Citamos
Após o falhanço da venda do Novo Banco, a agência que gere o crédito público fez adaptações ao plano de financiamento.
O adiamento da venda do Novo Banco impediu o Estado de reaver o empréstimo de 3,9 mil milhões de euros concedido ao Fundo de Resolução. A não devolução desse montante obrigou a agência que gere o crédito público a fazer alterações ao plano de financiamento deste ano.
O IGCP admite não avançar para o pagamento antecipado de 2,2 mil milhões de euros ao FMI ainda este ano. E conta obter mais 1,3 mil milhões em financiamento (800 milhões no retalho e 500 milhões junto dos mercados) do que o previsto antes do fim das negociações do Banco de Portugal com os interessados no Novo Banco.
Numa nota aos investidores, a entidade liderada por Cristina Casalinho referiu que “irá revisitar a estratégia de pagamento antecipado do empréstimo do FMI. Em particular, a intenção de reembolsar uma terceira tranche do empréstimo até final do ano será reavaliada”.
O próprio primeiro-ministro, depois do “lapso” referente ao reembolso de 5,4 mil milhões de euros ao FMI, disse que “não há ainda uma decisão tomada sobre que tipo de amortizações antecipadas é que poderão, ou não, vir a ser feitas, até final do ano”.
Mas acrescentou que “a possibilidade de mais amortizações de empréstimos do FMI dependerá da avaliação de mercado que o IGCP vier a fazer”.
Para cumprir com o objectivo de conservar uma reserva financeira elevada, o IGCP conta com um maior contributo dos investidores de retalho, através de Certificados e das novas Obrigações para o retalho, e com um maior recurso aos mercados financeiros. “Tendo em conta o desempenho mais recente dos instrumentos tradicionais de retalho e o esperado lançamento de uma nova obrigação de taxa variável especificamente direccionada para o mercado doméstico de retalho, o IGCP espera que as emissões líquidas de instrumentos de retalho atinjam 3,8 mil milhões de euros (mais 800 milhões de euros que o previamente antecipado”, segundo o documento da agência que gere o crédito público. Para atingir o objectivo ficam a faltar mil milhões de euros até final do ano.
Emissões de OT chegam aos 20 mil milhões
Além do retalho, o IGCP prevê uma subida no financiamento obtido através da emissão de Obrigações do Tesouro (OT). “Após a recente emissão de um ‘benchmark’ a sete anos no montante de três mil milhões de euros, a montante total das emissões de dívida de médio e longo prazo irá provavelmente atingir 20 mil milhões de euros (mais 500 milhões que o anteriormente previsto)”. Para atingir esta meta, o IGCPterá de emitir ainda 2,5 mil milhões de euros em Obrigações até final do ano.
Com estas alterações ao plano de financiamento, o IGCP defendeu “que se continua a esperar que a posição em caixa no final do ano se situe bem acima de oito mil milhões de euros”.