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Mourinho Félix acusa Governo de Passos de “embuste” na resolução do BES
O ex-secretário de Estado Adjunto e das Finanças acusou Governo de Passos de ter mentido aos portugueses na resolução do BES ao anunciar um Novo Banco que ia ser vendido com lucro.
Oantigo secretário de Estado Adjunto e das Finanças Ricardo Mourinho Félix afirmou que a resolução do BES em 2014 foi um “embuste”, acusando o Governo de Pedro Passos Coelho de ter mentido e de ter enganado os portugueses.
Ouvido na comissão de inquérito ao Novo Banco, Mourinho Félix atacou o Executivo PSD/CDS, por ter anunciado, em 2014, que a medida de resolução “não teria custos para os contribuintes” e que o Novo Banco era “bom, saudável” e que a sua venda iria permitir recuperar os 4,9 mil milhões de euros injetados “com algum lucro”.
O Novo Banco “era novo, mas não era bom e os ativos estavam sobreavaliados“, pelo que, em novembro de 2015, já tinha necessidades de capital de pelo menos 4,5 mil milhões e estava na prática insolvente, segundo Mourinho Félix. “Não foi surpresa” que nenhum investidor quisesse comprar o Novo Banco por 4,9 mil milhões, notou o antigo governante.
“Uma venda em 2015 deixaria claro o embuste que tinha sido a resolução de 2014. Deixaria claro que a venda do banco, com pagamento integral dos empréstimos pelo Fundo de Resolução e um potencial lucro não existia. O Governo de então tinha mentido. Tinha enganado os portugueses”, atirou.
Mourinho Félix considera que “não foi um lapso nem um erro” que se tivesse decidido capitalizar o Novo Banco com 4,9 mil milhões inicialmente, quando a resolução devia ter implicado o dobro daquele montante. “Foi vontade de adiar a resolução de um problema. De simular uma saída limpa que deixava para trás um sistema financeiro débil”, disse aos deputados.
Também deixou críticas ao Banco de Portugal que seguiu a determinação do Governo para capitalizar o Novo Banco pelo valor mínimo, quando devia ter agido de forma independente. “O Banco de Portugal não atuou de forma independente. Fez o que a ministra das Finanças mandou, subjugou-se. É uma falha grave”, disparou Mourinho Félix.
O antigo secretário de Estado Adjunto e das Finanças referiu que a capitalização pelos mínimos ajudou a explicar o falhanço do processo de venda em 2015.
“Exercício de desonestidade”, atira PSD
Mais tarde, o deputado do PSD, Hugo Carneiro, respondeu às acusações, questionando se Mourinho Félix, atualmente na vice-presidência do Banco Europeu de Investimento, veio à comissão enquanto secretário de Estado. “Veio trazer uma cartilha política” para colocar em causa a resolução, disse Hugo Carneiro.
“Veio fazer aqui um exercício de desonestidade. Não vale tudo em política”, apontou o deputado, dizendo que Mourinho Félix fez um “esforço pesaroso” para explicar o impacto da medida de retransmissão de obrigações do Novo Banco para o BES no final de 2015.
Na intervenção inicial, o ex-secretário de Estado referiu que essa medida teve “proporções sísmicas” na reputação de Portugal, agravando os custos de financiamento.
Já Mariana Mortágua criticou os governos de PSD/CDS e PS. “O mesmo embuste foi criado pelo primeiro governo socialista quando garantiu aos portugueses que não haveria custos com a garantia do Novo Banco”, observou a deputada.
(Notícia atualizada às 17h36)