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Defensores da “reconfiguração da banca” não querem venda apressada do Novo Banco

Quinta-feira, Junho 30th, 2016

Citamos

Negócios

No dia em que chega ao fim o prazo para a entrega de propostas de compra do Novo Banco, a comissão para a reconfiguração da banca defende que se espera para valorizar a instituição.

Sem alienação do Novo Banco à pressa. Tempo para recuperar valor. Sem intervenção da Europa nos novos donos do banco. Estes são três pontos de defesa dos promotores do manifesto que pede uma reconfiguração da banca portuguesa para a solução da instituição financeira herdeira do Banco Espírito Santo.

Uma venda apressada do Novo Banco “implicaria necessariamente um valor baixo e um prejuízo significativo para os contribuintes e sistema bancário nacional, sem que outras hipóteses de solução tivessem sido devidamente consideradas”, indica a comissão, de que o ex-ministro das Finanças João Salgueiro (na foto) é um dos principais promotores, como uma das concluídas retiradas do colóquio que se realizou na quarta-feira, 29 de Junho, em Lisboa.

Esta quinta-feira, 30, chega ao final o período para a entrega de propostas para a compra do Novo Banco na venda a investidores estratégicos. Há seis entidades na corrida: BPI, BCP, Santander, Apollo e ainda os gestores de fundos Lone Star e Centerbridge.

“Os bancos portugueses, tal como sucedeu na grande maioria dos bancos europeus, necessitam de tempo para se recapitalizar e valorizar”, indicam ainda as conclusões retiradas pela comissão promotora da “Reconfiguração da Banca em Portugal”, herdeiro do inicialmente chamado manifesto contra a espanholização da banca.

O Banco de Portugal tem um plano B para o caso de o plano inicial (que também ele já não está intacto porque a venda em bolsa ficou em suspenso – com o argumento do Brexit – ficando apenas em vigor a alienação a investidores estratégicos). Esse plano é retomar a venda em bolsa, sim, mas apenas após o Verão.

E não é apenas o Novo Banco mas também a Caixa Geral e o BCP que levantam preocupações aos promotores da reflexão sobre a composição accionista da banca: “Estes bancos, sendo essenciais ao financiamento da economia portuguesa, não podem ficar expostos à lógica pura do actual método de resolução bancária, nem as suas estruturas accionistas serem definidas pelas autoridades comunitárias”.

Sobre a Caixa Geral de Depósitos, na conferência de ontem, João Salgueiro disse que eram necessárias “linhas vermelhas” na negociação da capitalização do banco público com a Comissão Europeia. “Compete às entidades nacionais, nomeadamente ao Governo Português, a escolha do sistema accionista mais apropriado para a banca nacional.  As entidades nacionais deverão defender junto da Comissão Europeia e do BCE a necessidade de ser alcançado um sistema bancário diversificado, nomeadamente em termos das origens do capital, como forma de se acautelar, a médio e longo  prazo, o financiamento desejável às empresas portuguesas”.

No comunicado emitido esta quarta-feira, os promotores da comissão (que envolve Miguel Beleza, Bagão Félix e Rui Rio) também criticam o novo modelo de resolução bancária – tal foi tema na conferência.

No colóquio, em que intervieram também o banqueiro Mira Amaral e Manuel Sebastião (que citou Camões para falar do tema), estiveram cerca de 30 participantes, entre os quais o antigo presidente do Banif, Jorge Tomé. Aliás, uma das preocupações da comissão é que um caso como a resolução do banco fundado por Horácio Roque, “em que o banco foi perdendo valor e se penalizaram os contribuintes portugueses e restantes bancos no sistema”, não se volte a repetir.

BES. Saiba as perguntas a que terá de responder o homem que ofereceu €14 milhões a Salgado

Terça-feira, Março 24th, 2015

Citamos

Expresso

A comissão de parlamentar de inquérito ao caso BES enviou na última quarta-feira 30 perguntas a José Guilherme. O contrutor civil da Amadora esteve em Portugal em março, um mês depois de ter dito que não podia ir a São Bento responder aos deputados.

Os deputados da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga o caso BES/GES enviaram na passada quarta-feira uma carta com trinta perguntas ao homem que ofereceu 14 milhões de euros a Ricardo Salgado. O construtor José Guilherme tem dez dias úteis para responder, com o prazo a contar desde o último dia 18.

 

Em fevereiro, José Guilherme, de 76 anos, mostrou-se indisponível para estar presente nas sessões da CPI, alegadamente por estar a tratar de negócios em Luanda, por ter morada oficial em Angola e também por motivos de saúde. Mas como o Expresso revelou este sábado, o empresário esteve na Amadora entre 4 a 7 de março. Ou seja, poucos dias depois das duas datas que tinham sido agendadas pela CPI mas recusadas pelos advogados do construtor.

 

Na primeira das trinta questões, a que o Expresso teve acesso, os deputados querem saber em que empresas tem José Guilherme participações, nomeadamente se tem negócios em Angola e que tipo de créditos têm junto do BES. Pretendem saber também porque o empresário decidiu investir em Angola, quando começaram esses negócios e se “durante os seus investimentos naquele país, tinha por hábito pagar comissões”.

 

Também o presente de 14 milhões de euros oferecido ao amigo Ricardo Salgado levanta dúvidas aos deputados da CPI. Eles querem saber porque fez aquele pagamento, como foi o valor definido e porque razão há diferentes versões sobre esse pagamento.

 

O negócio da venda da ESCOM é também motivo de escrutínio, bem como as dívidas do Grupo Espírito Santo. “No final de 2012 devia a título pessoal 83 milhões de euros ao BES. Para que fim pediu esse empréstimo e quais eram as garantias oferecidas?”, perguntam. e logo a seguir acrescentam: “Somada essa dívida à de 24 entidades consigo relacionadas, o total de endividamento ao BES ascendia a 223,5 milhões de euros. Que entidades eram essas e quanto era devido?”

