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Eurodeputado questiona CE sobre necessidades de capital do Novo Banco

Quinta-feira, Março 22nd, 2018

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Notícias ao Minuto

O eurodeputado Manuel dos Santos questionou hoje a Comissão Europeia sobre quanto poderá o Estado ainda ter de injetar no Novo Banco, vendido em outubro passado ao fundo de investimento norte-americano Lone Star.

Numa pergunta a que a Lusa teve acesso, Manuel dos Santos considera que as “mensagens e os atos da Comissão Europeia são cada vez mais desconcertantes, considerando “claro” que o modelo de resolução escolhido para o Banco Espírito Santo (BES) em 2014 “não constitui a melhor solução para um grande banco”.

O eurodeputado evoca o relatório da Direção-Geral da Concorrência Comissão Europeia conhecido há poucas semanas sobre o Novo Banco para considerar que a avaliação que Bruxelas faz deste “aponta para que Estado português conceda uma nova ajuda ao Novo Banco que se traduzirá em maior carga fiscal para o contribuinte e em benefício para a LoneStar, o fundo comprador”.

Segundo Manuel dos Santos, sendo que estão identificados “ativos tóxicos no montante de 8,7 mil milhões de euros e assegurando que as más práticas na concessão de crédito se mantêm, exige-se uma nova ajuda do Estado que pode ultrapassar os sete mil milhões de euros”.

Assim, o político socialista pede à Comissão Europeia os “dados precisos” em que se baseou para fazer a avaliação do Novo Banco e questiona “qual o limite de sacrifícios que terão de ser impostos aos contribuintes portugueses até que a instituição cumpra os critérios exigidos pela Direção-Geral da Concorrência”.

Por fim, Manuel dos Santos questiona ainda a Comissão Europeia sobre se o sistema bancário português foi usado como “cobaia para a plena aplicação das regras de resolução que constituem o segundo pilar da União Bancária”.

O Novo Banco foi vendido em outubro à Lone Star, que tem 75% do capital, mantendo o Fundo de Resolução os restantes 25%.

Contudo, no âmbito dessa venda, foi acordado um mecanismo de capital contingente pelo qual o Fundo de Resolução (que está sob a alçada do Banco de Portugal) ainda poderá recapitalizar o Novo Banco até 3,9 mil milhões de euros.

Além disso, o Estado poderá vir a injetar diretamente mais dinheiro no Novo Banco, caso o banco fique em situação difícil que não seja colmatada pelo mecanismo de capital contingente e o acionista não recapitalize.

Há um ano, foram polémicas declarações do eurodeputado socialista Manuel dos Santos sobre uma candidata à Câmara de Matosinhos.

Na altura, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o eurodeputado se tornou “uma vergonha para o PS” e defendeu a sua expulsão do partido por “preconceitos racistas”.

Lesados do BES prometem continuar a protestar até ao Parlamento Europeu

Domingo, Fevereiro 25th, 2018

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Notícias ao Minuto

Cerca de meia centena de lesados do papel comercial pelo antigo Banco Espírito Santo (BES) e elementos do grupo “Os Inconformados” manifestaram-se hoje em Lisboa e garantiram que vão prosseguir com os protestos até ao Parlamento Europeu.

Pelas 15:00, o grupo concentrou-se junto ao Largo Camões, em Lisboa, empunhando cartazes e gritando palavras de ordem como: “Basta de corrupção”.

“Fomos burlados com informação falsa dentro do Banco [Espírito Santo], porque os gerentes aproveitaram-se da confiança que nós depositávamos neles. Disseram-nos que havia uma provisão [para nos reembolsarem] e utilizaram-na para pagar a institucionais”, disse à Lusa o porta-voz do grupo de lesados do Novo Banco, lesados do papel comercial e lesados emigrantes, António Silva.

De acordo com o responsável, os lesados têm tentado contactar com o Novo Banco que, por sua vez, descarta responsabilidades.

