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Ainda carrega o nome Espírito Santo, mas vai acabar. A empresa irlandesa do antigo BES, constituída em 1999, será integrada no Novo Banco em Portugal. É a terceira operação do género realizada pelo banco em poucos meses
Novo Banco vai deixar de ter uma empresa autónoma na Irlanda. A Espirito Santo Public Limited Company (ES PLC), até aqui uma sociedade independente, vai ser integrada na instituição liderada por António Ramalho. É uma nova operação de emagrecimento da estrutura depois de, no final de outubro, ter avançado para a extinção do banco autónomo das Ilhas Caimão e de, em maio, ter anunciado a eliminação da alemã BES Beteiligungs GmbH.
A Espírito Santo PLC foi constituída em 1999 e, desde esse ano, faz parte da estrutura do Banco Espírito Santo. Transitou para o Novo Banco na resolução, em 2014. Até este ano, segundo o projeto de fusão, publicado no portal de justiça.
O banco detém a totalidade da empresa, que não tem qualquer trabalhador, e todo o seu património passará a ser diretamente do Novo Banco. A empresa extingue-se. É a chamada fusão por incorporação. Segundo o balanço anexo ao projeto de fusão, os ativos ascendem a 86 milhões de euros, sendo que as responsabilidades (passivo) são bastante superiores: 215 milhões, a grande maioria de depósitos de outros bancos. Assim, o capital próprio é negativo em 129 milhões.
“A fusão das duas sociedades levará à simplificação organizacional e a corte nos custos, por exemplo através da redução do número de contas anuais a preparar e da eliminação de relações intra-grupo. Em particular, os custos com auditoria e com a submissão de documentos junto do registo comercial e das autoridades serão reduzidos com a fusão transfronteiriça”, justifica o banco liderado por António Ramalho no projeto de fusão.
Foram estas as explicações dadas para a fusão por incorporação anunciada em outubro, para a eliminação do Bank Espirito Santo (International) Limited, localizado nas Ilhas Caimão, bem como para a extinção da alemã BES Beteiligungs GmbH, em maio.
No que diz respeito ao banco das Ilhas Caimão, havia ainda a referência ao cumprimento de compromissos assumidos pelo Estado na Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, que impôs condições para que os contribuintes pudessem colocar dinheiro na instituição financeira.
Os custos operacionais do Novo Banco ascenderam a 362 milhões entre janeiro e setembro deste ano, caindo 0,5% em relação ao mesmo período do ano passado, com os gastos gerais administrativos a recuarem 9% para 134 milhões. O Novo Banco apresentou, na passada, sexta-feira os resultados dos primeiros nove meses do ano, período em que reportou um prejuízo de 572 milhões de euros. Um número que sinaliza que o Fundo de Resolução terá de gastar parte dos quase 2 mil milhões de euros que pode ter de injetar no Novo Banco até 2026 por via do mecanismo de capital contingente acordado com Bruxelas.
CGD E BCP TAMBÉM FIZERAM OPERAÇÕES IDÊNTICAS
Estas fusões por incorporação não são um exclusivo do Novo Banco, já que todo o setor tem acelerado estas operações – ainda que as do banco detido na sua maioria pelos americanos da Lone Star sejam fusões de entidades no estrangeiro. Bruxelas obrigou-o a reduzir o seu peso internacional, limitando-o a um banco apenas com presença ibérica.
Em Portugal, a Caixa Geral de Depósitos vai eliminar duas empresas, juntando-as a outras e reduzindo, assim, o peso burocrático e administrativo. São visadas a imobiliária Imocaixa, que passará para a Caixa Imobiliário, e a gestora de fundos de investimento imobiliário Fundger, que é integrada na Caixa Gestão de Ativos. Já no fecho de 2018 tinha feito o mesmo com seis participadas distintas, integrando o seu património dentro da casa-mãe.
O BCP também anunciou o fim do Banco de Investimento Imobiliário (BII), depois de ter também absorvido duas imobiliárias que tinham parar ao seu balanço por incumprimento.