Perguntas formuladas pelos Grupos Parlamentares do PSD e CDS-PP

1. Tem participações em que empresas:
a. Pode descrever o nome, a sede, a estrutura societária e os titulares dos órgãos sociais de cada uma delas, assinalando quais delas têm negócios em Angola?
b. Pode descrever quais dessas empresas têm créditos a decorrer junto do BES, em que montantes e se há algum incumprimento?
c. Pode descrever quais dessas empresas têm ou tiveram créditos a decorrer junto do BESA, em que montantes e se houve algum incumprimento?
d. Tem conhecimento de alguns desses créditos, ou outros, terem estado garantidos pela Garantia Soberana de Angola?
e. Tem créditos pessoais em seu nome através do BES ou do BESA, agora Banco Económico? Se sim, em que montantes? Algum desse crédito encontra-se em incumprimento ou não foi pago?

2. Como e por que razão decidiu investir em Angola?

3. Quando começou a ter negócios em Angola?

4. Conhece o Fundo BESA Actif? Se sim, em que circunstâncias? Foi beneficiário deste fundo? Se sim, quando e em que circunstâncias?

5. Confirma que, na sequência da decisão de investir em Angols, e durante os seus investimentos naquele país, tinha por hábito pagar comissões?

6. Alguma vez pagou comissões por negócios conduzidos em Angola:
a. A quem?
b. Em relação a que negócios?
c. Em que montantes?
d. Em que datas?
e. Através de que bancos e ou veículos?

7. Temos conhecimento de que procedeu ao pagamento a Ricardo Salgado da quantia de 14M€.
a. Porque é que fez este pagamento?
b. Como foi o valor definido?
c. Quem definiu esse valor?
d. Por que razão há diferentes versões sobre esse valor, designadamente 8,5M€ e
14M€?
e. Como e quando foi operacionalizado esse pagamento? Através de que
sociedades e ou instituições financeiras?
f. Tem fatura dessas operações?
g. Registou o valor da comissão (ou outra) paga a Ricardo Slgado em que empresa

ou empresas, em que data e em que montantes?
h. Recorreu a Álvaro Sobrinho? Se sim, por que razão?
i. Que diligências fez Álvaro Sobrinho?

8. Qual é ou foi a sua relação com a ESCOM? E com os seus acionistas?

9. Confirma que adquiriu 1/3 da empresa detentora dos direitos sobre os terrenos das torres Sky? Quel era a empresa? Quem o convidou para participar nesse negócio? Quando é que concretizou o negócio? Contraiu algum empréstimo para a aquisição de tal participação? Se sim, a que instituição bancária, quando e em que montantes? O negócio foi concretizado a nível pessoal ou foi através de alguma empresa (neste último caso, identificar a empresa)?

10. Confirma que vendeu a referida participação? Quando? A quem? Por que motivo? Qual foi o lucro do negócio?

11. Qual é o seu conhecimento sobre a venda da ESCOM? Teve alguma participação?

12. Conhece a empresa ou veículo Solutec?
a. Qual o propósito da dita empresa ou veículo, para que serve?
b. Confirma ser o último beneficiário da dita empresa?
c. Que outros beneficiários conhece?

13. Conhece a Savoices?
a. Qual o propósito da dita empresa ou veículo, para que serve?
b. Confirma ser o último beneficiário da dita empresa?
c. Que outros beneficiários conhece?

Perguntas formuladas pelo Grupo Parlamentar do PS

14. Por si ou, por interposta pessoa, nomeadamente por sociedade em que detenha participação, tinha algum débito perante o BESA?

15. Se sim, em que montante?

16. Por si ou, por interposta pessoa, nomeadamente por sociedade em que detenha participação, tinha algum débito no BES?

17. Se sim, em que montante?

18. Que montantes entregou ao Dr. Ricardo Salgado? Quando e a que título?

Perguntas formuladas pelo Grupo Parlamentar do PCP

19. Alguma vez pagou ou doou 14 milhões de Euros ao Dr. Ricardo Salgado? Qual era a relação profissional ou comercial que mantinha com o BES e em que projetos cooperaram em Portugal e em Angola?

20. Alguma vez pagou ou doou alguma outra quantia? A que título fez esses pagamentos ou doações?

21. Qual a sua relação com o BESA? Que créditos obteve do BESA na sua atividade em Angola? Como eram decididos esses créditos, nomeadamente como era avaliado o risco de incumprimento?

Perguntas formuladas pelo Grupo Parlamentar do BE

22. Alguma vez investiu em título de dívida do Grupo Espírito Santo? Em que empresas, quais os montantes investidos e com quem concretizou esses investimentos? Teve perdas com a resolução do Novo Banco? Quanto perdeu?

23. No final de 2012 devia a título pessoal 83 milhões de Euros ao BES. Para que fim pediu esse(s) empréstimo(s)? Quais eram as garantias oferecidas? Ainda é devedor do BES ou de outras entidades associadas ao banco, incluindo as que hoje estão na esfera do Novo Banco? Qual o valor em dívida?

24. Somada essa dívida à de 24 entidades consigo relacionadas, o total do endividamento ao BES ascendia a 223.5 milhões de Euros. Que entidades eram essas e quanto era devido? Esses empréstimo foram ou estão a ser pagos atempadamente?

25. Qual é o montante devidos por si ou entidades consigo relacionadas ao BESA? Pode detalhar esses empréstimos por montante, finalidade, data em que foram obtidos, prazo e garantias concedidas?

26. Pode detalhar os negócios imobiliários tidos com o BESA, com o BES, com o Grupo Espírito Santo ou com Álvaro Sobrinho? E com a ESCOM, Helder Bataglia, Horta e Costa ou João Gama Leão?

27. Pode detalhar as transações efetuadas com fundos imobiliários da ESAF ou ligados ao BESA?

28. A que título entregou a Ricardo Salgado 14 milhões de euros? Por que motivo o pagamento foi efetuado para a Savoices e não para uma conta pessoal de Ricardo Salgado? Sendo esse pagamento efetuado pela sua empresa Solutec quais as implicações fiscais que dele decorreram?

29. Alguma vez recorreu ao RERT?

30. São públicas as suas relações com Durão Barroso e José Luís Arnaut, também ligados ao BES. Pode descrever a natureza dessas relações e dos negócios que manteve com eles?

