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BE e PCP viabilizam injecção de dinheiro no Novo Banco

Domingo, Abril 9th, 2017

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Negócios

O acordo para a futura venda do Novo Banco aos norte-americanos da Lone Star foi confirmando no passado dia 31 de Março.

“O futuro reforço do Fundo de Resolução depende de um artigo do Orçamento do Estado que estabelece os limites de endividamento público em cada ano. O PCP e o BE admitem viabilizá-lo e assim permitir a injecção de dinheiros públicos no Novo Banco”, diz o Expresso na sua edição deste sábado, 8 de Abril. No entanto, acrescenta o semanário, “não se sabe ainda em que ano isso será necessário e, na pior das hipóteses, pode acontecer só no OE de 2019, o último desta legislatura”.

Recorde-se que o Fundo de Resolução fica com 25% do Novo Banco e com a gestão directa de um conjunto de activos problemáticos. Para já, não entra com dinheiro. Mas não é certo que não tenha de o fazer no futuro. E com a ajuda do Estado.

Com efeito, conforme avançou o Negócios, a venda do Novo Banco não deverá ter qualquer impacto nas contas públicas no imediato, mas o Fundo de Resolução poderá ter de injectar dinheiro na instituição a partir de 2019. Este capital servirá para compensar as perdas que venham a ser geradas pelos activos problemáticos, mas apenas se o valor dos prejuízos  puser em causa a solidez do banco.

Nos termos do acordo assinado no passado dia 31 de Março, o Estado, através do Fundo de Resolução, recebe zero pela venda de 75% do Novo Banco à Lone Star. Mas é preciso injectar 1.500 milhões de euros na instituição para que a alienação se concretize. A necessidade de mobilizar recursos mostra que, sem a alienação, o banco tinha um valor negativo.

A maior parte dos 1.500 milhões serão assegurados pelo gestor norte-americano de “private equity”, que se comprometeu a injectar 1.000 milhões no banco que nasceu dos despojos do BES. Ainda antes de a Lone Star gastar um cêntimo, todos os obrigacionistas do Novo Banco serão praticamente obrigados a prescindirem de parte do valor que hoje têm direito a receber, através de uma troca de dívida. Uma operação que permitirá que a instituição ganhe uma folga de solidez de mais 500 milhões e que terá de acontecer para que a venda ao investidor norte-americano se concretize.

Em termos de capital efectivo, o Novo Banco receberá da Lone Star 1.000 milhões: 750 milhões no momento efectivo da transmissão do controlo – a ocorrer antes do final do ano, depois da troca de dívida e das aprovações da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu – e 250 milhões ao fim de três anos. Como o comprador tem um compromisso irrevogável e incondicional de assegurar esta segunda tranche da capitalização, o Estado, através do Fundo de Resolução, fixa já a sua participação em 25%, percentagem que já tem em consideração o valor total da injecção a assegurar pela Lone Star.

NB teria folga de 1.000 milhões se fosse vendido já 

Se a Lone Star assumisse agora o controlo do Novo Banco, a instituição teria uma almofada de capital de quase 1.000 milhões de euros para absorver perdas com activos problemáticos. E só depois desta folga ser totalmente consumida é que o Fundo de Resolução seria chamado a fazer injecções adicionais de capital na instituição, de acordo com o esquema de partilha de riscos acordado entre o Estado e o investidor norte-americano.

No entanto, até à concretização do negócio acordado há uma semana, parte daquela margem de solidez ainda será penalizada pelos prejuízos que o banco registar ao longo de 2017 e por outros factores, como perdas com a venda de imóveis e outros activos.

A margem actual de quase 1.000 milhões corresponde à diferença entre o rácio de solidez que o Novo Banco registaria com o reforço de solidez assegurado pelos obrigacionistas e pela Lone Star e o nível de capital definido contratualmente como o limite mínimo que, sendo posto em causa, exige que o Fundo de Resolução injecte recursos na instituição. Ao que o Negócios apurou, este rácio contratual ronda 12%, correspondente ao nível de “tier one” que o Banco Central Europeu (BCE) impõe ao Novo Banco (superior a 11%), acrescido de uma margem de 0,8%, acordada com a Lone Star.

Se a venda acontecesse agora, a instituição apresentaria um rácio “tier one” de cerca de 15%, graças ao aumento dos capitais próprios resultante da injecção de 750 milhões de euros a realizar pelo investidor norte-americano e do reforço de 500 milhões a assegurar pelos obrigacionistas.

