Arquivo para a categoria ‘Joe Berardo’

CGD, Novo Banco e BCP foram as vítimas de Berardo

Sexta-feira, Julho 2nd, 2021

Citamos

Negócios

Os três bancos financiaram Joe Berardo. E os três bancos ficaram com dívidas. Berardo foi um dos ativos que integraram, de início, o mecanismo de capital contingente do Novo Banco, instrumento que determina injeções anuais por parte do Fundo de Resolução.

São quase 1.100 milhões de euros que os bancos reclamam em tribunal a Joe Berardo. Quatro ações em cinco anos nesse valor foram interpostas por Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novo Banco. A mais recente ação de execução, do Banco Comercial Português, entrou no tribunal de Setúbal em maio deste ano, exigindo mais de 76 milhões de euros, apurou o Negócios.

A este juntam-se outros que já têm vindo a ser noticiados. O megaprocesso de execução dos três bancos ascende a 962 milhões de euros e corre termos em Lisboa. Junta-se um outro, que entrou este ano, do Novo Banco a reclamar 3,55 milhões de euros, estando ainda pendente uma ação da Caixa Geral de Depósitos que entrou em 2017 peticionando 55,9 milhões de euros, num processo que corre termos no tribunal do Funchal.

Apesar de os bancos terem avançado em conjunto na megaexecução, optaram, também, individualmente por avançar com ações separadas para, segundo apurou o Negócios, tentar maximizar as recuperações. O comunicado da Polícia Judiciária indica que as buscas e detenções realizadas esta terça-feira, 29 de junho, incidiram sobre um grupo económico, que entre 2006 e 2009, contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de euros, incumprindo no seu pagamento. “Atualmente este grupo económico causou um prejuízo de quase mil milhões de euros à CGD, ao Novo Banco e ao BCP, tendo sido identificados atos passíveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património.” A propósito desta ação, Miguel Maya, presidente do BCP, deslocou-se à Polícia Judiciária mostrando disponibilidade para colaborar com a investigação, confirmou o Negócios depois de noticiado pelo Expresso.

Arrestos contestados

Estas ações, que visam a Metalgest, não são únicas. Conforme noticiou o Expresso, há outra de 2016 da Caixa contra Berardo, no Funchal, de 2,85 milhões de euros; uma outra, de 2019, de 43,5 milhões contra o próprio; e ainda uma de 2020 contra a Fundação José Berardo e a Associação de Coleções, de 42,1 milhões, e que, segundo o DN da Madeira, visa impedir que o empresário se desfaça de bens que podem ser penhorados. Aliás, tem sido uma das preocupações dos executores que o património não seja alienado, nomeadamente os quadros da Coleção Berardo. É contra a Associação Coleção Berardo, que tem André Luiz Gomes como administrador, que entrou, em 2020, uma ação da Caixa Geral de Depósitos de 750 mil euros. Esta não é, no entanto, uma ação de execução.

Segundo o jornal madeirense, Berardo tem avançado judicialmente contra as penhoras de que tem sido alvo, estando nesse rol de arrestos a Quinta Monte Palace, na Madeira.

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São quase 1.100 milhões de euros que os bancos reclamam em tribunal a Joe Berardo. Quatro ações em cinco anos nesse valor foram interpostas por Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novo Banco. A mais recente ação de execução, do Banco Comercial Português, entrou no tribunal de Setúbal em maio deste ano, exigindo mais de 76 milhões de euros, apurou o Negócios.

A este juntam-se outros que já têm vindo a ser noticiados. O megaprocesso de execução dos três bancos ascende a 962 milhões de euros e corre termos em Lisboa. Junta-se um outro, que entrou este ano, do Novo Banco a reclamar 3,55 milhões de euros, estando ainda pendente uma ação da Caixa Geral de Depósitos que entrou em 2017 peticionando 55,9 milhões de euros, num processo que corre termos no tribunal do Funchal.