Inside Goldman Sachs’s Loan to Banco Espírito Santo

Segunda-feira, Janeiro 19th, 2015

201501

Deal Resulted From Effort by Senior Goldman Officials to Win Business With Portuguese Company

Citando

The Wall Street Journal

When Goldman Sachs Group Inc. arranged an $835 million loan to Banco Espírito Santo SA last summer, it was the result of a concerted, monthslong effort by senior Goldman officials to win business with the large Portuguese company, according to people familiar with the matter.

Today, Goldman’s embrace of Espírito Santo has come back to haunt the Wall Street giant. Weeks after Goldman arranged the loan, Banco Espírito Santo collapsed amid allegations of fraud. Goldman now is in an unusual public fight with Portugal’s central bank, which bailed out Espírito Santo, over whether the loan should be fully repaid. Anticipated losses linked to the loan took a bite out of Goldman’salready weak fourth-quarter results, the firm’s executives said last week.

And the Goldman loan is under review by Portuguese regulators, which are trying to untangle the web of financial arrangements surrounding Banco Espírito Santo at the time of its implosion, a person familiar with the inquiry said.

The situation highlights a series of missteps by the Wall Street bank.

The loan was approved by at least three Goldman committees, which are composed of senior bank executives and are designed to rigorously assess transactions for their credit risk and their potential to harm the bank’s reputation, according to people familiar with the matter. And the Bank of Portugal moved the loan toward the back of the line for repayment because Goldman last summer briefly amassed more than 2% of Banco Espírito Santo shares.

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Goldman’s involvement in the Espírito Santo saga, which The Wall Street Journal first reported in September, got under way last spring—just as the wheels were starting to come off the family-controlled business empire.

Banco Espírito Santo was looking for help in paying for a loan it had promised to Venezuela’s state oil company.

Jose Luis Arnaut, a former Portuguese government minister who Goldman had just appointed to its prestigious international-advisory board, contacted Banco Espírito Santo Chief Executive Ricardo Salgado, according to a person familiar with the approach. Mr. Arnaut offered Goldman’s help in raising money, this person said.

A Goldman partner in London, Antonio Esteves, helped pull together a team in Goldman’s securities and financing divisions to create a complicated structure to arrange the loan, say people familiar with the deal. Mr. Esteves, a Portuguese native, was known inside Goldman as the salesman with the strongest connections to Iberian banks and state-owned companies, they said.

Officials at Goldman Sachs hoped the Espírito Santo deal would pave the way for future business with the Portuguese group, people familiar with the relationship said.ASSOCIATED PRESS

Goldman and Espírito Santo eventually settled on the creation of a company, Oak Finance Luxembourg SA, to raise $835 million for Espírito Santo from Goldman and outside investors. Goldman Sachs International co-heads in London, Michael Sherwoodand Richard Gnodde, were briefed on the large transaction, according to a person familiar with it.

Oak Finance’s purpose—providing vital funding for a project aimed at increasing Venezuela’s refined-oil output—also checked off a box for Goldman as it tried to expand its relationship with the Venezuelan government, people familiar with the matter said.

Before the money was raised, Espírito Santo’s problems started intensifying. Its parent company was struggling to repay billions of euros to its creditors, including the bank and its clients. Facing potential losses, the bank was having trouble raising money from traditional market sources.

But Goldman remained enthusiastic about both the deal and Espírito Santo’s prospects. In late June, barely a month before the bank’s collapse, Mr. Arnaut told a Portuguese radio station that “BES is a profoundly stable bank.” He added that Mr. Salgado, who had announced plans to resign, “was leaving a robust bank with capital and credibility.”

Messrs. Arnaut and Esteves didn’t respond to requests for comment.

Funds from the $835 million loan were released on July 3, providing the bank with vital financial help.

Goldman officials hoped the Oak Finance deal would pave the way for future business with Espírito Santo, people familiar with the relationship said. Following Mr. Salgado’s departure, Mr. Esteves and other Goldman’s bankers unsuccessfully sought work advising Espírito Santo on ways to stay afloat, these said.

Goldman, meanwhile, was buying Banco Espírito Santo shares. Regulatory filings show Goldman amassed 2.27% of the bank’s shares as of July 15. It looked like a vote of confidence in the Portuguese bank, whose shares rallied 20% on July 23, the day the holdings were disclosed.

When Banco Espírito Santo was bailed out and broken up in early August, Goldman wrote to the Bank of Portugal to confirm that the Oak Finance debts would be transferred to the surviving part of the bank, known as Novo Banco, where the loan stood a good chance of repayment. A Goldman spokeswoman said the central bank provided those assurances. A Bank of Portugal spokesman denied that.

Goldman said it had managed to sell some of its exposure to the Oak Finance loan to investors, including pension funds.

On Dec. 23, Novo Banco made a surprise announcement: The Bank of Portugal had informed it that Oak Finance would remain in the “bad bank” that the central bank is winding down, virtually guaranteeing the loan won’t be fully repaid. The reason: A Portuguese law passed in August said that anyone owning more than 2% of a bailed-out bank’s shares must go to the back of the line for any debt repayments. Goldman’s 2.27% shareholding in July triggered that provision retroactively, the Bank of Portugal concluded.

The decision stunned Goldman executives, who learned of it only when they read it in the Portuguese media on Christmas Eve, according to a person familiar with the matter. Goldman disputed the Bank of Portugal’s legal interpretation, noting that it was buying the shares for clients, not for the bank’s own account. In a statement, Goldman accused the Bank of Portugal of breaking its word and warned that the decision would hurt the pension funds that bought Oak Finance debt.

In any case, the decision meant Goldman was likely to absorb sizable losses and prompted the bank to lower the size of some employees’ bonuses.

Last week, discussing Goldman’s fourth-quarter results, Chief Financial Officer Harvey Schwartz said a loss from the Oak Finance securities made a small dent in its trading division’s results. He said Goldman remains in “active dialogue” with the Bank of Portugal.

—Justin Baer contributed to this article.

Write to Margot Patrick at margot.patrick@wsj.com and Patricia Kowsmann at patricia.kowsmann@wsj.com

(Fim de citação)

Ruinosa operação financeira BES/Rioforte empurra PT Portugal para soluções estrangeiras e em brutal perda de valor. Silêncio misterioso do acionista Novo Banco

Domingo, Janeiro 18th, 2015

20150118

Multiplicam-se e crescem quase diariamente os argumentos a favor e contra a venda do controlo acionista da telefónica portuguesa, atualmente na dependência da estratégia de consolidação do sector das telecomunicações no Brasil. Interessados na compra do Novo Banco, como o banco BPI, consideram a presente situação um “escândalo”, uma “irresponsabilidade” e uma “inadmissível perda de valor” da ex-jóia da coroa económico-financeira de Portugal.

