José Veiga quer comprar o Novo Banco de Cabo Verde

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Económico

Antigo agente de futebolistas lidera um consórcio de investidores luso-africanos que já fez uma proposta de compra.

José Veiga faz proposta de compra do Novo Banco de Cabo Verde

Empresário lidera consórcio luso-africano. Banco de Portugal terá palavra decisiva no negócio.

Filipe Alves – filipe.alves@economico.pt

O Novo Banco está prestes a concluir a venda do Banco Internacional de Cabo Verde (BICV), tendo recebido várias manifestações de interesse neste activo que, no balanço, está avaliado em 14 milhões de euros, apurou o Diário Económico. Um dos interessados é um consórcio de investidores luso-africanos, liderado por José Veiga, antigo empresário de jogadores de futebol e ex-director geral do Sport Lisboa e Benfica.

Segundo as mesmas fontes, embora o processo de venda do BICV seja conduzido pelo próprio Novo Banco, a palavra final será do supervisor. O Novo Banco pediu ao Banco de Portugal para se pronunciar sobre a proposta apresentada pelo consórcio de José Veiga, que inclui investidores de países africanos onde o empresário trabalha como consultor. A decisão do supervisor é esperada para breve.

O interesse de Veiga na banca não é de hoje: há dois anos, o empresário chegou a manter negociações com a família Espírito Santo para a compra de uma participação na holding ES Control. Na altura, José Veiga representava investidores do Congo e da Guiné Equatorial, que estavam dispostos a entrar com mais de 150 milhões de euros para tentar salvar o Grupo Espírito Santo (GES). Mas o negócio nunca se concretizou, devido à resolução do BES e à ruína do GES.

O Diário Económico tentou obter esclarecimentos de José Veiga, mas até ao fecho o empresário não esteve contactável. Também não foi possível, até ao encerramento da edição, obter esclarecimentos de fonte oficial do Novo Banco.

A venda do BICV, que deverá estar concluída em breve, será mais um passo no plano de venda de activos não-estratégicos, que a instituição liderada por Stock da Cunha tem em curso e que prevê, além disso, a alienação do Banque Espírito Santo et de la Vénétie (BESV) e de outras subsidiárias.

Não foi possível apurar o valor das várias propostas em cima da mesa, mas é sabido que, nas contas do Novo Banco, o BICV está avaliado em 14 milhões de euros.

Segundo o relatório e contas do Novo Banco relativo ao primeiro semestre de 2015, a actividade do BICV “centra-se no mercado local de empresas, com particular incidência nas empresas do sector público e nas filiais de grupos portugueses com interesses económicos em Cabo Verde, e no mercado de ‘affluent’ local”, isto é, no segmento de banca privada.

“No primeiro semestre do ano, o Banco apresentou um crescimento do activo de cerca 3% face ao final de 2014, continuando a verificar-se a recuperação da actividade, iniciada no último trimestre de 2014”, refere o mesmo relatório.

Segundo os dados divulgados pelo próprio BICV, no final de 2014 o banco contava com um total de 1.893 clientes, dos quais 1.484 eram particulares e os restantes 409 eram empresas cabo-verdianas e estrangeiras. O total do activo era de 12 mil milhões de escudos cabo-verdianos (105 milhões de euros) e os depósitos ascendiam a 9,9 mil milhões de escudos. “O Banco Internacional procura aplicar os seus recursos excedentes preferencialmente a curto ou a muito curto prazo, de maneira a garantir um nível satisfatório, e quase que permanente, de liquidez imediata. Para mitigar o risco inerente aos activos financeiros, as aplicações são feitas, fundamentalmente, no Head-Office (Novo Banco)”, refere o relatório. F.A.

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