Apesar de os bancos terem avançado em conjunto na megaexecução, optaram, também, individualmente por avançar com ações separadas para, segundo apurou o Negócios, tentar maximizar as recuperações. O comunicado da Polícia Judiciária indica que as buscas e detenções realizadas esta terça-feira, 29 de junho, incidiram sobre um grupo económico, que entre 2006 e 2009, contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de euros, incumprindo no seu pagamento. “Atualmente este grupo económico causou um prejuízo de quase mil milhões de euros à CGD, ao Novo Banco e ao BCP, tendo sido identificados atos passíveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património.” A propósito desta ação, Miguel Maya, presidente do BCP, deslocou-se à Polícia Judiciária mostrando disponibilidade para colaborar com a investigação, confirmou o Negócios depois de noticiado pelo Expresso.

Arrestos contestados

Estas ações, que visam a Metalgest, não são únicas. Conforme noticiou o Expresso, há outra de 2016 da Caixa contra Berardo, no Funchal, de 2,85 milhões de euros; uma outra, de 2019, de 43,5 milhões contra o próprio; e ainda uma de 2020 contra a Fundação José Berardo e a Associação de Coleções, de 42,1 milhões, e que, segundo o DN da Madeira, visa impedir que o empresário se desfaça de bens que podem ser penhorados. Aliás, tem sido uma das preocupações dos executores que o património não seja alienado, nomeadamente os quadros da Coleção Berardo. É contra a Associação Coleção Berardo, que tem André Luiz Gomes como administrador, que entrou, em 2020, uma ação da Caixa Geral de Depósitos de 750 mil euros. Esta não é, no entanto, uma ação de execução.

Segundo o jornal madeirense, Berardo tem avançado judicialmente contra as penhoras de que tem sido alvo, estando nesse rol de arrestos a Quinta Monte Palace, na Madeira.

Foi também noticiado pela SIC, em junho de 2019, que o tribunal mandou arrestar dois apartamentos de Berardo em Lisboa, num valor de 4 milhões de euros, no âmbito do processo de execução da Caixa Geral de Depósitos. Segundo o Observador, um dos apartamentos localiza-se na Lapa e vale 1,5 milhões de euros e o outro, na Avenida Infante Santo, está avaliado em 2,5 milhões de euros. Estão ambos em nome da Atram, uma imobiliária de Berardo, que, aliás, renunciou à presidência da sociedade em julho de 2020, cargo no qual foi substituído pela mulher, Carolina Gonçalves Berardo. O filho, Renato, é vogal desta sociedade, como, aliás, é o seu braço-direito em quase todas as empresas a si ligadas. Também André Luiz Gomes é um dos membros mais assíduos nas administrações das sociedades de Berardo, e seu advogado, e foi detido e ouvido em tribunal esta terça-feira no âmbito da mesma investigação.

Metalgest sem contas

Na pesquisa efetuada pelo Negócios ao registo comercial das várias empresas de Berardo, as contas, na maior parte dos casos, não estão atualizadas. As últimas informações referentes à Metalgest – sediada na Zona Franca da Madeira – são de 2017, ano em que a sociedade apresentou prejuízos de 18 milhões de euros. Esta empresa tem uma participação minoritária na Bacalhôa, além de deter a totalidade da Parfitel, que entregou contas referentes a 2019 com um prejuízo de 1,5 milhões de euros. Nesta sociedade, que não consta ter qualquer participação, as contas vêm com uma reserva do auditor, já que a empresa “não apresentou prova de auditoria quanto a recuperabilidade de valores registados na conta acionistas Metalgest , no montante de 21.802.049 euros”. Ou seja, a Parfitel terá dotado a Metalgest com esse valor que também não foi, ainda, pago.

Mais atualizadas estão as contas da Fundação José Berardo, que registou em 2020 um prejuízo de meio milhão de euros. Esta fundação tem gestores nomeados pelo Estado, mas pelo lado do investidor estão o próprio Joe Berardo e o seu advogado, André Luiz Gomes.

Peso para o Estado

Não é apenas por via da Caixa que Joe Berardo tem pesado para o Estado. O empresário integra, logo na constituição, o mecanismo de capital contingente, figura criada aquando da venda do Novo Banco à Lone Star, e que determina a injeção de capital por parte do Fundo de Resolução para repor rácios de capital quando se registam perdas nos ativos integrados nesse mecanismo.

