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“Novo Banco deveria ter sido vendido” logo à primeira oportunidade, diz ex-ministra

Terça-feira, Setembro 13th, 2016

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Expresso

A ministra das Finanças de Passos Coelho admite que se ainda se encontrasse no Governo hoje reconduziria Carlos Costa à liderança do Banco de Portugal. “Não me arrependo de todo da decisão tomada. Acho que foi um homem muito corajoso”, diz Maria Luís Albuquerque

O Novo Banco deveria ter sido vendido” logo na primeira oportunidade, diz Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças, em entrevista ao “Jornal de Negócios” esta segunda-feira. “Essa decisão não era do Governo, era do Fundo de Resolução. Mas a minha posição na altura é que devia ter sido vendido. Acho que esperar por dias melhores para vender não tem sido uma estratégia positiva”, explica.

Para Maria Luís Albuquerque, pode demorar mais tempo para que o Fundo de Resolução devolva os 3,9 mil milhões, “mas a lei nem permite que esse dinheiro não seja devolvido”. “A questão que se pode colocar é se demora mais ou menos tempo”, diz.

A ministra das Finanças de Pedro Passos Coelho assume que se ainda se encontrasse no governo hoje reconduziria Carlos Costa à liderança do Banco de Portugal. “Não me arrependo de todo da decisão tomada. Acho que foi um homem muito corajoso, que tomou decisões muito difíceis, numa altura particularmente exigente da supervisão e da regulação”, explicou.

Quanto à génese da crise portuguesa, diz que “é como a história do ovo e da galinha”. Não se pode dizer com grande certeza se teve origem na crise bancária ou nas contas públicas. “Contas públicas saudáveis fazem diferença quando é preciso intervir no sector financeiro. A crise começou por ser financeira, transformou-se numa crise de dívidas soberanas e, no caso de Portugal, eliminou os fatores que disfarçavam a sua existência. A crise estava cá, os nossos problemas estruturais estavam cá. Enquanto a situação era de alguma euforia, os mercados ignoraram os sinais de alerta e quando as coisas correram mal, interromperam abruptamente o financiamento, como acontece sempre”, afirmou.

Maria Luís responsabiliza PS por situação do sistema financeiro

Sexta-feira, Julho 1st, 2016

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Jornal de Notícias

A deputada do PSD e ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque responsabilizou, esta sexta-feira, o Governo e a maioria de esquerda pela situação do setor financeiro, argumentando que é um “espelho da economia”.

“Aquilo que leva à acumulação de imparidades é o que os senhores fizeram à economia. Ponham a mão na consciência”, declarou Maria Luís Albuquerque num debate marcado pelo PS sobre o sistema financeiro.

Na resposta, o PCP acusou a ex-titular das Finanças de ter feito tudo para esconder dos portugueses a situação dos bancos, “incluindo mentir”, com o objetivo de “manter viva a narrativa da saída limpa”, argumentando que os créditos mal parados e imparidades não pararam de crescer durante os quatro anos do Governo PSD/CDS.

Maria Luís Albuquerque defendeu que “o sistema financeiro é o espelho da economia, recupera quando há crescimento e confiança, fica em dificuldades quando o crescimento recua e a confiança desaparece e um sistema financeiro em dificuldades não ajuda a economia e crescer”.

“O que fez esta maioria desde que tomou posse? Proclamou o fim da austeridade mas tirou mais a todos para devolver a alguns. Acusou aqueles de quem dependemos para nos emprestarem dinheiro de quererem a desgraça do país, e, em dias alternados e em partidos à vez, ameaça não pagar a dívida. Reverteu as concessões das empresas de transportes, afastando investidores estrangeiros de que Portugal tanto precisa, para dar à CGTP o poder que os trabalhadores lhe tinham retirado ao longo dos anos”, argumentou.