Tendo em conta que os activos ponderados pelo risco do Novo Banco superam 35 mil milhões, uma diferença de três pontos percentuais entre o rácio de capital contratual e o nível de solidez da instituição permitiria uma folga de solidez de 1.000 milhões.

Governo pode ter de autorizar gastos na venda do NB 

Ontem, o Tribunal de Contas defendeu que há uma irregularidade, por negligência, no facto de o Fundo de Resolução ter assumido a despesa de 9,7 milhões para alienar o Novo Banco.

“O Fundo de Resolução assumiu encargos de 9,7 milhões de euros em 2015 para vender o Novo Banco. O Tribunal de Contas concluiu que tal assunção corresponde a uma infracção legal. Há duas opções: ou o Fundo de Resolução assume que não tem qualquer responsabilidade por aquele custo ou, então, o Governo tem de autorizá-lo”, conforme sublinhou ontem o Negócios.

Apesar de o Tribunal de Contas se referir à despesa de 9,7 milhões de euros em 2015, os contratos públicos disponibilizados no Portal Base até Abril de 2017 prevêem a assunção de um custo máximo em torno de 26 milhões de euros na prestação de assessorias às alienações do Banco de Portugal.

Neste momento, o Fundo de Resolução continua a ter três elementos na comissão directiva mas só Elsa Roncon se mantém no cargo face ao período auditado pelo Tribunal de Contas. Pedro Ventura, que é da direcção-geral das Finanças, e Luís Máximo dos Santos, administrador do Banco de Portugal, são os outros dois responsáveis.

Ao contrário do que acontecia em 2015, em que o Fundo de Resolução tinha dois nomes ligados ao Banco de Portugal, actualmente a presença maioritária pertence ao Ministério das Finanças.

Novo Banco ouve lesados do BES nas próximas três semanas

Sexta-feira, Março 17th, 2017

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Expresso

Lesados do papel comercial do BES serão ouvidos sobre a solução de criar um fundo de indemnização, que precisa do aval de mais da maioria

A associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC) anunciou esta terça-feira que o Novo Banco vai ouvir nas próximas três semanas os lesados do papel comercial do BES sobre a solução de criar um fundo de indemnização.

“O processo está mesmo em fase de conclusão. Vamos primeiro fazer uma auscultação aos lesados, porque isso é fundamental para que se crie um fundo, o que será feito pelo Novo Banco dentro de duas ou três semanas”, afirmou Ricardo Ângelo, à saída de uma audiência do grupo parlamentar do PS.

A solução proposta para os lesados precisa, no entanto, do aval de mais da maioria: “A partir do momento que tivermos mais de metade das pessoas a aceitar a solução, o fundo será criado, e no próximo mês ou mês e meio será feito o primeiro pagamento, dos três expectáveis”, adiantou.

A solução proposta aos lesados no final do ano passado pretende compensar os mais de 4.000 clientes que investiram, aos balcões do Banco Espírito Santo (BES), em papel comercial de empresas do Grupo Espírito Santo (GES).

Em causa estão 434 milhões de euros investidos nas empresas Espírito Santo Financial e Rio Forte, poucos meses antes do colapso do grupo, que ocorreu no verão de 2014.

De acordo com o mecanismo de compensação já conhecido, os clientes que aceitem a solução proposta irão recuperar 75% do valor investido, num máximo de 250 mil euros, isto se tiverem aplicações até 500 mil euros. Já acima desse valor, irão recuperar 50% do valor investido.

O valor será pago aos clientes lesados por um fundo de indemnizações a ser criado. Contudo, como este fundo não tem capital para pagar os montantes em causa, a solução passa por pedir um empréstimo junto da banca, com garantia do Estado.

Os clientes que aceitem aderir a esta solução, têm que cumprir uma série de obrigações, entre as quais ceder direitos judiciais dos processos em tribunal, contra entidades e administradores ligados ao GES, ao fundo de indemnizações, que assumirá a litigância desses processos na Justiça e que receberá as eventuais compensações decididas pelos tribunais.

O objetivo é que esse fundo consiga recuperar em tribunal nos próximos anos pelo menos o valor pago aos clientes lesados.
Sobre a audiência da associação, hoje, no grupo parlamentar do PS, Ricardo Ângelo enalteceu a iniciativa: “Esta auscultação é fundamental para diminuir as zonas cinzentas de regulação bancária em Portugal, onde a intervenção da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e do Banco de Portugal não é explicita”.