O Banco de Portugal criou uma entidade de ponte, o Novo Banco, passando todo o dinheiro que estava garantido para essa instituição e as responsabilidades, paciência. O Novo Banco tem de responder e assumir responsabilidades, tal como está a fazer em Espanha”, acrescentou.

O porta-voz garante que os lesados recusam a solução encontrada, que prevê o pagamento de 75% das aplicações até 500 mil euros e de 50% para valores acima de 500 mil euros.

“Se fossemos nós a dever, o banco também exigia que a totalidade da dívida fosse paga ou então ia penhorar os nossos bens”, notou.

António Silva garante que as manifestações vão continuar, destacando que o objetivo do grupo passa ainda por chegar ao Parlamento Europeu.

“Temos previsto para o dia 09 de março um protesto junto à sede do PS e da CMVM [em Lisboa]. Estamos a pensar num protesto junto ao Parlamento Europeu, que ainda não tem data definida, porque primeiro temos de tratar da parte logística e obter algumas licenças”, concluiu.

Aos lesados do papel comercial juntou-se o grupo “Os Inconformados”, que se solidarizou com o protesto.

“Não há dia nenhum em que não apareçam casos de corrupção em qualquer fação da nossa sociedade. […] Portugal não tem capacidade para aguentar mais. O dinheiro que está a ser canalizado para onde não deve é, efetivamente, necessário”, disse à Lusa, Patrícia Manguinhas, uma das responsáveis do grupo.

A representante lamentou ainda que, apesar do convite direcionado a todos os partidos políticos, apenas estivessem representados no protesto de hoje o PNR e o PURP.

“Não têm dado resposta às nossas reivindicações. Enviámos a informação para todos os partidos constitucionalmente registados e temos apenas o PNR e o PURP presentes. Tivemos ainda a resposta do PAN, que nos disse que não tinha pessoas disponíveis”, indicou.

O BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom’, denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o ‘banco mau’ (‘bad bank’), sem licença bancária.

Comissão Europeia investiga venda de produtos a emigrantes lesados do BES

Quinta-feira, Janeiro 4th, 2018

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Notícias ao Minuto

A Comissão Europeia vai realizar uma investigação preliminar à venda pelo BES de produtos financeiros a clientes emigrantes que acabaram por acarretar perdas dos investimentos com a resolução do banco, segundo documentação a que a Lusa teve acesso.

investigação decorre a pedido do Parlamento Europeu, que aceitou a petição da Associação Movimento Emigrantes Lesados Portugueses (AMELP) que pôs em causa a forma como o Banco Espírito Santo (BES) vendeu produtos financeiros a emigrantes portugueses, considerando que houve violação de regras da intermediação financeira, e o tratamento dado aos detentores desses produtos na resolução do banco, em agosto de 2014, quer pelo Banco de Portugal quer pelo Novo Banco (o banco que sucedeu ao BES).

Em documento enviado recentemente à AMELP, a que a Lusa teve acesso, a Comissão das Petições do Parlamento Europeu diz que a petição foi admitida e que “pediu à Comissão Europeia para realizar uma investigação preliminar dos vários aspetos do problema com base nas informações” enviadas.

A Comissão das Petições refere também que deu conhecimento da petição à Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, tendo em conta os assuntos envolvidos.

A petição da AMELP criticava ainda as regras de resolução de bancos a nível europeu, mas tal não será ser objeto da investigação do executivo comunitário, disse à Lusa fonte da associação.

Após a resolução do BES, em 03 de agosto de 2014, cerca de 8.000 emigrantes de França e Suíça (o equivalente a 12 mil contas, uma vez que há clientes que têm mais do que uma conta) vieram reclamar mais de 720 milhões de euros, acusando o banco de lhes ter vendido produtos arriscados (ações de sociedades veículo), quando lhes tinha dito que se tratavam de depósitos a prazo para não residentes.

