Emigrantes do Novo Banco criam nova associação e afastam-se de papel comercial

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Os clientes não residentes em Portugal do Novo Banco defendem ter comprado títulos vendidos como depósitos a prazo e, por isso, rejeitam a proposta do Novo Banco, que não assegura o reembolso de toda a aplicação.

O movimento que junta emigrantes que perderam dinheiro em aplicações financeiras no Novo Banco, e que não aceitaram a sua proposta de solução, tornou-se numa associação. E, no comunicado que oficializa a sua criação, afasta-se da associação que representa compradores de papel comercial de sociedades do Grupo Espírito Santo.

“A Associação Movimento Emigrantes Lesados Portugueses é uma entidade diferente da AIEPC (Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial) na medida em que defendemos os emigrantes, os quais nunca compraram papel comercial, títulos de dívida de curto prazo emitidos pelo GES (e não pelo Grupo BES), mas sim depositaram dinheiro em aplicações do BES vendidas, como depósitos a prazo garantidos em capital e juros”, assinala o documento enviado às redacções esta sexta-feira, 12 de Fevereiro.

Cerca de 7.000 clientes emigrantes clientes de unidades do antigo Banco Espírito Santo, agora Novo Banco, subscreveram produtos que foram “vendidos como depósitos a prazo” e com garantia de capital. Tais produtos eram acções preferenciais de veículos constituídos no paraíso fiscal de Ilha de Jersey (Poupança Plus, Euro Aforro, Top Renda e EG Premium), que contêm obrigações do Novo Banco, num total de 720 milhões de euros. O Novo Banco propôs uma solução, que possibilita a recuperação de até 90% do capital investido, que foi aceite por 80% dos clientes emigrantes, que, assim, abdicaram de acções judiciais futuras. A solução deixou de fora os detentores de acções preferenciais no veículo EG Premium e não permitia, portanto, a recuperação total.

Os membros da associação não concordam e defendem que a proposta (troca das acções preferenciais pelas obrigações do Novo Banco que estão nos veículos e constituição adicional de depósitos) é “só uma solução para o Novo Banco mas não para os seus clientes emigrantes”. “A AMELP vai actuar como mediadora e a representante dos emigrantes lesados nas negociações com as entidades competentes e envolvidas neste processo, por exemplo, com os gabinetes de advogados, estando por isso aberta ao diálogo para com todos os envolvidos, sem todavia esquecer o que pretende: uma solução justa!”, indica o comunicado, que especifica que a justiça é o reembolso das poupanças.

A associação junta os emigrantes que não aceitaram a proposta do Novo Banco. Há dezenas de processos judiciais a dar entrada nos tribunais contra o Novo Banco, o BES e Eduardo Stock da Cunha, como deu conta o Negócios no final de Janeiro.

Os que aceitaram a solução do Novo Banco tiveram de aprovar, em assembleia-geral, as alterações de estatutos dos veículos para permitir a sua liquidação.

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