Os sete desafios que a banca terá de enfrentar em 2016

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Dinheiro Vivo

A capacidade de gerar mais negócio e aumentar o nível de rentabilidade lideram as preocupações da banca para o próximo ano

São vários os desafios que o sector financeiro português terá de enfrentar no próximo ano, quer em termos operacionais quer em temas tão importantes como a confiança e a supervisão. Mas os especialistas contactados pelo Dinheiro Vivo são unânimes: a principal missão é aumentar os níveis de rentabilidade das instituições. O financiamento à economia e o papel da supervisão são outros dos temas que vão dominar o sector em 2016.

1 Rentabilidade “O maior problema da banca é a rentabilidade.” O alerta é dado por António de Sousa. Em declarações ao Dinheiro Vivo, o economista justifica o aviso com “o impacto na margem dos bancos das baixas taxas de juro, um ambiente que baixa a rentabilidade, torna o negócio menos atrativo e cria prejuízos”. Também António Tomás Correia aponta a dificuldade de as instituições gerarem proveitos alinhados com as necessidades de capital. “Depois da redução de balanços, o negócio continua a ser escasso. Mais negócio permitirá mais rendibilidade e, consequentemente, mais capital”, explica o presidente do Montepio. Ainda assim, a banca registou lucros até setembro e viu a margem financeira crescer.

2 Confiança e estabilidade Os casos do BPN, BPP, BES e agora Banif têm assustado os depositantes nos últimos sete anos. Garantir a confiança no sistema bancário e assegurar a plena proteção dos depositantes, mitigando os riscos para a estabilidade financeira estarão no topo das prioridades do sector em 2016. Os banqueiros, os supervisores e o governo, incluindo o próprio Presidente da República, têm sido os protagonistas das sucessivas mensagens de apelo à confiança na banca.

3 Financiamento As últimas estatísticas mostram que a concessão de crédito à economia – empresas e particulares – aumentou ligeiramente. Ainda assim, e apesar da melhoria residual na perceção de risco da situação económica, as instituições vão manter a restritividade nos termos e condições de empréstimos a empresas e particulares. A banca antecipa uma estabilização da procura no segmento das grandes empresas e um ligeiro aumento nos particulares e PME.

4 Angola O divórcio entre a banca e o mercado angolano é inevitável. A queda do petróleo continua a ameaçar as contas públicas em Angola, onde 45% do PIB advém do ouro negro. Os bancos têm em curso estratégias definidas para reduzir a exposição a África. O desinvestimento em Angola é também uma resposta às exigências do Banco Central Europeu. O BPI, liderado por Fernando Ulrich, vai criar uma holding para agregar todas as participações africanas. Já o BCP vai fundir o Millennium Bank Angola com o BPA.

5 Imparidades O registo de imparidades desacelerou este ano e, possivelmente, deverá manter esta tendência no próximo ano. Tendo em conta a antecipação de riscos, as exigências europeias e a evolução da economia nacional, é expectável uma melhoria da evolução das imparidades.

6 Reestruturação No último ano, os cinco maiores bancos nacionais despediram mais de 1620 trabalhadores e encerraram 200 agências. Mas os números vão aumentar. Isto porque falta saber a redução de funcionários e agências que o Novo Banco e Banif terão de concretizar, além do processo de reformas antecipadas que a CGD iniciou este ano e ainda não concluiu.

7 Supervisão O cumprimento das regras de supervisão continuarão a fazer parte dos desafios, sobretudo tendo em conta as novas regras europeias de resolução bancária que entram em vigor em janeiro. Entre outras medidas, a nova diretiva coloca os acionistas no topo da hierarquia das contribuições de uma possível resolução, assim como a participação de depósitos acima de 100 mil euros.

 

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