declarações de aceitação da oferta e as instruções exclusivas de voto em assembleia de obrigacionistas, para permitir a participação nas assembleias de dia 29 de setembro (decisivas para a aceitação da oferta e sucesso do LME).

A 27 de setembro, até às 18 horas, é também o prazo máximo de revogação de declarações de aceitação da oferta feitas para a primeira convocatória.

Assim que possível são então anunciados os resultados, e no dia 2 de outubro é encerrada a oferta.

A oferta prevê a compra de todas as obrigações referentes a 36 emissões do Novo Banco, é uma oferta com contrapartida em cash, que “proporcionará aos seus detentores um preço alinhado com o mercado e é acompanhada por uma operação de solicitação de consentimento de reembolso antecipado (consent solicitation)”, revelou o Novo Banco em comunicado na altura.

De acordo com as regras da solicitação de consentimento de reembolso antecipado, prevista em todas as emissões, para que as declarações de aceitação da ofertas sejam vinculativas, o nível de aprovação em assembleia tem de ser de 75% dos votos representados, bastando que na reunião estejam presentes 66% dos investidores.

Se a oferta for aprovada nestes termos, a aquisição dos títulos será extensível a todas as obrigações, independentemente de os investidores terem votado favoravelmente. Caso as primeiras assembleias-gerais não reunam 66% dos obrigacionistas, na assembleia realizada por segunda convocatória bastará que se façam representar 33% dos investidores e que a oferta seja aprovada com 75% dos votos presentes para que a aquisição passe a ser vinculativa.

É aqui que residem as esperanças do Novo Banco e do Fundo de Resolução/Banco de Portugal para a aprovação das modificações dos termos e condições de cada uma das séries de valores mobiliários apresentadas no âmbito da solicitação de consentimento, tal como descreve a Tender Offer and Solicitation Memorandum (memorando da oferta e solicitação de consentimento) datados de 24 de julho.

Grandes investidores admitem deixar de apostar em Portugal

Segunda-feira, Setembro 4th, 2017

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Diário de Notícias

Em causa a operação de recompra de dívida do Novo Banco a obrigacionistas.Venda pode estar dependente desta operação

“As compras de obrigações portuguesas pelo Banco Central Europeu não vão durar para sempre.” A frase é de uma fonte de um grande investidor institucional mundial e serve de aviso futuro, quando os maiores credores do Novo Banco enfrentam mais uma leva de perdas depois de no final de 2015 terem visto serem “confiscados” 2,2 mil milhões de euros em obrigações sénior do banco, que acabaram transferidas para o BES mau, que agrega os ativos tóxicos do antigo Banco Espírito Santo. O anúncio e a decisão do Banco de Portugal apanhou então os investidores de surpresa. Foi um choque.

Agora, o Banco de Portugal é de novo visto por investidores estrangeiros como um dos principais responsáveis pela oferta em curso de recompra de dívida do Novo Banco e que acarreta perdas entre 11% e 90% ao longo da maturidade dos títulos, entre entre 2019 e 2052.

Fonte de um destes investidores mundiais diz mesmo que aqueles que forem mais penalizados pelas decisões do Banco de Portugal e do Novo Banco, admitem “não voltar a investir em ativos portugueses”. “Portugal é que vai pagar no futuro todas estas decisões”.

Falando com estes investidores, há quem refira que “as decisões têm sido de algum amadorismo, com falhas técnicas, e com atitudes erráticas e imprevisíveis”. Outra fonte refere ainda que, em Portugal, “nota–se uma descoordenação entre as várias entidades. Isto é assustador, porque foram compradas obrigações seniores e nunca se sabe o que vai acontecer”.

Os grandes credores uniram-se num comité de obrigacionistas que enviou uma carta ao supervisor por estar contra a proposta do Novo Banco: consideram que a proposta não tem base legal e que, dizem, servirá apenas para facilitar a venda à Lone Star. Estes investidores podem travar a venda do banco já que detêm mais de 30% do valor nominal das obrigações do Novo Banco e a operação exige um nível mínimo de aceitação de 75%.