Quando constituído, logo a Fundação José Berardo estava integrada na carteira do mecanismo, com um valor contabilístico bruto de 304 milhões de euros, mas desde então já o valor das imparidades era elevado. Segundo apurou o Negócios, o valor contabilístico líquido do empresário era a 30 de junho de 2016 de 118 milhões de euros, após provisões de 187 milhões de euros a essa data.

Na comissão de inquérito ao Novo Banco, Berardo não foi chamado. Aos atos de gestão da Caixa, em 2019, foi, depois de uma auditoria ter exposto o montante da dívida e do incumprimento do empresário. Foi, no âmbito, dessa audição que, no Parlamento, declarou: “Eu pessoalmente não tenho dívidas, claro que não tenho dívidas.” E, em 2019, nessa mesma audição, ainda acrescentou: “Tentei ajudar os bancos numa altura. Como eles dizem que eu só tenho a garagem, então devolvam as coisas que têm.”

As dívidas

Os três bancos perdedoresFINANCIAR COMPRA DE AÇÕES DO BCP
Joe Berardo surgiu nos anos 2006 e 2007 envolvido em duas guerras. Colocou-se ao lado do BES e da gestão da PT para enfrentar a OPA (oferta pública de aquisição) da Sonae. E foi recebido em ombros na assembleia-geral que derrotou a oferta. Pouco tempo depois entrou na guerra pelo poder do BCP, tendo pedido empréstimos para comprar ações do banco.

BERARDO TAMBÉM PESA NO NOVO BANCO
Um dos ativos que integraram a carteira do mecanismo de capital contingente na sua criação foram os empréstimos a Joe Berardo, através da Fundação. Estava inscrito, então, um valor bruto de 304 milhões de euros, com provisões, nessa altura, já realizadas de 187 milhões de euros. O que significa que o valor líquido a 30 de junho de 2016 era de 118 milhões.

BCP AVANÇA COM NOVO PROCESSO
O BCP avançou com um novo processo, já este ano, contra Joe Berardo. Um processo de execução que entrou no Tribunal de Setúbal, com o valor peticionado de 76 milhões de euros. Acresce ao megaprocesso que os três bancos interpuseram em conjunto (no total de 962 milhões de euros). Miguel Maya foi à Polícia Judiciária mostrar disponibilidade para colabora

439

CAIXA
A PJ anunciou a investigação por operações de financiamento entre 2006 e 2009, com a CGD, no valor de 439 milhões de euros.

 

304

NOVO BANCO
Quando foi constituído o mecanismo de capital contingente, a Fundação José Berardo integrava a carteira com um valor bruto de 304 milhões.
300

BCP
O Banco Comercial Português também reclama dívidas a Joe Berardo, de cerca de 300 milhões de euros, no megaprocesso.
Causou um prejuízo de quase mil milhões de euros à CGD, ao NB e ao BCP, tendo sido identificados atos passíveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património.
COMUNICADO DA PJ
Como eles dizem que só tenho uma garagem, então devolvam as coisas que têm comigo. (…) Eu pessoalmente não tenho dívidas. Claro que não tenho
.JOE BERARDO
Parlamento em maio de 2019

 

Orçamento pagou dívida de Berardo ao Novo Banco

Domingo, Junho 23rd, 2019

Citamos

Observador

Orçamento pagou dívida de Berardo ao Novo Banco

 

As imparidades associadas aos créditos concedidos a Berardo contribuíram para que o Novo Banco precisasse de uma maior injeção do Fundo de Resolução, noticia o Expresso.

Os contribuintes portugueses já pagaram parte das dívidas de Joe Berardo, escreve este sábado o semanário Expresso, explicando que a dívida do comendador ao Novo Banco contribuiu para que aquele banco tivesse pedido 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução — uma entidade pública cuja despesa conta para efeitos do défice orçamental.

Segundo explica aquele jornal, no ano passado o Novo Banco aumentou as imparidades relativas aos créditos concedidos à Fundação Berardo — isto significa que o banco reconheceu que a confiança na recuperação do dinheiro emprestado diminuiu.

Em 2018, o Novo Banco recebeu uma injeção de 792 milhões de euros do Fundo de Resolução, dos quais 430 milhões vieram através de empréstimo do Orçamento do Estado. Já em 2019, o Novo Banco precisou de uma injeção de 1.149 milhões de euros (dos quais 850 milhões vieram do Orçamento do Estado) — sendo que, como explica o Expresso, os créditos concedidos a Berardo contribuíram para o aumento das perdas do banco.