Refira-se que a Oi quer usar a PT para vender a sua actual posição dominante, com o objetivo de “limpar” a sua dívida com a TIM, a interessados estrangeiros – o BTG Pactual, um banco de investimento do Brasil, o grupo francês Altice, aliado à Cabovisão e à Ongoing e ávido por uma possível e posterior integração da TIM/ OI/PT Portugal num grande conglomerado global e pluricontinental.

Nestas movimentações estão também envolvidos os fundos Bain (EUA) e Apax (Reino Unido). Todos sob o olhar atento e interessado da Telefónica espanhola e a multinacional britânica Vodafone.

Citando

Observador

Os acionistas da Portugal Telecom vão ser chamados a votar naquela que será a maior decisão na história da empresa, que foi criada em 1994 a partir da fusão dos TLP, Marconi e Telecom Portugal. A assembleia geral de quinta-feira, 22 de janeiro, pode decidir mais do que a venda da PT Portugal, cuja discussão é o único ponto em agenda. Toda a estratégia de fusão com a Oi vai estar em causa, em caso de chumbo à proposta de alienação da operação portuguesa à Altice. Serão inevitáveis os impactos na combinação de negócios entre as operadoras portuguesa e brasileira. Em cima da mesa estão, para já, três cenários:

A venda da PT Portugal à Altice por 7400 milhões de euros tal como é proposto pela Oi, prosseguindo a estratégia de consolidação no Brasil:

A venda da PT Portugal é chumbada em assembleia geral e tudo fica na mesma. A Oi terá de procurar alternativas para financiar aquisições no Brasil, insistir mais tarde ou desistir. A incerteza terá impacto na valorização da empresa brasileira, o maior ativo da PT SGPS

A venda da PT Portugal cai em resultado da reversão dos contratos de combinação de negócios entre as duas empresas. O aumento de capital da Oi que consumou a fusão com a PT pode ficar sem efeito. As duas empresas tentam regressar ao passado. A PT Portugal, Angola, Timor, e o buraco da Rioforte, voltam para a PT SGPS. Mas o divórcio terá consequências jurídicas, económicas e financeiras difíceis de calcular.

Depois de um longo braço-de-ferro com a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, e alguns membros dos seus próprios órgãos sociais (como o presidente da assembleia geral), a gestão da PT SGPS divulgou na semana passada toda a informação disponível sobre as hipóteses em cima da mesa e as consequências que é possível estimar nesta fase. Agora todos os investidores estarão à partida na posse dos mesmos dados que já eram do conhecimento da administração da empresa e dos grandes acionistas.

A documentação inclui pareceres e opiniões jurídicas contrários quanto à possibilidade legal e contratual de romper o acordo de parceria entre as duas empresas e desfazer o aumento de capital que transferiu para a Oi o principal ativo da PT SGPS, que é a PT Portugal. Os pareceres que admitem esta possibilidade são de novembro de 2014, e foram pedidos pela PT SGPS com o objetivo de perceber se deveria ou não consultar os acionistas antes de avaliar a oferta de venda da PT Portugal e eventualmente exercer o direito de veto.

Os pareceres contra a operação, que tinham sido já revelados na comunicação social, só são tornados públicos, quando acompanhados de outras opiniões jurídicas, com data da primeira semana de janeiro, que apontam no sentido contrário, concluindo pela irreversibilidade do aumento de capital da Oi, logo da devolução da PT Portugal à operadora portuguesa. Um parecer assinado por um escritório de advogados brasileiro foi entregue a pedido de Rafael Mora, conselheiro da Oi e administrador da PT SGSP, representando a Ongoing. O outro documento de um jurista português é feito a pedido dos advogados da Oi em Portugal. Confira aqui os principais argumentos:

A favor da venda da PT Portugal

A venda da PT Portugal é, segundo a Oi, a melhor alternativa para obter as receitas que lhe permitem entrar no processo de consolidação do mercado brasileiro. O seu chumbo terá por isso consequências adversas para a Oi e a acionista PT SGPS. A gestão da empresa portuguesa destaca os seguintes riscos…

A não aprovação da proposta de venda da PT Portugal em 22 de Janeiro (esta quinta-feira) pode comprometer a realização das assembleias gerais de debenturistas (detentores de dívida) da Oi, convocadas para 26 de Janeiro de 2015, acima referidas, que têm por pressuposta a aprovação da venda da PT Portugal

Segundo a Oi, nos termos das cláusulas em contratos de compra e venda, até à verificação (ou não) da condição suspensiva, a gestão da PT Portugal está limitada à gestão corrente o que, obviamente, se traduz numa perda de capacidade de atuação num mercado altamente concorrencial, como é o das telecomunicações. Esta limitação, tendo impacto na geração de resultados da empresa, pode diminuir o encaixe da Oi na venda contratada.

Atendendo à condição suspensiva da aprovação da venda pela PT SGPS, não é possível submeter os pedidos para as autorizações regulatórias, prolongando o já referido período transitório e acentuando a situação de incertezarelativamente ao desfecho da venda e consequente desvalorização do ativo, realça ainda a Oi.

“A não aprovação da proposta de venda da PT PORTUGAL em 22 de Janeiro 2015, não invalida que ela possa vir a ser vendida no futuro, e nessa medida, consubstancia a manutenção da incerteza relativamente ao destino da PT PORTUGAL o que, por limitar as opções estratégicas da empresa impacta negativamente no seu valor pelas razões explicitadas, terá um consequente impacto patrimonial negativo na Oi e, indiretamente, na sua acionista PT SGPS.” 

Contra a venda da PT Portugal

O grande objetivo da combinação de negócios entre a Oi e a PT SGPS era criar um operador de telecomunicações líder nos países lusófonos com 100 milhões de clientes. Foi para salvaguardar esse objetivo que os acionistas da PT aceitaram mudar o contrato da fusão e uma estrutura alternativa que reduziu a sua posição no novo grupo.