A responsabilidade sobre estes produtos ficou, na resolução do BES, no Novo Banco – o banco de transição então criado -, que propôs, em 2015, aos emigrantes (com os produtos Poupança Plus, Euro Aforro e Top Renda) uma proposta comercial, que teve a aceitação de cerca 80% do total (cerca de seis mil clientes), que detinham em conjunto 500 milhões de euros.

No entanto, houve 1.440 clientes que não aceitaram a solução, por considerarem que não se adequava ao seu perfil de risco e não era justa, incorporando obrigações do Novo Banco com vencimento apenas em 30 anos e sem cupão anual.

Já em agosto de 2017 foi acordada uma nova solução entre os emigrantes, o Novo Banco e o Governo para os 1.440 clientes que não aceitaram a proposta de 2015, com vista a recuperarem 75% do investimento ao longo de três anos.

Em contrapartida, foi exigido que os lesados desistissem das ações judiciais contra o Novo Banco e seus trabalhadores.

O presidente da AMELP, Luís Marques, avançou à Lusa, no início de dezembro, que a grande maioria dos lesados aceitou a proposta e que já receberam nas suas contas no Novo Banco o equivalente a 60% do dinheiro.

Contudo, os emigrantes acordaram não poder mobilizar o dinheiro durante os primeiros anos.

Ainda falta, no entanto, a solução para os clientes que subscreveram os produtos financeiros EG Premium e Euroaforro 10, para os quais o Novo Banco ainda não tem proposta comercial.

BES: Lesados enviam petição para Parlamento Europeu a queixarem-se do BdP

Domingo, Dezembro 10th, 2017

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Diário de Notícias

A Associação dos Lesados do Papel Comercial (ALPC) do Banco Espírito Santo (BES) revelou hoje ter enviado uma petição para o Parlamento Europeu e para o Fundo de Estabilidade Europeia queixando-se do incumprimento do Banco de Portugal (BdP).

O diretor de comunicação da ALPC António Silva, que falava à margem da manifestação dos lesados que hoje decorreu no Porto, disse à agência Lusa que, a par disso, decorre um outro abaixo-assinado que farão seguir para o Provedor de Justiça.

“Havia uma provisão constituída para pagar aos clientes de retalho, que passou para o Novo Banco e que, uma vez criada para um determinado fim não pode ser atribuída a outra finalidade”, disse o responsável.

E mantendo o tom crítico, António Silva acusou: “Ao permitir isto, o que o Banco de Portugal está a fazer é uma expropriação”.

Dando conta de que “há mais de 20 pessoas penhoradas pelas Finanças e pela Segurança Social”, o lesado anunciou mais manifestações, até ao final do ano, no Porto e em Paris, capital de França.

“Em França, vamos fazer um protesto junto à embaixada portuguesa contra o BdP, em princípio antes do Natal e, no dia 28, estaremos novamente no Porto, aproveitando as férias dos emigrantes”, informou.

Considerando o que estão a fazer “um ato de desespero, mas também de esperança”, este responsável da associação que nasceu há um ano, em rutura com a Associação dos Indignados do Papel Comercial, argumenta que “ninguém vai a um banco para ser roubado”.

Numa manifestação que juntou cerca de 30 pessoas oriundas de Monção, Ceia, Castelo Branco, Espinho, Estarreja, Maia, Matosinhos e Oliveira do Bairro, a lesada Maria de Luz Pires disse conhecer “pessoas que já morreram por terem perdido todo o seu dinheiro neste processo”.

Considerando que a “falta de união dos lesados é prejudicial” para quem luta para reaver o seu dinheiro, acusa a AIEPC -Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC) e os advogados de os estarem “a enganar”.

Na terça-feira foi tornado público que o tribunal de Aveiro condenou o Novo Banco a pagar mais de 100 mil euros a um cliente a quem vendeu obrigações em dezembro de 2014, que acabariam por passar para o BES ‘mau’ em 2015 com perda do investimento.

O BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom’, denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o ‘banco mau’ (‘bad bank’), sem licença bancária.    