Segundo a ex-ministra das Finanças, o atual Governo “anuncia a cada oportunidade que vai reverter tudo o que o governo anterior fez e que permitiu voltar a crescer e recuperar a credibilidade e ainda alimenta a comunicação social com rumores sobre a Caixa Geral de Depósitos e o resto do sistema financeiro, que depois não confirma nem desmente, deixando espaço para especulações que prejudicam todo o sistema financeiro”.

Pelo PCP, o deputado Miguel Tiago acusou Maria Luís Albuquerque de fazer “malabarismos” para tentar fazer crer que “o crédito mal parado na banca surge de um momento para o outro e representa um problema de um momento para o outro”.

“É no mínimo, não dizemos uma irresponsabilidade, porque é certamente deliberado e intencional, porque a senhora deputada enquanto ministra tudo fez para esconder dos portugueses a verdadeira situação da banca”, acusou, argumentando que quando o PCP perguntava pelo Banif e o BES, a então ministra era omissa sobre a real situação das instituições.

O deputado do PS Eurico Brilhante Dias interveio no encerramento do debate, recomendando ao PSD e ao CDS uma ida ao psicanalista: “Os senhores precisam de ir para o divã, vêm aqui dizer de forma surpreendente que querem uma auditoria e uma comissão de inquérito quando foram Governo quatro anos”.

“A receita da austeridade custe o que custar anunciada aqui nesta tribuna do Governo no parlamento, pelo doutor Pedro Passos Coelho, sabem o que é que produziu: mais insolvências, mais falência de famílias, mais crédito mal parado, mais problemas nos bancos”, argumentou.

Já o CDS – que interveio depois da deputada do BE Mariana Mortágua ter feito uma intervenção sobretudo contra as declarações do ministro alemão das Finanças – acusou os bloquistas de terem “uma lavandaria política que se destina única e exclusivamente a encobrir os erros do PS”.

O PEV, através do deputado José Luís Ferreira, interveio para fazer a defesa de uma Caixa Geral de Depósitos pública, “integralmente nas mãos do Estado”, e para alertar para a venda do Novo Banco “significará um novo Banif ou um novo BPN, com graves prejuízos para os contribuintes”.

Leia mais: Maria Luís responsabiliza PS por situação do sistema financeiro http://www.jn.pt/economia/interior/maria-luis-responsabiliza-ps-por-situacao-do-sistema-financeiro-5260790.html#ixzz4DCBapDAo
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Maria Luís. “Nós não colocámos dinheiro dos contribuintes no Novo Banco”

Sexta-feira, Julho 1st, 2016

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Dinheiro Vivo

Ex-ministra das Finanças diz que não foi gasto dinheiro público no Novo Banco. Fundo de Resolução injetou 4,9 mil milhões, 3,9 mil milhões do Estado.

ex-ministra das Finanças e deputada do PSD Maria Luís Albuquerque garantiu hoje no debate sobre sistema financeiro no Parlamento que o PSD não colocou dinheiro dos contribuintes no Novo Banco, uma afirmação que levantou um forte burburinho das bancadas da esquerda.

“Nós não colocámos dinheiro dos contribuintes no Novo Banco”, afirmou, perante os protestos da esquerda. Maria Luís justificou, dizendo que o capital foi da responsabilidade do Fundo de Resolução. E foi mais longe. –

Não venham dizer que tirámos dinheiro aos contribuintes. Se alguém o puser serão vocês e a responsabilidade será vossa”, atirou à bancada socialista. O Fundo de Resolução injetou 4,9 mil milhões de euros no Novo Banco, que ontem recebeu quatro propostas de compra. Deste valor, 3,9 mil milhões de euros foram colocados pelo Estado. A ex-ministra mostrou-se ainda “ofendida” com o deputado do PCP Miguel Tiago, que a acusou de mentir.

