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Empresário diz que via o BES e o GES como “verdadeiros parceiros de negócios” e que, com a resolução do BES, já perdeu cerca de 25 milhões de euros. Leia aqui as respostas à comissão.
O empresário José Guilherme não foi à comissão de inquérito ao BES, mas enviou hoje as respostas às perguntas dos deputados. Nessas respostas, o empresário diz que já perdeu cerca de 25 milhões de euros com a resolução do BES.
“Com a resolução determinada pelo Banco de Portugal já perdi cerca de 25 milhões de euros, podendo vir a perder muito mais”, escreve José Guilherme.
Antes da divisão do BES em dois, o empresário diz que a dívida pessoal ou de responsabilidade de entidades por si dominadas ou, sendo dominadas por terceiros, a que deu garantia pessoal, “era de cerca de 121 milhões de euros”, um valor inferior aos 204 milhões registados no final de 2012. José Guilherme diz então que o remanescente tem sido pago “à razão de cerca de 12 milhões de euros/ano, entre 2012 e agosto de 2014″.
Contudo, tendo em conta que ainda tem uma dívida para pagar, José Guilherme diz que está em negociações com o Novo Banco para encontrar uma solução. Na justificação para o pedido de reestruturação da dívida de que é responsável, o empresário diz que a resolução fez com que caíssem algumas entidades a quem deu garantias pessoais e além disso, justifica-se com a situação atual de Angola:
“Por razões atinentes, por um lado, ao não cumprimento – em decorrência da Resolução do BES e subsequentes insolvências das empresas do GES – de compromissos que haviam sido assumidos comigo pelo BES e empresas/responsáveis dos GES relativamente a negócios realizados com crédito do BES concedido ou mantido a pedido e no interesse daquelas entidades, e da situação em que, pelas mesmas razões, caírampessoas e empresas terceiras cujas responsabilidades avalizei pessoalmente perante o BES e, por outro lado, em face da situação económica de Angola (…), constatei como imperiosa a necessidade de encontrar uma solução de acordo derestruturação da dívida perante o Novo Banco”.
As dificuldades em pagar a dívida e logo a necessidade de a reestruturar surgira, diz “pouco tempo depois da Resolução do BES” ou seja, em agosto do ano passado. José Guilherme diz que partiu dele a iniciativa de falar com o Novo Banco e que as conversações têm sido mantidas desde então.
“De lá para cá foram mantidas conversações com o Novo Banco e prestadas todas as informações solicitadas para encontrar uma solução. Aguardo, neste momento, uma proposta do Novo Banco com vista à determinação da dívida pela qual devo efetivamente ser considerado responsável perante o Novo Banco, e à restruturação da mesma”, escreve.
Nas respostas, o empresário diz que não pode responder sobre a prenda que alegadamente terá dado a Ricardo Salgado, no valor de 14 milhões, por estar em segredo de justiça, e apenas diz que o banqueiro lhe deu alguns conselhos, nomeadamente o de investir em Angola.
José Guilherme admite que a relação com o BES/GES era próxima: “Via o BES e o GES como verdadeiros parceiros de negócios e sei que era assim que aquelas entidades também me viam”.
As respostas do empresário aos deputados chegaram dias depois de a comissão de inquérito ter fechado o período de audições dos responsáveis. José Guilherme foi contactado para prestar esclarecimentos ao vivo na Assembleia da República, mas recusou ir presencialmente responder aos deputados alegando problema de saúde, além de dizer que vive em Angola. Mas entretanto, durante o mês de março esteve em Portugal desrespeitando a convocatória do Parlamento. Tendo em conta a recusa, a comissão de inquérito fez queixa ao Ministério Público uma vez que pode estar em causa um crime de desobediência.