Mas os grandes credores, incluindo nomes como a Pimco, o maior gestor de obrigações a nível mundial e que tem um investimento de 228,6 milhões no banco, enfrentam a ausência de vontade em negociar do lado português. O Banco de Portugal remete as responsabilidades pela oferta para o Novo Banco e este diz que a oferta é transparente e para todos os credores.

Certo é que mais uma vez o Banco de Portugal e o Novo Banco enfrentam os maiores investidores do mundo. E estes não estão nada satisfeitos ao terem de enfrentar novos prejuízos. “O Banco de Portugal e o Novo Banco não mostram vontade em negociar de forma construtiva. Isto é simplesmente chantagem”, disse fonte de um dos investidores estrangeiros. “Não me parece uma boa forma de atrair investimento estrangeiro no futuro.” E pode mesmo afastar investidores da dívida soberana portuguesa, quando deixar de haver a rede de compras do Banco Central Europeu. A expansão do balanço dos três principais bancos centrais – Reserva Federal, Banco Central Europeu e Banco do Japão – deverá abrandar para próximo de zero em 2019.

De costas voltadas

Para já, sabe-se que não há negociações entre o Novo Banco e os seus maiores obrigacionistas, que detêm mais de 30% do montante nominal das obrigações do banco. A operação, denominada LME-Liability Management Exercise -, envolve 36 linhas de obrigações e é uma das condições para a venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star. O objetivo do Novo Banco é poupar 500 milhões de euros e reforçar o seu capital. No total, as obrigações abrangem um valor de 8,3 mil milhões de euros.

O Novo Banco já respondeu à carta enviada pelo comité de obrigacionistas, mas não divulgou qual foi a resposta. Estes grandes investidores têm mostrado disponibilidade para negociar uma solução mais vantajosa, quando a oferta que está na mesa envolve perdas para os investidores entre 11% e cerca de 90%. Mas para o Novo Banco as condições da oferta são as que estão na mesa, já anunciadas formalmente e são válidas para todos os obrigacionistas, sem exceções. “O Novo Banco respondeu sempre a todos os obrigacionistas ou seus representantes”, afirmou fonte do Novo Banco ao DN/Dinheiro Vivo.

O braço-de-ferro vai continuar entre o Novo Banco e o comité de obrigacionistas que ainda não decidiu se aceita a oferta. Segundo o DN/Dinheiro Vivo apurou junto do comité de obrigacionistas, “não há negociações em curso”. E lamentam que nem o Novo Banco nem as autoridades portuguesas, incluindo o Fundo de Resolução e o Banco de Portugal, têm ponderado propostas construtivas para responder a algumas questões sobre a oferta.

Os depósitos foram uma solução anunciada pelo Novo Banco como forma de minimizar perdas para os obrigacionistas e incentivá-los a aceitar a oferta. Oferecem juros entre 1% e 6,84% e o presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, afirmou à Reuters que estes depósitos vão permitir aos investidores recuperar a totalidade do valor investido.

Mas alguns fundos de investimento e outras instituições alegam que não podem ter depósitos. Ou seja, não podem beneficiar do”incentivo”. Os depósitos, ao contrário de ações e obrigações, não podem ser transacionados no mercado e não podem estar na carteira de alguns dos fundos, apontou uma fonte de um investidor institucional. “Existem questões técnicas, legais, importantes, que não foram tidas em conta na montagem da operação”, apontou uma fonte de um dos principais grandes obrigacionistas.

Analistas e grandes investidores têm outra opinião e falam em oferta coerciva e que obriga os investidores a aceitar a oferta ou a correr o risco de ver falhar a venda do Novo Banco à Lone Star ou que haja uma liquidação ou nova resolução. No mercado, há ainda quem acredite que o Novo Banco poderá baixar o patamar de aceitação da oferta, para abaixo dos 75%, e ficar com os restantes obrigacionistas que não aceitem a oferta. Questionado sobre esta possibilidade, o Novo Banco não comenta.

A oferta decorre até 2 de outubro mas os obrigacionistas terão de dar o seu aval ou rejeitar a operação já no dia 8 de setembro em assembleia geral. Parte destes grandes investidores recorreram para os tribunais devido à transferência de 2,2 mil milhões de euros em obrigações sénior do Novo Banco para o BES mau.