“É grave. Já não é a primeira vez e é uma ofensa. Sinto-me ofendida e das muitas vezes que o PCP me acusou de mentir eu provei que não tinha mentido e é importante recuperar essa memória também”, afirmou, perante palmas e burburinho das bancadas. Miguel Tiago tinha acusado Maria Luís de “fazer malabarismo” com a informação relativa ao crédito malparado.

“A senhora deputada tudo fez para ocultar, para esconder dos portugueses a verdadeira situação da banca. Para manter viva a narrativa da saída limpa a senhora deputada fez tudo, incluindo mentir.” Maria Luís garantiu ainda que o PSD não está contra a recapitalização da CGD mas quer saber quanto será preciso e como será feito o processo, antes deste estar concretizado, dizendo que os quatro ou cinco mil milhões que têm vindo a ser referidos não é um “valor razoável face ao que se conhecia”.

Maria Luís Albuquerque é contra a nacionalização do Novo banco

Quinta-feira, Maio 19th, 2016

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Económico

A ex-ministra das Finanças, em entrevista à Renascença, considera ainda que a criação de um banco mau para banca não é uma boa solução.

Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças e deputada social-democrata, diz que a nacionalização do Novo Banco é uma péssima solução para Portugal.

“Primeiro porque já temos um banco público, depois porque, com a nacionalização, perdemos o dinheiro que emprestámos, porque passa a ser uma responsabilidade do Estado, logo onera os contribuintes, e o Estado assume as responsabilidades das necessidades de capitais ao tornar-se dono do banco”, afirma a antiga ministra das Finanças em entrevista à Renascença ao programa “Terça à Noite” da Renascença.

Já sobre a criação de um “banco mau” para acomodar os activos tóxicos do sector financeiro português considera que não é uma boa solução.

A vice-presidente do PSD diz que compreende a preocupação com a concentração bancária em mãos espanholas, mas acha que é mais importante não afastar investidores.

“Admito que uma intervenção política possa afastar um determinado interesse. Só não percebo muito bem por que mecanismo é que faz surgir um outro interesse que o substitua, ou seja, onde é que nós vamos buscar esses outros investidores, se não queremos os de uma determinada origem, espanhóis ou outros, quais são os outros que vamos buscar? Tenho alguma dificuldade em perceber qual é a actuação política que garante esse resultado.”

Factura do BES já vai em 16 mil milhões

Terça-feira, Abril 26th, 2016

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Económico

Colapso do Banco Espírito Santo (BES) causou elevados prejuízos aos accionistas e obrigacionistas da instituição. Estado e restante sector bancário também adiantaram, até à data, uma parte da factura.

O colapso do BES já custou mais de 16 mil milhões de euros, segundo as contas do Económico. Um valor que corresponde à soma das diferentes parcelas de prejuízos suportados pelos accionistas e obrigacionistas do BES, mas também ao esforço que o Estado e o sector bancário tiveram de assumir até à data, através do Fundo de Resolução.

A maior parte deste valor deve-se ao prejuízo recorde de 9.196 milhões de euros que o “banco mau” registou em 2014, na sequência do colapso do Grupo Espírito Santo (GES) e da resolução do BES, em Agosto desse ano. Acrescem a este montante os 4,9 mil milhões que o Estado e os bancos colocaram no Fundo de Resolução para capitalizar o Novo Banco, bem como os dois mil milhões de euros obtidos com o ‘bail in’ da dívida senior da instituição, no final do ano passado.

A factura final será determinada pelo resultado do processo de venda do Novo Banco, que foi recentemente relançado, dado que o eventual prejuízo do Fundo de Resolução será suportado pelas contribuições futuras do sector bancário. Também determinantes serão os desfechos dos vários processos judiciais que foram colocados por accionistas e detentores de dívida do BES, que questionam a medida de resolução. Os eventuais custos desta litigância serão assumidos pelo Fundo de Resolução que, embora seja um veículo público, é financiado pelo sector bancário.

Recapitalização do BES era melhor solução?