Sobre as matérias abordadas no encontro desta manhã, adiantou a atuação dos gestores da banca, as exigências que os bancos lhes fazem para venderem produtos com algum risco, ou soluções para a apresentação de produtos com risco versus sem risco, entre outros temas.

Sobre a criação de uma nova entidade de supervisão, que assume algumas das atuais competências do Banco de Portugal, disse que “o importante é não chegarem produtos falseados” aos clientes e que, se isso for conseguido com a criação de um novo organismo, essa criação tem o apoio da associação.

 

Fundo de Resolução descarta papel na venda do Novo Banco de Cabo Verde

Segunda-feira, Fevereiro 8th, 2016

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Negócios

O Fundo de Resolução, que é o accionista único do Novo Banco, recusa que tenha poderes para avaliar a venda do Banco de Cabo Verde à sociedade de José Veiga. E diz que não tem de avaliar idoneidade.

O Fundo de Resolução recusa ter quaisquer responsabilidades na alienação da unidade que o Novo Banco detém em Cabo Verde a uma sociedade liderada por José Veiga. É esta a resposta deste fundo, accionista único do banco português e que funciona junto do Banco de Portugal, à notícia do Correio da Manhã que diz que a justiça fez questões ao empresário, actualmente detido, relativas a funcionários do Fundo de Resolução que tiveram envolvimento na operação.

“A lei não atribui ao Fundo de Resolução competências ou poderes para autorizar ou para se opor à operação de venda do BICV, pelo Novo Banco”, indica um esclarecimento do Fundo de Resolução publicado no site oficial ao final da tarde desta segunda-feira, 8 de Fevereiro.

Segundo o comunicado do Fundo de Resolução, que é presidido por José Berberan Ramalho (vice-governador do Banco de Portugal, na foto), apesar de ser o accionista único do Novo Banco, o fundo não tem responsabilidade sobre “a alienação dos activos que integram o património do Novo Banco, ou a sua aprovação”.

O Banco de Portugal é que tem de se pronunciar sobre as operações e é também ele que define quem tem idoneidade para ser banqueiro. O Fundo de Resolução defende, no comunicado, que não lhe cabe, “em nenhuma circunstância, proceder à avaliação da idoneidade para o exercício da actividade bancária”.

O antigo empresário de futebol José Veiga foi o vencedor da venda do Banco Internacional de Cabo Verde, que transitou para o Novo Banco no âmbito da resolução aplicada ao Banco Espírito Santo, num processo que levaria 14 milhões para a instituição liderada por Eduardo Stock da Cunha. Contudo, conforme deu conta o Negócios, a operação corre, agora, o risco de ser anulada, já que não deverá obter a autorização por parte do Banco de Portugal.

O antigo agente de futebol esteve, nos últimos dias, sob interrogatório judicial num processo denominado Rota do Atlântico que envolve suspeitas da prática dos “crimes de corrupção no comércio internacional, de branqueamento e de fraude fiscal, e ainda crimes de tráfico de influência e de participação económica em negócio na compra e venda de acções de uma instituição financeira estrangeira, acções, essas, detidas por instituição de crédito nacional”.

Banco de Portugal não esclarece

Apesar do esclarecimento do Fundo de Resolução, o Banco de Portugal não respondeu às perguntas feitas esta segunda-feira pelo Negócios: o que está a ser feito pelo regulador com a indicação de que há funcionários do Fundo a ser investigados no âmbito da Rota do Atlântico?; o regulador foi contactado pela justiça neste processo?; e em que fase está o processo de venda do banco de Cabo Verde?

Segundo noticiou o Expresso, também há funcionários do próprio Banco Internacional de Cabo Verde suspeitos de dar informação privilegiada a José Veiga para que este apresentasse uma proposta de compra que garantisse a vitória na venda da instituição.

Veiga foi detido, juntamente com Paulo Santana Lopes e uma advogada, para interrogatório na semana passada. Sabe-se já quais as medidas de coacção que enfrenta: o empresário fica com a medida de coacção mais gravosa, prisão domiciliária, e o irmão do ex-primeiro-ministro em domiciliária até ao pagamento de uma caução de 1 milhão de euros.

TOME NOTA
Cabo Verde chumbou banco 

Antes de querer comprar o banco cabo-verdiano que pertence ao Novo Banco, José Veiga tentou constituir uma outra instituição financeira naquele país. Só que o antigo empresário de futebol, detido por suspeitas de crimes de corrupção, não conseguiu, dado o chumbo do regulador daquele país. Depois, tentou adquirir o Banco Internacional de Cabo Verde. Mas nem Banco de Portugal nem o regulador de Cabo Verde aprovaram ainda a operação.