Emigrantes lesados entregam petição no Parlamento Europeu

Sábado, Maio 27th, 2017

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Diário de Notícias

A Associação Movimento Emigrantes Lesados Portugueses (AMELP) entregou uma petição no Parlamento Europeu em que considera que a resolução do Banco Espírito Santo (BES) é ilegal ao pôr em causa o direito de propriedade sem dar qualquer compensação.

No texto enviado para o Parlamento Europeu, a que a Lusa teve hoje acesso, os peticionários consideram que quando as autoridades de um país decidem pela resolução de um banco, como aconteceu no BES, querem proteger o sistema bancário como um todo, mas esquecem-se que nesse processo “prejudicam, de forma catastrófica, a vida de milhares de cidadãos”.

“O mecanismo de resolução dos bancos é uma ferramenta que serve os mercados, mas deixa os seres humanos para trás”, consideram cerca de 500 emigrantes que investiram em produtos do BES e que, no resgate deste, sofreram perdas.

Após a resolução do BES, em 04 de agosto de 2014, mais de 10.000 clientes emigrantes (sobretudo de França e Suíça) vieram reclamar mais de 720 milhões de euros, acusando o banco de lhes ter vendido produtos arriscados (ações de sociedades veículo) quando lhes tinha dito que se tratavam de depósitos a prazo para não residentes.

A responsabilidade sobre estes produtos ficou, na resolução do BES, no Novo Banco – o banco de transição então criado -, que em 2015 propôs uma solução comercial que teve a aceitação de cerca de 6.000 (80% do total) emigrantes.

Contudo, houve centenas de clientes que não aceitarem, por considerarem que a proposta era injusta e arriscada (até por incorporar obrigações do Novo Banco que têm o seu vencimento apenas daqui a 30 anos e sem cupão anual) e a outros milhares de clientes o Novo Banco não fez qualquer proposta, argumentando que não era possível devido ao tipo de instrumentos financeiros abrangidos.

Desde então, a AMELP tem intensificado as suas ações de luta, com vista a conseguir uma solução que minimize as perdas sofridas, à semelhança do que aconteceu com o mecanismo de compensação criado para os clientes lesados do papel comercial.

Já este mês, a AMELP anunciou mesmo que colocou na Justiça ações contra os funcionários do BES (que agora estão no Novo Banco) que venderam os produtos que levaram a perdas financeiras.

Ainda na petição entregue no Parlamento Europeu, os emigrantes citam a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, em específico o artigo 17 sobre o direito de propriedade, que diz que “todas as pessoas têm o direito de fruir da propriedade dos seus bens legalmente adquiridos, de os utilizar, de dispor deles e de os transmitir em vida ou por morte” e que “ninguém pode ser privado da sua propriedade, exceto por razões de utilidade pública, nos casos e condições previstos por lei e mediante justa indemnização pela respetiva perda, em tempo útil”.

Segundo os emigrantes, o BES foi resolvido em 2014 e até agora nenhum dos associados recebeu qualquer compensação pelos dados sofridos.

Esta petição é ainda muito crítica para com o sistema judicial português, referindo que os tribunais civis têm recusado julgar ações sobre a legalidade da resolução do BES dizendo que isso cabe aos tribunais administrativos.

Contudo, já estes justificam-se com a “falta de agenda ou excessivo volume de trabalho”.

Assim, dizem os emigrantes, ainda não há qualquer decisão sobre a legalidade da resolução do BES, nem sobre se emigrantes são credores do BES ou do Novo Banco, pelo que pedem que os eurodeputados averiguem a demora da justiça em Portugal.

Neste documento entregue no Parlamento Europeu, é recordado que o que os emigrantes fizeram foi investir as poupanças de uma vida num banco do seu país de origem, Portugal, convencidos de que se tratavam de depósitos para não residentes e que muitos são pessoas com pouca formação, em muitos casos apenas com o quarto ano do ensino básico.