Nos bastidores governamentais, a elevada factura do colapso do banco é apontada como a prova de que a opção pela resolução do BES, em vez da recapitalização – utilizada com sucesso na CGD, BCP e BPI -, foi um erro do anterior Executivo. Fonte próxima ao Governo disse ao Económico que “o BES não tinha usado o envelope financeiro da troika de 12 mil milhões de euros para o sector financeiro, do qual em 2014 sobravam ainda cerca de seis mil milhões de euros que poderiam ter sido usados, em parte, para a capitalização do BES/GES”, realçando que essa opção “teria custado dois mil milhões de euros” e que “exigiria a saída de Ricardo Salgado da administração do BES”.

Certo é que os prejuízos já vão em 16 mil milhões de euros, numa solução de Resolução bancária que, segundo defendeu a mesma fonte, teve por objectivo “não assumir que a saída do resgate financeiro, que ocorreu a 17 de Maio de 2014, era um insucesso, já que um dos pilares do programa de assistência passava precisamente pela consolidação do sistema financeiro”.

Por sua vez, a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, sempre defendeu que a resolução foi a melhor solução para o BES e que mesmo que o Banco Central Europeu (BCE) tivesse dado mais tempo para lidar com problema, aquela continuaria a ser a melhor opção. “A resolução é melhor do que a capitalização pública. Mesmo que houvesse mais tempo admito que a solução pudesse ser a mesma”, afirmou Maria Luís Albuquerque na comissão de inquérito ao BES e Grupo Espírito Santo (GES).

“Quer os accionistas, quer os credores subordinados, quer os depositantes, ficariam na mesma situação numa situação ou outra. A diferença é a dimensão do problema e para quem ía a conta. A conta numa recapitalização seria suportada pelos contribuintes, enquanto na resolução é suportada pelo sector financeiro”, adiantou, na altura, Maria Luís Albuquerque.

Mesmo sem revelar montantes, que permitissem avaliar os custos entre a opção de recapitalização versus a resolução, a ex-governante sempre frisou que os custos e perdas seriam suportados pelos contribuintes, em vez de pelo Fundo de Resolução.

Primeira tentativa de venda falhou

O Banco de Portugal já tentou vender o Novo Banco até Agosto de 2015, mas não o conseguiu fazer.

Depois de cancelar o primeiro concurso internacional para alienação do Novo Banco, em Setembro passado, o Banco de Portugal decidiu retomar o processo em Janeiro passado. Na semana passada, arrancou o ‘roadshow’ para a venda do Novo Banco. Stock da Cunha, presidente da instituição, e Sérgio Monteiro, contratado para liderar o processo de venda do banco, estiveram em Nova Iorque para a primeira ronda de contactos.

Carlos Costa ouvido amanhã no Parlamento

Depois de Mário Centeno, é a vez de Carlos Costa  ter de explicar na Assembleia da República a actual situação de venda do Novo Banco. A audição do governador do BdP na comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa decorre no dia 27 de Abril, quarta-feira, pelas 10:30. No mesmo dia, mas já pelas 18:00, os deputados vão voltar a encontrar-se para a audição de José Berberan Ramalho, que é o presidente da comissão directiva do Fundo de Resolução, accionista único do Novo Banco.

“Não queremos criar nenhuma perturbação ao processo de alienação do Novo Banco”, justificou a deputada social-democrata Teresa Leal Coelho, a 13 de Abril, o dia em que a comissão de Orçamento recebeu Mário Centeno para falar sobre a venda da instituição financeira.

O Novo Banco, detido em exclusivo pelo Fundo de Resolução bancário, que consolida nas entidades públicas, deverá ser vendido até agosto de 2017, depois de a Comissão Europeia ter estendido por um ano a data para a sua alienação. No entanto, as autoridades nacionais comprometeram-se em fazer um esforço para finalizar a venda do Novo Banco até ao próximo mês de Agosto.