Novo Banco. CEO garante que obrigacionistas vão recuperar todo o investimento

Sexta-feira, Agosto 18th, 2017

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Dinheiro Vivo

António Ramalho está confiante que imposição de perdas aos obrigacionistas do banco será um sucesso. Operação visa ajudar Lone Star a ficar com ex-BES

A proposta de um depósito com remunerações entre 1% e os 6,84% aos obrigacionistas visados pela oferta do Novo Banco para poupar 500 milhões de euros permitirá que estes investidores recuperem a totalidade do valor investido, defendeu António Ramalho, CEO do ex-BES, citado pela “Reuters”. “Esta é uma oferta justa porque em rigor, em última instância, o que se pede aos obrigacionistas é apenas a perda de lucros futuros – a perda de juros futuros, a perda de expectativas futuras”, disse o responsável à agência, esta quarta-feira.

A imposição de perdas de 500 milhões de euros aos obrigacionistas que confiaram os seus investimentos ao Novo Banco foi uma das condições exigidas pela Lone Star para tomar conta do banco de transição que resultou do colapso do BES a troco de zero euros. Contra a indefinição e suspeição que esta operação levantou junto de analistas e agências de rating, o banco acabou por propor o acesso destes lesados a depósitos remunerados que não estarão disponíveis a mais clientes. À Reuters, o CEO do Novo Banco assegurou porém que apesar da imposição de perdas entre 11% e 90% do valor nominal das obrigações, a oferta agora apresentada permitirá “de alguma maneira” recuperar essas perdas, mas só no caso dos títulos que vencem nos anos mais próximos. “Nesta oferta comercial, os depósitos que incidem nas notes até 2022 – cuja oferta tendo sido feita a preço de mercado puro – têm taxas de juro que permitem que, de alguma maneira, seja retomado o valor nominal ou o valor nominal dos títulos”, garante. “Esta oferta [depósitos] permite que o valor final seja igual ao valor de emissão. Eles perdem os juros. [Os obrigacionistas] mitigam as perdas, voltando a recuperar o valor investido. O conceito é de recuperação do valor investido”, sublinha. António Ramalho realça também que apesar dos ‘haircuts’ aos obrigacionistas, há um lado positivo nesta imposição, pois oferece aos mesmos a possibilidade de receber parte dos seus investimentos já em dinheiro, manifestando-se “otimista” em relação ao sucesso da operação. Os cortes e as remunerações Conforme recorda a Reuters, a recompra de obrigações com descontos por parte do Novo Banco visa 36 séries de obrigações, com um valor nominal de 8,3 mil milhões de euros. Estas obrigações vencem entre 2019 e 2052, dependendo da maturidade de cada investimento o juro oferecido pelo ex-BES no depósito remunerado. Como exemplo, note-se que nas obrigações que atingem a maturidade ao longo de 2019, o Novo Banco propõe um depósito a três anos com um juro anual de 6,84%,oferecendo 82% do seu valor – ou seja, se confiou 100 euros ao banco, receberá 82 euros. Um outro caso, em relação aos detentores de dívida que só vence em 2022, a oferta propõe pagar apenas 73,25% do valor, dando acesso a um depósito a 5 anos com um juro de 6,5%. Tal como o Dinheiro Vivo noticiou ontem, esta proposta de obrigações apenas visa algumas obrigações senior do Novo Banco, já que o Banco de Portugal decidiu transferir outras linhas de obrigações de volta para o buraco negro do BES, mais de um ano depois de ter definido o perímetro da resolução. Esta decisão “fora de horas” do supervisor acabou por prejudicar pelo menos 111 particulares que avançaram com os seus investimentos no Novo Banco já depois da resolução, acreditando na palavra do então já dono do Novo Banco, o Banco de Portugal. Estes 111 particulares exigem agora ser retransferidos para a esfera do Novo Banco, de modo a poder participar nesta oferta de troca de obrigações, evitando assim perder 100% dos seus investimentos – que totalizam 19,2 milhões de euros.