 

Esclarecimento sobre o papel do Fundo de Resolução na venda de ativos do Novo Banco, S.A.

Segunda-feira, Fevereiro 8th, 2016

Citamos

Esclarecimento_FDR_Venda_Ativos_NB_08022016

 

A propósito de notícias veiculadas na imprensa de hoje, que atribuem ao Fundo de Resolução competência ou poderes para decidir sobre a venda do Banco Internacional de Cabo Verde, S.A. (BICV) e, em particular, para proceder à “declaração de idoneidade para o exercício da atividade bancária” por parte dos compradores, vem o Fundo de Resolução esclarecer o seguinte: 

  • O Fundo de Resolução tem por objeto prestar apoio financeiro à aplicação de medidas de resolução adotadas pelo Banco de Portugal, constituindo, na expressão da Diretiva relativa à recuperação e à resolução de instituições de crédito e de empresas de investimento, “um mecanismo de financiamento da resolução”. 
  • Ainda que o Fundo de Resolução seja acionista único do Novo Banco, o exercício desse estatuto encontra-se, nos termos da lei, limitado pelas especificidades do regime de resolução. 
  • Em particular, a alienação dos ativos que integram o património do Novo Banco, ou a sua aprovação, encontra-se expressamente fora do âmbito de competências do Fundo de Resolução, nos termos do disposto nos números 3 e 4 do artigo 145.º-R do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras. 
  • Consequentemente, a lei não atribui ao Fundo de Resolução competências ou poderes para autorizar ou para se opor à operação de venda do BICV, pelo Novo Banco.  Também não cabe ao Fundo de Resolução, em nenhuma circunstância, proceder à avaliação da idoneidade para o exercício da atividade bancária.

Lisboa, 8 de fevereiro de 2016

Fundo de Resolução diz que não decide venda do Novo Banco de Cabo Verde

Segunda-feira, Fevereiro 8th, 2016

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TVI

Apesar de ser o Fundo de Resolução ser o acionista único do Novo Banco, o “exercício desse estatuto encontra-se (…) limitado pelas especificidades do regime de resolução”

O Fundo de Resolução diz que não tem competências para se pronunciar sobre a venda do Banco de Cabo Verde, que pertence ao Novo Banco, apesar de ser o único acionista da instituição liderada por Stock da Cunha.

O Fundo de Resolução bancário emitiu esta segunda-feira um comunicado a esclarecer as suas competências a propósito da alienação do banco detido pelo Novo Banco em Cabo Verde, o que justificou com as “notícias veiculadas na imprensa de hoje, que atribuem ao Fundo de Resolução competência ou poderes para decidir sobre a venda do Banco Internacional de Cabo Verde e, em particular, para proceder à ‘declaração de idoneidade para o exercício da atividade bancária’ por parte dos compradores”.

Segundo a informação divulgada, apesar de ser o Fundo de Resolução ser o acionista único do Novo Banco, o “exercício desse estatuto encontra-se (…) limitado pelas especificidades do regime de resolução”.

José Veiga vence corrida ao NB de Cabo Verde

Quarta-feira, Janeiro 20th, 2016

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Negócios

O empresário saiu vencedor da corrida ao Banco Internacional de Cabo Verde. Novo Banco vai receber 14 milhões nesta venda, quando o Banco de Portugal autorizar.

O empresário José Veiga saiu vencedor do processo de venda do Banco Internacional de Cabo Verde (BICV), a instituição que o Novo Banco tem naquele país. O Negócios sabe que a gestão liderada por Eduardo Stock da Cunha escolheu a proposta do antigo agente de jogadores de futebol como vencedora deste processo e que o Banco de Portugal se prepara para autorizar a operação.

A entidade liderada por Carlos Costa só tem de avaliar a operação enquanto autoridade de resolução responsável pelo Novo Banco. A análise da capacidade financeira e da idoneidade do comprador compete ao supervisor de Cabo Verde.

José Veiga, que tem interesses empresariais em vários países africanos, entre os quais o Benin onde é accionista do Banque Africaine pour le Commerce et l’Industrie, ofereceu quase 14 milhões de euros pela instituição cabo-verdiana. Este montante equivale ao valor pelo qual o BICV está registado nas contas do Novo Banco. O preço oferecido terá sido a principal razão para o empresário sair vencedor deste processo.