Política e negócios no quarto escuro da democracia

Quarta-feira, Março 23rd, 2016

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Esquerda Net Opinião Adriano Campos

Ainda se lembra da Coligação Portugal à Frente (PAF)? O compromisso eleitoral, como podemos ler, era farto em promessas de uma “exemplaridade” política.

“Rigor, previsibilidade, transparência, exemplaridade e escrutínio são, e continuarão a ser, os valores que balizam o caminho prosseguido para devolver a confiança dos cidadãos na política e nos atores políticos. Valores que impõem um compromisso cada vez mais acentuado com uma matriz de cultura e de conduta política que assegure, em simultâneo, a firmeza das instituições e a confiança dos cidadãos”.

Ainda se lembra da Coligação Portugal à Frente (PAF)? O compromisso eleitoral, como podemos ler, era farto em promessas de uma “exemplaridade” política. A conduta é o melhor sermão e o voto um contrato com o cidadão. Dúvidas houvesse, a árdua vida dos ex-Ministros aí está como a prova provada deste entendimento.

Maria Luís Albuquerque: ex-Ministra das Finanças e uma das pretendentes à liderança dos PSD foi incentivada por Passos Coelho (uma estranha forma de camaradagem) a aceitar o cargo na Arrow Global. Um part-time de 100 mil euros por ano para auxiliar uma empresa que especulou com os créditos mal-parados do BANIF e vive do jogo da finança. Continua a ter assento no Parlamento.

Paulo Portas: Depois de quase duas décadas à frente do CDS, o cruzado da direita anti-cavaquista saiu com a sensaação de dever cumprido, deixando para trás um partido entregue à insignificância eleitoral. Ironia da história, foi numa das mais tradicionais famílias da burguesia portuguesa que o eterno líder da nova direita encontrou o descanso merecido. Portas será o vice-presidente da Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa em representação da Pinto Basto Gest, grupo que cresceu à sombra do Estado no século XX e que agora tem íntimas ligações com o capital angolano.

Pires de Lima: Convocado para o governo depois da crise do “irrevogável”, Pires de Lima não perdeu tempo e já foi anunciado como novo administrador do grupo Media Capital, proprietário da TVI e da Rádio Comercial. Para o ex-governante de um executivo que tudo fez para privatizar a RTP, o novo cargo é apenas mais um capítulo de uma impoluta carreira empresarial.

Sérgio Monteiro: ex-Secretário de Estado dos Transportes, o “Senhor Privatizações” e campeão das PPP foi o escolhido pelo Novo Banco e o Fundo de Resolução para vender os despojos do grupo Espírito Santo. O salário de Sérgio Monteiro será de quase 360 mil euros anuais, pagos por ajuste direto com impacto no orçamento de Estado.

Paulo Núncio: o ex-Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais é agora consultor da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva, o escritório de advogados que assessorou o Estado na privatização da REN.

Já sabemos que nos últimos 40 anos mais de metade dos governantes fez parte desta lambança. Do universo total de governantes, mais de metade (415) estabeleceram, antes ou depois de passar pelo governo, um vínculo relevante às empresas e às suas administrações. Essa ligação é mais intensa no PSD e no CDS, mas o PS não se distancia: metade dos governantes do PS e dois terços dos do PSD e CDS circularam entre os governos e lugares de direção em grandes empresas.

O argumento meritocrático, que releva o percurso profissional destes cidadãos (com direitos iguais aos de todos), é fraco perante as evidências. Um ex-governante tem o direito a uma profissão, com certeza que sim, mas há um trampolim nesta história. Vejamos um exemplo elucidativo: os governantes ligados aos grandes grupos económicos, que representam um quinto do total, desempenharam 320 cargos antes da chegada ao governo, já no período pós-governo contabilizamos a ocupação de 1350 cargos em empresas. Estes ex-governantes tornam-se quadros estruturantes da economia portuguesa não pelo seu mérito profissional, mas pelo seu capital político.