Os empréstimos do Estado ao Fundo de Resolução deverão ser reembolsados pelas contribuições das entidades que contribuem para o seu financiamento, mas não se prevê que isso aconteça antes de 2046.

A dívida de Berardo ao Novo Banco é de 327,7 milhões de euros — sendo que não é conhecido o valor do aumento das imparidades que diz respeito a esta dívida.

Joe Berardo tem dívidas ao Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos e BCP, os três bancos que estão a tentar executar as dívidas do comendador, da sua holding Metalgest e da Fundação Berardo. A principal intenção dos bancos é a penhora das obras de arte da coleção Berardo, que permitirá o pagamento de parte da dívida — embora as obras de arte estejam blindadas através da posse pela associação Coleção Berardo e pelos acordos com o Estado.

 

Processo da banca contra Berardo para recuperar 962 milhões já deu entrada na Justiça

Terça-feira, Abril 23rd, 2019

Citamos

Eco

Processo da banca contra Berardo para recuperar 962 milhões já deu entrada na Justiça

Além do madeirense, as empresas Metalgest, Fundação José Berardo e Moagens Associadas são também visadas no processo. Os bancos pedem que sejam promovidas diligências para a cobrança coerciva.

Além de Berardo, as empresas Metalgest, Fundação José Berardo e Moagens Associadas são também visadas no processo de execução. Os bancos pedem que sejam promovidas diligências para a cobrança coerciva dos créditos concedidos, no valor de mais de 962 milhões de euros.

Correio da Manhã tinha já noticiado que o BCP, o Novo Banco e a CGD tinham intenção de avançar com um processo judicial contra o empresário madeirense. A tentativa de liquidação aplica-se apenas a uma fatia dos 980 milhões de euros em dívida — principalmente no BCP e na CGD — e segue-se ao falhanço de um acordo para a liquidação dos créditos, no início deste ano, e das negociações subsequentes não terem chegado a bom porto.

A proposta da banca centra-se nas obras de arte que integram a coleção de Berardo, apesar da avaliação do espólio levantar dúvidas. Perante a recusa do empresário, os três bancos optaram, contudo, por seguir pela via judicial, numa estratégica com elevados riscos associados. Ao Correio da Manhã, o advogado de Joe Berardo disse, no início do mês, estar impedido de prestar declarações sobre as negociações com os bancos em questão.

Os três maiores bancos avançam com processo contra Joe Berardo

Segunda-feira, Abril 8th, 2019

Citamos

Observador

O único bem que Joe Berardo terá em seu nome é uma garagem na Madeira. CGD, BCP e Novo Banco querem liquidar parte dos 980 milhões que o empresário lhes deve.

BCP, CGD e Novo Banco vão avançar com um processo conjunto contra Joe Berardo para tentar liquidar parte dos 980 milhões de euros que o empresário lhes deve, escreve esta segunda-feira o Correio da Manhã. A iniciativa de três dos maiores bancos portugueses acontece depois de, em janeiro último, um acordo “derradeiro” entre as instituições financeiras e o comendador ter falhado. Segundo o CM, este será um processo inédito no país.

A proposta então apresentada pelos três bancos incluía um perdão “considerável” da dívida e focava-se essencialmente na Fundação Berardo e na coleção de obras de arte — cujo valor levanta dúvidas. A fundação apresentava, no final de 2017, um buraco financeiro de 517 milhões de euros, sendo que a Coleção Berardo é composta por 861 obras que, segundo uma avaliação independente realizada em 2007, valem “apenas” 316 milhões de euros.

Joe Berardo recusou esta proposta, pelo que os três bancos optaram por avançar com o processo judicial, uma estratégia que o antigo presidente do conselho fiscal da CGD, Eduardo Paz Ferreira, citado pelo CM, diz ser uma “operação kamikaze”.

A estratégia jurídica a ser seguida pelos bancos, de acordo com o CM, será a de provar que Berardo é o último beneficiário das empresas “que estão na sua esfera”.

Num parecer da Direção de Gestão de Risco da CGD refere-se que apenas uma garagem no Funchal foi detetada enquanto “património direto do empresário”.