Com a venda da PT Portugal, o melhor ativo da PT, a atividade concentrar-se-á no mercado brasileiro, em vez de ocupar espaço relevante na indústria mundial das telecomunicações, deixando de atuar a partir da sua base no Brasil, Portugal e África.

Se a Oi alienar a PT Portugal, o grande objetivo de criação de um operador de telecomunicações deixa de ser possível, “verifica-se por conseguinte uma grave violação do segundo memorando”, sublinha o parecer de novembro de 2014 do jurista João Calvão da Silva.

O jurista Eduardo Paz Ferreira também sustenta que a alienação da PT Portugal contraria o memorando acordado entre as duas empresas, na medida em que este tinha como pressuposto fundamental o desenvolvimento da combinação de negócios que é frustrada pela operação proposta pela Oi. O parecer de 21 de novembro, assinado também por Ana Perestrelo de Oliveira, não considera que o investimento na Rioforte sirva de argumento para a desvinculação da Oi do memorando porque as duas partes reafirmaram o desejo de prosseguir o objetivo já depois de ser conhecida esta operação.

Mas Paz Ferreira vai mais longe ao defender que a Oi ao declarar a alienação da PT Portugal – a brasileira fechou um acordo com a Altice – está já a violar o contrato de fusão aprovado pelas duas empresas e seus acionistas, dando já fundamentos à PT SGPS para agir contra esta operação.

A decisão do conselho de administração da Oi no sentido de alienar a PT Portugal é suscetível de ser configurada como uma declaração antecipada de não cumprimento do contrato de combinação de negócios, equiparada desde logo ao incumprimento definitivo, permitindo assim imediatamente desencadear as consequências correspondentes, sem necessidade de aguardar a concretização da venda.”

Manifestação convocada por sindicatos contra a venda da PT Portugal

A favor do fim da fusão com a Oi

Ninguém defende de forma mais assumida o fim da fusão do que o presidente da mesa da assembleia geral da Portugal Telecom. Eis os argumentos invocados por António Menezes Cordeiro, em carta enviada à administração da empresa a 6 de janeiro, onde pede a convocação de uma nova assembleia para discutir a resolução do contrato com a Oi:

O incumprimento pela Oi permite à PT SGPS pela lei portuguesa e brasileira, resolver o contrato. A resolução é retroativa e coloca a PT na precisa posição em que estava antes da conclusão do contrato: recupera a totalidade da PT Portugal e devolve as ações (da Oi) que recebeu em troca.

A resolução é extrajudicial, potestativa e imediatamente exequível. A resolução não é detida pelo aumento de capital da Oi que se mantém, só que integrado pela restituição dos valores recebidos pela PT SGPS (ações da empresa brasileira).

Quaisquer danos colaterais são suportados pela Oi, segundo as leis portuguesa e brasileira.

A PT SGPS é neste momento um ativo em contínua erosão (em bolsa). Caso recupere a PT Portugal, ficaria fortemente valorizada.

Os acionistas da PT SGPS têm tudo a ganhar com a resolução do contrato: apenas por falta de informação poderão pensar diversamente”. Logo, conclui Menezes Cordeiro, a alternativa é clara e fácil de explicar e não será difícil de sustentar com pareceres de juristas portugueses e até brasileiros. O presidente da mesa da assembleia geral propõe a convocação de uma nova assembleia com dois pontos em discussão:

1. A resolução do contrato com a Oi por incumprimento desta.

2. Se o primeiro ponto for chumbado, será colocada à discussão a proposta de venda da PT Portugal à Altice.

Contra o fim da fusão com a Oi

Rafael Mora, da Ongoing, e João Mello Franco, presidente da PT SGPS, na assembleia que foi suspensa

Os pareceres jurídicos que sustentam a continuação da combinação de negócios entre a PT e a Oi, apoiam-se, antes de mais, na irreversibilidade do aumento de capital da empresa brasileira. Foi esta operação realizada em maio de 2014 que consumou o casamento entre as duas empresas, ao integrar na Oi, o maior ativo da PT, a PT Portugal, que foi usada para subscrever o aumento de capital.

No parecer com data de 7 de janeiro, feito a pedido de Rafael Mora, a jurista Maria Cristina Cescon, defende que, tendo o aumento de capital da Oi sido homologado a 5 de maio, é válido e eficaz, pelo que a empresa brasileira pode dispor livremente dos ativos cuja propriedade foi transferida pela PT SGPS.

Só em caso de vício – se o aumento de capital tivesse excedido o valor autorizado ou ferido direitos irrevogáveis dos acionistas – poderia ser declarado nulo. Não se constatando qualquer vício referido, “entendemos que que o aumento de capital é irreversível”.

Acrescenta ainda que, uma vez homologada a operação, em hipótese de erro ou vício na avaliação do valor do bem conferido no aumento de capital, a lei brasileira prevê que o subscritor e avaliador possam ser responsabilizados por danos causados à empresa. Ora os ativos entregues pela PT, designadamente a PT Portugal, no quadro do aumento de capital, não refletiam no seu valor o efeito da perda do investimento de 900 milhões de euros na Rioforte.

Entre a documentação jurídica está também um parecer de Pedro Maia, o professor de direito que foi notícia quando contestou o entendimento do governador do Banco de Portugal a um parecer seu sobre a idoneidade de Ricardo Salgado para continuar a ser presidente do Banco Espírito Santo. Aqui o jurista responde a um pedido de Luís Cortes Martins, advogado da Oi.

análise das consequências de uma eventual resolução por parte da PT SGPS do acordo de parceria estratégica, no que toca aos efeitos sobre o aumento de capital e à subscrição de ações pela PT SGPS, deverá fazer-se à luz do direito brasileiro.

Mesmo sem conhecer a fundo a legislação brasileira, e partindo do pressuposto que não diferirá muito da portuguesa, Pedro Maia considera que a eventual resolução por incumprimento de um contrato que previa o aumento de capital, não determina por si só a resolução da operação.

É discutível que o aumento de capital possa ser resolvido (anulado). Em causa está a proteção de terceiros que participaram e do mercado em geral, considerando que a Oi é uma empresa cotada, e que não podem ficar expostos à destruição do aumento de capital por fatores externos à própria operação.