António Costa deu a Carlos Costa o melhor argumento para que este se mantenha, como até aqui, sem se mexer

Domingo, Fevereiro 21st, 2016

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Dinheiro Vivo Opinião Sílvia Oliveira

E se tudo fosse como a maioria deseja e considera adequado e sensato para o sector financeiro e para o país, e não apenas como alguns – poucos e, sobretudo, o próprio – querem, Carlos Costa já não seria governador do Banco de Portugal há bastante tempo.

Se os governos e os políticos pensassem além dos seus mandatos, Carlos Costa não teria sido, sequer, reconduzido, pela ex-ministra das Finanças na liderança do banco central português.

A decisão de Maria Luís Albuquerque foi, como muitos avisaram, um erro, que só se agravou com o tempo. A confirmação de Carlos Costa não só não contribuiu, como se vê, para preservar e defender a independência do Banco de Portugal, como o governador tem sido um elemento perturbador da estabilidade do sector financeiro.

A sua missão está comprometida e a sua credibilidade ferida de morte. A resolução do BES, há ano e meio, a do Banif e, novamente a do BES, com a decisão, recente, de devolver obrigações seniores ao banco mau são fardos pesados. Ainda ressoam os ataques duríssimos à ética e independência de Carlos Costa, bem como os pedidos de auditoria externa ao que se passou no Banif. Nem um dos melhores banqueiros do mundo, que por sinal é português, se furtou a uma posição sobre o fim do Banif.

O presidente do britânico Lloyds, Horta Osório, disse, poucos antes do Natal, que a situação era “chocante” e que o assunto deveria ser “devidamente explicado” através de uma auditoria externa. É compreensível que regulados e reguladores divirjam, não é normal, e muito menos comum, ver banqueiros a pedir a cabeça do regulador.

A resiliência é, sem dúvida, uma característica fundamental de um regulador, mas não é de capacidade de superação que aqui se trata, é antes de alienação. Carlos Costa está amarrado ao cargo, mas, mais grave, nós estamos amarrados a Carlos Costa, que só pode ser afastado mediante prova de falha grave.

A lei, que impede a interferência de governos para preservar, e bem, a independência do regulador, é a mesma que não o consegue defender. O anterior governo comprometeu a estabilidade do sector e a independência do regulador com a recondução de Carlos Costa e o atual governo conseguiu o mais difícil, com o primeiro-ministro, António Costa, a tornar inviável uma solução.

Agora, o governador tem o melhor argumento para continuar, constrangedoramente, sem se mexer. A sua saída, mesmo que voluntária, terá sempre a marca da intervenção política, o que mancharia, fatalmente, a imagem do Banco de Portugal. Ao início, a sensação seria de alívio, mas e depois?

Mendes Mendes dispara para todos os lados no Banif: “Há muitíssimo por explicar”

Domingo, Dezembro 27th, 2015

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Observador

Há cinco dúvidas por explicar, segundo Marques Mendes, que têm que ser dissipadas por este Governo e pelo anterior. Críticas duras ao PSD, “aprendizes de política”, e a Maria Luís Albuquerque.

“Há muitíssimo por explicar no Banif”. Foi assim que Luís Marques Mendes começou por se referir ao caso Banif no seu comentário na SIC, esta noite de sábado. São cinco dúvidas ao todo que merecem explicações, insistiu. Três devem ser explicadas pelo anterior Governo do PSD/CDS e duas são da responsabilidade de António Costa.

Dúvida 1

“Como se entende que em 2013 o Governo [PSD/CDS] tenha metido 1,1 milhões de euros no Banif sem que tivesse um administrador executivo na administração? É o único caso em que o dono da empresa não manda!”.

Dúvida 2

“Houve oito processos de reestruturação do banco entregues em Bruxelas e nenhum foi aprovado. Ninguém vem dar uma explicação?

