Novo Banco é dos que mais preocupam na Europa

Citamos

Negócios

Um estudo da consultora Bain mostra que os bancos nacionais estão a entrar nesta nova crise em diferentes pontos de partida. Se a Caixa e o Santander estão preparados para responder, o Novo Banco inclui-se no grupo dos que mais preocupam.

Os diferentes sistemas financeiros mundiais entraram na crise provocada pela pandemia com níveis muito diferentes de resiliência e de solidez do modelo de negócios. E os bancos que deles fazem parte também não estão todos ao mesmo nível. Em Portugal, enquanto a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Santander Portugal estão um passo à frente, e preparados para responder à nova crise, o Novo Banco faz parte das entidades europeias que vão ter de trabalhar mais para superar os desafios.

De acordo com um estudo da Bain & Company, que analisa a saúde da banca a nível global, a que o Negócios teve acesso, as instituições financeiras são divididas por várias categorias, com base no desempenho dos ativos, eficiência e rentabilidade. Num dos extremos está o grupo dos “que mais preocupam”. É aqui que o banco liderado por António Ramalho se inclui, numa lista que conta com todos os bancos resolvidos ou nacionalizados na Europa entre 2011 e 2019, apurou o Negócios.

Um estudo da consultora Bain mostra que os bancos nacionais estão a entrar nesta nova crise em diferentes pontos de partida. Se a Caixa e o Santander estão preparados para responder, o Novo Banco inclui-se no grupo dos que mais preocupam.

Os diferentes sistemas financeiros mundiais entraram na crise provocada pela pandemia com níveis muito diferentes de resiliência e de solidez do modelo de negócios. E os bancos que deles fazem parte também não estão todos ao mesmo nível. Em Portugal, enquanto a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Santander Portugal estão um passo à frente, e preparados para responder à nova crise, o Novo Banco faz parte das entidades europeias que vão ter de trabalhar mais para superar os desafios.

De acordo com um estudo da Bain & Company, que analisa a saúde da banca a nível global, a que o Negócios teve acesso, as instituições financeiras são divididas por várias categorias, com base no desempenho dos ativos, eficiência e rentabilidade. Num dos extremos está o grupo dos “que mais preocupam”. É aqui que o banco liderado por António Ramalho se inclui, numa lista que conta com todos os bancos resolvidos ou nacionalizados na Europa entre 2011 e 2019, apurou o Negócios.

Segundo a consultora, para estas instituições financeiras há vários passos que têm de ser dados perante a nova crise provocada pela covid-19, nomeadamente uma aposta na liquidez, “reforço do capital” e a “alienação de ativos para reduzir os ativos ponderados pelo risco”. Isto além de terem de “reequilibrar o portefólio para diminuírem os ativos de risco” e avançarem com “uma redução agressiva dos custos”. A prioridade, diz, é “assegurar a viabilidade”.

O Novo Banco tem apostado na “limpeza” dos ativos tóxicos que herdou do BES. Em dois anos, a instituição financeira conseguiu libertar-se de 70% destes ativos. São estes esforços que têm levado o banco a registar perdas e prejuízos avultados e, consequentemente, a pedir injeções ao Fundo de Resolução para repor os rácios de capital. Um trabalho que deverá agora ser travado pelo impacto da pandemia nos mercados.

O banco que nasceu da resolução do BES já recebeu perto de 2,9 mil milhões de euros, ao abrigo do mecanismo de capital contingente, de um total de 3,89 mil milhões possíveis. Ou seja, tem ainda disponível cerca de 900 milhões de euros. Reforços que deixaram a instituição novamente no centro da polémica. Depois de ter sido confrontado com uma nova transferência de capital para o banco, sem antes ter as conclusões da auditoria da Deloitte, o primeiro-ministro alertou no Parlamento que se houve “má gestão” na instituição o Fundo de Resolução pode exercer o seu poder. Tal como o Negócios avançou, caso esta análise detete que foi violada a obrigação de gestão sã e prudente, prevista no contrato de venda do Novo Banco, a entidade pode denunciá-lo, suspendendo as injeções.

CGD e Santander entre os “vencedores”

No extremo oposto ao Novo Banco está a CGD e o Santander Portugal, apurou o Negócios. No estudo da Bain, estas duas instituições financeiras encontram-se no grupo dos chamados “vencedores” e têm apenas de cumprir um objetivo: manter-se à frente. Em 2016, o banco estatal fazia parte dos que mais suscitavam preocupações na análise da consultora.

De acordo com a Bain, cabe a estes bancos, num período marcado pela crise provocada pela covid-19, “reforçar a posição de liquidez”, “repensar a estratégia”, mas também acelerar a aposta no digital e ainda dar passos “orgânicos ou inorgânicos para ganharem quota de mercado num momento em que a concorrência está numa situação mais frágil”.

Há ainda outros dois grupos nesta análise da Bain. É o caso das instituições financeiras que, segundo a empresa norte-americana, têm modelos de negócio mais frágeis, para as quais é necessário fazer ajustamentos e melhorar a rentabilidade. Já o BCP, sabe o Negócios, é incluído num outro segmento, no qual estão as instituições financeiras com balanços considerados mais fracos.

Nestes casos, refere a Bain, no estudo com data de 27 de abril, a prioridade é “reduzir os portefólios de crédito malparado e fortalecer a base de capital”. No final do primeiro trimestre, o banco liderado por Miguel Maya reduziu os NPE (“non-performing exposure”, na qual se inclui o crédito malparado) em 279 milhões de euros, com o “stock” a situar-se agora nos 3,9 mil milhões de euros.

Os contratos do Novo Banco

Há vários documentos em torno do processo de venda do Novo Bancos. Luís Marques Mendes afirmou, no espaço de comentário de domingo à noite, na SIC, que “há pelo menos quatro contratos, quatro documentos contratuais envolvendo o Estado, a UE, a Lone Star e o Fundo de Resolução, e se fosse possível, devia-se torná-los todos públicos”. Um pedido que já foi feito pelo Bloco de Esquerda. Há alguma informação que já é conhecida publicamente, nomeadamente em torno do acordo feito para a criação do mecanismo de capital contingente (CCA). No relatório e contas de 2018 do Novo Banco, por exemplo, é indicado de que maneira é que este mecanismo deveria funcionar e qual o perímetro dos ativos incluídos. Já o Fundo de Resolução indicou, nas perguntas e respostas sobre os mecanismos de controlo e de alinhamento de incentivos, que foi celebrado um acordo de “servicing” com o banco que define como é feita a gestão dos ativos abrangidos pelo CCA.

 

Comments are closed.