A lei portuguesa diz que em caso de invalidade de aumento de capital em sociedades cotadas na bolsa, o acionista não recebe o valor que prestou à sociedade, mas o valor real das ações, que só poderá ser entregue se não houver risco de incumprimento perante credores.

Com ressalva de alguma previsão contratual ou legal que desconheça, Pedro Maia, conclui: “Não vislumbro de modo nenhum, independentemente de poder existir resolução de contrato – nos termos gerais, por incumprimento da contraparte (a Oi) – de que forma tal resolução poderia implicar por si, a destruição do aumento de capital da Oi na parte subscrita pela PT SGPS”.

Assinalando que a entrega de bens pela PT SGPS – a PT Portugal – decorre do aumento de capital e não do contrato – mantendo-se válido o aumento, não haverá lugar, sequer em abstrato ou por princípio, à repetição da entrega desses bens, “e por conseguinte, mesmo a ocorrer uma resolução por incumprimento, a PT SGPS não iria reaver os ativos entregues no âmbito do aumento de capital. ”

(Fim de citação)

 

 

Infografia para a História das finanças portuguesas da deputada Mariana Mortágua (BE) sobre o Caso Espírito Santo

Sábado, Janeiro 17th, 2015

20150117

Citação

Expresso

Um trabalho elaborado pelo Expresso com base numa infografia de Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda que faz parte da comissão parlamentar de inquérito ao BES.

Desde o arranque dos trabalhos da comissão de inquérito ao caso BES/GES que Mariana Mortágua queria uma infografia que juntasse tudo. Uma espécie de mapa do império, para ninguém se perder no meio de tanta holding, empresa e offshore. Para uso pessoal, que permitisse à deputada do BE a qualquer momento uma consulta rápida, durante as audições ou na sua preparação, mas também para mostrar ao público o que está em causa quando falamos de Espírito Santo. O resultado, que serviu de base para a infografia que o Expresso aqui publica, é disponibilizado este fim de semana no blogue ” Disto Tudo “, que Mortágua criou como “um diário da comissão do BES”.

Fazer a infografia demorou mais tempo do que a deputada imaginava. Primeiro, pela dificuldade de recolher todas as peças (a informação junta quase 200 entidades, foi recolhida de várias fontes e reporta-se a 31 de dezembro de 2013), depois, pela complexidade de as correlacionar de forma percetível (para isso, teve a ajuda da designer Rita Gorgulho). “É essencial perceber a organização do grupo, o funcionamento em cascata”, diz. Visualizá-lo é um bom princípio. Apesar de saber ao que ia, Mortágua confessa que foi surpreendida pela “complexidade das participações cruzadas” do lado financeiro do grupo. Do lado não-financeiro, surpreendeu-a a “dimensão e dispersão” dos investimentos. “Era um mundo, um verdadeiro império.”

(Fim de citação)

Caso Espírito Santo.O mapa para ninguém se perder no império Espírito Santo. Uma infografia da bloquista Mariana Mortágua para a História

Avaliações do BESI a empresa do GES atacadas na comissão de inquérito

Sábado, Janeiro 17th, 2015

20150117

Jornal de Negócios

Tranquilidade e Escom. Estas são duas empresas do Grupo Espírito Santo que, em diferentes alturas, foram avaliadas pelo BES Investimento. Análises que são contestadas por várias personalidades a elas ligadas.

Primeiro foi a Tranquilidade, depois a Escom. Ambas estiveram na esfera do Grupo Espírito Santo. E ambas, em dado momento da sua vida, foram avaliadas por um dos bancos do grupo, o BES Investimento. Tais avaliações feitas pelo BESI, banco liderado por José Maria Ricciardi, foram já criticadas por várias personalidades na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.

A avaliação da seguradora foi feita no arranque do ano. Em Fevereiro, a Tranquilidade estava avaliada pelo BESI com um valor justo de 819 milhões de euros com a previsão de um valor de alienação, em 2016, de 700 milhões de euros. A estimativa tinha partido de dados fornecidos pela administração da seguradora – um dos administradores do BES, António Souto,afirmou que esses dados tinham bases “bastante ambiciosas”, contando com uma forte vertente de expansão internacional. O montante foi confirmado pela auditora PwC, defendeu-se José Maria Ricciardi na sua audição.

A seguradora Tranquilidade foi vendida pelo Novo Banco ao fundo norte-americano Apollo. Mas antes disso era do Grupo Espírito Santo. A empresa pertencia à Partran, detida totalmente pelo Espírito Santo Financial Group. Foi dada como garantia na provisão que o ESFG teve de constituir para assegurar o reembolso dos clientes do BES que tinham adquirido dívida de empresas do ramo não financeiro do GES (como a ESI e a Rioforte). “Cobrir o risco reputacional”, como resumiu Pedro Duarte Neves, na comissão de inquérito. Havia um penhor que foi executado, pelo que o BES – depois Novo Banco – herdou aquela empresa.

Contudo, a instituição presidida por Eduardo Stock da Cunha só vendeu a Tranquilidade por cerca de 200 milhões – perto 50 milhões recebidos directamente; os restantes 150 milhões serão injectados para capitalizar a empresa. 150 milhões que tinham de compensar o financiamento que a seguradora fez ao Grupo Espírito Santo (ESFG, Esfil e Rioforte) e que abriu um buraco nas suas contas.

Para além destes factos, o Instituto de Seguros de Portugal deu uma explicação, pela voz do presidente José Almaça, para a diferença do valor de venda e da avaliação feita em Fevereiro: a empresa nunca valeu 700 milhões de euros. E se tivesse sabido que era àquele valor que a Tranquilidade estava avaliada, o ISP teria avisado o Banco de Portugal que não correspondia à realidade, pelo que não poderia servir de garantia a toda aquela provisão.

 

Escom

Há outra questão que veio a lume na comissão parlamentar de inquérito ao BES. Neste caso, é a Escom. Luís Horta e Costa, um dos administradores desta empresa onde o GES tinha uma posição de 67%, criticou a avaliação feita pelo BESI, em 2010. Os números serão em torno de activos na ordem dos 900 milhões de euros e um passivo de perto de 300 milhões, segundo o próprio Horta e Costa. Valores que fizeram com que houvesse um acordo de venda da Escom à Sonangol na ordem dos 483 milhões de dólares – um valor confirmado pelo Banco de Portugal com base em informações que lhe foram transmitidas pelo BES.