Dúvida 3

“O Governo [PSD/CDS] fez um concurso em cima da hora, em estado de necessidade, para vender o banco. Por que razão não o fez em fevereiro ou março, a tempo e horas? Dá a sensação que quis adiar isto para depois das eleições”.

Dúvida 4

“Este Governo excluiu do concurso de venda quatro fundos por não terem licença bancária. Se foram admitidos a concorrer, como é que são excluídos depois disso? Um deles foi o Apollo que concorreu à compra do Novo Banco. Isto é tudo pouco ortodoxo”.

Dúvida 5

“Na resolução do BES os encargos foram suportados pelos bancos e não pelos contribuintes. Agora, já não é o sistema financeiro que suporta os riscos mas os contribuintes. Duas resoluções, dois bancos, dois critérios opostos. Esta questão tem que ser esclarecida”.

Marques Mendes foi especialmente duro para o PSD. Classificou a entrevista da ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, à TVI sobre o caso Banif “um desastre” e disse que o PSD, ao lado de António Costa, parecem “aprendizes de política”.

“Surpreende-me a passividade do PSD. Parece estar com medo”, disse ainda, considerando que devia ser feita uma auditoria externa independente ao Banif, como sugeriu Horta Osório.

Banif: Gestores estão com contas congeladas

Sábado, Dezembro 26th, 2015

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Observador

Como aconteceu no colapso do BES, os administradores do Banif também veem as suas contas congeladas. Maria Luís Albuquerque recusou pedido de ajuda do Banco de Portugal, em novembro.

Alguns administradores do Banif estão com as contas congeladas, uma situação que só se reverterá se provarem que não contribuíram para o colapso do banco, avança o semanário Sol. Muitos administradores já perderam milhares de euros em ações e obrigações, diz o mesmo jornal.

António Varela, atual administrador, é um desses casos. O antigo gestor do Banif já terá perdido 50 mil euros. Luís Amado, Jorge Tomé e Teresa Roque são outros dos nomes divulgados.

Quando o Banco Espírito Santo colapsou, os administradores do BES também viram as suas contas congeladas. E assim como aconteceu com o BES, o Banif foi dividido em banco bom e banco mau. O bom foi vendido ao banco Santander, por 150 milhões de euros. O mau terá um apoio público de cerca de 2.255 milhões para cobrir contingências futuras. Destes, 489 milhões de euros estão a cargo do Fundo de Resolução, e 1.766 milhões de euros chegam do Estado. A estes valores, adicionam-se mais 825 milhões de um total de 1100 milhões já injetados no banco, em 2013, pelo Estado. A Comissão Europeia diz que as ajudas do Estado não podem ultrapassar os três mil milhões.

Maria Luís Albuquerque recusou solução do Banif em Novembro

Já o jornal Expresso, escreve que o Banco de Portugal alertou o Ministério das Finanças, em novembro, para a necessidade de uma intervenção pública no Banif caso não fosse encontrada uma solução para substituir o capital do Estado que tinha sido injetado no banco em 2013.

Carlos Costa fez o pedido a 17 de novembro, numa carta endereçada a Maria Luís Albuquerque. Mas a então ministra das Finanças não recebeu bem o pedido e respondeu de forma dura, contrariando qualquer solução para o banco que implicasse mais perdas para os contribuintes. De acordo com o Expresso, Maria Luís Albuquerque escreveu a Carlos Costa que a sua posição era também “partilhada por todo o governo” – a tal salvaguarda dos cidadãos.

A 24 de julho deste ano a Comissão Europeia abriu uma investigação à injeção de capital feita no Banif e, posteriormente, foi chumbado um novo plano de reestruturação em Bruxelas, em setembro. Daí que as soluções para o banco fossem cada vez menores.

Se a injeção de capital em 2013 fosse ilegal, o banco teria de devolver 825 milhões (700 milhões diretos e 125 milhões de empréstimo em obrigações convertíveis) e, para isso, arranjar algum investidor de imediato, algo que não conseguiu fazer em três anos, desde 2013. E esta, explica o Expresso, foi a razão para o pedido enviado pelo governador do Banco de Portugal à então ministra das Finanças.

