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Supervisor vai relançar venda do Novo Banco e os espanhóis BBVA, Santander, Popular e CaixaBank são tidos como potenciais interessados.
O Banco de Portugal (BdP) vai relançar na próxima semana o processo de venda do Novo Banco, com os grupos espanhóis a serem tidos, no mercado, como favoritos. Bancos como o Santander, o Popular, BBVA e o próprio CaixaBank, que é o maior accionista do BPI, são tidos como potenciais interessados, com vantagem face a investidores de outras geografias, como os grupos chineses e americanos.
A política que tem sido seguida pelo Banco Central Europeu (BCE) e pela Direcção Geral da Concorrência da União Europeia (DG Comp) tem contribuído para reforçar esta percepção no mercado. “As autoridades têm favorecido a consolidação bancária a nível ibérico, como se com a decisão de restringir a compra do Banif ao Santander ou ao Popular”, disse uma fonte do sector financeiro.
Esta percepção generalizada faz com que investidores de outras geografias se mostrem cautelosos quanto a um eventual interesse no Novo Banco. Um gestor de um dos 17 grupos que participaram no primeiro concurso de venda do Novo Banco disse ao Diário Económico que só tomará uma decisão a respeito do novo concurso quando for conhecido o enquadramento. O mesmo responsável, que pediu para não ser identificado, salientou que o BCE tem procurado assegurar que a consolidação no sector é protagonizada por bancos sólidos e de grande dimensão, o que, no contexto ibérico, é sinónimo de ‘players’ como o Santander, o BBVA ou o CaixaBank.
Questionadas pelo Diário Económico, fontes oficiais destes bancos não quiseram fazer comentários sobre o ‘dossier’ Novo Banco. “Não temos comentários a fazer”, disse um porta-voz do CaixaBank, numa declaração semelhante às dos seus homólogos dos grandes bancos espanhóis com presença em Portugal.
O Diário Económico procurou ouvir também outros ‘players’ que participaram no primeiro concurso de venda do Novo Banco, cancelado em Setembro, mas até ao fecho da edição não foi possível obter esclarecimentos do BPI, do fundo Apollo e do grupo chinês Fosun.
Regras serão diferentes do primeiro concurso
Tal como o Diário Económico noticiou ontem, a segunda tentativa de venda do Novo Banco tem o arranque marcado para meados de Janeiro, isto é, no início da próxima semana, faltando ainda concluir o caderno de encargos da operação, que será diferente do anterior.
O processo de venda, conduzido por Sérgio Monteiro e assessorado pelo BNP Paribas e pela VdA, arranca assim depois de resolvido um dos principais factores de incerteza que condicionara o procedimento anterior e obrigara ao seu cancelamento: os resultados dos testes de ‘stress’ europeus. Resta agora saber o procedimento oficial, como seja a formalização das regras da alienação, o caderno de encargos e a forma como será feita a venda (se passa pela totalidade ou será feita em parcelas).
As necessidades de capital foram, entretanto, resolvidas com a operação de ‘bail in’ da dívida senior, realizada no final do ano. Em causa está a transferência de obrigações, decidida pelo Banco de Portugal a 29 de Dezembro de 2015, que teve um impacto positivo para o capital do Novo Banco de cerca de 1.985 milhões de euros e que tem sido contestada por investidores que se dizem lesados.
Questionada pelo Diário Económico, fonte oficial do BdP não fez comentários.