 

“Achava difícil chegarmos àqueles valores. Uma avaliação difícil de sustentar. Era esticar a corda”, comentou Horta e Costa na audição da comissão de inquérito. “A avaliação do BESI para a Escom era um bocadinho salgada”. O gestor garantiu que a administração da empresa nunca foi chamada a pronunciar-se sobre a avaliação.

O BESI não respondeu ao contacto do Negócios para reagir a estas declarações. O nome de Ricciardi, que permaneceu à frente do BESI depois da venda à empresa de Hong Kong Haitong, é um dos nomes que os deputados têm dito que poderá vir a ser novamente chamado à comissão parlamentar de inquérito. Foi um dos mais activos opositores da postura de Ricardo Salgado enquanto presidente do BES nos últimos anos.

(Fim de citação)

A busca à sede do Espírito Santo (revisitada pela Sábado)

Sábado, Janeiro 17th, 2015

20150117

Citando

Sábado

Os investigadores passaram nove horas na sede do Grupo. Na cave, encontraram oito caixas com a indicação “documentação para destruir”.

Eram 9h45 do dia 27 de Novembro quando o procurador Rosário Teixeira entrou na sede do Grupo Espírito Santo, na Rua de São Bernardo, 62, em Lisboa. Chegou acompanhado por cinco inspectores da PJ e dois da Autoridade Tributária e, segundo o auto de busca a que a SÁBADO teve acesso, foi recebido por Caetano Beirão da Veiga, o elemento eleito para liderar o grupo depois do escândalo.

Numa primeira ronda pelo edifício, os investigadores verificaram a distribuição dos gabinetes – no piso de cima, estavam o comandante António Ricciardi, presidente do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo (GES); Manuel Fernando Espírito Santo, que liderava os negócios da área não financeira (filho de Maria do Carmo Moniz Galvão, que chegou a ser a mulher mais rica do País); e o próprio Caetano Beirão da Veiga. No piso de entrada e na cave, encontravam-se mais seis quadros dos serviços financeiros e contabilísticos do grupo e duas advogadas, com as respectivas secretárias.

Os investigadores começaram pela sala de reuniões/arquivo, na cave, onde encontraram oito caixas de cartão brancas, etiquetadas e fechadas, com a referência “Documentação para destruir”. José Castella, o controller financeiro do grupo, informou que se tratava do espólio da Comissão de Auditoria da Espírito Santo Financial Group, holding que controlava o BES e a Tranquilidade. Mas nessas caixas estava documentação bastante recente, relacionada com o BES Angola, o Novo Banco, a KPMG, o Banco de Portugal e várias sucursais do banco noutros países.

Se há algo que os responsáveis do grupo quiseram proteger em local seguro foi a gravação da reunião do Conselho de Administração da ESI (Espírito Santo International), realizada no Luxemburgo a 11 de Março de 2014. Encontrava-se numa pen drive, dentro de um envelope, no cofre da sala de arquivo. O mesmo cofre tinha ainda uma pasta de plástico com uma cópia de um acordo entre Hélder Bataglia e a Espírito Santo Resources, sobre a Escom, a empresa envolvida no concurso de aquisição dos submarinos.

De todos os altos quadros do grupo, nenhum tinha tanta informação no gabinete como o controller financeiro, José Castella, o homem que alegadamente – segundo o contabilista – estaria a par da ocultação dos passivos da ESI. De um total de 125 conjuntos de documentação (caixas, pastas ou dossiês), 34 estavam no escritório de José Castella na cave do edifício e referiam-se a relatórios, actas de reuniões, listagens de depósitos do GES no BCP e prints de emails. A José Castella foi ainda apreendido um processador CPU e sete pens, com referências à Escom, à Comporta (nome da herdade da família Espírito Santo) e à Ascendi (empresa do GES que gere concessões de auto-estradas).

Não haverá muitos segredos que tenham ficado por desvendar depois desta incursão. Do Departamento Jurídico foram levados 25 livros de actas das assembleias gerais e das reuniões do Conselho de Administração de 11 entidades ligadas ao Grupo. E do gabinete de Caetano Beirão da Veiga foi retirado um dossiê de argolas azul com “várias tabelas relativas a complementos salariais pagos a diversos colaboradores”.

Pelo menos três responsáveis do grupo tinham documentação relacionada com a Eurofin, a entidade suíça que alegadamente participou num esquema – detectado em Julho – que transferiu 800 milhões de euros do BES para o GES. Um deles era Jorge Penedo, ex-administrador do banco no Panamá, a quem foi também apreendido um portátil.

Ricardo Salgado já não tinha ali gabinete, mas os investigadores recolheram entre os documentos de Manuel Fernando Espírito Santo uma pasta cor de laranja com informação sobre três assuntos: o “registo de sociedades no Luxemburgo”, “bens móveis pertença de Ricardo Salgado” e a ES Resources Bahamas.

Pela lógica, a pasta mais volumosa nesta fase crítica do grupo deveria ser a que estava no gabinete do comandante António Ricciardi, com a designação “Problemas a resolver”. Mas dificilmente estaria completa: foi “feita com o verso de um envelope A4”.

(Fim de citação)

Dívida do GES ao BES ficou protegida com garantia angolana

Sexta-feira, Janeiro 16th, 2015

20150116

A Escom e a sua derivada Legacy são uma peça do jogo GES-BES. Um jogo que passou pelo BESA e que estava num tabuleiro protegido pela garantia angolana.
Citando

Jornal de Negócios

O Grupo Espírito Santo usou a garantia de Angola para esconder buracos que tinha no Banco Espírito Santo. O BES era um dos grandes financiadores da Escom, que pertencia ao GES. A Escom foi dividida em duas: Escom BV e Escom Investments Group. A primeira era a que tinha activos bons; a segunda os problemáticos. A segunda acabou por ser transformada em Legacy – com um património praticamente falido – e foi vendida por três euros. Quem a comprou foi a Vaningo, sociedade de direito angolano da qual não se conhece o beneficiário. A Legacy manteve uma dívida que tinha para com o BES.

