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“Ao fim do dia, são os cidadãos que vão suportar os custos do Novo Banco”, diz Teixeira dos Santos

Segunda-feira, Março 25th, 2019

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Eco

“Ao fim do dia, são os cidadãos que vão suportar os custos do Novo Banco”, diz Teixeira dos Santos

 

Ex-ministro das Finanças e líder do EuroBic não ficou surpreso com novo pedido de capital do Novo Banco. A cláusula de contingência, diz, facilita adoção de políticas mais agressivas com imparidades.

Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças e atual presidente do EuroBic, não ficou surpreendido com o novo pedido de injeção de capital apresentado pelo Novo Banco este ano, mas não partilha da opinião que este custo não será pago pelos contribuintes: “Ao fim do dia, seja como clientes ou contribuintes, ou ambos, são os cidadãos que acabam a suportar o custos destes episódios”, afirmou esta quinta-feira, ao início da noite.

Novo Banco fechou as contas de 2018 com um prejuízo de 1412 milhões de euros, tendo por isso avançado com um pedido de 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução, no âmbito do mecanismo de capital contingente criado aquando da venda ao Lone Star, em 2017, para compensar as perdas avultadas com a venda de ativos problemáticos.

“Quem comprou o Novo Banco tem uma cláusula de contingência, logo está relativamente à vontade para registar imparidades, o que propicia e facilita adoção de uma política mais agressiva na venda destes créditos [tóxicos, que originam as imparidades]”, defendeu o ex-ministro durante o Fórum Desafios e Oportunidades, uma parceria ECO/EuroBic, que decorreu em Évora.

Apesar de não ter sido surpreendido pelas necessidades apresentadas pelo Novo Banco, Teixeira dos Santos manifestou-se preocupado com as mesmas e com os seus impactos, que vão muito além do setor bancário.

“O colapso ou resgate de uma instituição financeira impõe sempre um custo social e não tenho ilusões que são os cidadãos que suportam esse custo.”

Teixeira dos Santos

Ex-ministro das Finanças e atual presidente do EuroBic

“Estou preocupado porque tudo se traduz em ónus para o setor bancário, pois os custos de resolução são suportados pelo sistema bancário”, avançou. Mas o impacto é sentido sobretudo pelo seu custo social: “O colapso ou resgate de uma instituição financeira impõe sempre um custo social e não tenho ilusões que são os cidadãos que suportam esse custo, direta ou indiretamente”, explicou. Porque passar a fatura para o setor bancário significa que esta irá parar aos clientes.

“Passar fatura aos bancos significa que estes terão de encontrar outras fontes de financiamento para a compensar, a banca tem de ter rentabilidade para atrair capital, logo este sobrecusto obriga os bancos a repercutir os custos nos clientes. Ao fim do dia, clientes ou contribuintes, são os cidadãos que acabam a suportar o custo destes episódios negativos“, rematou.

Máximo dos Santos: “Muito me espantaria” se Novo Banco chegasse ao limite dos 3,89 mil milhões

Quinta-feira, Março 21st, 2019

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O presidente do Fundo de Resolução acredita que o banco não vai precisar de esgotar o montante disponível, mas realça que ficará “aquém” dos 3,89 mil milhões de euros.

Máximo dos Santos afasta a possibilidade de o Novo Banco vir a precisar da totalidade dos 3,89 mil milhões de euros que o Fundo de Resolução pode injectar no Novo Banco, por via do mecanismo de capitalização contingente.

“Muito me espantaria se chegássemos ao limite do teto” deste montante, afirmou o presidente do Fundo de Resolução numa audição sobre o Novo Banco, na comissão de Orçamento e Finanças.

“Dificilmente será alcançada a totalidade do limite”, isto de acordo “com os dados que conhecemos hoje”, sublinhando, contudo, que “as conjunturas alteram-se”.

Máximo dos Santos partilha assim da posição que foi expressada pelo Governo. “Se o processo continuar a decorrer como até hoje, o número não vai ser atingido”, declarou o ministro das Finanças na mesma comissão, no ano passado.

Na venda de 75% do banco à Lone Star foi estabelecido um cenário base, que define que 3,89 mil milhões de euros de teto máximo de montante que o Fundo de Resolução pode injetar no Novo Banco, por via do mecanismo de capitalização contingente.

Deste montante, o Novo Banco já pediu quase dois mil milhões de euros ao Fundo de Resolução. Isto se for aprovada a nova injeção de 1.150 milhões de euros. O fundo ainda aguarda a certificação das contas do banco liderado por António Ramalho.