O interesse de Veiga no BICV, noticiado esta terça-feira pelo Diário Económico, resulta da aposta do empresário em diversos países africanos, como Cabo Verde, Benin, Nigéria, Togo, Costa do Marfim, Guiné Conacri e Guiné Equatorial. Os negócios do empresário estão dispersos por diversos sectores de actividade, como o petróleo, imobiliário, energia, saúde e construção.

As ligações de Veiga a investidores africanos já tinham levado este empresário a cruzar-se com o BES e o Grupo Espírito Santo. Antes do colapso deste universo, a família Espírito Santo chegou a estabelecer contactos com o empresário para que este liderasse um grupo de investidores do Congo e da Guiné que admitiam investir 150 milhões na Espírito Santo International, a antiga “holding” de controlo do GES. ¦

As ligações de José Veiga a África já o tinham levado a cruzar-se com o GES.
MARIA JOÃO GAGO

José Veiga quer comprar o Novo Banco de Cabo Verde

Terça-feira, Janeiro 19th, 2016

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Económico

Antigo agente de futebolistas lidera um consórcio de investidores luso-africanos que já fez uma proposta de compra.

José Veiga faz proposta de compra do Novo Banco de Cabo Verde

Empresário lidera consórcio luso-africano. Banco de Portugal terá palavra decisiva no negócio.

Filipe Alves – filipe.alves@economico.pt

O Novo Banco está prestes a concluir a venda do Banco Internacional de Cabo Verde (BICV), tendo recebido várias manifestações de interesse neste activo que, no balanço, está avaliado em 14 milhões de euros, apurou o Diário Económico. Um dos interessados é um consórcio de investidores luso-africanos, liderado por José Veiga, antigo empresário de jogadores de futebol e ex-director geral do Sport Lisboa e Benfica.

Segundo as mesmas fontes, embora o processo de venda do BICV seja conduzido pelo próprio Novo Banco, a palavra final será do supervisor. O Novo Banco pediu ao Banco de Portugal para se pronunciar sobre a proposta apresentada pelo consórcio de José Veiga, que inclui investidores de países africanos onde o empresário trabalha como consultor. A decisão do supervisor é esperada para breve.

O interesse de Veiga na banca não é de hoje: há dois anos, o empresário chegou a manter negociações com a família Espírito Santo para a compra de uma participação na holding ES Control. Na altura, José Veiga representava investidores do Congo e da Guiné Equatorial, que estavam dispostos a entrar com mais de 150 milhões de euros para tentar salvar o Grupo Espírito Santo (GES). Mas o negócio nunca se concretizou, devido à resolução do BES e à ruína do GES.

O Diário Económico tentou obter esclarecimentos de José Veiga, mas até ao fecho o empresário não esteve contactável. Também não foi possível, até ao encerramento da edição, obter esclarecimentos de fonte oficial do Novo Banco.

A venda do BICV, que deverá estar concluída em breve, será mais um passo no plano de venda de activos não-estratégicos, que a instituição liderada por Stock da Cunha tem em curso e que prevê, além disso, a alienação do Banque Espírito Santo et de la Vénétie (BESV) e de outras subsidiárias.

Não foi possível apurar o valor das várias propostas em cima da mesa, mas é sabido que, nas contas do Novo Banco, o BICV está avaliado em 14 milhões de euros.

Segundo o relatório e contas do Novo Banco relativo ao primeiro semestre de 2015, a actividade do BICV “centra-se no mercado local de empresas, com particular incidência nas empresas do sector público e nas filiais de grupos portugueses com interesses económicos em Cabo Verde, e no mercado de ‘affluent’ local”, isto é, no segmento de banca privada.

“No primeiro semestre do ano, o Banco apresentou um crescimento do activo de cerca 3% face ao final de 2014, continuando a verificar-se a recuperação da actividade, iniciada no último trimestre de 2014”, refere o mesmo relatório.

Segundo os dados divulgados pelo próprio BICV, no final de 2014 o banco contava com um total de 1.893 clientes, dos quais 1.484 eram particulares e os restantes 409 eram empresas cabo-verdianas e estrangeiras. O total do activo era de 12 mil milhões de escudos cabo-verdianos (105 milhões de euros) e os depósitos ascendiam a 9,9 mil milhões de escudos. “O Banco Internacional procura aplicar os seus recursos excedentes preferencialmente a curto ou a muito curto prazo, de maneira a garantir um nível satisfatório, e quase que permanente, de liquidez imediata. Para mitigar o risco inerente aos activos financeiros, as aplicações são feitas, fundamentalmente, no Head-Office (Novo Banco)”, refere o relatório. F.A.