Os juros da dívida ao BES continuaram a ser pagos pela ESI, do GES, mesmo com a Legacy fora do grupo. Mas o crédito – agora na Vaningo – foi transferido do BES para o BESA. Passou a ter uma garantia do banco angolano e, posteriormente, o crédito passou a estar protegido pela garantia angolana.

A leitura que pode ser feita é a de que o Estado angolano, em último caso, estava a garantir a dívida de uma empresa do GES ao BES. A audição de Sikander Sattar, presidente da KPMG Portugal e da KPMG Angola (auditoras do BES e BESA, respectivamente), foi à porta fechada, pelo que o esclarecimento feito não é público. Os deputados têm levantado dúvidas sobre este negócio, que é falado pela auditoria feita pela KPMG às contas da ESI.

Da audição de Sattar nenhuma informação foi transmitida pelos deputados – a não ser Fernando Negrão, o presidente da comissão de inquérito, que afirmou que a mesma tinha sido útil. Sabe-se apenas que o presidente da KPMG não se quis comprometer directamente com nada.

O BESA tinha créditos de 5,7 mil milhões de dólares de cujos beneficiários se tinha perdido o rasto, conforme relatou o Expresso em Junho de 2014 – reflectindo a assembleia-geral do banco angolano de Outubro de 2013, em que Álvaro Sobrinho, presidente do BESA até 2012, ano em que entrou em ruptura com Ricardo Salgado, foi questionado pelos referidos créditos – sobre os quais se conhecem as empresas beneficiárias mas não quem está por trás delas.

Há uma matéria que continua polémica – a garantia estatal, que causou dúvidas ao Banco de Portugal, era o motivo para que o BES não tenha sido obrigado a constituir uma provisão para a linha de financiamento de 3,3 mil milhões de euros que tinha para com o BESA. A justificação tem sido a de que créditos garantidos não são provisionados. Contudo, desde 2012 que havia reservas nas contas do BESA a reflectir dúvidas sobre os financiamentos cedidos pelo BESA.

(Fim de citação)

Tribunal de Santarém confirma ou agrava principais sanções no caso BPN

Sexta-feira, Janeiro 16th, 2015

20150116

Jornal de Negócios

O Tribunal de Santarém confirmou ou agravou as penas aplicadas pelo Banco de Portugal aos principais arguidos do processo BPN/Contas investimento. O BIC Português beneficiou da suspensão do pagamento da coima. Um dos braços-direitos e o filho de Oliveira Costa viram as suas multas agravadas. Alguns arguidos foram absolvidos.

Os principais arguidos condenados pelo Banco de Portugal no processo de contra-ordenação que ficou conhecido como BPN/Contas Investimento viram as suas penas confirmadas ou agravadas esta sexta-feira, 16 de Janeiro, pelo Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão de Santarém, apurou o Negócios.

 

O juiz confirmou as coimas aplicadas ao BIC Português, antigo BPN (400 mil euros); ao BPN SGPS (150 mil euros); à SLN, ex-accionista do banco (400 mil euros) e ao antigo administrador Luís Caprichoso (200 mil euros). No entanto, no caso do banco de capitais angolanos que adquiriu o BPN em 2011, o Tribunal optou por suspender o pagamento da multa.

 

Já relativamente às penas aplicadas a Francisco Sanches, um dos antigos braços-direitos de José de Oliveira Costa, e ao filho do antigo presidente do BPN, José Augusto de Oliveira Costa, o Tribunal de Santarém optou por um agravamento dos valores em causa. Assim, Sanches foi condenado a pagar 200 mil euros, quando o Banco de Portugal lhe tinha aplicado uma coima de 180 mil euros. Já o filho de Oliveira Costa teve um agravamento da multa de 85 para 100 mil euros.

 

Três dos antigos responsáveis do BPN que tinham sido condenados pelo supervisor – Teófilo Carreira (45 mil euros), António Coelho Marinho (40 mil euros) e Armando Pinto (35 mil euros) – foram ilibados pelo Tribunal de Santarém.

 

Além destes arguidos, o Banco de Portugal tinha condenado ainda Oliveira Costa, Abdool Vakil e António Alves Franco ao pagamento de coimas de 300, 25 e 100 mil euros, respectivamente. Estes arguidos não recorreram da sanção do supervisor.

Seguradora do Novo Banco perdeu 633 milhões em poupanças

Sexta-feira, Janeiro 16th, 2015

20150116

No ano do colapso do BES, a seguradora vida herdada pelo Novo Banco perdeu quase um terço da sua produção. A GNB Vida perdeu o segundo lugar entre as maiores companhias deste ramo segurador. A Fidelidade ganhou quota de mercado no ano em que foi adquirida pelos chineses da Fosun.

Citando

Jornal de Negócios

A GNB Vida, antiga BES Vida, perdeu 633 milhões de euros em poupanças de clientes e outros seguros do ramo vida no ano da queda do BES. De acordo com os dados do Instituto de Seguros de Portugal (ISP), a produção da companhia agora integrada no Novo Banco caiu 31,7%, para 1.364 milhões.

Esta perda de negócio retirou a seguradora do segundo lugar do “ranking” das maiores companhias a operar no ramo vida, lugar que passou a ser ocupado pela BPI Vida. A empresa de seguros do grupo liderado por Fernando Ulrich quase triplicou a produção, que totalizou 2.202 milhões.

Na liderança deste mercado, bem como do conjunto da indústria seguradora, manteve-se a Fidelidade. No ano em que passou a ser controlada pelo grupo chinês Fosun, a companhia conseguiu mesmo aumentar a sua produção no ramo vida em 21,3%, para 3.086 milhões.  Já no ramo não vida, a companhia que está em primeiro lugar perdeu quota de mercado, já que a produção diminuiu 2,1%, para 988 milhões.

Mas não foi só a seguradora do Novo Banco que perdeu negócio vida. Também a Ocidental Vida registou uma quebra de 9% na produção, que se fixou em 1.352 milhões, o que levou a companhia que mantém a parceria entre o BCP e o grupo holandês Ageas da terceira para a quarta posição do “ranking” das maiores seguradoras vida.

(Fim de citação)