Banif: a última gota na chuva de críticas a Carlos Costa

Sábado, Dezembro 26th, 2015

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Diário de Notícias

As críticas ao governador do Banco de Portugal aumentaram depois da resolução do segundo banco num espaço de 18 meses

Num ano e meio, dois bancos intervencionados pelo Estado. No meio, o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, vai sendo cada vez mais responsabilizado pelas resoluções encontradas para o Banco Espírito Santo (BES) e para o Banif, que acarretam custos potenciais de seis mil milhões de euros para o Estado.

As últimas críticas – e as mais duras – foram deixadas por Jorge Tomé: “O BdP defende-se muito com as instâncias europeias. Temos de deixar de nos esconder atrás dos biombos das autoridades europeias.” O antigo presidente do Banif falava em entrevista à SIC Notícias e reconheceu que “há regras e Portugal tem de ser cumpridor”, mas sublinhou que “há sempre espaço para negociar”. Por isso, defende que devia fazer-se uma auditoria ao BdP e ao processo de venda (que foi feita num contexto “estranho” e teve “um resultado desastroso”) e de resolução do Banif, a fim de “comparar as alternativas”. Até porque o vencedor, o Santander, “escolheu os melhores ativos ao preço que quis”.

Mas antes de Tomé levantaram-se vozes mais inesperadas contra Carlos Costa. Foi o caso de Maria Luís Albuquerque, que, em entrevista à TVI, reconheceu que “há claramente um problema de supervisão, que se manifestou nos vários problemas do setor financeiro”. A antiga ministra das Finanças – que reconduziu Costa no BdP- assegurou que não tem “nenhuma razão para retirar a confiança ao governador”, mas não quis comprometer-se. “Não conheço os desenvolvimentos das últimas semanas”, disse, assumindo-se incapaz de avaliar se os montantes injetados no banco “são absolutamente indispensáveis ou se havia outras soluções.

Mesmo dentro do BdP, haverá algum desconforto. Segundo o Expresso, o vice-governador António Varela, também ex-administrador do Banif, saiu no momento em que foi decidida a resolução. O semanário escreve que o modelo de fecho e venda “não recolhia o agrado de todos”. Um dia depois, o BdP negou, em comunicado, a existência de “divisões na administração do BdP na tomada de decisões sobre o Banif”.

Já no ano passado, quando o BES colapsou, tinha sido a vez de António Costa, na altura opositor do governo de Passos Coelho. O agora primeiro–ministro acusou Carlos Costa de ter sido “muito imprudente” na forma como acompanhou o Grupo Espírito Santo.

É sob esta chuva de críticas que Carlos Costa vai ser ouvido: PS, PCP e BE vão avançar com uma comissão de inquérito à atuação do BdP e do anterior governo no caso Banif.

Estado injeta seis mil milhões

O início do fim do Banif foi no dia 16, quando o Banco Central Europeu (BCE) avisou que o banco ia perder o estatuto de contraparte – o que significava que ia deixar de ter acesso a financiamento europeu. No dia 20, o BdP anunciou a resolução: o Santander ficou com a parte boa do Banif, desembolsando 150 milhões de euros, e o Estado entrou com 2,255 mil milhões para cobrir contingências futuras, dos quais 489 milhões vieram do Fundo de Resolução e 1,766 mil milhões diretamente do Estado. Isto depois de em agosto do ano passado o Novo Banco, a parte boa do BES, ter recebido uma injeção de 4,9 mil milhões: 3,9 mil milhões diretamente do Estado e o restante resultante de um empréstimo feito pela banca e de capitais do Fundo de Resolução (que é gerido pelo BdP). Contas feitas, o Estado teve de desembolsar 6,1 mil milhões pelo BES e pelo Banif.